domingo, 26 de abril de 2015

Você se parece com um peregrino?

Por Josemar Bessa

                            “Eles eram estrangeiros e peregrinos na terra!” - Hebreus 11:13

Imagine alguém que herdou uma fortuna enorme e está indo recebê-la. Viajando para tomar posse do que herdou. Conseguimos imaginar que ele permita que cada prado, cada paisagem o faça parar ou detê-lo? Podemos imaginar que cada nuvem negra que apareça no céu possa ser causa de desânimo?

Devemos perguntar a nós mesmos se estamos viajando para tomar posse de uma herança eterna – Pedro se refere a herança assim: “Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós” - 1 Pedro 1:4

Se você se enquadra entre os que estão indo em direção a uma fortuna que herdou no mundo,
Você pararia  para arrancar cada flor bonita que visse no caminho?
Você iria parar para ouvir cada nova música que foi composta?
Você deixaria o seu caminho para cada bela paisagem que aparecesse?
Abandonaria a jornada para desfrutar cada pequeno prazer que surgisse?

Ou seja,
Perderia uma mansão para contemplar um pasto?
Sacrificaria uma coroa  para apreciar flores morrendo?
Perderia a felicidade imortal por uma vaidade que passou voando?
Abandonaria, para usar um linguagem tipo John Bunyan, o caminho de Sião para recolher as uvas de Sodoma?

Se uma herança enorme te esperasse, tempo ruim, dias nublados, tristezas... não te parariam. Você não faria nenhum desvio, nada te seduziria... tudo no mundo pareceria vexatório... você não iria parar! Isso é o que impulsionou homens dos quais foi dito: “Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.” - Hebreus 11:16

Olhando para nós as pessoas diriam que somos peregrinos?


Fonte: http://www.josemarbessa.com/2015/04/voce-se-parece-com-um-peregrino.html

segunda-feira, 20 de abril de 2015

O mais subversivo dos mandamentos


                                                                                 Por Hermes C. Fernandes

Jesus introduz uma perspectiva revolucionária capaz de sacudir os alicerces sobre os quais nossa sociedade foi erigida. Ele substitui o antigo mandamento do amor por um novo e subversivo mandamento, onde a referência já não é o amor próprio, mas o amor de Cristo.

O amor próprio nos serviu como uma vela acesa durante uma noite longa e escura. Mas com o raiar do dia, já não faz sentido manter a vela acesa. É sobre isso que João fala em sua primeira epístola:
“Amados, não vos escrevo novo, mas um mandamento antigo, que desde o princípio tivestes. Este mandamento antigo é a palavra que ouvistes. Contudo vos escrevo novo mandamento, que é verdadeiro nele e em vós, porque as trevas vão passando, e já brilha a verdadeira luz” (1 Jo.2:7-8).

O que João diz aqui pode parecer contraditório. Afinal de contas, trata-se de um ‘novo’ ou um ‘antigo’ mandamento? Veja, o mandamento é o mesmo: amar ao próximo. Entretanto, o referencial é que mudou. Em vez de amá-lo como a si mesmo, deve-se amá-lo como Jesus nos amou.

A chegada do novo dia faz desnecessária outra referência de amor que não seja aquela demonstrada na Cruz. Qualquer outra referência é ofuscada pela a maior e mais contundente prova de amor de que se tem notícia. E é este amor que nos constrange para que deixemos de viver para nós mesmos, e vivamos em função d’Ele e do bem-estar dos nossos semelhantes. Paulo diz que “o amor de Cristo nos constrange (...) E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si” (2 Co.5:14a,15a). Diferente da luz proporcionada pela vela, que alumia apenas em um pequeno raio, a luz solar é capaz de dissipar todas as trevas, tornando noite em dia.

Quando arrebatados do império das trevas para o reino do Filho do Amor de Deus, somos batizados, imersos em Seu amor. No dizer de Paulo, “o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm.5:5). É um caminho sem volta. O sol que acaba de nascer, jamais se porá novamente. Deixamos de viver para nós mesmos, para viver em função do objeto amado, nesse caso, Deus e nossos semelhantes. O amor próprio deve ser dissipado. O vento do Espírito deve apagá-lo, para que em seu lugar possa arder o genuíno amor de Deus.

Ora, se deixamos de nos amar, por que razão deveríamos cuidar de nossa saúde, aparência, finanças e tudo o que diz respeito ao nosso bem-estar particular? Será que deveríamos nos tornar pessoas relaxadas? Isso glorificaria a Deus? Não! Absolutamente. Só que agora, nossas motivações são outras.

Deixar de amar a si mesmo para amar a Deus e a seus semelhantes não significa deixar de viver, ou mesmo preferir morrer. O que nos motiva agora é a busca pela glória de Deus e pelo bem comum. Vejamos o exemplo de Paulo, registrado em sua carta aos Filipenses:

“A minha ardente expectativa e esperança é de em nada ser confundido, mas ter muita coragem para que agora e sempre, Cristo seja engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte. Pois para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp.1:20-21).

Repare nisso: a única coisa de que Paulo fazia a mais absoluta questão era que Cristo fosse engrandecido através dele, não importava se pela sua vida ou pela sua morte. Paulo não temia a morte. Ela tinha consciência de que a deixar este mundo era lucro. Ora, se morrer é lucro, por que não devemos todos desejar a morte? Porque não buscamos por lucro. Viver em função daquilo que nos é vantajoso é guiar-se pelo amor próprio, e não pelo amor à Deus e aos nossos semelhantes. Paulo prossegue em seu raciocínio:

“Mas, se o viver na carne trouxer fruto para a minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, o que é muito melhor; mas julgo mais necessário, POR AMOR DE VÓS, permanecer na carne. E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para o vosso progresso e gozo na fé” (Fp.1:22-25).

À luz desta perspectiva, podemos concluir que todo bem que procuramos para nós mesmos, deve ser motivado pelo bem que isso vá causar aos nossos semelhantes. Por exemplo: sou pai de três lindos filhos. Eu poderia pensar: se não devo amar a minha própria vida, então, por que não posso fumar? Que mal haveria nisso? Isso apressaria minha passagem para o mundo porvir. Porém, pensando assim, eu estaria me suicidando à prestações, e dando um péssimo exemplos aos meus filhos a quem devo amar incondicionalmente. Portanto, é por amor a eles que devo me cuidar. Eles precisam de mim por muito tempo nesta vida. Se pretendo ficar muito tempo neste mundo, para poder servir aos meus semelhantes, devo me cuidar, praticar exercícios, alimentar-me bem, abandonar qualquer vício prejudicial à saúde, etc.

E quanto à busca por estabilidade financeira? Haveria alguma justificativa plausível à parte do amor próprio? Óbvio que sim! É Paulo quem de novo nos oferece uma razão em linha com o novo mandamento.

“Aquele que furtava, não furte mais, antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o necessitado” (Ef.4:28).

Eis a razão porque devemos trabalhar e buscar estabilidade financeira: ter o que repartir com quem precisa. Não é pecado ser rico. Pecado é fazer da riqueza um fim em si mesmo. Lembre-se que “o amor do dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Tm.6:10a). As coisas estão aí para serem usadas, e não amadas. As pessoas que devem ser amadas! Usemos as coisas para beneficiar as pessoas, e não usemos as pessoas para adquirir as coisas. Vale aqui a advertência paulina:

“Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as cosias para delas gozarmos; que façam o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir, que acumulem para si mesmos um bom fundamento para o futuro” (1 Tm.6:17-19a).

Se quisermos garantir um futuro promissor para nós e para o resto da humanidade, temos que mudar nosso paradigma, apagar a vela do amor próprio, e receber com gratidão o raiar do Sol da Justiça e do Amor trazendo o novo dia. Embora o novo dia já tenha raiado, estamos aguardando o momento em que ele atingirá o seu apogeu, o que costumo chamar de meio-dia profético, quando já não haverá mais sombras.

Urge despertarmos do nosso sono indolente e aprendermos a praticar o novo mandamento do amor. Não basta dizer que ama, tem que expressar esse amor em gestos e atitudes. Temos que aprender a repartir nosso pão, a viver em função do nosso semelhante, e não em função de nosso aprazimento pessoal.

Trata-se da prática do jejum prescrito em Isaías 58. Quando repartirmos nosso pão com o faminto, recolhermos em casa os sem-teto, vestirmos o nu, e deixarmos de nos esconder do nosso próximo, cumprir-se-á a promessa: “Então romperá a tua luz como a alva (...) se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita, então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia” (Is.58:8a,10).

O novo dia começou na Cruz, com a maior demonstração de amor de todas as Eras. A Igreja Primitiva vivenciou, durante o tempo de tribulação, a madrugada do novo dia, quando Jesus lhes parecia como a Estrela da Manhã. Somos convidados a vivenciar a alvorada desse Dia chamado Hoje, e aguardar pelo momento em que o Sol se posicionará no centro do Céu, dissipando as sombras, e trazendo avaliação e juízo a todas as obras. Quando isso se der, não apenas nossas obras serão julgadas, mas também as motivações que as produziram.


Fonte: http://www.hermesfernandes.com/2010/03/raiou-o-novo-dia.html

sábado, 11 de abril de 2015

O prazer e o depósito

Por Leonel Elizeu Valer Dos Santos


“Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado...” I Tim 6; 20 

A ideia de um depósito a guardar, invés de usufruir, soa difícil demais aos afoitos que veem o sentido da vida no prazer do corpo. Jesus citou um que, diante de farta colheita cogitou abandonar o labor e regalar-se indefinidamente. “Direi a minha alma: Alma; tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga.” Luc 12; 19 

Entretanto, ensinou: Se o tal tinha um depósito para muitos anos, faltavam-lhe os anos correspondentes para usufruir. Assim, os bens só fazem sentido com o concurso da vida; sem essa buscam novo dono. “O que tens preparado, para quem será?” Por essa vereda parece óbvia a conclusão que, a vida é maior que o prazer. 

Então, são mais que razoáveis, antes, sábias, as restrições que têm a preservação da vida saudável como alvo. 

Ademais, o prazer, quando precipitado tende a lançar seus postulantes no abismo oposto; vide o exemplo do filho pródigo. Ele não conseguiu ver em todos os bens dos quais era herdeiro, um depósito a ser guardado, antes, um meio fácil de apressar-se ao desfrute. Em sua busca desceu tanto que, o “monótono” lugar de onde saíra, de repente passou a ser um alvo alto demais. “Faze como um de teus servos” tencionava dizer ao pai. 

Atrevo-me a dizer que a maior fonte de descontentamentos entre os humanos é precisamente, falta de noção. Tanto quanto ao endereço do vero prazer, como, da realidade que as cerca. 

Nosso sistema nos bombardeia a cada dia com “heróis” do talento, posses, não do caráter, frutos. Aí, precisamente como um dos tais, nossas crianças querem ser quando crescerem.

Faltam referenciais sóbrios; sobejam, cobertos de incenso os motivos febris. “Se a felicidade estivesse nos prazeres do corpo, diríamos felizes os bois, quando encontram ervilhas para comer.” Ensinava Heráclito. 

A falta de acesso aos prazeres superiores, saudáveis faz parecer que, os rasos é que são verdadeiros. Acostumamos ao folclore que cachorro gosta de ossos, pois, era apenas isso que se lhes dava a comer. Experimentemos lhes dar carne regularmente e veremos se sairão enterrando ossos. 

Assim, diremos que adora funk uma criança que, desde que veio ao mundo só alimentou seus ouvidos com tal pornografia. Tivesse tido acesso à boa música e seus gostos seriam superiores, mas, acostumou-se ao “osso”. 

De igual modo, se cultuássemos honra, caráter, verdade, ou, honestidade, como se diviniza ao sexo promíscuo, à pornografia, ao “jeitinho” malandro, a safadeza, etc. e estaríamos forjando um depósito que seria um dique contra os maus valores, tantos. 

A omissão no ensino do bem, e, o fomento do mal fatalmente impregnam nos caracteres de nossas crianças e fazem adultos do mesmo calibre. “Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13; 23 

A coisa é de tal monta que as percepções já estão invertidas, quando não, são redefinidas pela ditadura do “politicamente correto” que, nem sempre traz o alvo correto em seu bojo. Na verdade, o dito que é o “homem a medida de todas as coisas”, o absoluto relativismo que grassa “amordaça” a Deus dilapidando o “depósito” de Seus ensinos como o pródigo fez com seus bens. 

Fale alguém em ensinar preceitos Bíblicos nas escolas; mediante a reação, presto identificará, a amplitude da distância que o “filho” está de casa. Isaías denunciou esses dias: “Por isso o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, e a equidade não pode entrar.” Is 59; 14 

O desvio é tal que, muitos que afirmam crer na Bíblia também oferecem seus “ossos” por aí. O servo fiel é guardião do Depósito de Deus, não de interesses mesquinhos. Ainda que possua a chave da despensa distribui apenas do que O Senhor ordena. Nisso está seu prazer! “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.” I Cor 4; 1 e 2

Embora algumas vozes nos acusem de nos escondermos atrás da Bíblia, o que ocorre é que nos esforçamos para andar dentro de seus ensinos. A desconsideração humana não nos diminui, tampouco, seu aplauso nos aumenta; ( aliás, os homens aplaudem a cada imbecil! ) contudo, os que rumam ao abismo da perdição, ainda podem, se alertados, verem que há abastança na casa paterna, e que, os prazeres sóbrios concorrem com as vidas que rumam à salvação. Feliz daquele que, uma vez ciente disso ainda consiga rogar ao Pai: Faze-me como um dos teus servos.


Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/o-prazer-e-o-deposito