Ronaldo Lidório
Ao se preparar para seguir adiante, olhe para trás! Veja o quanto Deus foi fiel, guardou a sua vida, alimentou a sua alma e proveu além das suas necessidades. Lembre-se que Ele jamais falhou, se ausentou ou deixou de amar. Amanhã não será diferente.
A última pregação de Moisés foi possivelmente a mais emblemática, pois tinha como missão orientar o povo a seguir aonde ele não iria - além do Jordão. Seu sermão se encontra nos capítulos 31 e 32 de Deuteronômio e poderia ter como título “Exortações da travessia”.
A mais clara é um convite a olhar para trás, pois “o Senhor lhes fará como fez ao rei dos Amorreus – lhes dará vitória” (31.4). Moisés conclama o povo a um exercício de memória e fé – “lembra-te dos dias da antiguidade” (32.7) - fazendo com que a memória seja inundada com os fatos que expressam o poder, a fidelidade e o amor de Deus. É da natureza de Deus ser fiel!
A terra além do Jordão representava a incerteza e insegurança. Os relatos que chegavam ao povo eram de uma terra frutífera, porém habitada por guerreiros, exércitos e protegida por cidades fortificadas. Perante todo temor Moisés lhes ensina que “O Senhor, teu Deus, passará adiante de ti” (31.3) e “... aquele que vai adiante de ti; Ele será contigo, não te deixará, nem te desamparará” (31.8). Deus está aonde ainda não chegamos. Descansemos, pois Ele está além do Jordão.
Neste sermão Moisés não fala apenas de vitória e fidelidade. Ele denuncia o pecado apontando para a rebelião aos mandamentos de Deus (31.27), os que praticam abominações (32.16), os que se esquecem da Rocha, que é o Senhor (32.18) e os que perderam a lealdade a Deus e se tornaram leais ao mundo (32.20). Exortava o povo a se quebrantar, abandonar o pecado e buscar a santidade. Não deveriam cruzar o Jordão levando as práticas de pecado.
Perante um novo dia, olhe para trás e lembre-se da ininterrupta fidelidade de Deus em sua vida. Saiba que Ele já foi adiante de você e lhe preparou o caminho. Deixe para trás o que não vem do Senhor e jamais se esqueça - Deus está além do Jordão.
Ronaldo Lidório é doutor em antropologia e missionário da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais e da Missão AMEM. É organizador de Indígenas do Brasil -- avaliando a missão da igreja e A Questão Indígena -- Uma Luta Desigual.
Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/deus-esta-alem-do-jordao
sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
domingo, 26 de janeiro de 2014
Pedrinhas, as lagostas e o reino de Deus
Lyndon De Araújo Santos
Qual a relação entre a violência na penitenciária de Pedrinhas (MA), as lagostas da governadora e o reino de Deus?
No ano de 1968 o então governador do estado do Maranhão José Sarney discursava no púlpito do templo central da Assembleia de Deus em São Luís.1Na época, suas promessas eram (conforme demonstra o filme encomendado por ele ao cineasta Glauber Rocha em 1966): modernizar o estado, eliminar a pobreza, garantir saúde e moradia, diminuir o analfabetismo e eliminar o atraso. A população depositou na sua liderança política as esperanças de outro destino e os evangélicos apoiaram a sua ascensão política.
Naquele mesmo ano de 68 era promulgado o AI5, ato institucional que concedeu ao governo dos militares a legitimidade do uso da violência contra os cidadãos. Passados 50 anos, o “clã Sarney” manteve o Maranhão nos piores índices sociais e humanos do Brasil, os evangélicos cresceram para cerca de 30% da população do estado (IBGE/2010) e a violência explodiu na penitenciária de Pedrinhas, atingindo também a população. Pedrinhas foi a boca do vulcão e a chacina foi a erupção, as lagostas representam a indiferença e o retrato do governo.
Roseana Sarney governou o estado por quatro mandatos, fora os outros governadores ligados ao pai. Ruas, bairros, prédios públicos, viadutos, hospitais, entidades e organizações possuem o nome “Sarney”, e até um mausoléu apropriado do estado, o Convento das Mercês, está preparado para o sonho faraônico da imortalidade. Isto porque no Maranhão há um agravante, em que pese a situação semelhante a todo o país em termos de sistema prisional: o controle político de uma família e seus agregados que se apropriam do aparelho do estado para usufruto privado.
A pobreza e a miséria deixaram de negociar com o sistema decaído por um momento e se manifestaram com violência incontida e ressentida pelas suas brechas, contradições, concessões e conivências. Estas, inclusive dos evangélicos também. A modernização nas décadas recentes aumentou o PIB do estado, mas aguçou as desigualdades sociais e não eliminou a miséria. No Maranhão, em 2002 eram 18,97% da população vivendo na linha da miséria e, em 2012, eram 12,90% ainda na mesma condição. O Piauí no mesmo período diminuiu de 22,58% para 4,26%.2
Enquanto as facções do tráfico de drogas importadas realizavam atos desumanos sob a aquiescência e inoperância do estado, a governadora encomendava lagostas, camarões e sorvetes ao preço de 1 milhão de reais para o Palácio do Governo e a sua casa. Como em todo o Brasil, a violência nos presídios aponta para a ineficiência do estado e do judiciário em garantir aos presos as mínimas condições humanas de sobrevivência e de justiça. Um dos decapitados estava em prisão provisória por ter receptado pneus roubados, preso junto com criminosos muito mais perigosos!
Mas, como ver (Jo 3.5) o Reino de Deus nisto tudo? O recado de Pedrinhas é que a justiça, a alegria e a paz (Rm 14.17) não têm vez e nem voz na história, que a lógica perversa do sistema as supera por meio da violência arbitrária dos criminosos, das lagostas absurdas da governadora e das mortes de inocentes como a da menina Ana Clara. No entanto, lembro-me da pergunta feita sobre Auschwitz após o fim da segunda guerra (1939-1945), aqui modificada: “como não falar de Deus depois de Pedrinhas”?
O reino está justamente neste paradoxo, pois ele se mostra quando é negado de forma extrema. As mortes, a violência, a corrupção, a indiferença para com os pobres e a violação dos direitos humanos em graus inimagináveis negam este reino e anulam qualquer afirmação de termos no Brasil uma sociedade cristã e uma igreja que se diz evangélica. Naquele “vale de ossos, sangues e cabeças decapitadas” há que soprar a Vida que nega esta negação e triunfa sobre a morte. A esperança, tal como diz Jürgen Moltmann, irrompe no vazio da presença de Deus.
O reino de Deus pode ser visto na indignação ante a necessidade da justiça; nas muitas vozes – até agnósticas! – que falaram como se fossem seus profetas; nos gestos de solidariedade e humanidade que surgiram para com as vítimas; nas consciências e nos corações tristes e indignados; na sensibilidade da igreja que se compadeceu, orou e agiu a favor dos que não podem falar; na menina Ana Clara que morreu queimada no ônibus incendiado, inocente e sem poder reagir, como o Cordeiro que foi morto em nosso lugar. Ana Clara clama por justiça e, por isso, o reino de Deus reclama a sua presença.
Quando Jesus disse que o “reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17.21), ele pode ter afirmado que este reino se esconde e se reserva. Assim como os peixes se refugiam nos lugares mais profundos dos rios em tempos de ausência da chuva, o reino se refugia em nós e nas pessoas quando seus sinais são negados. Mas ele não permanece somente aí; antes sinaliza a si mesmo nas ações transformadoras de justiça, de amor e de serviço.
Que os políticos como Sarney nunca mais subam nos púlpitos de nossas igrejas. Que a igreja se arrependa das alianças, das vantagens e das conivências com o poder. Que o povo de Deus ore pelo fim de um domínio que só trouxe injustiça e desigualdade, sofrimento e violência. Tal como foi Elias que orou e desestabilizou o poder em seus dias, oremos para que este domínio acabe.
Notas:
1. Jornal Mensageiro da Paz – Novembro de 1968.
2. Jornal O Globo, de 11/01/2014.
Lyndon de Araújo Santos é historiador, professor universitário e pastor da Igreja Evangélica Congregacional em São Luiz, MA. É o atual presidente da Fraternidade Teológica Latino-americana - Setor Brasil (FTL-Br).
Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/pedrinhas-as-lagostas-e-o-reino-de-deus
Qual a relação entre a violência na penitenciária de Pedrinhas (MA), as lagostas da governadora e o reino de Deus?
No ano de 1968 o então governador do estado do Maranhão José Sarney discursava no púlpito do templo central da Assembleia de Deus em São Luís.1Na época, suas promessas eram (conforme demonstra o filme encomendado por ele ao cineasta Glauber Rocha em 1966): modernizar o estado, eliminar a pobreza, garantir saúde e moradia, diminuir o analfabetismo e eliminar o atraso. A população depositou na sua liderança política as esperanças de outro destino e os evangélicos apoiaram a sua ascensão política.
Naquele mesmo ano de 68 era promulgado o AI5, ato institucional que concedeu ao governo dos militares a legitimidade do uso da violência contra os cidadãos. Passados 50 anos, o “clã Sarney” manteve o Maranhão nos piores índices sociais e humanos do Brasil, os evangélicos cresceram para cerca de 30% da população do estado (IBGE/2010) e a violência explodiu na penitenciária de Pedrinhas, atingindo também a população. Pedrinhas foi a boca do vulcão e a chacina foi a erupção, as lagostas representam a indiferença e o retrato do governo.
Roseana Sarney governou o estado por quatro mandatos, fora os outros governadores ligados ao pai. Ruas, bairros, prédios públicos, viadutos, hospitais, entidades e organizações possuem o nome “Sarney”, e até um mausoléu apropriado do estado, o Convento das Mercês, está preparado para o sonho faraônico da imortalidade. Isto porque no Maranhão há um agravante, em que pese a situação semelhante a todo o país em termos de sistema prisional: o controle político de uma família e seus agregados que se apropriam do aparelho do estado para usufruto privado.
A pobreza e a miséria deixaram de negociar com o sistema decaído por um momento e se manifestaram com violência incontida e ressentida pelas suas brechas, contradições, concessões e conivências. Estas, inclusive dos evangélicos também. A modernização nas décadas recentes aumentou o PIB do estado, mas aguçou as desigualdades sociais e não eliminou a miséria. No Maranhão, em 2002 eram 18,97% da população vivendo na linha da miséria e, em 2012, eram 12,90% ainda na mesma condição. O Piauí no mesmo período diminuiu de 22,58% para 4,26%.2
Enquanto as facções do tráfico de drogas importadas realizavam atos desumanos sob a aquiescência e inoperância do estado, a governadora encomendava lagostas, camarões e sorvetes ao preço de 1 milhão de reais para o Palácio do Governo e a sua casa. Como em todo o Brasil, a violência nos presídios aponta para a ineficiência do estado e do judiciário em garantir aos presos as mínimas condições humanas de sobrevivência e de justiça. Um dos decapitados estava em prisão provisória por ter receptado pneus roubados, preso junto com criminosos muito mais perigosos!
Mas, como ver (Jo 3.5) o Reino de Deus nisto tudo? O recado de Pedrinhas é que a justiça, a alegria e a paz (Rm 14.17) não têm vez e nem voz na história, que a lógica perversa do sistema as supera por meio da violência arbitrária dos criminosos, das lagostas absurdas da governadora e das mortes de inocentes como a da menina Ana Clara. No entanto, lembro-me da pergunta feita sobre Auschwitz após o fim da segunda guerra (1939-1945), aqui modificada: “como não falar de Deus depois de Pedrinhas”?
O reino está justamente neste paradoxo, pois ele se mostra quando é negado de forma extrema. As mortes, a violência, a corrupção, a indiferença para com os pobres e a violação dos direitos humanos em graus inimagináveis negam este reino e anulam qualquer afirmação de termos no Brasil uma sociedade cristã e uma igreja que se diz evangélica. Naquele “vale de ossos, sangues e cabeças decapitadas” há que soprar a Vida que nega esta negação e triunfa sobre a morte. A esperança, tal como diz Jürgen Moltmann, irrompe no vazio da presença de Deus.
O reino de Deus pode ser visto na indignação ante a necessidade da justiça; nas muitas vozes – até agnósticas! – que falaram como se fossem seus profetas; nos gestos de solidariedade e humanidade que surgiram para com as vítimas; nas consciências e nos corações tristes e indignados; na sensibilidade da igreja que se compadeceu, orou e agiu a favor dos que não podem falar; na menina Ana Clara que morreu queimada no ônibus incendiado, inocente e sem poder reagir, como o Cordeiro que foi morto em nosso lugar. Ana Clara clama por justiça e, por isso, o reino de Deus reclama a sua presença.
Quando Jesus disse que o “reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17.21), ele pode ter afirmado que este reino se esconde e se reserva. Assim como os peixes se refugiam nos lugares mais profundos dos rios em tempos de ausência da chuva, o reino se refugia em nós e nas pessoas quando seus sinais são negados. Mas ele não permanece somente aí; antes sinaliza a si mesmo nas ações transformadoras de justiça, de amor e de serviço.
Que os políticos como Sarney nunca mais subam nos púlpitos de nossas igrejas. Que a igreja se arrependa das alianças, das vantagens e das conivências com o poder. Que o povo de Deus ore pelo fim de um domínio que só trouxe injustiça e desigualdade, sofrimento e violência. Tal como foi Elias que orou e desestabilizou o poder em seus dias, oremos para que este domínio acabe.
Notas:
1. Jornal Mensageiro da Paz – Novembro de 1968.
2. Jornal O Globo, de 11/01/2014.
Lyndon de Araújo Santos é historiador, professor universitário e pastor da Igreja Evangélica Congregacional em São Luiz, MA. É o atual presidente da Fraternidade Teológica Latino-americana - Setor Brasil (FTL-Br).
Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/pedrinhas-as-lagostas-e-o-reino-de-deus
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Sendo corrigidos por um Ateu!
"Eu não devo tentar mudar tudo o que eu penso ou qualquer coisa que você pensa, a fim de simplesmente chegar a uma reconciliação que seria agradávelpara todos. Pelo contrário, o que me apetece dizer-lhe hoje é que o mundo precisa de um verdadeiro diálogo. O que isso quer dizer? Que a mentira é tanto o oposto do diálogo como é o silêncio, e que o único diálogo possível é o tipo entre as pessoas que permanecem no que são e falam o que pensam. Isto equivale a dizer que o mundo atual precisa de cristãos que permaneçam cristãos. No outro dia, na Sorbonne, falando com um professor marxista, um padre católico disse em público que ele também era anticlerical (como assim? – Cristãos anti igreja, anti dogmas cristãos, anti escritos bíblicos, anti pastores...?? ). Bem, eu não gosto de sacerdotes, pastores, cristãos... que sejam anticlericais mais do que das filosofias que têm vergonha de si mesmas. O mundo atual precisa de cristãos que permaneçam cristãos”.
Albert Camus
Albert Camus, em 1948, registrado em Resistência, Rebelião e Morte (New York, 1961).
domingo, 19 de janeiro de 2014
Compreendendo o Coração do Homem – W. Robert Godfrey
Vivemos em um mundo onde há muita crueldade e violência. Quando assistimos as notícias locais e internacionais na televisão, ouvimos falar de inúmeros casos de intimidação, injustiça, roubos, espancamentos, assassinatos e guerras. Em alguns lugares, a violência parece ser uma forma de vida, em outros lugares, parece explodir de maneira inesperada em locais aparentemente pacíficos. Como podemos explicar essa violência?
Muitos hoje afirmam que a violência não surge do coração humano, mas é o resultado de condições sociais externas. É dito que se pudermos melhorar o ambiente social, se manifestará a bondade na essência do homem. Muitos outros afirmam que a violência é um resultado do desenvolvimento evolutivo do homem e foi necessária em sua luta pela sobrevivência como um animal. Nenhuma dessas afirmações é bíblica ou, enfim, útil para a compreensão da violência que vemos em nosso mundo.
Os cristãos entendem que os seres humanos foram criados bons, mas caíram em pecado e rebelião contra Deus e em alienação um ao outro. Fora da graça redentora e renovadora de Deus, o homem caído encontra apenas a violência em seu coração. Davi expressa essa verdade de forma eloquente quando ele escreve sobre a atitude de Deus para com os ímpios: “Os arrogantes não permanecerão à tua vista; aborreces a todos os que praticam a iniquidade. Tu destróis os que proferem mentira; o SENHOR abomina ao sanguinário e ao fraudulento” (Salmo 5:5-6).
Nesta passagem, David destaca três características principais dos ímpios. Em primeiro lugar, eles são arrogantes e orgulhosos. Eles atribuem muito mais valor e importância a si do que eles merecem, deixando de reconhecer a superioridade de Deus sobre eles. Em segundo lugar, eles estão cheios de mentiras e enganos. Eles vivem de acordo com as mentiras que eles inventam e não de acordo com a verdade de Deus. Em terceiro lugar, eles são sanguinários e violentos. Em seu orgulho e auto engano, eles estão dispostos a usar a crueldade para avançar, em vez de buscar o amor e a paz.
No início de Gênesis, vemos uma imagem desta maldade em ação. Caim assassina seu irmão Abel por egoísmo (4:8). O tetraneto de Caim, Lameque, também mostra esse egoísmo: “E disse Lameque às suas esposas: Ada e Zilá, ouvi-me; vós, mulheres de Lameque, escutai o que passo a dizer-vos: Matei um homem porque ele me feriu; e um rapaz porque me pisou” (versículo 23).
O sentimento egoísta de superioridade que vemos em Caim e Lameque pode ser visto de várias maneiras ao longo da história. Considere este julgamento sobre a atitude que foi fundamental para o Império Britânico:
O Império Britânico não era liberal no sentido de ser uma sociedade plural, democrática. O império repudiava abertamente as ideias de igualdade humana e colocava poder e responsabilidade nas mãos de uma elite escolhida, proveniente de uma pequena parcela da população da Grã-Bretanha. O Império Britânico não era só não democrático, ele era antidemocrático… Meu argumento é que, em termos da própria administração, visto que havia claramente uma grande dose de arrogância racial na classe administrativa como um todo, a ideia de classe e de hierarquia eram tão importantes, se não as mais importantes. (Kawasi Kwarteng, “Ghosts of Empire” [Fantasmas do Império], página 2).
Enquanto Caim e Lameque parecem mostrar seu poder através do egoísmo, outros indivíduos perversos procuram justificar a sua violência. De uma forma ou de outra, eles afirmam que as vítimas de sua violência são, de alguma forma, inferior ou menos humanas do que eles. Eu posso justificar a violência contra aqueles que não são como eu: eles não são parte da minha família, meu bairro, minha tribo, minha nação, minha raça, ou minha religião.
Dr. W. Robert Godfrey é presidente e professor de História da Igreja no Westminster Seminary California, e professor colaborador do Ministério Ligonier. Ele é autor de vários livros, incluindo John Calvin: Pilgrim and Pastor.
Por W. Robert Godfrey. Extraído do site www.ligonier.org. © 2013 Ligonier Ministries. Original: Understanding Personhood
Este artigo faz parte da edição de Dezembro de 2012 da revista Tabletalk.
Tradução: Isabela Siqueira. Revisão: Renata do Espírito Santo – © Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: www.MinisterioFiel.com.br. Original: Compreendendo o Coração do Homem - W. Robert Godfrey
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
O evangelho é sobre morte e não sobre fazer grandes coisas.
POR JOSEMAR BESSA
O evangelho é sobre morte e não sobre fazer grandes coisas. O evangelho é sobre fazer a única coisa que vale a pena, viver para a glória de Deus. Cristo não te salva de modo que daí em diante você possa fazer grandes coisas.
Cristo morreu para que você ficasse livre de viver para você mesmo e vivesse para Ele: “Ele morreu... para os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” - 2 Co 5.15.
O objetivo da morte de Cristo é a exaltação de Cristo. A essência do pecado é que a vida do homem não glorifica a Deus – “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;” Romanos 3:23.
Quando dizemos ao mundo que Deus tem um plano maravilhoso para sua vida e quer que ele faça grandes coisas, o que o mundo ouve é: “Deus quer que eu seja incrível e maravilhoso! Eu gosto disso, porque eu quero se incrível e maravilhoso... realmente este é um grande plano, pensam, um casamento maravilhoso, filhos inteligentes e maravilhosos, saúde maravilhosa, emprego, empresa, dinheiro... tudo maravilhoso... eu fazendo coisas grandes...”
O Evangelho é sobre morte. Nós morremos com Cristo e fomos ressuscitados para uma nova vida, uma vida que não tem mais seus interesses nos velhos afetos e concupiscências da velha vida, coisas que na verdade se tornaram esterco perto do desfrute daquilo que realmente fomos criados para desfrutar:“E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo,” - Filipenses 3:8
Isso é Evangelho! Quando você pode ter Cristo, todo o resto é esterco, mas hoje temos um “evangelho” que joga fora Cristo e oferece pilhas de esterco do e ao mundo como resposta para os seus anseios.
Como eu disse antes, o evangelho é sobre fazer a única coisa que vale a pena, viver para a glória de Deus. Mas isso não parece grande coisa para o mundo.
“Ele morreu... para os que vivem não vivam mais para si mesmos...” 2 Coríntios 5.15
Esse é o plano maravilhoso do evangelho. É uma coisa tremenda perceber que quando você morreu em Cristo, você ressuscitou com Ele para viver uma vida justa. Nós já não viver para nós mesmos. É por isso que Paulo disse em Atos 20, “não importa o que acontece comigo, isso realmente não importa. Eu não conto nenhuma dessas coisas como preocupação, porque eu não considero a minha vida preciosa para mim mesmo. Minha vida não importa. Tudo o que importa é que eu viva o que Deus comprometeu-me a fazer. Tudo o que importa é que Cristo viva em mim. E então ele diz: "Para mim o viver é Cristo". Isso é tudo, é tudo o que importa. Sua vontade, seu propósito, seus objetivos, sua glória, sua honra, a sua verdade... nada mais, nada mais. Saulo de Tarso realmente se foi, está morto, enterrado e Paulo, é uma nova criação com uma nova direção.
Assim, viver para o ego, o “eu”, foi perdido para sempre e o mundo todo precisava saber disso e Deus nisso ser glorificado. Ele não estava nisso para conseguir o sucesso em alguma realização que sonhara antes de ser chamado por Cristo, prestígio, dinheiro, reconhecimento, relacionamentos...
Agora era Cristo, Cristo, Cristo... "Para mim o viver é Cristo".
Agora, isso não é verdade só sobre a “Teologia da prosperidade” a afins. Isso toca também naqueles que parecem estar mais distantes das heresias mais óbvias de nossos dias também. A Verdade bíblica precisa ser mais do que um conjunto de crenças que assumimos. Ela deve ser a lente através da qual olhamos para nós mesmos e o mundo.
Há muitos cristãos e igrejas que não negam qualquer doutrina fundamental da fé cristã (muitos infelizmente negam), mas eles ainda não tem um núcleo teológico. Eles têm, em vez disso, uma declaração de fé mofada que mal entendem e acreditam e não ousam pregar com paixão.
Eles são animados e motivados pela política, crescimento da igreja, preocupações relacionais, sociais e similares, mas o evangelho é apenas assumido. "Sim, sim, claro que acreditamos..." Suas grandes motivações podem ser compartilhadas por homens que nunca nasceram de novo, porque elas são apenas ecos deste mundo. A motivação não é a mesma de Paulo, porque a motivação de Paulo não podia ser compartilhada com o mundo, pois o mundo jamais bradaria com prazer: "Para mim o viver é Cristo e o resto é esterco”.
Um espelho não pode ser um guia! "Uma literatura que espelha a sociedade é um guia inútil para ela" ( Flannery O'Connor (1925-1964) - Um espelho não pode ser um guia - Um "evangelho" que espelha a sociedade, a cultura, seus valores... é completamente inútil e não relevante como muitos acham. O brado de Paulo não é um espelho do mundo, mas um mapa para a vida para a qual o homem foi criado:
“Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo, E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte” - Filipenses 3:7-10
Assinar:
Postagens (Atom)