sábado, 21 de junho de 2014

Não há discurso, há credo

Por Pedro João Costa

Igreja é comunidade anônima: Por não discriminar, "o servir ao outro" constitui a comunidade, a saber, a comunhão dos santos irmãos.

Comunidade clandestina: Não existe com o sistema. Inexiste por ser o corpo de Cristo que afirmou: Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o príncipe deste mundo, e NADA TEM em mim.

Invisível: A mente de Cristo é a mente do corpo de Cristo, e assim, a comunidade dos santos irmãos percebem as coisas do espírito e não as coisas materiais. O que é transitório é o mundo em que estamos e por isto somos também comunidade peregrina.

Peregrina: Estamos no mundo em missão, segundo o propósito do nosso criador que nos guia pelo seu Santo Espírito. A cabeça e o corpo são invisíveis pelo olhar natural.

E não há discurso, e sim um credo, a fé que consiste em sabedoria de Deus e poder de Deus.


Pedro João Costa (06-06-2014): Colaborador deste blog desde 2010.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Alegar ignorância não desculpará uma só alma...


POR JOSEMAR BESSA

O assunto do evangelho é inequívoco e não é difícil perceber o falso evangelho. Portanto, se um falso evangelho prospera em nossos dias, se as multidões sorvem com alegria sua mensagem centrada no homem, seus desejos... nenhuma desculpa há para esta geração. Alegar ignorância não desculpará uma só alma... colocar a culpa em “líderes” não apagará a verdade de que a busca era a glória pessoal. O evangelho pode se  mostrar centrado no homem de muitas formas, “teologia da prosperidade”, ou no foco de salvar a sociedade... não do pecado, mas das dificuldades... mas sobre o que o evangelho fala. Ele é 

O evangelho da glória de Cristo! " - 2 Coríntios 4:4

O evangelho é uma revelação gloriosa da graça divina - uma manifestação do propósito e da boa vontade de Deus para salvar os pecadores, mas sempre em harmonia com, e para a honra de  todas as Suas perfeições divinas: Sua santidade, sua Justiça, seu amor, sua ira...

O Evangelho tem UM  tema – Ele apresenta Cristo na glória de sua pessoa. No evangelho o coração de Deus é desnudado manifestando a plenitude de Cristo e leva homens indignos a serem eternamente felizes na contemplação dessa glória na face de Cristo.

O Evangelho aponta só para Cristo, ele  é o poderoso instrumento de Deus para levar ao desfrute de Cristo, por isso e para isso Ele  ressuscita os mortos no pecado, ilumina a mente cega, perdoa o culpado, purifica o coração sujo...

O evangelho revela tudo o que Deus pode dar, e tudo que ele pode dar é Cristo. O evangelho revela tudo que o homem precisa, e ele precisa de Cristo. O evangelho revela tudo que o homem deve desfrutar, e ele deve desfrutar Cristo.

O Evangelho coloca o homem no pó - e coloca Deus no trono! Ele coloca o homem como um pecador, à disposição soberana de Deus. Ele vai render nada para o orgulho do homem, e não traz nenhum elogio a suposta bondade do homem ou suas habilidades.

Se um homem é salvo, é pela graça, é somente por causa de Cristo e para a Sua honra. O evangelho despreza a sabedoria do mundo, coloca o rico e o pobre, o moral e o imoral, o doutor e o analfabeto... no mesmo nível. O orgulho humano não pode tolerar o “Evangelho da glória de cristo”.

O evangelho despreza a sabedoria do mundo, e coloca o rico e o pobre, o moral e o imoral, o doutor e o analfabeto - no mesmo nível! O orgulho do homem não pode tolerar isso!

O evangelho só pode ser conhecido como experiência real pelo poder e ensino do Espírito Santo – só depois dessa obra ele pode ser amado, valorizado e praticado...

Será que de fato conhecemos pessoalmente e experimentamos o evangelho? O “evangelho da glória de Cristo?” – Nossas vidas declaram que provamos sua doçura e sentimos o seu poder? Ele é mais desejável para nós que o ouro, ou um meio para alcançar ouro, realização, relacionamentos que achamos ser fundamental para nossa alegria...

O evangelho da “glória de Cristo é mais doce que o mel para nós? Já recebemos o evangelho com uma demonstração do poder do Espírito? Ele tem iluminado nossas decisões, purificado nossos corações e corrigido nossas vidas? Esse e apenas esse é o “evangelho da glória de Cristo!”

quinta-feira, 5 de junho de 2014

O Pentecostes de órfãos e viúvas

Derval Dasilio


“Esses homens, que têm causado alvoroço por todo o mundo, agora chegaram aqui, [...] todos eles estão agindo contra os decretos do imperador, dizendo que existe um outro rei,chamado Jesus”. Atos 17.6-7

É indispensável o complemento (João 14.18-19): “não vos deixo orfãos”, [“orfanus”: des-validos, des-protegidos, des-amparados]). O Reino se destina aos órfãos, acolhe os despojados, despoderados, sem-casa, sem-teto, sem-cidadania, sem-dignidade, sem-justiça, sem-tudo. Em primeiro lugar os que estão sob risco de sobrevivência. Os que padecem de fome e sede; os que estão nus, desprotegidos dos perigos da economia e política de privilégios, vulneráveis ao mal permanente; os que estão encarcerados nas prisões dos pensamentos autoritários e da opressão de consciência. O Reino se destina aos despoderados e oprimidos, também, os que veem libertação para prisioneiros do fatalismo histórico, do Mal permanente que se acredita irreversível, sempre presente na fraqueza da fé sem esperança. O Espírito é esperança de salvação. 

Cada vez mais enfrentamos este ou aquele grupo que se diz “pentecostal”, ou irmãos que se declaram, agressivamente até, "carismáticos", porém, ignorando o sentido bíblico do “Pentecostes”. Perdemos o verdadeiro Espírito da Igreja quando nos entregamos ao comum carismático, ou mundo mercadológico da fé pentecostal, que parece ignorar o reino de Deus (justiça, dignidade humana), que precede a tudo. Sejam exorcismos duvidosos (prestidigitação, magia), às curas, prosperidade, “propósitos”; pentecostalismo como respostas à vida consagrada, avivada, e respostas materiais como bem-aventuranças. Assumimos o “pentecostalismo religioso” (ênfase pagã? o “deus ex machina” do pentecostalismo não-cristão antecede sua história através dos mitos da Grécia Antiga); o pentecostalismo transforma-se numa religião “possuída” por muitos símbolos materiais imediatos, pragmáticos, mercadológicos. 

Atos dos Apóstolos apresenta outra visão sobre a manifestação histórica, aumentando nossa confiança: quando o nome de Jesus Cristo é invocado, ele passa a agir como força mediadora da Graça de Deus (2.1-13; 17.6-7). Ao mesmo tempo, dele emana o Espírito de Deus que se apossa dos discípulos, para que o evangelho da Graça seja pregado. É o reino de Deus que se instala; só depois vem a Igreja1. Assim é a teologia de Lucas, no evangelho e no livro de Atos.

Religiosidade, comunhão eclesiástica, ministérios ordenados, instituições doutrinais, não podem sufocar o suspiro dos oprimidos2, no Espírito: “...também nós que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, no aguardo da redenção do nosso ‘corpo’; (...) o mesmo Espírito intercede por nós em gemidos inexprimíveis” (Rm 8.2-3a; 26b), para libertar-nos. A massa de oprimidos poderia buscar uma aproximação com o Pentecostes subversivo, neotestamentário, pois a preferência ao reino de Deus está nos pobres e despoderados, órfãos deste mundo3 que experimenta o “pentecostes”. 

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele consagrou-me para anunciar a Boa Nova aos pobres: enviou-me para proclamar a libertação dos presos aos sistemas de pensar e, aos que vivem em cegueira, a recuperação da visão clara das coisas; para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano jubilar de remissão por Graça do Senhor" (Lc 4.18/ rf. Is 61.1). Assim, Jesus inicia seu ministério numa sinagoga da Galiléia. A interrupção brusca, no martírio e na morte, também testemunhados por Lucas, não impedirá a Ressurreição do Cristo de Deus, e com ela as aparições pascais. O próprio Jesus se manifesta como o Cristo vivo, ele e sua causa prosseguem na história dos homens. 

Como podemos explicar este esquecimento do Espírito em nossa experiência cristã, nas igrejas históricas? Richard Shaull, precursor e introdutor da Teologia da Libertação na América Latina, despedindo-se de nós, alertando as Igrejas Históricas, escrevia: 

“O testemunho de muitos (autênticos) pentecostais pobres e marginalizados tomou um novo sentido para mim, enquanto combatia o câncer que me tomara. Com frequência tenho observado – com perplexidade – como mulheres e homens enfermos, ou vivendo em extrema pobreza, têm pleiteado com Deus a restauração de sua saúde ou a garantia do bem-estar econômico e social. Porém, continuam pobres e doentes. E, mesmo nesta situação, cantam hinos alegremente, em louvor a Deus, pelo que Ele lhes tem dado. Em seu meio, no passado, também reconheci que sabiam que suas vidas haviam sido transformadas, mas não alcancei o que isso significava, naquele momento. 

Agora, tenho a compreensão. Entendo porque o pobre, o marginalizado, o enfermo, o povo arruinado, pode levar-nos a um mais profundo conhecimento de Deus e à rica experiência de uma vida abundante. [...] A chave para se compreender tudo isso, que esboçamos como a luta angustiante para sustentar a fé e a confiança em Deus, em meio de tremenda violência e destruição, foi apresentada no final do livro do profeta Habacuque: ‘o justo viverá pela fé’!”.

Como “consolar” os órfãos da utopia do Cristo de Deus quando a Igreja se apresenta como quem tomou posse do Espírito, senão com a garantia da solidariedade de Deus? Como garantir um final feliz no drama da salvação, ideais transformadores, revolucionários, a justiça de Deus, a vida eterna, sem fim, a morada com Deus, a pátria celestial, cidadania dos céus, no sentido bíblico? “Pedirei ao Pai que vos envie ‘outro parakletos’, companheiro e ajudador, a fim de que esteja ‘sempre’ convosco”; “o Ajudador, o Espírito Santo, (...) esse vos ensinará todas as coisas e ‘vos fará lembrar’ de tudo que eu vos tenho dito” (cf.: Jo 14.16). No grego, o termo “parakletos” oferece extensas possibilidades: defensor, advogado, companheiro, protetor e ajudador. Jesus chama-o também de Espírito da Verdade, referindo-se à divina revelação do Espírito de Deus aos órfãos e viúvas. Estes, certamente, esperam impacientes o seu Pentecostes redentor.

Derval DasilioÉ pastor da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor de livros como “Pedagogia da Ganância" (2013) e "O Dragão que Habita em Nós” (2010).

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/o-pentecostes-de-orfaos-e-viuvas

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Confrontando com Amor – R.C. Sproul

Muitas vezes temos que repreender e confrontar outros com respeito à Verdade. Neste artigo, R.C. Sproul nos ensina mais sobre como podemos confrontar alguém da maneira correta, seguindo o exemplo bíblico:
Toda vez que eu leio os evangelhos, fico impressionado com o fato de como Jesus parecia encontrar-se em meio a uma controvérsia onde quer que ele fosse. Também fico impressionado com a forma como Jesus lidava com cada controvérsia de maneira diferente. Ele não seguia o exemplo de Leo “The Lip” DeRosier, o ex-gerente do New York Giants, tratando cada pessoa que ele encontrava da mesma maneira. Embora ele esperasse que todos “jogassem pelas mesmas regras”, ele pastoreava as pessoas de acordo com as necessidades específicas delas.
O Antigo Testamento retrata o Bom Pastor como aquele que carrega tanto o cajado quanto a vara, pois a sua responsabilidade é tanto guiar as suas ovelhas quanto protegê-las de lobos vorazes (Sl 23.4). Nos evangelhos, nós vemos Jesus utilizar a sua vara protetora mais frequentemente contra os escribas e fariseus. Quando Jesus lidava com esses homens, ele não pedia e nem dava trégua. Quando ele pronunciava o julgamento de Deus sobre eles publicamente, ele usava o oráculo do “ai”, que era usado pelos profetas do Antigo Testamento: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito [convertido]; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!” (Mt 23.15).
Jesus lidou com muitos dos líderes religiosos do seu tempo rigorosamente por causa da hipocrisia do coração duro deles. Outras pessoas que reconheciam os próprios pecados e se envergonhavam deles – Jesus as abordava com amor e encorajamento. Considere a mulher no poço (João 4). Jesus sentou-se e conversou com a mulher samaritana, o que era inédito naquela época para um rabino judeu, devido aos preconceitos comuns contra mulheres e samaritanos. Ele pacientemente tirou dela uma confissão de pecado e lhe revelou o Seu ofício messiânico. Jesus a tratou como uma cana quebrada e uma torcida fumegante, gentilmente confrontando-a, mas não esmagando-a (Mt 12.15-21).
Entre muitas outras coisas, penso que o exemplo de Cristo nos ensina como devemos lidar com aqueles de quem discordamos.

Por: R. C. Sproul. Extraído do site www.ligonier.org. © 2013 Ligonier Ministries. Original: The Judgment of Charity
Este artigo faz parte da edição de Julho de 2013 da revista Tabletalk.
Tradução: Alan Cristie. Revisão: Renata do Espírito Santo – © Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: www.MinisterioFiel.com.br. Original: Confrontando com Amor – R.C. Sproul

Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/05/confrontando-com-amor-r-c-sproul/