segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A perda que compensa...

















Associamos a ideia da perda quase sempre como se fosse um prejuízo, porém na realidade não é assim que acontece. O tempo mostra que algumas perdas são até necessárias no percurso de nossa vida. Perdemos o cordão umbilical quando nascemos e é assim, com uma perda, que iniciamos a nossa chegada neste mundo. De forma geral o tempo acaba se encarregando de amadurecer a nossa maneira de relacionar com essas perdas, sabendo que muitas vezes ganhamos com elas, entretanto não pretendemos também enumerá-las.

Se ganhamos com algumas perdas devemos tirar lições que possam nos trazer conhecimento e crescimento diante das situações na vida. Ao perder o cordão umbilical ganhamos uma identidade que se formará ao longo da nossa existência. Perdemos os dentes provisórios e ganhamos os permanentes. Perdemos a nossa infantilidade (ou meninice) para iniciar o nosso processo de maturidade. No entanto, nem toda perda vem seguida de um ganho. Quando se perde algo que se dá muita importância, ocorre um sentimento onde se revela o verdadeiro valor que aquilo tinha no sentido real da existência. Isto ocorre de modo geral quando se perde um familiar ou o que julgam ser um grande amor e isto traz um trauma que às vezes o tempo não consegue curar.

A morte ainda é o maior drama que o ser humano tem como desafio para enfrentar. E embora esta pergunta possa parecer contundente, quem desejaria morrer mesmo sabendo que foi justificado por Deus? Jesus disse em João 11:25 "...Quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá". E em Mateus cap. 16:24 "Então Jesus disse aos seus discípulos: Se alguém quiser ir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me." 

Renunciar significa: Abrir mão de, desistir, recusar e ainda abandonar. Jesus disse que a renúncia de si mesmo seria o requisito da decisão para quem desejasse segui-lo. Renunciar a si mesmo é rejeitar aquilo que havia em nós de ruim, ou seja, perder essa nossa natureza má. No entanto, devemos ter o conhecimento de que Jesus não nos pede para renegar o que somos, porém que sejamos algo de bom, aquilo no qual nos convertemos, em seus discípulos.

No versículo seguinte, ainda em Mateus cap. 16:25 Jesus declara: "Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, salva-la-á". Portanto, Jesus é o único caminho que conduz à vida e renunciar a si mesmo é necessário para não se desviar deste caminho. Renunciar significa abrir mão do pecado que havia em nós para viver uma nova vida. Recusar e ainda abandonar o velho eu é essencial para que Jesus reine em nós. Assim, devemos ter conhecimento da vontade de Deus e aceitar o plano original d'Ele para nós. Porque uma nova criatura surge quando se perde em nós o velho homem. Esta é realmente a perda que compensa...

Dia 06/09/11 no site de mesmo nome, Josemar Bessa publicou um post sobre o tema "O Cálice amargo vem de Deus" que eu republiquei dia 27/09/11, onde ele descreveu muito bem sobre as dádivas de Deus e as nossas perdas. Transcrevo aqui esta parte que será muito oportuna: "Tudo que recebemos é misericórdia! Misericórdia concedida, misericórdia continuada dia a dia, e misericórdia no tempo certo, retida."  Mais adiante ele disse: "Suas dádivas não compensam Sua falta; mas Sua presença compensa a perda de todas as dádivas". Isto nos incentivou a fazer essa reflexão. Valeu! 

domingo, 16 de outubro de 2011

Graça para Ajudar em Tempo Apropriado








por John Piper
Você observou que esta tradução é um pouco diferente de outras? A tradução habitual da última sentença é: "Acharmos graça para socorro em ocasião oportuna". E, "graça para ajudar em tempo apropriado" é também uma tradução literal e exata. Não existe contradição entre essas duas traduções. Porém, algumas traduções chamam a atenção à nossa necessidade; nesta, literal, ao tempo de Deus.

Acho que precisamos focalizar na graça do tempo de Deus. Quando temos uma necessidade, nos sentimos bastante inquietos a respeito de quando Deus satisfará tal necessidade. Queremos que Ele o faça agora! Não é natural pensarmos que a graça de Deus será mostrada tanto em seu tempo como em sua forma. Mas Hebreus 4.16 lembra-nos a buscarmos a Deus não somente quanto ao tipo de graça de que necessitamos, mas também quanto ao tempo dessa graça.

Isto pode mudar nossa atitude na oração. O tempo de Deus é freqüentemente estranho, e isso não deveria surpreender-nos, visto que, "para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia" (2 Pe 3.8). Deus pode compactar mil anos de impacto em um dia e levar mil anos para fazer a obra de um dia. No primeiro caso, Ele não fica sobrecarregado, e, no segundo, não se mostra apressado. Como disse o apóstolo Pedro: "Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada" (2 Pe 3.9).

Portanto, não nos surpreendamos com o fato de que "ajudar em tempo apropriado" seja na perspectiva de Deus algo diferente do que o é na nossa perspectiva, mas a dEle é sempre melhor. É sempre graça para nós. É uma graça que deve sempre receber nossa confiança pelo que ela é e pelo tempo em que nos será dada.

Eu preciso de ajuda. Sempre. Em tudo. Estou simplesmente enganando a mim mesmo, se penso que posso mover-me por alguns centímetros sem a ajuda de Deus. "Pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais" (At 17.25). Preciso da ajuda de Deus para o bem de minha fé, a qual é fraca. Preciso dela para estimular o meu zelo e para dar-me poder para evangelizar. Preciso desta ajuda para a adoração autêntica. Preciso dela para ter coragem no viver santo. Preciso da ajuda de Deus para a transformação de meus filhos adolescentes em jovens humildes, respeitáveis e centralizados em Deus. Preciso dela para que eu possa ministrar esperança, gozo e ousadia aos nossos missionários e para receber orientação quanto a planejar o futuro. Preciso da ajuda de Deus para milhares de outras exigências, ênfases e agradáveis possibilidades.

Gosto muito de pensar na soberania de Deus em administrar seu tempo. Por exemplo, Daniel afirmou que o Senhor "muda o tempo e as estações" (Dn 2.21). Isto significa que as épocas de bênçãos modestas ou imensas em nossa vida, nosso lar e nossa igreja estão nas mãos de Deus. Ele geralmente determina o tempo de nossas bênçãos, de modo que a sua sabedoria, e não a nossa, seja ressaltada. Deus está mais interessado na paciência da fé do que em nossa satisfação instantânea. O tempo de Deus pagará os seus dividendos, além do que podemos imaginar. Sempre é "graça para ajudar em tempo apropriado". O tempo e o conteúdo da bênção são graciosos. A fé descansa nos aspectos e no momento da graça de Deus.

Por isso, este convite de Hebreus 4.16 é muito precioso para mim. Preciso de ajuda, mas, não a mereço. No entanto, Deus provê ajuda, porque seu trono é um trono de graça e ajuda imerecida. Em todas estas necessidades, o Senhor tem "graça para ajudar em tempo apropriado". Nosso dever consiste em aproximar-nos dEle com ousadia, achar e receber essa ajuda do trono da graça. Temos razão para crer que Ele nos ouvirá e nos ajudará no tempo apropriado.

Portanto, cheguemos confiantemente junto ao trono da graça e recebamos o que Deus tem para nós — uma graça soberanamente designada e controlada quanto ao tempo para o nosso maior bem.

Extraído do livro: Uma Vida Voltada para Deus, de John Piper.

Copyright: © Editora FIEL



Fonte: http://voltemosaoevangelho.blogspot.com/search/label/P%20-%20John%20Piper

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Um tempo de Reforma pode estar chegando?


Como um Coração anseia por uma Reforma?

Em Israel houve um rei chamado Manassés. Ele foi um dois piores reis de Israel, e olhe que a lista de péssimos reis em Israel era bem grande. Manassés superou todos, podemos dizer que é o cara mais ‘mau’ da Bíblia sem exagero (Sabendo, é claro, que todos os pecadores são maus). Como rei ele teve um governo corrupto, um governo pautado na maldade, na completa exclusão de Deus – apesar disso – ele governou durante 55 anos. Nós que na maioria das vezes não suportamos governos que duram 4 ou 8 anos, podemos imaginar o que aquelas pessoas tiveram que suportar. Cinquenta e cinco anos é uma geração inteira.

Ele incentivou a prática de cultos pagãos (parecido com o que temos visto no meio da igreja hoje) – Patrocinou o envolvimento da comunidade em orgias sexuais aos deuses da fertilidade, instituiu prostitutas sagradas em santuários espalhados por todo o país, importou magos de outras nações e escravizou o povo com toda sorte de superstições.

O compromisso com a Verdade e Santidade nada tem haver com a época em que nascemos, por mais corrompida que ela seja – Foi nessa geração que nasceu Jeremias. Ele não teve uma vida de excelência por ter nascido numa geração que o favorecia para isso – Jeremias nasceu numa geração mergulhada na mais profunda trevas e no pior de todos os péssimos reis de Israel. Numa sociedade completamente pervertida foi onde o menino Jeremias cresceu e foi educado. Onde tudo era permitido, toda perversão sexual aceita, todo mal tolerado... orgias sexuais eram culto. Neste ambiente o menino Jeremias se tornou homem.

Manassés morreu e seu filho Amom tomou seu lugar – não é sem significado que o filho de Manassés tem o nome de um deus pagão. A pequena parte do povo que esperava uma mudança logo se frustou – Amom repetiu tudo o que o seu pai fez e alguns servos do palácio o mataram – E seu filho – Josias – precocemente, com 8 anos teve que assumir o trono – e a medida que crescia se dá um dos melhores tempos da história de Israel – mesmo precoce – quando ainda era adolescente um grande Reforma foi vivida pela nação.
Mas ele não tinha referenciais – seu pai e avô eram completamente profanos – Que padrão ele deveria seguir? Que herança ele tinha? Que modelos ele poderia seguir para a Reforma. É inexplicável humanamente o desejo por Reforma se instalar no pequeno coração de Josias tendo como avô Manassés e como pai Amom. Esse desejo é algo novo e sobrenatural que Deus introduz no coração.

Jeremias e Josias – Produtos de uma geração corrompida, profana, que corrompeu completamente o culto a Deus (como a nossa) – auto-indulgente, pérfida... Como nesses corações pode brotar uma paixão por uma Reforma? Como não ser um produto da sua geração? O processo de implantação de Deus de uma coração assim é algo que em sua plenitude é inacessível a nós – mas Deus pode fazer isso na geração de Manassés e Amom – Deus pode e faz isso hoje.

É possível naquela geração, como Josias, crescendo naqueles palácios, cercado com toda a possibilidade e facilidade para o culto ao sexo e a qualquer prazer corrompido imaginado, Deus levantar um garoto com um Santo desejo por Reforma. Jeremias, criado no meio do povo comum – naquela mesma geração – também foi tocado pelo dedo de Deus e seu coração ardeu por Reforma que colocasse a glória de Deus no centro da vida da nação.

Creia no poder da vida de Deus quando ele toca o coração humano e o invade o tornando novo. Isso me faz lembrar toda a devastação na natureza que o homem faz para o seu conforto – destruímos tudo – calçamos tudo, colocamos asfalto em tudo, criamos o que poderíamos chamar de selva de pedra...  Parece que a feiúra nascida da ambição é invencível – como os dias espirituais de hoje no que ainda chamamos igreja. Mas então, quando parece que a vida não tem mais chance – que poder a vida tem – Se os homens abandonarem um lugar por mais cimentado, concretado, asfaltado que esteja – começa haver rachaduras, e dessas rachaduras começa a brotar vida. Mato, ervas, árvores... e sem a atuação danosa humana – logo aquele lugar volta ao viço verde de outrora. É o poder da vida sobre o horror da morte na criação de Deus.

Mas estamos falando de algo infinitamente maior – o Poder da Vida de Deus quando invade e dá uma nova natureza – a geração que nascemos, a perversão do ambiente, a queda da igreja mais baixo quanto possível, a perversão do culto... não podem impedir que Josias e Jeremias sejam levantados com um desejo por Reforma, e mais do que isso, como instrumentos  para ela. 

Depois de tanta vilania prosperando por décadas através de Manassés e Amom, parecia impossível que a vida de Deus se manifestasse tão poderosamente como foi demonstrada na Reforma que veio através de Josias e depois o ministério com um homem chamado Jeremias.

Anime-se, um tempo de Reforma pode estar chegando. Deseje e se prontifique ser um Josias e um Jeremias nem tempo de desolação.

                                                               Soli Deo Gloria!!


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Comentário a Romanos 6:8-11


ROMANOS 6:8-11
Se morremos com Cristo cremos que também vivermos com Ele. Sabemos que Cristo, havendo ressuscitado entre os mortos, não morre mais; a morte já não tem poder sobre ele, pois sua morte foi a morte para o pecado, que ocorreu uma vez por todas. Sua vida, porém, é vida para deus. Assim, considerai-vos, a vós, também mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo Jesus."Se morremos com Cristo cremos que também viveremos com ele".


Está na própria consistência da coisa que a prova da afirmação de que nos é impossível permanecer no pecado (6:1) ressalta do profundo significado que o "morrer em Cristo" tem para o homem do pecado [para o homem velho]; a prova de que é impossível permanecer no pecado está na vigorosa negação que a morte de Cristo significa e além da qual estamos como bem-aventurados, [como contemplados pela graça de Deus].

Se como pecador estou crucificado, morto e sepultado em Cristo, sou idêntico ao "X" que surge além do homem nosso conhecido, do "X" que foi "isolado", posto em evidência e transportado para o outro lado de nossa equação, com o sinal positivo! 
Contudo, é preciso ficar muito claro que o que a negação, que a crucificação, a morte e o sepultamento do pecador representam é uma conseqüência do divino "SIM", para que não compreendamos mal o que ficou dito sob 6:4. A força viva que domina essa negação – [e que se fundamenta no "SIM" de Deus, na sua aceitação do homem para reconciliá-lo com ele, em Cristo] é um poder que cancela todo o "SIM" e todo o "NÃO" do MUNDO; ela extingue a diferença existente entre "aquém" e "além"; ela faz desaparecer a correlação "tanto... quanto"; ela elimina a dualidade, a diferença de potencial [a tensão], a polaridade; ela cancela toda alogenia* e toda antinomia.
Esta negação é, na realidade, uma "impossibilidade positiva" que, até aqui, muitas vezes foi confundida com simples negação ao pecado.
"Se morremos com Cristo, então cremos"... "Crer"! Portanto, a fé é o primeiro e último, o único, o decisivo ingrediente da psicologia da graça. É pela crença – ou é pela fé – que o ser humano se vê restabelecido em Deus, embora, por enquanto, ainda não o seja.
A fé é o passo inigualável que, uma vez dado, é irreversível; não pode mais ser desfeito; é o passo com o qual o crente transpõe a linha da divisa existente entra a velha e a nova criatura, entre o mundo velho e o mundo novo. Fé é a plenitude do paradoxo humano: é vacuidade absoluta de conteúdo material e a plena locupletação de conteúdo divino; ela emudece o homem, proclama a sua ignorância e o reduz à expectativa, mas é também a voz de Deus, a revelação de sua sabedoria e sua obra eficaz; [resposta à ansiedade humana]. A fé é [o final das coisas materiais], o ponto final do caminho [da criatura neste mundo], mas é também [o início do que é divino] – o começo do caminho, a inflexão, a reviravolta, o retorno [que leva a "nova-criatura" a Deus].
É a fé que desloca o aparente equilíbrio entre o "SIM" e o "NÃO"!!, entre a graça e o pecado, entre o bem e o mal.
Se morremos em Cristo, vemos a nossa problemática à luz que vem da cruz; [vemos a incerteza e a insegurança de nossa vida] como sendo um meio necessário para percebermos [o começo de nossa existência em Deus para além do fim de nossa existência terrena]; no fim do homem, - o começo de Deus; para reconhecermos a luz do amor de Deus no furor da tempestade da ira divina.
Para quem crê, tem lugar a primitiva existência do homem em Deus. Para quem crê acontece o passo inigualável, dá-se o retorno que já não pode mais ser desfeito e que, mais do que essa irreversibilidade, sequer permite que o ser [assim reconciliado com Deus], volva os olhos para trás.
- Em que cremos, pois, se a nossa fé, à luz do momento crítico, à luz da cruz de Cristo, não for apenas aparência, mas realidade; não for apenas vacuidade, porém fidelidade divina?
- Cremos que Cristo morreu em nosso lugar e, portanto, nós morremos com ele. Cremos em nossa identidade com o "homem novo" que surge além da morte na cruz; cremos em nossa existência eterna, baseados no conhecimento que temos da morte, sabendo que nossa vida está fundamentada em Deus, pela ressurreição. Cremos que "viveremos com Ele"! Cremos também em nós mesmos, como sendo o "sujeito" invisível deste "FUTURUM RESSURRECTIONIS".
Esta fé, com todos os entraves que lhe são inerentes, com todas as reservas e com todos os sinais de interrogação e exclamação que comporta, é a "nossa" fé!
Esta nossa fé, inteiramente estranha à psicologia usual, é justamente o que torna impossível admitir a existência do pecado junto com a graça. "Se crês, tens"! se cremos estamos desvinculados do pecado.
"Sabemos que Cristo, havendo ressuscitado de entre os mortos, não morre mais; "a morte já não tem poder sobre ele".
Fé é a ousadia de sabermos o que Deus sabe e, por isso, também a de ignorarmos o que ele ignora. [Deus sabe todas as coisas dos céus e da terra: deste cosmos imenso do qual o nosso sistema solar é um átomo ou melhor, nem é sequer, um átomo do pó; Deus conhece as leis físicas e psicológicas; morais e espirituais; tudo ele sabe e conhece, pois tudo e a todos Ele criou; é a obra maravilhosa, perfeita, e do agrado do próprio Deus. Dela não conhecemos nem um "dx de dx"; nem diferencial de diferencial; NADA conhecemos. O que quer o A. dizer, pois? Entendo que, ele se refere ao conhecimento de nós mesmos: atrevemo-nos, pela fé, a conhecer de nós o que Deus conhece; a nossa insuficiência perante Ele; a distância intransponível que nos separa de Deus; a nossa situação não apenas lastimável mas totalmente perdida pela suserania do pecado em nossa vida e pela nossa sujeição irrecorrível à lei da morte. É isto o que ousamos saber, juntamente com Deus e "ousamos" apenas pela fé; nunca diretamente, pois de outra forma seria arrogância nossa, a manifestação da milenar tendência da raça de se comparar com Deus, de se igualar a ele.
Todavia, mediante nossa reconciliação com Deus, em Jesus Cristo, ele nos perdoou cabalmente; transformou nossos pecados, vermelhos como o escarlate, na alvura da mais branca lã; perdoou, transformou, esqueceu! (Heb 10:17). "De nenhum modo me lembrarei de seus pecados". Ainda pela fé, reconciliado com Deus, o homem "ousa" ignorar os seus pecados, como Deus, SPONTE SUA**, resolveu ignorá-los e de fato os ignora].
A ousadia consiste no fato de que, humanamente, essa possibilidade nem sequer entra em cogitação; essa possibilidade apenas é admissível porque ela constitui o substrato de todas as possibilidades humanas; porque é a possibilidade que resta ao homem junto a Deus e em Deus, depois de todas as outras possibilidades se haverem esgotado.
Crer significa parar, calar, adorar, ignorar. [Pela fé], a diferença qualitativa entre Deus e os homens torna-se inconfundível.

KARL BARTH, “Carta aos Romanos”, Ed. Novo Século, 2003, págs. 308/311
*Alógeno (Dicionário Houaiss):
Rubrica: geologia.
que ou o que teve origem em local diferente de onde atualmente se encontra (diz-se de componente de rocha)
** "sponte sua" = expressão latina, que significa "por vontade própria"

Crer significa parar, calar, adorar, ignorar. [Pela fé], a diferença qualitativa entre Deus e os homens torna-se inconfundível.
Fonte:  (KARL BARTH, Carta aos Romanos, Ed. Novo Século, 2003, págs. 308/311) 
Via:  http://www.e-cristianismo.com.br/pt/textos/97-comentario-a-romanos-68-11