quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Por Cristo, sirvam uns aos outros



Por Eric Watkins


O que torna a igreja bela? A Bíblia conta a primeira história de amor de uma donzela em perigo que se encontrava presa sob as garras de um inimigo astuto. Encorajado pelo seu amor genuíno por ela, o justo herói sem hesitar deu sua vida em sacrifício por sua noiva, lutando contra o antigo dragão em um duelo até a morte, enquanto sua amada assistia impotente, observando e chorando. A morte, nosso inimigo fatal, parecia ter vencido. Mas a morte não venceu. Ela não poderia vencer. A morte foi conquistada pela ressurreição de Jesus, o herói da nossa história e o herói original que é copiado por toda boa história de amor desde então.

Mas o evangelho é muito mais do que apenas uma história, ele é a história. Apenas aquele que é digno da vida eterna poderia derrotar a morte e nos resgatar das chamas insaciáveis do inferno e da ira eterna de Deus, e, assim, levar-nos com segurança para o “felizes para sempre” do céu e da comunhão eterna com Deus. Foi por isso que o nosso herói entrou em nossa história, e na história. Ele veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Marcos 10.45), libertando-nos assim para o amar e amar tudo o que ele ama.

A linguagem de Paulo em Gálatas 5.13-15 aborda a ideia de servir uns aos outros através desta lente da liberdade do evangelho. De acordo com um antigo hino, Jesus “silenciou o trovão da lei; ele apagou chama do Monte Sinai”#1. Jesus satisfez tudo o que Deus exige: justiça perfeita. Mas Jesus também entregou a si mesmo em uma amorosa morte sacrificial sobre um outro monte, o Calvário. Ali, ele sofreu a nossa sentença de morte. Ali, ele lutou por nós e ganhou nossa liberdade e nossos corações. E foi ali que ele nos ensinou a servir uns aos outros, em amor. Simplificando: devemos amar e servir uns aos outros porque fomos amados e servidos primeiramente pelo próprio Cristo.

Paulo não vê o nosso serviço uns aos outros como um dever árduo movido por sentimento de culpa, medo ou manipulação. Ao contrário, é a bela liberdade, heroicamente comprada por Cristo para nós no evangelho, que move o nosso serviço mútuo. O evangelho nos ensina que já não somos mais escravos do pecado, uma vez que a culpa e o poder do pecado foram derrotados por Cristo. Nós agora somos livres, mas livres para quê?

Este é o ponto de Paulo: somos livres, mas não para usar nossa liberdade para servir o nosso antigo mestre carnal que duramente nos escravizou. Isso seria voltar ao cativeiro no covil do dragão abominável. Em vez disso, somos livres para amar e servir àquele que nos salvou, e fazemos isso pela maneira com que nós livremente amamos e servimos uns aos outros. A liberdade do cristão é vividamente expressa quando usamos nossa liberdade em Cristo para servir aos outros em Cristo. Quando servimos uns aos outros, nós encarnamos enfaticamente o que significa tomar a nossa cruz e seguir a Jesus. Participamos da exibição do amor de Cristo por sua igreja. Também demonstramos que não pertencemos ao mundo e, portanto, não somos escravizados por suas paixões egoístas, testemunhando assim, mesmo para aqueles fora da igreja, que a verdadeira liberdade está em Cristo. A igreja é, portanto, um teatro de redenção, serviço e amor, ao viver o evangelho diante de um mundo que ainda está escravizado pelo pecado, egoísmo e incredulidade.

Servir a igreja nem sempre é fácil, porque a igreja nem sempre parece bela aos nossos olhos. Às vezes, ela pode parecer um tanto desagradável e detestável. A imperfeição dos membros da igreja é real e pode desencorajar o nosso serviço. É por esta razão que eu imploro a você que olhe para a Igreja como Cristo a vê: com uma beleza e glória que reflete a dele. A igreja é bela por causa de quem ela é em Cristo. Amar a Cristo significa amar o que ele ama, e há grande alegria e refrigério espiritual em entregar as nossas vidas pelos outros.

Servir a Cristo significa usar nossa liberdade do evangelho para servir aquilo que Cristo amou o suficiente para comprar com seu sangue. É por isso que a igreja é bela, e que a servir é um privilégio glorioso.

#1 “Let us love and sing and wonder”, hino tradicional inglês de John Newton (1725-1807) [N.T.]


Eric Watkins. © 2016 Ligonier. Original: Serve One Another

Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira. Revisão: Yago Martins. © 2016 Ministério Fiel.Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.br. Original: Por Cristo, sirvam uns aos outros

Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2016/10/por-cristo-sirvam-uns-aos-outros/

sábado, 22 de outubro de 2016

EQUILÍBRIO

Por João Marcos Bezerra


No estudo sobre ser Discípulo Radical começamos com a necessidade de uma transformação profunda, de dentro para fora, como na metamorfose de Jesus durante a Sua transfiguração. Depois tratamos que Deus nos criou para sermos semelhantes a Cristo e que por meio do Seu Santo Espírito nos torna semelhante a Ele – mesmo que de forma limitada. E, por último, aprendemos que necessitamos de um relacionamento íntimo com o Senhor para chegarmos a maturidade, perfeição. Com isso, caminhamos para nosso quarto momento onde aprenderemos sobre Equilíbrio. Nisso, precisamos iniciar refletindo sobre quem somos.
Quem você é? Eu sou João Marcos, filho de João Bezerra (pastor) e Marizinha, criado em lar cristão desde o nascimento, tive uma boa educação por parte dos meus pais, principalmente minha mãe, estudei em boas escolas, converti-me aos dezesseis anos, mas sempre trabalhei e cresci na igreja, vendo o exemplo dos meus pais e meus irmãos. Desde então, sirvo ao Senhor de forma consciente da minha filiação divina e com a certeza da minha salvação.
Se em todos os momentos da vida eu me lembrasse de onde vim e quem eu sou, provavelmente não me comportaria de forma inadequada, principalmente após a minha conversão. Porque, se na hora de indisciplina, recordasse que sou filho de Deus, filho do Rei dos reis e Senhor dos senhores, não faria nada inapropriado a minha filiação. É nesse ponto que convido a todos a meditarmos sobre o equilíbrio necessário a vida cristã, para sermos Discípulos Radicais, marcantes em nossa geração.
No texto de 1Pedro 2.1-17 o apóstolo Pedro nos representa em diversas fases e situações para entender quem somos e como devemos manter a harmonia nisto. No verso 2 ele nos compara a um bebê recém-nascido: “Como criancinhas recém-nascidas, desejem de coração o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação” (NVI). Com isto, ele nos recorda de que é necessário nascer de novo para que haja “uma mudança profunda, interior e radical, realizada pelo Espírito Santo em nossa personalidade humana, que nos concede um novo coração e uma nova vida e nos faz uma nova criatura” (STOT, p.73).
É importante lembrar que, quando nascemos de novo, passamos por um processo de crescimento. Não nascemos com a maturidade necessária. O que nos deixa ainda vulneráveis aos problemas e ataques do inimigo. O que fazer, então? Assim como uma criança cresce mantendo uma alimentação saudável e regular, a nova criatura em Cristo deve se alimentar do leite espiritual, da Palavra de Deus regularmente (1.23-25).
“Também vocês, como pedras vivas, sejam edificados como casa espiritual” (2.5) é o segundo verso que traz mais uma representação do cristão. Somos pedras de construção que gozam de vida real, ou seja, somos partes da construção da Igreja de Deus. Só que as pedras precisam de fundação sobre a qual se levantam e argamassa para se ligarem umas as outras, que é, nada mais, nada menos, Jesus Cristo. Por isso, o verso 4 diz “à medida que se aproximem dele, a pedra viva”, pois é Nele que eliminamos o velho homem; é Nele que amamos o próximo e respeitamos as diferenças; é Nele que nos tornamos uma unidade, uma comunidade; e, é Nele que fundamentamos o que cremos.
É neste templo espiritual que nos tornamos sacerdócio santo e real (vs.5,9), que é a nossa terceira figura como pessoas em Cristo. O termo grego neste texto, hierateuma, quer dizer aquele que tem o ofício de um sacerdote (Bíblia Strong), isto é, somos chamados para sermos sacerdotes. Com isso, possuímos o privilégio de ter acesso direto a Deus e oferecer sacrifícios a Deus – só que a partir de Jesus estes se tornaram espirituais e são oferecidos por meio da nossa adoração.
Assim como o sacerdote era um ofício exclusivo dos israelitas, os estrangeiros não podiam se tornar um, somente quem faz parte do povo de Deus é que pode fazer parte do sacerdócio santo e real. Então, mais uma figura a que somos comparados pelo apóstolo Pedro é: “povo de propriedade exclusiva de Deus” (v.9). “Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus” (v.10).
Mas para que o Senhor nos escolheu? No AT o povo de Israel foi escolhido por Deus para testemunhar diante das outras nações os feitos poderosos e muito mais coisas do Senhor. A Igreja também é chamada para isso, pois somos “povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (v.9).
Embora morando aqui neste mundo, não pertencemos a ele por sermos propriedade do Senhor. Com isso, o verso 11 de 1Pedro 2 nos apresenta como estrangeiros. Quando um forasteiro se instalava no meio dos hebreus, ele tinha alguns direitos limitados, mas tinha, e também possuía deveres junto ao povo (a exemplo da participação da Páscoa em Êxodo 12.48,49). Por isso, a mensagem de Pedro ao nos colocar como alguém que vem de um país estrangeiro para este mundo significa que não somos daqui, mas possuindo direitos e deveres tanto na pátria celestial como aqui na terra.
Por último, o apóstolo nos compara a servos nos versos 12 à 17.

Ele incentiva os leitores a viver de tal forma entre os pagãos que eles possam ver suas boas obras, a submeter-se às autoridades seculares, a fazer o bem e assim calar a voz ignorante dos tolos, a viver como povo livre, sem fazer mau uso da liberdade, mas vivendo como servos de Deus, e a mostrar respeito para com todos: os irmãos na fé, Deus e as autoridades. (STOT, p. 81,82)

Diante disto, como cidadãos dos céus devemos cumprir os mandamentos e ordenanças do Senhor que é a Bíblia. E, como cidadãos no mundo, devemos ser cumpridores de nossas obrigações com humildade e responsabilidade para darmos bons exemplos como filhos de Deus.
Ok! Mas o tema não é sobre equilíbrio? Onde está o equilíbrio nisso tudo? Justamente está em conciliar estas seis figuras ou situações em que estamos inseridos de forma harmoniosa em nossas vidas. Stot, p. 83, escreve o seguinte sobre isso:

Como crianças recém-nascidas, somos chamados a crescer; como pedras vivas, somos chamados à comunhão; como sacerdotes santos, somos chamados à adoração; como povo de propriedade de Deus, somos chamados ao testemunho; como estrangeiros e peregrinos, somos chamados à santidade; como servos de Deus, somos chamados à cidadania.

As metáforas de Pedro nos leva a aprender que o crescimento vem com o estudo da Palavra por meio do discipulado; que, como igreja, devemos viver em comunhão, respeitando as diferenças; que a adoração deve ser a nossa vida; que o testemunho deve ser nosso ato contínuo, lembrando sempre de quem somos filhos; que somos cidadãos do céus e também do mundo. Com isso, é importante lembrar que todas as vezes que estivermos diante de uma decisão ou prestes a falhar devemos trazer a memória a nossa identidade como discípulo de Jesus. Lembrar quem somos nos ajudará a falhar menos e viver em equilíbrio. Deus abençoe!!!


4º Estudo da Série - Texto base : 1Pe 2.1-17


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Você não precisa de menos, mas de mais Doutrina.



Por Josemar Bessa


Quando se aproximou dos últimos dias de seu ministério, o apóstolo Paulo colocou seus pensamentos sobre o futuro bem-estar de Timóteo, seu "filho amado" na fé ( 2 Tm 1: 2 ). Ele escreveu para ele sobre as coisas que mais importam para a vida e ministério. Não apenas Paulo recomenda a seu jovem protegido o evangelho da glória de Deus e as Escrituras divinamente inspiradas (3: 16-17) (v 8-10.), mas ele também instruiu Timóteo a respeito da importância da sã doutrina: "Siga o padrão das sãs palavras que você ouviu de mim, na fé e o amor que há em Cristo Jesus. Pelo Espírito Santo que habita em nós, guarda o bom depósito que lhe foi confiado"(1: 13- 14). De acordo com Paulo, a doutrina é a coisa que mais importa para o bem-estar do cristão e da Igreja. Doutrina fornece um padrão que, quando seguido, promove a fé saudável e amor. Sã doutrina é uma herança valiosa que é para ser estimada nesta geração e fielmente transmitida para a próxima (2: 2).

O que é a doutrina? Em seu sentido básico, a doutrina é qualquer tipo de ensino. A Bíblia, por exemplo, fala sobre os ensinamentos de homens ( Marcos 7: 7-8 ), os ensinos de demônios ( 1 Tm 4: 1; Ap. 2:24 ), e os ensinamentos de Deus ( João 6:45 ; 1 Tessalonicenses 4: 9. ; 1 João 2:27 ). Aqui, estamos preocupados com o ensino divino, o ensinamento de Deus. Uma boa definição é, a doutrina é o ensino de Deus, sobre Deus e que nos dirige para a glória de Deus . Esta definição fornece uma anatomia útil da sã doutrina, identificando a fonte da doutrina, o objeto e fim último. Vamos considerar estes elementos da sã doutrina.

O Deus trino é a última palavra – O "Doutor", ou O “Professor”, quando se trata de doutrina cristã. O Deus que conhece e ama a si mesmo na perfeita comunhão da Trindade, graciosamente, quis fazer-Se conhecido por nós e amado por nós ( Mt 11: 25-27. ; 1 Cor. 2: 10-12 ). Esta doutrina, ensinada pelo Pai por meio do Filho, no Espírito Santo, informa nossa fé e orienta o nosso amor.

Embora o Deus trino seja a fonte da doutrina, Ele escolheu ministrar a doutrina  a nós através de Seus profetas e apóstolos na Sagrada Escritura, e SOMENTE  pelas Escrituras. Isso até o dia em que Deus nos falará face a face no Seu reino eterno – até lá, a Sagrada Escritura é a única fonte e norma da sã doutrina ( 2 Tim. 3:16 ; ver Marcos 7: 7-8 ). A Doutrina é extraída da Sagrada Escritura como de uma fonte. Doutrina é medida pela Sagrada Escritura como por uma régua. Além disso, a doutrina nos leva de volta às Escrituras para nós equipar ao nos tornar melhores leitores. Na verdade, aqueles "ignorantes" em sã doutrina são os que inevitavelmente torcem as Escrituras "para sua própria destruição" (2 Pedro 3:16).

Um duplo objetivo.

A Doutrina cristã tem um duplo objetivo. O objeto principal da doutrina é Deus; o objeto secundário é todas as coisas em relação a Deus. A Doutrina nos ensina a ver Deus como o único de quem e através de quem e para quem todas as coisas existem, e a doutrina direciona nossas vidas para a glória deste Deus ( Romanos 11:36. ; 1 Cor. 8: 6 ).

Quando examinamos o duplo objetivo da doutrina, uma vez que nos é apresentada na Sagrada Escritura, um padrão definido emerge ( Rom 6:17. ; 2 Tm 1:13. ). O padrão de sã doutrina é

(1) trinitária ( 1 Cor. 8: 6 ; . Ef 4: 4-6 ; Tito 3: 4-7 ),
(2) afirma a criação  ( 1 Tim. 2: 13-15 ; 4 : 1-4 ),
(3) centrada no Evangelho ( 1 Tm. 3:16 ; Tito 2: 11-14 ), e
(4) guia para a igreja ( 1 Tm 3: 14-15. ).

O padrão doutrinário distintivo da Bíblia deixou a sua marca em alguns dos resumos mais aceitos dos ensinamentos cristãos, como o Credo dos Apóstolos e o Catecismo de Heidelberg...

O propósito da sã doutrina.

A Sã Doutrina promove um número de alvos. Sã doutrina nos livra do laço do falso ensino ( 2 Tm. 2: 24-26 ; Tito 1: 9-11 ), que de outra  forma, impediria totalmente o desenvolvimento espiritual ( Ef 4:14. ) - e fomentaria a discórdia eclesiástica ( Rom. 16:17 ). A Doutrina serve a obra salvadora de Deus, tanto no interior ( 1 Tm 4:16. ),  como fora da igreja ( Mt 5: 13-16. ; Tito 2: 9-10 ; 1 Pedro 3: 1-6 ). Acima de tudo, a doutrina promove a glória de Deus. A Doutrina resplandece como um raio glorioso do evangelho de Deus ( 1 Tm 1: 10-11 ) e, dirige a nossa fé e amor para com Deus em Cristo, que nos permite andar em Sua presença e dar a Ele a glória que ele merece ( 1 Pedro 4:11 ; 2 Pedro 3:18 ).

Deus nos ama; e em Sua bondade Ele nos deu a boa dádiva da doutrina ( Sl. 119: 68 ) para que possamos aprender dEle e de Seu evangelho, e como podemos agradá-lo em nossa caminhada. A doutrina é o ensino de nosso Pai Celestial, revelado em Jesus Cristo, e transmitido a nós pelo Espírito Santo, somente nas Sagradas Escrituras, e é para ser recebida, confessada, e seguida na igreja e por nós individualmente, para a glória do nome de Deus.


Fonte: http://www.josemarbessa.com/2016/10/voce-nao-precisa-de-menos-mas-de-mais.html

sábado, 8 de outubro de 2016

Porque João 3.16 é tão encorajador para o cristão?



Por Guy Richard


Jesus diz que nos dias que antecederem a sua segunda vinda, as pessoas estarão totalmente alheias ao que lhes acontecerá. Elas casarão e se darão em casamento, assim como as pessoas faziam nos dias que antecederam o dilúvio na época de Noé. Da mesma forma que estes “não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos”, assim também muitos estarão igualmente desatentos quando Cristo voltar e o dia do dilúvio do juízo de Deus chegar sobre a terra e levá-los (Mateus 24.36-39). É um pensamento alarmante, com certeza, mas que deve nos dar uma grande apreciação pelas gloriosas verdades do evangelho claramente articuladas em passagens como João 3.16.

Uma das coisas das quais João 3.16 nos assegura é que Deus será misericordioso para com todos os que colocam a sua esperança e confiança em Jesus Cristo. Os crentes não precisam temer a vinda do dilúvio do juízo de Deus, porque sabem que Deus deu Seu Filho com o propósito expresso de que todo o que nele crer “não pereça”. Essa é uma das verdades gloriosas expostas para nós neste versículo bem conhecido, como veremos.

Embora seja verdade que a palavra perecer é usada com frequência nos Evangelhos para se referir à morte física ou destruição (aproximadamente 36 das 66 ocorrências), ela significa muito mais do que isso aqui nesta passagem. Sabemos que é assim porque a palavra “perecer” é colocada em antítese a “vida eterna” no versículo 16, a “salvo” no versículo 17, e a “não é julgado” no versículo 18. A destruição da qual os crentes são poupados em João 3.16 não é, portanto, a morte física ou mesmo algum tipo de aniquilação, mas a destruição eterna que resulta de ser “julgado” por causa do pecado e da rebeldia. Todos os que rejeitam a Cristo e persistem em sua incredulidade receberão não a vida eterna, mas a destruição eterna. A “ira de Deus” vai “permanecer” com eles para sempre (v. 36).

Essa compreensão da palavra perecer está de acordo com o ensinamento de Jesus sobre o inferno. Em Mateus 25.31-46, por exemplo, Jesus coloca a “vida eterna” que está reservada para “os justos” em contraposição ao “fogo eterno” (v. 41) e ao “castigo eterno” (v. 46) que estão reservados para todos os outros (referidos como “cabritos” que não seguem o pastor, também como “malditos”). Aqueles que não recebem a vida eterna não apenas morrem ou deixam de existir. Eles experimentam uma eternidade de “destruição” ou “punição” que se manifesta em “fogo inextinguível” (Mateus 18.8; Marcos 9.43, 48; Lucas 3.17) ou na “fornalha acesa”, em que “haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 13.42, 50). É isso que significa perecer. É uma eternidade recebendo o que nossos pecados e nossa rejeição a Jesus Cristo merecem.

E é precisamente por isso que João 3.16 é tão encorajador para o cristão. Ele nos oferece a promessa de que “todo o que crê” em Jesus Cristo não perecerá. Ainda que nossos pecados e nossa rebelião mereçam claramente uma eternidade de destruição, não é isso que receberemos de Deus. Ele será misericordioso. Ele nos livrará da destruição, não nos dará o que merecemos. Jesus garantiu isso. Graças a Deus pelo seu dom inefável (2Coríntios 9.15).

Mas João 3.16 também se destaca como um aviso de que há somente dois tipos de pessoas no mundo: os que perecem e os que creem no Filho e estão, portanto, livres de perecer; os que “permanecem” sob a ira de Deus por toda a eternidade e os que em vez disso creem e recebem a vida eterna (João 3.36). A resposta de cada pessoa a Jesus determina em qual das duas categorias ela está. Aqueles que respondem a ele com fé e obediência (que é o fruto e, assim, a prova da fé genuína) não perecerão, mas terão a vida eterna. Aqueles que não respondem com fé e obediência não receberão misericórdia. A ira de Deus permanecerá sobre eles pela eternidade.

A boa notícia de João 3.16 é que éramos todos de uma só vez contados entre os que perecem, mas agora, pela fé em Cristo, já não é esse o caso. Recebemos a misericórdia. E por essa razão, não pereceremos.


Por: Guy Richard. © 2016 Ligonier. Original: Should Not Perish
Este artigo faz parte da edição de maio de 2016 da revista Tabletalk.

Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira. Revisão: Yago Martins. © 2016 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.brOriginal: Porque João 3.16 é tão encorajador para o cristão?

sábado, 1 de outubro de 2016

Adão sem noção



Por Leonel Elizeu Valer Dos Santos


“Disse Faraó a seus servos: Acharíamos um homem como este em quem haja o Espírito de Deus?” Gên 41;38

O homem que arrancou tal expressão do Faraó era José, o hebreu prisioneiro. Em desfavorável status pessoal, pois, bem como, o ambiente cultural de muitos deuses, como o Egito, para falar do Deus Único.

Contudo, chamado à presença do soberano assegurou: “Deus dará resposta de paz a Faraó”. A resposta, no caso, era a interpretação de dois sonhos, que, estava em pauta, alvoroçando a corte.
Obtida a resposta, o monarca reconheceu que fora O Espírito de Deus que movera José.

Seria O Espírito Santo, um masoquista? Afinal, tanta gente boa, livre, em palácios, e Ele habitando num prisioneiro. Paulo nos ensina a compreensão dos mistérios Divinos comparando as coisas espirituais com as espirituais. Assim, onde as naturais encontram obstáculos, prisões, até, pode, O Santo, encontrar Seu dileto habitat.

Onde existe fé genuína Ele habita: “...depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.” Ef 1;13 Onde se preza a justiça e paz, Ele se alegra e igualmente, Seu hospedeiro. “Porque o reino de Deus não é, comida, nem bebida, mas, justiça, paz, e alegria no Espírito Santo. Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens.” Rom 14;17 e 18

O Evangelho do triunfalismo doentio, imediatista, nem de longe assemelha-se à vera expressão da fé. A “fé” que tem sido apregoada pelos mercenários da moda é uma espécie de Midas, rei mitológico, que, tudo o que tocava virava ouro. Ora, a fé hígida é patrimônio do ser, não, um bem para escambo, com o fim de ter.

Acaso José era fiel por que sabia que seria promovido a governador, e estava dando um “adiantamento” a Deus enquanto esperava? Não. Nada sabia do que estava por vir, era, por questão de consciência, de quem Deus É, não, pelo que pode dar.

Nos padrões atuais, alguém permanecer fiel depois de mais de uma década, preso, inocente, é algo impensável. Duas ou três “campanhas de milagres” e, se as coisas não acontecem, o sujeito salta fora concluindo que não serve pra Deus, pois, o que “Ele” prometeu não foi cumprido, quiçá, Deus não serve pra ele, pois, não cumpre o que “promete”.

Diferente de antanho, onde, o fiel entregava-se a Deus independente das circunstâncias, hoje, se dá prazo para que Ele se manifeste. Sete semanas disto, doze cultos daquilo, e quem fizer religiosamente o ritual torna-se credor do Eterno, com direitos a favores especiais. Ora, qualquer coisa que eu faça, por piedosa que pareça, se, o fim for meu interesse, é só uma versão requintada de egoísmo, expressão do ego, coisa que sequer apita ainda, em quem negou a si mesmo e tomou a cruz.

Infelizmente, muito do se canta em prosa e verso, se encena em púlpitos e palcos, é mero reflexo da falta de noção, de uma igreja adoecida por sucumbir ao imediatismo ímpio, invés de apregoar e viver, segundo a Integridade do Eterno.

Como o populacho imiscuído durante o Êxodo, que vivia devaneando com coisas do Egito, a menor dificuldade, assim, os “crentes” que “saem do mundo” trazendo o mundanismo com eles, travestindo de piedade. Não falo de usos e costumes, mas, de anseios egoístas e carnais.

Aqueles, tanto fizeram opondo-se a Moisés e Aarão, que um dia Deus deu um basta e a Terra os tragou vivos. Se, o mesmo juízo fosse aplicado agora a Terra sofreria um colapso, por ter comido demais.

No início, Deus deu todas as coisas francas ao primeiro casal; o inimigo insinuou que lhes faltava independência; o resultado, conhecemos. Agora, a reparação do erro, propiciada pelo Méritos Graciosos de Cristo, requer que nos coloquemos em absoluta dependência, para que, O Eterno nos dê outra vez, todas as coisas, no Seu tempo, segundo Sua vontade, pois, requerer isso do nosso jeito, nos remeteria de novo, à independência, à queda.

Amós perguntou: “Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?” A resposta óbvia é, não. Assim, enquanto não nos adequarmos aos termos do acordo com Deus, Ele sequer andará conosco, que dirá, nos abençoar. Não digo que merecemos bênçãos, quando obedecemos, mas, em posição de rebeldia, nos colocamos em rota de colisão com o juízo, invés de bênçãos.

Adão teve ciência da nudez e se escondeu. Os neo-Adões, peladões, falam com a cobra, devaneando que ela é o Criador.


Cristo em nós deve ser tão visível como uma cidade sobre um monte. Como Faraó viu O Espírito Santo em José. Quem possui cifrões nas retinas, nunca verá a Bendita Luz de Jesus, O Senhor.


Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/adao-sem-nocao