sexta-feira, 30 de maio de 2014

A Idade Mídia

Por Pedro Paulo

O paralelo que fiz do título com a imagem foi na intenção de traçar o momento absurdo que vivemos hoje. Nossa época já vem sendo denominada a "Idade da Mídia". Entretanto, infelizmente parece que estamos vivendo um retrocesso no consciente das pessoas, pois foi exatamente na época da Idade Média que as pessoas eram condenadas à morte na fogueira por uma simples acusação ou suspeita de heresia ou bruxaria.

O linchamento de uma mulher inocente ocorrido no início deste mês em Guarujá no litoral de São Paulo, foi uma demonstração de que a violência perpassa o limite da razão. Foi apenas uma notícia que se espalhou como um rastilho de pólvora nas redes sociais que provocou essa injustiça gravada e divulgada.

Vivemos um momento ímpar por todo o nosso país, quando vemos em diversas manifestações o povo clamando por direitos e por justiça social. É legítimo o clamor popular pelo fim da corrupção que se arraigou no meio político e por uma melhor gestão da coisa pública. Porém, sabemos que o governo tem sido bastante omisso no atendimento à demanda da população.

Mas nada justifica que possa existir uma justiça praticada pelas próprias mãos. É assustador saber que a concentração urbana desordenada, a criminalidade e o envolvimento com as drogas por uma população cada vez mais jovem, acabou por deixar o estigma da violência marcar a mente de muitas pessoas.

As Escrituras Sagradas relatam que uma mulher foi levada até Jesus, pois foi apanhada em adultério e de acordo com a lei dos judeus naquela época, ela deveria ser apedrejada. Jesus porém, alem de não condená-la, disse aos seus carrascos: "Aquele que não tem pecado que atire a primeira pedra". Ocorre que todos se retiraram e a seguir Jesus disse para ela não cometer mais aquele ato.

A busca pelo fim da impunidade, tão esperado por todos nós, não pode ser o motivo pelos quais se violarão os direitos individuais. Precisamos hoje que o clamor por justiça seja coberto pela misericórdia e pelo amor.

Fonte: http://razaodaindignacao.blogspot.com.br/

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Sem o peso do mundo nos ombros

 Por Noeme Rodrigues De Souza Campos

Assim como passa a juventude, passa também a beleza, a saúde, o vigor... Será que é preciso esperar passar tudo isso pra saber que sou frágil demais diante da inexorável realidade que a vida me apresenta? Não preciso esperar. Me rendo antes do fim.

Já entendi que não é seguro confiar no humano. Ninguém é forte o tempo todo, nem é inteligente o bastante. Ninguém é paciente e amoroso o suficiente. Nenhum sentimento humano é estável. Não há recursos financeiros à prova de todas as crises, nem recursos que resolvam qualquer situação.

Governos e organizações sociais são impotentes diante da complexidade dos problemas humanos: há dores demais no mundo; intolerância, corrupção, crueldade, insanidade...Os problemas vão muito além da questão econômica.

Diante disso, não faz sentido apoiar-me no que é humano. Nenhum ser humano tem condições de preencher de amor e sentido minha existência. Nenhuma estrutura humana pode dar-me segurança.

Também sei que é inútil apoiar-me em mim mesma. Já vivi o suficiente para saber que é tolice tentar, como uma criança, segurar com força o que está ao meu alcance, como se isso significasse posse. Nada é meu. Nem as coisas, nem as pessoas,nem o tempo, nem as circunstâncias, nem a vida, nem eu mesma. Existe algo sobre o qual eu possa dizer:"tenho controle"? Definitivamente, não! Portanto, sei que não sou " dona do meu nariz".

É por isso que me rendo. Me entrego, diante do Autor disso tudo! Medir forças com Ele? Já abandonei as pretensões da criança birrenta. Lutar? Com que armas? Todas elas são dEle, incluindo minha capacidade intelectual e, portanto, qualquer possibilidade de argumentação - a origem dos meus argumentos é Ele.

Então desisto. Desisto de querer ser Deus. Desisto de querer carregar o peso do mundo sobre os ombros. Quero ser somente, e tudo, o que Ele planejou que eu fosse. Quero viver um dia de cada vez, sabendo que tudo está sob o controle dEle. Quero a segurança e a esperança que existem nEle, para viver, morrer e viver...

sexta-feira, 16 de maio de 2014

PROTAGONISTA

Por Pedro João Costa

Não somos diretores
De nossas vidas,
Quando fui formado,
Momento sublime,
Aceitei ser,
NEle e por Ele,
O protagonista.

Não sou,
Ele é!
Nunca fui senhor de mim.
Do "meu viver"
Resta-me, sempre,
Só o pecado.

A ideia histórica
Que me percebo,
Quando a percebo,
É puro poder divino.

Ah! Bendito Criador,
Meu guia fiel,
O sentido e o motivo
De ser protagonista
No propósito
Do Rei Universal:
Que os seus filhos "atuem"
No Eterno Amor dO Pai.

Pedro João Costa (24/04/14): Colaborador deste blog desde 2010. 

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Jesus, a igreja e as pessoas (i)morais

Por Ed René Kivitz

Passando por ali, viu Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: “Siga-me”. Levi levantou-se e o seguiu.
Durante uma refeição na casa de Levi, muitos publicanos e “pecadores” estavam comendo com Jesus e seus discípulos, pois havia muitos que o seguiam.
Quando os mestres da lei que eram fariseus o viram comendo com "pecadores" e publicanos, perguntaram aos discípulos de Jesus: “Por que ele come com publicanos e ‘pecadores’?”
Ouvindo isso, Jesus lhes disse: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores”.
(Marcos 2.14-17)

Fariseus, escribas, publicanos e pecadores. Os fariseus, nome que significa “separados”, eram o mais ortodoxo e rigoroso segmento do judaísmo dos dias de Jesus. Eles se consideravam “o verdadeiro Israel”. Os escribas, também chamados doutores da Lei, eram estudiosos e mestres da Torah, o texto sagrado dos judeus. À época os judeus eram colônia romana e pagavam impostos exorbitantes a Roma. Os publicanos eram os coletores de impostos nas províncias e colônias romanas. Além de serem considerados traidores de Israel, eram repudiados pelos fariseus e mestres da Lei, pois não apenas faziam o serviço sujo para Roma, como também estavam envolvidos em corrupção, cobrando impostos abusivos em benefício próprio.

Jesus estava à mesa com os pecadores e publicanos. O que surpreende, entretanto, não é que Jesus esteja à vontade na companhia de gente mal falada, mas que pessoas de reputação duvidosa e moral escandalosa se sintam perfeitamente à vontade na mesa de Jesus. Há razões para este aparente paradoxo.

Jesus não usava sua autoridade para se distinguir, mas para seduzir. O biógrafo de Jesus, Marcos, parece desenvolver sua narrativa de modo a nos conduzir propositadamente a essa cena. Apresenta Jesus ensinando com uma autoridade jamais vista anteriormente, e contrapondo seu ensino ao modelo dos religiosos escribas e fariseus. Admiradas, as pessoas se perguntavam a respeito de Jesus: o que é isso? Um novo ensino? De onde vem essa autoridade?” (Marcos 1.22,27). Os mestres de Israel formavam uma casta iniciada na Torah, e por isso se julgavam acima do povo simples, com quem falavam assentados “na cadeira de Moisés”. Jesus se misturava entre as gentes, e enquanto falava compartilhava os mistérios do reino de Deus a quem estivesse de coração aberto. Geralmente os pecadores estavam mais prontos a ouvir, pois não se sentiam intimidados nem menosprezados por Jesus. Sim, Jesus revela mistérios espirituais aos simples.

Jesus não usava seu poder para destruir, mas para promover libertação. Os demônios devem temer a Jesus. Os seres humanos, não. Diante de Jesus os espíritos maus davam passos para trás, em tom suplicante para que não fossem destruídos (Marcos 1.23-26). Jesus não ameaça os seres humanos com seu poder espiritual. Não é um feiticeiro gerando medo, adulação indevida e subserviência. Diferentemente dos neofariseus, Jesus coloca os homens em pé, os ensina a andar com suas próprias pernas e os conduz à autonomia responsável e reverente a Deus. Sim, Jesus expulsa demônios e liberta seres humanos.

Jesus não usa sua pureza para segregar, mas para abraçar os excluídos. O leproso que de Jesus se aproxima sabe que pode ser purificado. Na tradição de Israel, o leproso era impuro, e todo aquele que com ele tivesse contato se tornaria igualmente impuro. Mas Jesus, ao tocar o leproso, purifica o leproso. Com o seu toque, em vez de ser maculado pela lepra, transfere sua pureza ao leproso (Marcos 1.40-42). Sim, Jesus abraça os impuros.

Jesus não usava seu crédito para condenar, mas para oferecer perdão. O paralítico que lhe é apresentado tem seus pecados perdoados (Marcos 2.5-7). Os religiosos, partindo do princípio que perdoar pecados é prerrogativa divina, expressam sua contrariedade. Jesus poderia lhes estender a mão: “Muito prazer, Deus em carne e osso”. Sabedor de seu direito e do débito dos homens, Jesus estende a mão como oferta de aproximação, pacificação e reconciliação. O olhar de Jesus não é condenatório. Sua voz não é acusadora. Seu tom não é moralista. Sua mensagem não é de juízo, mas de salvação. Não vem para promover “o dia da vingança de Deus”, mas para anunciar “o ano da graça do Senhor”. Sim, Jesus perdoa pecados. 

Jesus não usa sua tradição religiosa para se eximir das dores do mundo, mas para promover a vida. Os religiosos querem saber se é lícito curar no sábado (Marcos 3.1-6). A interpretação de que guardar o sábado implica indiferença ao sofrimento humano é absolutamente rejeitada por Jesus. A Torah é caminho de vida e não pode ser usada para garantir aos religiosos o lugar confortável e asséptico da indiferença ao ser humano que sofre. O sábado foi criado para o homem, e não o homem para o sábado, ensinou Jesus (Marcos 2.17). Sim, Jesus usa sua religião em favor da vida. 

Devem ser temidos os homens que se valem de sua autoridade e poder espiritual para intimidar e abusar de gente simples, sua pretensa superioridade moral para segregar os pecadores, sua pseudo virtude para condenar os que não se encaixam em seus padrões de pureza, sua religião para lavar as mãos enquanto o mundo chora.

De fato, não surpreende que publicanos e pecadores se sintam à vontade na companhia de Jesus. A mesa está posta: partilha dos mistérios divinos, ação que promove libertação, abraços de inclusão, oferta de perdão, compaixão, solidariedade e generosidade. 

Para quem imagina que Jesus é condescendente com pecados, coração corrupto, e comportamento imoral, é importante sublinhar que chamava todos ao arrependimento. Não legitimava a vida torta. Mas não olhava torto para ninguém. Aliás, olhava sim. Olhava torto para os que acreditavam que não precisavam se arrepender.

• Ed René Kivitz é pastor da Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo. É mestre em ciências da religião e autor de, entre outros, “O Livro Mais Mal-Humorado da Bíblia”.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/jesus-e-os-pecadores-a-igreja-e-as-pessoas-imorais

quarta-feira, 7 de maio de 2014

O Deus Presente

PorJoão Ribeiro Oliveira

A Bíblia não começa com um grande conjunto de argumentos para provar a existência de Deus. Não começa com uma abordagem profunda, nem com algum tipo de analogia adjacente ou algo semelhante. A Bíblia apenas diz: "No princípio...Deus" (Gen 1.1). 

Ora, se os seres humanos fossem o teste de tudo, isso não faria sentido porque, neste caso, teríamos o direito de assentar-nos e julgar sobre a probabilidade da existência de Deus, avaliarmos as evidências e sairmos com certa possibilidade de que talvez exista algum tipo de deus. Assim, nos tornaríamos juízes de Deus. Mas o Deus da Bíblia não é assim. 

A Bíblia começa de maneira simples, porém categórica: "No princípio...Deus". Ele existe. Ele não é objeto que nós avaliamos. Ele é o Criador que nos fez, e isso muda toda a dinâmica.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/o-deus-presente

domingo, 4 de maio de 2014

In-diferença

Por Pedro Paulo

Domingo passado (27 de abril), durante a partida entre Barcelona e Villareal pelo campeonato espanhol, um torcedor atirou uma banana perto do jogador brasileiro Daniel Alves, que num gesto rápido, comeu a fruta. Eu particularmente, achei muito positivo que o jogador não tenha feito nenhum gesto obsceno àquela tentativa de ofensa.

Esse fato gerou repercussão imediata na mídia e produziu essa declaração ("Eu também gosto de bananas") que vem sendo feita por jogadores, artistas, pessoas famosas e se espalha pelos quatro cantos do mundo em um ato de indignação contra o racismo e a favor da atitude do jogador brasileiro.

Atitudes racistas contra jogadores e outras classes de pessoas tem sido muito comum e infelizmente continuarão ocorrendo em todo o mundo. Não pretendo afirmar qual seria a melhor forma de repúdio que merece um tolo que comete esse tipo de crime. No livro de Provérbios 13.16, temos: "Todo prudente age com conhecimento, mas o tolo espraia a sua loucura".

A in-diferença que as pessoas manifestam pelos outros é um grande pecado que demonstra falta de amor. O des-amor é o oposto do ensinamento nas Sagradas Escrituras, pois ela nos revela que "Deus é amor". Em I João 4.8 lemos assim:"Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor".

Ainda temos em I João 4.20: "Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê". A intolerância, o racismo e outras formas de indiferenças que muitos tem usado para excluir as pessoas da sua maneira de pensar, são atitudes de quem não tem a capacidade de amar. Simplesmente, é isso...

Fonte: http://razaodaindignacao.blogspot.com.br/