sábado, 29 de novembro de 2014

Isto faz parte da sua loucura!


Por Josemar Bessa


Lendo este breve texto de Erasmo (1466 – 1536), fiquei com a estranha sensação de que ele tem frequentado os cultos de nossos dias:

“O espírito do homem é feito de maneira que lhe agrada muito mais a mentira do que a verdade. Fazei a experiência: ide à igreja, quando aí estão a pregar. Se o pregador trata de assuntos sérios, o auditório dormita, boceja e enfada-se, mas se, de repente, o zurrador (perdão, o pregador), como aliás é frequente, começa a contar uma história de comadres, histórias engraçadas, toda a gente desperta e presta a maior das atenções.

Como é fácil essa felicidade! Os conhecimentos mais fúteis, como a gramática por exemplo, adquirem-se à custa de grande esforço, enquanto a opinião se forma com grande facilidade, contribuindo tanto ou talvez mais para a felicidade. Se um homem come toucinho rançoso, de que outro nem o cheiro pode suportar, com o mesmo prazer com que comeria ambrósia, que tem isso a ver com a felicidade? Se, pelo contrário, o esturjão causa náuseas a outro, que temos nós com isso? Se uma mulher, horrivelmente feia, parece aos olhos do marido semelhante a Vénus, para o marido é o mesmo do que se ela fosse bela. Se o dono de um mau quadro, besuntado de cinábrio e açafrão, o contempla e admira, convencido de que está a ver uma obra de Apeles ou de Zêuxis, não será mais feliz do que aquele que comprou por elevado preço uma obra destes pintores e que olhará para ela talvez com menos prazer?” -

Erasmo de Roterdão, em "Elogio da Loucura" - ensaio escrito em 1509.

Loucura, o homem ama e sente essa FELICIDADE FÁCIL com a MENTIRA e não com a VERDADE. Deixaremos de pregar e Verdade então? É isso que tem feito a igreja pragmática dos nossos dias. Por quê? Porque essa igreja está centrada na "felicidade" do homem, não na GLÓRIA de Deus. Mas quando a glória de Deus é abandona, a felicidade ( não a fácil ) já não é mais possível, e a igreja passa a fazer o papel do enganador. Dá uma imitação barata. O mundo ama a Mentira, isto faz parte da sua loucura - "porque a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a Luz!" - O homem foi criado para "glorificar a Deus e ter prazer nEle para sempre" - A "igreja" já não acredita mais nisso. Por isso ela escolhe pregar a mentira e o engano da felicidade fácil. E como o homem sente prazer nisso! E como o homem passou a definir a verdade em termos dos seus prazeres. ELE PREFERE A MENTIRA EM LUGAR DA VERDADE. Vender felicidade fácil certamente é mais fácil, mas custará tão caro!!!

Como Erasmo disse: "Não há nada de tão absurdo que o hábito não torne aceitável" - Eis a nossa realidade hoje.


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Deus e o sofrimento humano.


R. C. Sproul

No âmago da mensagem do livro de Jó, acha-se a sabedoria que responde à questão a respeito de como Deus se envolve no problema do sofrimento humano. Em cada geração, surgem protestos, dizendo: “Se Deus é bom, não deveria haver dor, sofrimento e morte neste mundo”. Com este protesto contra as coisas ruins que acontecem a pessoas boas, tem havido tentativas de criar um meio de calcular o sofrimento, pelo qual se pressupõe que o limite da aflição de uma pessoa é diretamente proporcional ao grau de culpa que ela possui ou pecados que comete.

No livro de Jó, o personagem é descrito como um homem justo; de fato, o mais justo que havia em toda a terra. Mas Satanás afirma que esse homem é justo somente porque recebe bênçãos de Deus. Deus o cercou e o abençoou acima de todos os mortais; e, como resultado disso, Satanás acusa Jó de servir a Deus somente por causa da generosa compensação que recebe de seu Criador.

Da parte do Maligno, surge o desafio para que Deus remova a proteção e veja que Jó começará a amaldiçoá-Lo. À medida que a história se desenrola, os sofrimentos de Jó aumentam rapidamente, de mal a pior. Seus sofrimentos se tornam tão intensos, que ele se vê assentado em cinzas, amaldiçoando o dia de seu nascimento e clamando com dores incessantes. O seu sofrimento é tão profundo, que até sua esposa o aconselha a amaldiçoar a Deus, para que morresse e ficasse livre de sua agonia. Na continuação da história, desdobram-se os conselhos que os amigos de Jó lhe deram — Elifaz, Bildade e Zofar. O testemunho deles mostra quão vazia e superficial era a sua lealdade a Jó e quão presunçosos eles eram em presumir que o sofrimento indescritível de Jó tinha de fundamentar-se numa degeneração radical do seu caráter.

Eliú fez discursos que traziam consigo alguns elementos da sabedoria bíblica. Todavia, a sabedoria final encontrada neste livro não provém dos amigos de Jó, nem de Eliú, e sim do próprio Deus. Quando Jó exige uma resposta de Deus, Este lhe responde com esta repreensão: “Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Cinge, pois, os lombos como homem, pois eu te perguntarei, e tu me farás saber” (Jó 38.2, 3). O que resulta desta repreensão é o mais vigoroso questionamento já feito pelo Criador a um ser humano. A princípio, pode parecer que Deus estava pressionando Jó, visto que Ele diz: “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?” (v. 4) Deus levanta uma pergunta após outra e, com suas perguntas, reitera a inferioridade e subordinação de Jó. Deus continua a fazer perguntas a respeito da habilidade de Jó em fazer coisas que lhe eram impossíveis, mas que Ele podia fazer. Por último, Jó confessa que isso era maravilhoso demais. Ele disse: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (42.5-6).

Neste drama, é digno observar que Deus não fala diretamente a Jó. Ele não diz: “Jó, a razão por que você está sofrendo é esta ou aquela”. Pelo contrário, no mistério deste profundo sofrimento, Deus responde a Jó revelando-se a Si mesmo. Esta é a sabedoria que responde à questão do sofrimento — a resposta não é por que tenho de sofrer deste modo particular, nesta época e circunstância específicas, e sim em que repousa a minha esperança em meio ao sofrimento.

A resposta a essa questão provém claramente da sabedoria do livro de Jó: o temor do Senhor, o respeito e a reverência diante de Deus, é o princípio da sabedoria. Quando estamos desnorteados e confusos por coisas que não entendemos neste mundo, não devemos buscar respostas específicas para questões específicas, e sim buscar conhecer a Deus em sua santidade, em sua justiça e em sua misericórdia. Esta é a sabedoria de Deus que se acha no livro de Jó.


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Igrejas em crise

Por Derval Dasilio

Religião, hoje, é assunto financeiro e estatístico, em primeiro lugar. Negócios e número de adeptos completam sua finalidade. Assim, se a religião não alcança associados, contribuintes, ou não obtém lucros, segue o destino das empresas destinadas à falência (já ouvimos isso com todas as letras, em nosso meio, dentro de nossas igrejas). Nunca houve equívoco maior, no ambiente eclesiástico mundial, exceto no século das indulgências (XVI), que exigiu uma reforma na Igreja. Nascia, então, a igreja evangélica protestante, para ser diferente, no cristianismo histórico. Essa igreja foi traída às últimas consequências.

O cristianismo, tanto o católico como o protestante evangélico, mudou -- não importam as identidades modernas das igrejas que confessam ser “cristãs”. A ação ideológico-pentecostal no século 21, pretendendo alcançar as multidões, passou a funcionar à semelhança dos grandes movimentos políticos do século 20. Desde a I Guerra Mundial, fascismo, comunismo e nazismo se introduzem na religião, conquistando adesões expressivas. Mesmo quando a mesma religião se declara à parte dessas ideologias, seus métodos equivalem. Se socialistas falam com linguagem “religiosa” sobre conversões autoritárias, não menos capitalistas, neoliberais, adotam a linguagem fascista ou intervencionista. Nas igrejas, para impor a “liberdade de mercado” como meio de promoção da expansão pentecostal, cristaliza-se esse conceito.

Lideranças pastorais adotam as imagens de déspotas famosos, como Hitler – enquanto desprezam vultos como Tolstoy, Ghandi, Luther King, e o nosso Jaime Wright, símbolos da resistência não-violenta –, e aderem ao sionismo judaico-cristão, assumindo gestos e símbolos autoritários, fundando igrejas nacionais – também criando rachaduras internas; criando interminavelmente outras facções eclesiásticas –, com expressivo sucesso de público nunca antes imaginado. É a deificação do “homo religiosus” e, ao mesmo tempo, da religião de mercado. Às igrejas e lideranças desse meio, tudo é permitido, inclusive o esforço por revogar direitos constitucionais fundamentais, conquistas democráticas e pregar a exclusão e violência contra minorias; contra a mulher e a criança, o adolescente, e contra homoafetivos de ambos os sexos. Se ao Estado autoritário é permitido estabelecer uma ordem na vida e nos interesses da pessoa, a religião acompanha a mesma inclinação.

É nestas fronteiras específicas que se concentra, nos dias de hoje, o trabalho de humanização feito por Deus, pregava Richard Shaull. É nelas que está sendo jogado o futuro do homem e das nações emergentes e em vias de desenvolvimento. “Hoje, de modo geral, a igreja local conserva os mesmos padrões de trabalho e o mesmo conjunto de instituições modelado no período do ‘protestantismo de missões’ (seria por demais extensivo falar sobre o colonialismo missionário na África, Ásia e Oceania)? Este tipo de atuação é ainda relativamente eficaz junto a povos que, até o momento presente, não foram muito atingidos pelo impacto do Ocidente e onde os velhos padrões de vida permanecem quase intactos”, dizia Richard Shaull. Hoje, a observação mudaria, quem sabe: dos velhos padrões, não permaneceu pedra sobre pedra…

Com a mentalidade que acompanha a igreja evangélica, moldar o futuro, neste caso, estas áreas dos atuais desencontros da identidade original obscureceram e se aproximam da escuridão total. Paralelas ao êxito religioso do pentecostalismo evangélico, as comunidades têm cada vez menos significação e relevância diante dos problemas de uma nação ou continente. Não se admira que tenham sido solapadas, as igrejas históricas que não se entregaram ao pentecostalismo. Mais cedo ou mais tarde também abdicariam dos fundamentos e princípios originários.


Legenda: detalhe do “Templo de Salomão” em São Paulo (SP).
Créditos: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas (29/07/2014)

Derval Dasilio: É pastor da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor de livros como “Pedagogia da Ganância" (2013) e "O Dragão que Habita em Nós” (2010).

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Quando igrejas definham, o nome de Deus é zombado


Por Bobby Jamieson

Se você visse um jardim coberto de ervas daninhas, simplesmente plantaria alguns belos lírios bem no meio dele? Se você não pudesse ouvir o noticiário da TV porque seu rádio estava alto demais, simplesmente aumentaria ainda mais o volume da TV?
É por esse e outros motivos que Bobby Jamieson afirma que “revitalização de igrejas é uma responsabilidade bíblica” [link do artigo completo]. No trecho abaixo, ele lista um motivo em prol da revitalização de igrejas: a honra de Deus.

O Povo de Deus Carrega o Nome de Deus

Uma outra motivação que a Escritura nos dá para a reforma e revitalização de igrejas é que o povo de Deus carrega o nome de Deus. Os cristãos são batizados no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19). Os cristãos são o templo dos últimos dias, a corporificação do lugar onde Deus fizera seu nome habitar (1Rs 8.17, 19). A igreja é o povo que foi chamado pelo nome do Senhor, os quais ele criou para a sua glória, os quais ele formou e fez (Is 43.7).

Além disso, Deus é zeloso pela glória do seu nome (Is 48.9-11) – e nós deveríamos sê-lo também.

Mas, como dissemos, quando igrejas definham no pecado, na divisão e no nominalismo, o nome de Deus vira zombaria na praça. Tais igrejas difamam o nome de Deus, em vez de adorná-lo e magnificá-lo.

Uma igreja decadente e mergulhada no pecado é como um farol com a lâmpada e o refletor quebrados. Em vez de refletir a luz da glória de Deus milhas a frente, de chamar pecadores ao porto seguro da misericórdia de Deus, uma igreja assim deixa a noite tão negra quanto estava antes – ou até mais. É como uma estação de rádio cujo sinal foi sequestrado: não importa o que ela confesse crer, tal igreja difunde mentiras sobre Deus, em vez da verdade.

Assim, uma preocupação com o nome de Deus, o qual ele pôs sobre o seu povo – e sobre as suas assembleias corporativas em um sentido especial (Mt 18.20) – deveria nos impulsionar à reforma e revitalização de igrejas. Como Mark Dever tantas vezes disse, revitalizar igrejas é como um pague-um-leve-dois pelo reino. Você derruba uma má testemunha e ergue uma boa testemunha em seu lugar.


Esse artigo é um trecho do texto “Revitalização de Igrejas: Uma Responsabilidade Bíblica”.
Leia o artigo completo

Por: Bobby Jamieson. © 2011 9Marks. Original: The Bible’s Burden for Church Revitalization.

Tradução: Vinícius Silva Pimentel. © 2014 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.br. Original: Revitalização de Igrejas: Uma Responsabilidade Bíblica.


Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/11/quando-igrejas-definham-o-nome-de-deus-e-zombado/

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A Reforma Protestante em quatro doutrinas

Por Christian Gillis

Aos 31 de outubro de 1517, Matinho Lutero afixou as 95 teses na porta da Catedral de Wittenberg, dando início ao movimento que viria a ser conhecido como Reforma Protestante, donde se originaram, direta ou indiretamente, as chamadas igrejas evangélicas. O interesse pela Reforma não é o de um antiquário, mas sim o de verificar a identidade, o significado e a relevância da mesma para nossos dias, com o propósito de receber inspiração da fé ali vivenciada. O que Karl Marx teria percebido para declarar algo como “Lutero venceu a servidão pela devoção, porque ele substituiu a última pela convicção. Ele quebrou a fé na autoridade, por que restaurou a autoridade da fé”?

As teses de Lutero representam um marco para a recuperação da sã doutrina. Elas registram o início da teologia que produziu a reforma na igreja. Embora ainda fizessem referência a resíduos do romanismo tais como: o purgatório, o papado, os santos e Maria como mãe de Deus, sem contestá-los a princípio, percebemos, já nesse momento, as formulações embrionárias das doutrinas que vão caracterizar a identidade protestante.

De fato, Lutero não elaborou novas doutrinas, mas, numa volta à Bíblia como fonte de conhecimento teológico e espiritual, elucidou a mensagem consignada nas Escrituras que se encontrava soterrada sob os escombros da tradição medieval. Podemos resumir a mensagem da Reforma a alguns postulados:

1. A autoridade das Escrituras – Sutilmente, durante o período medieval, as tradições tornaram-se o fator fundamental para determinar os conteúdos da fé e da moral. Um monte de entulho asfixiou a mensagem bíblica. A Reforma resgatou e restabeleceu a Escritura como fonte suprema e final quanto ao conhecimento de Deus e da sua vontade, para o indivíduo e para a igreja.

2. Justificação pela graça mediante a fé – Contestando a compreensão romanista de salvação por mérito pelas obras, que tinha como símbolo distintivo a venda de indulgências (compra do perdão) a Reforma resgatou o ensino bíblico de que a salvação (perdão, aceitação diante de Deus e santificação) é concedida gratuitamente por Deus àqueles que confiam em Jesus como seu salvador. A salvação não pode ser comprada, mas procede da misericórdia de Deus para com o pecador que se volta para a cruz de Jesus.

3. A centralidade de Cristo – A igreja romana enalteceu o papa como cabeça da igreja e representante terreno da esfera celestial. Também Maria e os santos eram mediadores e intercessores junto a Deus. A reforma acentua que Cristo é o único mediador entre Deus e os homens. Só ele tem poder para efetivamente perdoar pecados. A sua obra na cruz é suficiente e exclusiva para a nossa salvação. É Ele que intercede junto a Deus, como advogado, por aqueles que Nele confiam.

4. Sacerdócio de todos os crentes – Contrastando com o ensino de que somente a hierarquia da igreja (o clero) constitui o sacerdócio autorizado para representar a Deus diante dos homens e vice-versa, a Reforma ensina o sacerdócio universal, isto é, que todos podem comparecer diante de Deus, estudar a sua palavra e ser agentes a seu serviço. A Reforma, conquanto reconheça vocações eclesiais específicas, afirma que todo o povo de Deus é igreja, uma igreja onde todos são chamados a servir a Deus.

Com essas e outras afirmações, os reformadores conseguiram minimizar o distanciamento da igreja medieval do modelo observado no Novo Testamento. Conquanto a obra da reforma não tenha sido completa – e os descendentes espirituais da reforma compreendam que a igreja reformada está constantemente se avaliando à luz do padrão bíblico – a Reforma continua sendo um marco para uma genuína identidade evangélica, em meio ao conturbado contexto religioso contemporâneo.

Essas doutrinas provocaram uma enorme transformação social porque, na verdade, foram a plataforma para a libertação pessoal diante de Deus.


• Christian Gillis é pastor na Igreja Batista da Redenção, membro do Conselho Gestor da Aliança Evangélica e coordenador em Minas Gerais da Fraternidade Teológica Latino-Americana/ Setor Brasil. Twitter: @prgillis

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/a-reforma-protestante-em-quatro-doutrinas

Imagem: Martinho Lutero (à direita) confrontando o Imperador Carlos V, um cardeal e outros cléricos. The Granger Collection, New York. Ilustração retirada do site da Enciclopédia Britânica.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Um tempo de Reforma pode estar chegando?

Por Josemar Bessa

                              Como um Coração anseia por uma Reforma?

Em Israel houve um rei chamado Manassés. Ele foi um dois piores reis de Israel, e olhe que a lista de péssimos reis em Israel era bem grande. Manassés superou todos, podemos dizer que é o cara mais ‘mau’ da Bíblia sem exagero (Sabendo, é claro, que todos os pecadores são maus). Como rei ele teve um governo corrupto, um governo pautado na maldade, na completa exclusão de Deus – apesar disso – ele governou durante 55 anos. Nós que na maioria das vezes não suportamos governos que duram 4 ou 8 anos, podemos imaginar o que aquelas pessoas tiveram que suportar. Cinquenta e cinco anos é uma geração inteira.

Ele incentivou a prática de cultos pagãos (parecido com o que temos visto no meio da igreja hoje) – Patrocinou o envolvimento da comunidade em orgias sexuais aos deuses da fertilidade, instituiu prostitutas sagradas em santuários espalhados por todo o país, importou magos de outras nações e escravizou o povo com toda sorte de superstições.

O compromisso com a Verdade e Santidade nada tem a ver com a época em que nascemos, por mais corrompida que ela seja – Foi nessa geração que nasceu Jeremias. Ele não teve uma vida de excelência por ter nascido numa geração que o favorecia para isso – Jeremias nasceu numa geração mergulhada na mais profunda trevas e no pior de todos os péssimos reis de Israel. Numa sociedade completamente pervertida foi onde o menino Jeremias cresceu e foi educado. Onde tudo era permitido, toda perversão sexual aceita, todo mal tolerado... orgias sexuais eram culto. Neste ambiente o menino Jeremias se tornou homem.

Manassés morreu e seu filho Amom tomou seu lugar – não é sem significado que o filho de Manassés tem o nome de um deus pagão. A pequena parte do povo que esperava uma mudança logo se frustou – Amom repetiu tudo o que o seu pai fez e alguns servos do palácio o mataram – E seu filho – Josias – precocemente, com 8 anos teve que assumir o trono – e a medida que crescia se dá um dos melhores tempos da história de Israel – mesmo precoce – quando ainda era adolescente um grande Reforma foi vivida pela nação.
Mas ele não tinha referenciais – seu pai e avô eram completamente profanos – Que padrão ele deveria seguir? Que herança ele tinha? Que modelos ele poderia seguir para a Reforma. É inexplicável humanamente o desejo por Reforma se instalar no pequeno coração de Josias tendo como avô Manassés e como pai Amom. Esse desejo é algo novo e sobrenatural que Deus introduz no coração.

Jeremias e Josias – Produtos de uma geração corrompida, profana, que corrompeu completamente o culto a Deus (como a nossa) – auto-indulgente, pérfida... Como nesses corações pode brotar uma paixão por uma Reforma? Como não ser um produto da sua geração? O processo de implantação de Deus de uma coração assim é algo que em sua plenitude é inacessível a nós – mas Deus pode fazer isso na geração de Manassés e Amom – Deus pode e faz isso hoje.

É possível naquela geração, como Josias, crescendo naqueles palácios, cercado com toda a possibilidade e facilidade para o culto ao sexo e a qualquer prazer corrompido imaginado, Deus levantar um garoto com um Santo desejo por Reforma. Jeremias, criado no meio do povo comum – naquela mesma geração – também foi tocado pelo dedo de Deus e seu coração ardeu por Reforma que colocasse a glória de Deus no centro da vida da nação.

Creia no poder da vida de Deus quando ele toca o coração humano e o invade o tornando novo. Isso me faz lembrar toda a devastação na natureza que o homem faz para o seu conforto – destruímos tudo – calçamos tudo, colocamos asfalto em tudo, criamos o que poderíamos chamar de selva de pedra...  Parece que a feiúra nascida da ambição é invencível – como os dias espirituais de hoje no que ainda chamamos igreja. Mas então, quando parece que a vida não tem mais chance – que poder a vida tem – Se os homens abandonarem um lugar por mais cimentado, concretado, asfaltado que esteja – começa haver rachaduras, e dessas rachaduras começa a brotar vida. Mato, ervas, árvores... e sem a atuação danosa humana – logo aquele lugar volta ao viço verde de outrora. É o poder da vida sobre o horror da morte na criação de Deus.

Mas estamos falando de algo infinitamente maior – o Poder da Vida de Deus quando invade e dá uma nova natureza – a geração que nascemos, a perversão do ambiente, a queda da igreja mais baixo quanto possível, a perversão do culto... não podem impedir que Josias e Jeremias sejam levantados com um desejo por Reforma, e mais do que isso, como instrumentos  para ela.

Depois de tanta vilania prosperando por décadas através de Manassés e Amom, parecia impossível que a vida de Deus se manifestasse tão poderosamente como foi demonstrada na Reforma que veio através de Josias e depois o ministério com um homem chamado Jeremias.

Anime-se, um tempo de Reforma pode estar chegando. Deseje e se prontifique ser um Josias e um Jeremias em tempo de desolação.

                                                                            Soli Deo Gloria!!

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Toda autoridade no céu e na terra


Por Roland Barnes

Quem tem autoridade para mandar em outros? O que dá a alguém o direito de mandar em alguém? Essa questão pode ser levantada em relação a todas as áreas da vida: a vida em família (pais), a vida na igreja (pastores, presbíteros), a vida civil (governantes, reis e assim por diante). Quem autoriza os pais, pastores, presbíteros e reis a governarem em suas respectivas esferas?

É digno de nota que, antes de Jesus comissionar seus discípulos em Mateus 28.18-20, ele asseverou a sua autoridade para fazê-lo. Havendo realizado a obra da redenção, ele antecipou sua ascensão e coroação, aquele ponto em que ele haveria de se assentar à destra do Pai e receber o nome que está acima de todo nome nos céus e sobre a terra (Efésios 1.20-23).

Autoridade é o direito de governar, de mandar, de exercer domínio. A palavra grega exousia, traduzida para o português como autoridade em Mateus 28.18-20, literalmente significa “aquilo que emerge do ser”. É o direito de governar que emerge das presentes condições (estado de ser) ou da relação em que alguém se encontre. Um pai tem o direito de governar em virtude da relação ordenada por Deus que o pai tem com seu filho. Jesus tem o direito de governar em virtude do seu presente estado de ser, ou condição, como aquele que venceu o pecado, a morte e o inferno.

Assim, antes de o Senhor Jesus comissionar os seus discípulos, ele asseverou a sua autoridade para fazê-lo. Eis aqui a reivindicação de autoridade universal e ilimitada. Devemos notar primeiro a fonte de sua autoridade: ele a recebeu de seu Pai. Em seu estado de humilhação (a sua vida terrena antes da ressurreição), ele possuía autoridade, mas havia voluntariamente limitado o seu exercício. Contudo, em algumas ocasiões ele a asseverou com grande poder.

Durante o seu ministério, a sua autoridade era manifestada no modo do seu ensino (Mateus 7.29), ao assegurar o perdão de pecados (9.6), ao acalmar o mar (8.26), ao curar toda sorte de enfermidade e doença (9.35), ao expulsar demônios (12.22) e ao obter a vitória sobre a própria morte (João 11.43).

Mas todos esses exercícios de autoridade não eram senão manifestações pálidas da autoridade ilimitada e universal que lhe foi devolvida pelo Pai em sua exaltação.

[...] Veja o desenvolvimento final do texto: Leia o artigo completo


Rev. Roland Barnes é pastor sênior da Trinity Presbyterian Church (PCA) em Statesboro, Ga. Ele também faz parte da diretoria da Sociedade Missionária Cristã (Christian Missionary Society).

Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/10/toda-autoridade-ceu-e-na-terra/

domingo, 2 de novembro de 2014

Há muito tempo algo maravilhoso aconteceu








Por Elben César

Há muito tempo Deus deu uma ordem, e os céus e a terra foram criados. (2Pe 3.5)

Para Pedro e para o povo eleito do Antigo e do Novo Testamento não havia a menor dúvida, a menor especulação e a menor confusão: “No começo [o mais remoto de todos] Deus criou os céus e a terra” (Gn 1.1). Mais ainda, o universo veio à existência graças a uma ordem dada pelo soberano Deus. Isso fazia parte da cultura judeu-cristã.

A fonte primária dessa simples verdade encontra-se no primeiro capítulo da Bíblia. Nessa página, a expressão “Deus disse” aparece nove vezes. As coisas foram surgindo uma após a outra em resposta ao “Deus disse”: a luz, o céu e a terra, a terra seca (os continentes) e os mares (oceanos), as plantas e árvores, o dia e a noite, os seres vivos de todas as espécies e os seres humanos.

Durante um longo período de tempo não houve controvérsia em torno dessa singela e tremenda versão: “Há muito tempo Deus deu uma ordem, e os céus e a terra foram criados”. Hoje é um problema desnecessário para boa parte dos universitários e cientistas. A luz da história da criação, segundo a versão confiável das Escrituras, se apagou para muita gente, que tem uma lanterna na mão para descobrir a origem de tudo.

Por causa dessa herança histórica, muitos poemas têm sido escritos. Talvez o mais bonito de todos seja o Salmo da grandeza do Deus de Israel, escrito pelo profeta Isaías (muito tempo depois da criação e setecentos anos antes de Cristo). Logo no início se lê:

“Quem mediu a água do mar com as conchas das mãos ou mediu o céu com os dedos? Quem, usando uma vasilha, calculou quanta terra existe no mundo inteiro ou pesou as montanhas e os morros numa balança?” (Is 40.12-31).

>> Por ter criado todas as coisas, Deus é digno de receber glória, honra e poder!

>> Retirado de Refeições Diárias com os Discípulos. Editora Ultimato.


Fonte: http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2014/10/24/autor/elben-cesar/ha-muito-tempo-algo-maravilhoso-aconteceu/