segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Todas as cores de Cristo.



Por Josemar Bessa


Em Jesus á uma combinação maravilhosa de tudo o que é santo, lindo e glorioso. Qualquer que seja a virtude ou a graça que foi testemunhada em outros - estava plenamente, perfeitamente Nele e dele apenas fluía para eles.

A fé de Abraão,
O piedoso temor de Isaque,
A confiança na soberania divina de José,
A mansidão de Moisés,
A paciência de Jó,
A santidade de Isaías,
A  devoção piedosa de Davi,
A integridade de Daniel,
A sinceridade de Natanael,
A fervor de Pedro,
O zelo de Paulo,
A ternura de João,
A doçura de Abel ao ofertar,
A intransigência de Noé,
A sabedoria de Salomão,
A firmeza de Estêvão,
O amor ao totalmente indigno de Oséias,
A ousadia de João Batista,
A capacidade de sofrer pela Verdade de Jeremias,
A visão profunda da glória de Deus de Ezequiel,
O poder em Elias,
Os milagres de Eliseu,
A força de Sansão,
A submissão de Habacuque...

Todos estas coisas, em suas cores mais brilhantes, brilharam naquele que estava cheio de graça e de verdade e eram apenas reflexo dele como a lua reflete o Sol.

"Sim, Ele é todo amável! Este é o meu Amado, e este é meu Amigo!" Canção dos Cânticos 5:16

Na medida da graça que recebemos, sigamos a Cristo nesta bela harmonia de graças cristãs. O Fruto do Espírito. Que nenhuma parte de Seu caráter seja deixada fora da vista do mundo a partir de nós. Este revestimento de muitas cores que foi usado por nosso José - possa estar também sobre  nós seus irmãos por adoção.


“Vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” - João 1:14


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Querer sempre ter mais

Por Rute Heckert

"O que falta cega pro que já se tem"


Querer sempre mais – hábito entranhado no modo contemporâneo de viver no estilo "black friday". Autorizados pela cultura do consumismo e do individualismo a valorizar nosso querer, facilmente caímos na armadilha da insatisfação constante, restringindo nossos pensamentos a querer o que não temos. "O que falta cega pro que já se tem"*.

Querer ter mais se confunde com ser mais importante, e nos faz incapazes de identificar os motivos de sermos gratos. Imaginamos algo que não temos, ou não somos, como possibilidade futura, perdendo os pés do presente. Não aceitamos o presente tempo, não valorizamos o presente recebido. Amargor e rancor vão sendo semeados em nosso ser. Sermos gratos, porém, areja, ilumina, nos torna graciosos. É ter graça sem ser tolo ou ingênuo, mas sim dotado de sabedoria, dando foco e brilho ao que se vive e se recebe, acolhendo a graça com humildade, sem se dar mais importância do que ao outro. Gratidão anda de mãos dadas com a alegria; sem negar a falta ou a dificuldade, aceitar o que se tem faz a vida leve. Ser grato, contudo, não é estar cego, mas aprender a ver, isto é, a reconhecer o que há de valioso, os presentes presentes. É poder ver o céu espelhado no mar escuro quando este nos dá medo... coisa de quando a alma não é pequena...** O olho que vê poesia pode ver.

Olhar para a própria história e enxergar motivos de gratidão não é tarefa fácil - mágoas e feridas põem-se à frente. Impossível passar a borracha como numa "pseudoamnesia", porém podemos encontrar motivos pelos quais encontramos sentido no viver, o que nos fazem prosseguir. Do contrário, estagnamos. Com gratidão, cultivamos alegria, esperança, movimento... a vida tem graça.

Notas:
*da música “Seja Você”, de Herbert Vianna.
**do poema “Mar Português” de Fernando Pessoa.

• Rute Heckert Viriato é psicóloga e psicoterapeuta, com experiência na área de reabilitação para pessoas com deficiência. Estuda temas como: espiritualidade, luto e morte, dor, deficiências, envelhecimento, relacionamentos e escolha profissional. É editora do blog Contemplação do Ser.

Imagem: Stevepb/Pixabay.com.


sábado, 4 de fevereiro de 2017

Girolamo Zanchi – A sabedoria e presciência de Deus (Reforma500)



Por Girolamo Zanchi


500 anos de Reforma Protestante
Em comemoração aos 500 anos de Reforma Protestante, o Voltemos ao Evangelho trará artigos semanais e biografias de diferentes reformadores: Girolamo Zachi (jan), Theodoro Beza (fev), Thomas Cranmer (mar), Guilherme Farrel (abr), William Tyndale (mai), Martin Bucer (jun), John Knox (jul), Ulrico Zuínglio (ago), João Calvino (set) e Martinho Lutero (out).

Com respeito à divina sabedoria e presciência, farei as seguintes afirmações:

Proposição 1. Deus é, e sempre foi tão perfeitamente sábio, que nada jamais frustrou, frusta ou pode frustar o seu conhecimento. Ele sabia, desde toda a eternidade, não somente o que ele mesmo pretendia fazer, mas também o que ele inclinaria e permitiria que os outros fizessem. “Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo (ap aiwnoV) todas as suas obras” (Atos 15.18).

Proposição 2. Consequentemente, Deus não sabe nada agora, nem saberá nada mais adiante, que Ele não conheceu e previu desde a eternidade; sendo a sua presciência coeterna consigo mesmo e se estendendo a tudo que é ou deve ser feito (Hebreus 4.13). Todas as coisas que compreendem passado, presente e futuro, estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos que lidar.

Proposição 3. Esta presciência de Deus não é conjectural e incerta (pois, então, não seria presciência), mas é segura e infalível, de modo que tudo o que ele prevê ser futuro necessariamente acontecerá. Pois, o seu conhecimento não pode mais ser frustrado ou sua sabedoria enganada, do que ele pode deixar de ser Deus. Não, se qualquer um destes fosse o caso, ele realmente deixaria de ser Deus, sendo todo erro e frustração absolutamente incompatível com a natureza divina.

Proposição 4. A influência que a presciência divina tem sobre a certa realização futura das coisas conhecidas não torna desnecessária a intervenção de causas secundárias, nem destrói a própria natureza das coisas.

Meu entendimento é que a presciência de Deus não coloca nenhuma necessidade coercitiva sobre as vontades dos seres naturalmente livres. Por exemplo, o homem, mesmo em seu estado caído, é dotado de uma liberdade natural da vontade, mas age, desde o primeiro até o último momento da sua vida, em absoluta subserviência (embora, talvez, ele não o saiba ou o intencione) aos propósitos e decretos de Deus concernentes a ele; todavia, ele não é passível à compulsão, mas age tão livre e voluntariamente como se fosse sui juris, não sujeito a nenhum controle e absolutamente senhor de si mesmo. Isto fez com que Lutero — depois de ter demonstrado como todas as coisas necessária e inevitavelmente acontecem, em consequência da vontade soberana e da presciência infalível de Deus — dizer que “devemos distinguir cuidadosamente entre uma necessidade de infalibilidade e uma necessidade de coação, já que tanto homens bons quanto maus, embora por suas ações cumpram o decreto e designação de Deus, ainda assim, não são obrigados a fazer qualquer coisa, mas agem voluntariamente”.

Proposição 5. A presciência de Deus, considerada de forma abstrata, não é a única causa dos seres e eventos, mas a sua vontade e presciência juntos. Por isso encontramos (Atos 2.23) que seu determinado conselho e presciência agem em conjunto, sendo este último resultante e fundado no primeiro.
Por: Girolamo Zanchi. Fonte: Absolute Predestination



Por: Girolamo Zanchi. Fonte: Absolute Predestination
Original: Girolamo Zanchi – A sabedoria e presciência de Deus (Reforma500). © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Camila Rebeca Teixeira. Revisão: William Teixeira.

Girolamo Zanchi (1516-1590) foi um reformador italiano que fugiu da perseguição para finalmente se estabelecer em Estrasburgo como professor de Antigo Testamento no Colégio de São Tomás. Ele foi posteriormente nomeado em Heidelberg como professor de Teologia na Universidade. Sua obra é caracterizada por uma impressionante síntese da teologia reformada, do tomismo e do método escolástico.