domingo, 24 de fevereiro de 2013

História escrita na testa!


POR JOSEMAR BESSA

Certa vez Lutero disse:

“Quem dentre nós gostaria de ver a sua verdadeira história escrita em sua testa? Mas todos nós gostamos de ouvir a voz dos homens quando somos honrados e exaltados. Esse não é o caminho que nos leva a dizer: "Que Deus tenha misericórdia de mim!"


Se os pecados do meu coração fossem publicados para o mundo, eu mereceria a forca. Com toda certeza o mundo agora me respeita. Mas se ele realmente me conhecesse, iria cuspir em mim, porque eu mereceria aos olhos deles a decapitação”
Os homens mais santos e em comunhão mais profunda com Deus tem uma consciência mais aguda de seus pecados e não menos. O pecado não só polui a alma, ele tem a capacidade de prover as justificativas que mantém o homem escravizado por ele em convencimento de sua própria bondade.

Por isso Deus diz – “Eu odeio o orgulho e a arrogância” – Provérbios 8.13. Podemos definir a humildade como sendo uma profunda auto-humilhação diante de Deus como resultado de um profundo sentimento de nossa própria pecaminosidade. Paulo disse em ordem decrescente – Eu sou o menor dos apóstolos. Eu sou o menor de todos os santos. Eu sou o principal dos pecadores.

Um cristão salvo pela graça e orgulhoso é uma contradição de termos. Só podemos falar de um cristão orgulhoso com propriedade se pudéssemos falar de um tolo sábio, ou de um santo ímpio, ou de um embriagado sóbrio, ou de uma prostituta casta...

Imaginar um cristão orgulhoso é o mesmo que pensar num jardim florido no polo sul – como a verdadeira piedade e comunhão de um pecador com um Deus santo pode crescer num coração orgulhoso e arrogante? Seria mais fácil cultivar tulipas no polo norte.

Um cristão orgulhoso é tão impossível quando uma videira prosperando enquanto uma praga está devorando suas raízes. Nada na alma pode prosperar enquanto o Espírito não subjugar sua arrogância e orgulho. Agostinho quando perguntado qual era o primeiro princípio de um viver santo, respondeu: Humildade. Quando perguntado qual era o segundo, ele disse: Humildade. E quando perguntado qual era o terceiro, disse: Humildade. Ele estava dizendo que isso é tão fundamental que estava no princípio, meio e fim da verdadeira vida com Deus, do verdadeiro cristianismo. Isso é estar em Cristo: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração!” – Eis a verdadeira definição de piedade.

Podemos dizer sem medo de errar que onde a humildade está ausente, todo cristianismo é vão. Todos os grandes talentos e capacidades não passam de um sino que retine sem ela – oco, vazio, sem propósito – Deus está contra e não a favor de um coração assim: “...e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” - 1 Pedro 5:5

Você gostaria de sair pelo mundo com sua história escrita na testa? Então todo dia é um dia de humilhação diante de Deus, e isto não combina com orgulho diante dos homens.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O que precisamos mais do que qualquer coisa


Por Jonathan Parnell 

Nosso problema fundamental é que somos pecadores. Mas ao ser nosso problema fundamental, não significa que é nosso mais severo problema.

Em João 4, Jesus e seus discípulos viajavam através da Samaria. Eles chegaram a uma cidade chamada Sicar e decidiram parar para descansar. Era por volta de meio-dia. Os discípulos foram ao mercado comprar comida, deixando Jesus sentado ao lado de um poço de um campo da redondeza. Logo depois, uma mulher samaritana chegou para tirar água.

Ela é uma pessoa como você e eu, uma pessoa cujo problema fundamental é o pecado.

“Dá-me de beber”, Jesus diz a ela. Ora, ela está confusa por ele lhe pedir isso. Ele é judeu, e ela é samaritana e esse tipo de pedido é incomum, como João explica (João 4:9). “Por que me pedes isso?” ela basicamente responde. E então Jesus chega ao âmago da questão. “Se conhecesses o dom de Deus”, ele diz, “e quem te pede ‘Dá-me de beber’, tu lhe pedirias e ele te daria água viva” (João 4:10).

Nós Vemos o Que é Pior

Neste ponto, algo incrível aconteceu. É como se a cena congelasse. Jesus responde a ela com essas palavras extraordinárias e nós aprendemos que o problema fundamental do pecado dessa mulher é ocultado por um problema mais severo de ignorância. Tal problema mais severo é que ela não sabe quem Jesus é.

É horrível que essa mulher tenha tido cinco casamentos fracassados, sem mencionar que ela está atualmente vivendo com seu namorado. Mas mais horrível é o fato de que ela esteja falando com a única pessoa no universo que tem o poder de perdoá-la e ela faz um comentário sarcástico sobre sua etnia. Ela não tem ideia de quem ele seja. Ela não entende que está falando com aquele que, em questão de tempo, sofrerá na cruz em seu lugar, absorvendo toda a ira a que ela se expôs por seu adultério e infidelidade, removendo seus pecados tão longe quanto o oriente está do ocidente. Ela não conhece a Jesus, não até que ele a guie para fora da escuridão.

Note sua jornada. Ela primeiro identifica Jesus como um homem judeu (João 4:9). Então ela percebe que ele é um profeta (João 4:19). Então ela suspeita que ele seja o Messias (João 4:25). E depois, junto com uma multidão de outros de sua cidade, ela crê que ele seja o Salvador do mundo (João 4:42). De um obscuro judeu com sede no versículo 9 ao Salvador do mundo que cumpre a promessa e dá vida no versículo 42, a mulher samaritana era cega, mas agora vê.

O que precisamos mais

O que ela precisava mais do que qualquer coisa – o que nós precisamos mais do que qualquer coisa – é conhecer a Jesus. Nosso problema mais severo seria a desesperança em resolver nosso problema fundamental. Nosso problema mais severo é que não reconhecemos a Jesus como o único resgate por nossos pecados.

Mas você e eu somos como essa mulher. Jesus veio a ela como veio a nós. Pecadores como somos, incapazes de reconhecer o Cordeiro de Deus, ele veio para nos guiar para fora da escuridão. Ele veio para nos fazer ver e satisfazer as mais profundas necessidades de nossas almas. Ele pode fazer isso agora mesmo.

Agora mesmo enquanto você lê isso, não importa a vergonha de seu passado ou a gravidade de sua situação, Jesus irá perdoá-lo se você confiar nele, se você desviar-se de seu pecado e abraçá-lo – sua morte e vitória por você – como sua única esperança. Pois ele veio para chamar pecadores (Lucas 5:32), como a mulher no poço, como você e eu.

Fonte: 
Jonathan Parnell © 2013 Desiring God Foundation. Usado com permissão. Website em português: www.satisfacaoemdeus.org. Original: What We Need More Than Anything
Tradução: Voltemos Ao Evangelho. Original: Jonathan Parnell – O que precisamos mais do que qualquer coisa

Via: 
http://voltemosaoevangelho.com/blog/2013/02/jonathan-parnell-o-que-precisamos-mais-do-que-qualquer-coisa/#axzz2LIf5CtDy

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O Verdadeiro Amor

 

John MacArthur

John MacArhtur, autor de mais de 150 livros e conferencista internacional, é pastor da Grace Comunity Church, em Sum Valley, Califórnia, desde 1969; é presidente do Master's College and Seminary e do ministério "Grace to You"; John e sua esposa Patrícia têm quatro filhos e quatorze netos.

"Tudo o que você precisa é de amor", assim cantavam os Beatles. Se eles tivessem cantado sobre o amor de Deus, a frase revelaria uma certa verdade. Mas aquilo que a cultura popular diz ser amor, não se trata, na verdade, de um amor autêntico, é antes uma verdadeira fraude. Longe de ser "tudo o que precisa", é algo que deve evitar a todo o custo.

O apóstolo Paulo fala-nos sobre esse tema em Efésios 5:1-3. Ele escreveu: "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados. E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. Mas a prostituição, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos".

A simples ordem do verso 2 ("E andai em amor, como também Cristo vos amou") resume toda a obrigação moral do cristão. No fundo, o amor de Deus é o único princípio que define completamente o dever do cristão, e este tipo de amor é exatamente "tudo o que você precisa". Romanos 13:8 diz, "porque quem ama aos outros cumpriu a lei". Os mandamentos resumem-se a estas palavras: "Amarás o próximo como a ti mesmo, já que o amor é o cumprimento da lei." Gálatas 5:14 ecoa a mesma verdade: "Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo." Da mesma maneira Jesus ensinou que toda a lei e profetas dependem de dois princípios básicos sobre o amor – o primeiro e o segundo mandamentos (Mt. 22:38-40). Em outras palavras: "e, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição." (Cl 3:14).

Quando o apóstolo Paulo nos diz para caminhar no amor, o contexto revela-se em aspectos positivos, pois ele fala-nos sobre sermos bons uns para os outros, misericordiosos e que nos perdoemos uns aos outros (Ef. 4:32). O modelo de tal amor, mais centrado nos outros que em si próprio, é Cristo, que se entregou para nos salvar dos nossos pecados. "Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos." (João 15:13). E "amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros." (1 João 4:11).

Em outras palavras, o amor verdadeiro é sempre um sacrifício, uma entrega de nós mesmos, é misericordioso, compassivo, compreensivo, amável, generoso e paciente. Estas e muitas outras qualidades positivas e benignas (ver 1 Co. 13:4-8) são as que as Sagradas Escrituras associam ao amor divino.

Mas reparemos no lado negativo, também visto no contexto de Efésios 5. Aquele que ama os outros verdadeiramente, como Cristo nos ama, deve recusar todo o tipo de amor falso. O apóstolo Paulo nomeia algumas destas falsidades satânicas. Elas incluem a imoralidade, a impureza e a ganância. A passagem continua: "Nem torpezas, nem parvoíces, nem chocarrices, que não convêm; mas antes, ações de graças. Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. Portanto, não sejais seus companheiros." (Ef 5:4–7).

A imoralidade é, talvez, o substituto favorito do amor na nossa atual geração. O apóstolo Paulo usa o termo grego porneia, o qual significa todo o tipo de pecado sexual. A cultura popular tenta desesperadamente desvanecer a linha que separa o amor verdadeiro da paixão imoral. Mas tal imoralidade é uma perversão total do amor verdadeiro, porque procura a autogratificação em vez do bem aos outros. A impureza é outra perversão diabólica do amor. O apóstolo Paulo emprega aqui o termo akatharsia, o qual se refere a todo o tipo de imoralidade sexual e impureza. Especificamente, ele refere-se à sujidade, à impureza e à ganância, que são as características particulares do companheirismo com mal. Este tipo de companheirismo não tem nada a ver com o amor verdadeiro, e o apóstolo afirma claramente que não tem lugar para ele no caminho do cristão.

A ganância é outra corrupção do amor que tem origem no desejo narcisista de autogratificação. É exatamente o oposto do exemplo que Cristo deu quando "se entregou por nós" (v. 2). No verso 5, o apóstolo Paulo compara a ganância à idolatria. Também isto não tem lugar no caminho do cristão e, de acordo com o verso 5, a pessoa culpada de tal pecado "não tem herança no Reino de Cristo e de Deus."

E tais pecados, diz o apóstolo Paulo, "nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos." (v. 3). "Portanto, não sejais seus companheiros", ou seja, daqueles que praticam tais coisas, diz-nos o verso 7.

Em outras palavras, não demonstraremos amor verdadeiro a não ser que sejamos intolerantes com todas as perversões populares do amor.
Hoje em dia, a maioria das conversas sobre o amor ignora este princípio. "O amor" foi redefinido como uma ampla tolerância que ignora o pecado e que abraça o bem e o mal de igual forma. Mas isso não é amor, é apatia.

O amor de Deus não tem nada a ver com isso. Lembra-te que a mais suprema manifestação do amor de Deus é a Cruz, sinal que Cristo "vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave." (V. 2). A Sagrada Escritura explica o amor de Deus em termos de sacrifício, de arrependimento pelos pecados cometidos e de reconciliação: "Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados." (1 João 4:10). Em outras palavras, Cristo converteu-se em sacrifício para desviar a ira de um Deus ofendido. Longe de perdoar os nossos pecados com uma tolerância benigna, Deus deu o seu Filho como uma oferta pelo pecado para satisfazer a sua própria ira e justiça na salvação dos pecadores. Este é o coração do Evangelho. Deus manifesta o seu amor de uma forma que confirma a sua santidade, justiça e misericórdia sem compromisso. O amor verdadeiro "não folga com a injustiça, mas folga com a verdade." (1 Co. 13:6). Este é o tipo de amor, no qual fomos chamados para caminhar. É um amor que primeiro é puro e depois, harmonioso.

Fonte: The Gospel Coalition

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O que é a verdadeira conversão?




Nenhuma geração anterior a nossa teve uma visão tão superficial sobre conversão como a atual. Esse tem sido o resultado de um afastamento de toda a verdade bíblica a respeito.

Certa vez Spurgeon pregando a respeito da conversão disse:

"Quando a Palavra de Deus converte um homem, tira dele seu desespero, mas não tira dele o seu arrependimento e contrição profundo na visão da malignidade do seu pecado. E isto o acompanha por toda a vida.

Verdadeira conversão dá ao homem perdão, mas jamais faz dele alguém presunçoso. Verdadeira conversão dá a um homem perfeito descanso, mas jamais para o progresso em sua vida. Verdadeira conversão da segurança ao homem, mas ela não permite ele deixar de ser vigilante. Verdadeira conversão dá força e pode ao homem para uma vida de santidade, mas nunca o deixa se vangloriar..."

Sentes a diferença da visão bíblica da conversão? Isto é assim por ela ser uma obra Soberana e miraculosa do Espírito no coração de homens mortos espiritualmente, e não fruto de estratégias de crescimento, estratégias missionais...

A convicção produzida pelo Espírito não anda pela superficialidade do simples – “você quer ir para o céu ou inferno” – nem os demônios querem ir para o inferno – Ou “Deus tem um plano maravilhoso para a sua vida...” – Coisa que o ímpio interpreta como as coisas que um coração caído e inimigo de Deus acha maravilhoso.

A Convicção espiritual atinge não alguns, mas todos os pecados, os pecados do coração, os pecados da vida, os pecados da nossa natureza, os pecados das intenções, os pecados da prática... Onde o Espírito trabalha eficazmente, Ele o faz transformando a Palavra num espelho que mostra ao pecador sua condição como Deus a vê. Abre seus olhos para ver toda a deformidade e imundice que está em seu coração por natureza.

Olhe como Paulo era cego para a sua pecaminosidade, como era justo aos seus próprios olhos, como se achava um homem bom... até que o Espírito lhe revelou a verdade sobre ele mesmo. Já não era questão de – “quer ir pro céu... Deus tem algo maravilhoso...” – Mas era uma visão: “Miserável homem que sou!”

O Espírito sozinho e nada mais, pode fazer o pecador ver toda a deformidade que está dentro. Só Ele tira todos os trapos do pecador e faz com que ele veja a sua nudez e condição miserável. O que Ele mostra é a profundidade de uma alma separada de Deus e apegada e cheia de amor  ao pecado e escuridão. Só Ele mostra a cegueira da mente, a teimosia da vontade, quão corrompidas estão as afeições, o endurecimento da consciência, a praga de nossos corações, o pecado da nossa natureza e o total desespero de nosso estado.

A convicção natural, que não flui do Espírito e nem leva a verdadeira conversão, leva a alma se fixar no mal que vem como resultado do pecado e não no mal que o pecado é e como ele rouba a glória de Deus. Convicção natural pode levar ao temor do inferno – principalmente se a morte se aproxima – ou se alguém está vivendo algum drama... mas não a vileza e natureza hedionda do pecado!

A convicção espiritual que flui do Espírito trabalha no interior do homem uma visão de toda a insensatez e de todo mal que está no próprio pecado em si, do que a concentração do mal que vem como o resultado do pecado. A convicção espiritual mostra a desonra e horror que é andar contrário a Deus, as “feridas” feitas no coração de Cristo ( Seu amor nos constrange ) e como ele entristece o Espírito... tudo isso fere a alma sobre verdadeira convicção infinitamente mais do que mil infernos.

As convicções naturais não duram, morrer rapidamente... vem e vão, vem e vão... Elas são como pequenos cortes na pele que podem sangrar um pouco, doer um pouco, mas logo cura e em pouco tempo nem cicatriz resta mais.

Convicções espirituais, produzidas pelo Espírito tão somente pela Palavra, são duráveis, não descartáveis. Elas permanecem na alma até completarem o seu trabalho, atingirem o seu fim – “O que começa a boa obra a termina” – como diz Paulo aos filipenses. Elas não estão a mercê do pecador. As convicções produzidas pelo Espírito Santo são como uma ferida extremamente profunda que vão até os órgãos vitais e parece pôr em perigo a vida do paciente – é uma feria mortal para o homem natural – e apenas restaurada – homem espiritual – pela grande e soberana habilidade do Médico celeste.

As convicções verdadeira produzidas na conversão do homem, ainda estarão lá no momento de saúde, prazer... e no momento de sua morte... e estarão lá pela eternidade sem fim.

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. - 2 Coríntios 5:17


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Jesus entrou no seu coração?

                                                    Por Pr. Alexandre “Sacha” Mendes
Jesus entrou no meu coração” e “Jesus limpou meu coração” são ideias comuns nas canções infantis evangélicas de hoje. Os adultos ensinam e as crianças cantam. Mas você já parou para pensar no que está por trás de frases assim? Em um mundo que se distancia cada vez mais de tudo o que a Palavra de Deus ensina, a apresentação do Evangelho ficou resumida a um conjunto de sentimentos momentâneos de uma rasa religiosidade Ocidenal. Entre outras coisas, falta estudo da Bíblia para compreender a natureza do coração humano. O resultado é gente convidando Jesus para entrar em um “lugar” desconhecido, para limpar uma suposta parte do corpo de significado místico. São pessoas que deixaram as canções de crianças, mas ainda vivem uma teologia infantil.

O coração é o centro de controle do Homem, de onde “depende toda a sua vida” (Pv 4.23). É lá que residem os pensamentos, intenções, crenças, desejos e atitudes. Esse centro do controle do homem também é chamado de mente, alma e espírito no Novo Testamento. De uma certa forma, são todos termos sinônimos, ou melhor, intercambiáveis (Ef 3.16, 17). Então, o coração faz referência ao homem interior como um todo. Tudo o que não pertence à composição física do homem faz parte do centro de controle, que é o homem interior (Mt 13.15).
Uma análise de diversas passagens bíblicas aponta o coração como centro de controle em três áreas principais: intelecto, afeição e vontade. Primariamente, o coração refere-se ao intelecto, que inclui pensamentos, crenças, lembranças, juízos, consciência e discernimento  (1 Rs 3.12; Mt 13.15; Mc 2.6; Lc 24.38; Rm 1.21; 1 Tm 1.5). Outra parte do centro de controle do homem é composta pelas afeições: os sentimentos ou emoções  (Dt 28.47; 1 Sm 1.8; Sl 20.4; 73.7; Ec 7.9; 11.9; Is 35.4; Tg 3.14;). A terceira área do coração é a vontade. A vontade é o aspecto da parte da pessoa interior que escolhe ou determina ações (Dt 23.15-16; 30.19; Js 24.15; Sl 25.12).
Porém, essas três características do coração não devem ser encaradas como entidades distintas e isoladas. O homem interior não pode ser entendido isolando suas divisões funcionais, mas na sua unidade de essência. Intelecto, afeição e vontade trabalham em cooperação mútua e não existem isoladamente. O coração é como um diamante com facetas distintas, chamadas de intelecto, afeição e vontade. Porém, todas fazem parte da mesma preciosidade: o coração. Portanto, a dinâmica do centro de controle humano envolve o pensamento como orientador do juízo de valores, que alimenta o desejo. Por sua vez, o desejo é resultado do direcionamento da vontade. E a rede de valores e desejos alimentam as afeições, que influenciam nas decisões. Essa é uma dinâmica tão difícil de descrever quanto de separar suas partes. Cada uma delas desempenha um papel importante na influência das demais.
Então, tudo o que é estudado com relação às diversas áreas da vida deve ser aplicado ao nível do coração, pois ele representa quem o homem verdadeiramente é (Pv 27.19). Meras mudanças comportamentais não irão promover transformação genuína na vida de ninguém. A transformação que agrada a Deus deve acontecer no nível do coração, é lá que está o real problema (2 Co 3.15) e o centro de controle de todo o homem. Somente um coração transformado pela graça de Cristo pode cumprir o propósito original da criação (2 Co 4.6).
A implicação dessa definição é que todo e qualquer problema do Homem está relacionado ao coração. Quem você irá amar mais: Deus ou a si mesmo? Somente o Espírito Santo, através da Palavra de Deus, pode revelar a verdade por trás de decisões tomadas no coração humano (Hb 4.12). Então, “Jesus entrou no seu coração”? “Jesus limpa seu coração”? Em outras palavras, quem está no comando? Jesus é Senhor sobre seus pensamentos, seus desejos e suas afeições? O Senhor Jesus está limpando seu coração num processo de renovação de sua mente? Sua vontade está direcionada para agradar a Deus? Suas emoções são despertadas pelo que é puro, santo, agradável, verdadeiro? Em outras palavras, santificação progressiva é uma realidade no nível de seu intelecto, vontade e emoção ou apenas uma doutrina de velhos e ultrapassados teólogos?