quarta-feira, 31 de maio de 2017

O que os pais de família da Bíblia nos ensinam?

Por Billy Lane


Gosto de olhar para o livro de Gênesis na perspectiva da história de pais de família e sua relação com Deus, com o trabalho, com a sociedade e com a herança ou promessa de Deus. Não temos nenhum herói. Todos são essencialmente humanos em suas fraquezas e erros. Suas famílias estão longe de serem idealizadas como exemplo a ser seguido. Justamente por isso eles têm algo importante para nos ensinar.

O primeiro chefe de família, naturalmente, é Adão. Eu o considero aquele filhinho do papai que colocou tudo a perder. Adão herdou um paraíso. Foi criado nas melhores condições possíveis. Tinha tudo para dar certo. Foi colocado num jardim prazeroso, tinha trabalho, esposa, descanso e responsabilidades. Mas uma coisa ele não tinha. Não tinha autonomia moral. Ele não podia decidir por si mesmo o que era certo e errado. Isso se representa na proibição de tomar do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, isto é, da autonomia sobre o bem e o mal. E isso ele devia contas a Deus. Mas lhe cabia entender os limites de sua autonomia e se sujeitar ao seu criador. Adão, porém, preferiu se tornar como Deus, “conhecedor do bem e do mal” (Gn 3.5, 22). Para Adão não bastava ter tudo, ele queria ser dono de seu próprio destino, ser igual a Deus. Tomou do fruto e perdeu a vida. Colocou tudo a perder.

O segundo pai de família é Noé. Ao contrário de Adão, ele não herdou uma bela propriedade nem vivia num ambiente prazeroso. Pelo contrário, vivia numa sociedade corrupta, mas nem por isso se deixou levar pela corrupção e degradação moral. Ele era justo e íntegro na sua geração. É apresentado também como aquele que “nos aliviará do nosso trabalho e do sofrimento de nossas mãos, causados pela terra que o Senhor amaldiçoou” (Gn 5.29). Essa é uma alusão direta à maldição de Gênesis 3.17, em que Deus amaldiçoa a terra e causa ao homem sofrimento em decorrência do pecado. Em Gênesis 6.6, há três verbos usados que, certamente, pretendem fazer alusão a Gênesis 5.29: “Então o Senhor arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra, e isso cortou-lhe o coração”. A raiz dos verbos arrependeu-se, ter feito e cortou-lhe são, respectivamente, as mesmas de aliviará, trabalho e sofrimento de Gênesis 5.29.¹ Além de ser íntegro, Noé traz alívio ao sofrimento, é um refrigério para a sua geração.

O terceiro é Abraão, um cidadão comum, itinerante, com promessa de um grande futuro, que se tornou pai de grandes nações. Além de não ter terra nem descendência, nada se diz que Abraão se destacasse por sua integridade ou por qualquer virtude especial em relação à sua geração. Sabemos sim que tinha posses e empregados (Gn 12.5). Mas foi chamado por Deus para ser abençoado e abençoador de todas as famílias da terra. Cometeu muitos erros. Muitas vezes quis dar um jeitinho para adiantar as coisas para Deus, mas apesar das falhas, perseverou em seguir a instrução de Deus. Teve de pedir para os filhos de Hete um lugar para enterrar sua esposa. Não viu seus descendentes ocuparem definitivamente a terra prometida. Mas viveu confiante na promessa de Deus.

Jacó, naturalmente, é outra figura de destaque na história de Gênesis. Ele é mais polêmico. É um desastrado usurpador do direito do outro e que, a despeito de seus erros, se torna também o patriarca de uma nação. A vida de Jacó é marcada por querer se apropriar da bênção de Deus com a própria força. Manipula as coisas para sua vantagem. Quer se sair melhor sempre. Começa no nascimento segurando no calcanhar do irmão, o que lhe rendeu o nome Jacó (i.e., aquele que segura no calcanhar, suplantador). Depois rouba o direito e bênção de primogênito de seu irmão. Mais tarde tenta enrolar seu sogro e é enrolado por ele. Até ousa lutar com Deus. Mas precisa ser quebrantado. E isso lhe rendeu a mudança de nome para Israel (= Deus prevalece).

Essas biografias não escondem as fraquezas e defeitos desses indivíduos e famílias. Foram pessoas fortemente atingidas pelos efeitos do pecado na vida humana. Cometeram mais erros do que acertos na sua relação com Deus, com a família, com o trabalho e com a sociedade. Tenho a impressão que essas histórias resumem como o ser humano quer sempre ser mais que Deus ou ser o seu próprio Deus e tirar vantagem do outro. O mais impressionante é que foram instrumentos assim que Deus usou para realizar o seu propósito. Não existe família perfeita, mas famílias que seguem a Deus e se deixam ser usadas por Deus.


Nota:
1 Cassuto, 1989, p. 303.

William Lacy Lane (billy) - Pastor presbiteriano, doutor em Antigo Testamento e diretor acadêmico da Faculdade Teológica Sul-Americana, em Londrina (PR).


Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/o-que-os-pais-de-familia-da-biblia-nos-ensinam

domingo, 21 de maio de 2017

O Deus que tudo controla


Por Jen Wilkin


Porque nosso Deus controla todas as coisas, ele pode, em última análise, operar tudo para o nosso bem, mesmo aquelas coisas que para outros signifique o mal. Os teólogos falam de sua vontade ativa e sua vontade passiva. Ele trabalha ativamente por meio de nossa obediência, mas também trabalha passivamente por meio de nossa desobediência, como no caso dos irmãos de José, o qual reconheceu que Deus havia usado o que eles intentaram para o mal a fim de realizar seus bons propósitos.

Embora Deus controle todas as coisas, aqueles que fazem o mal ainda são responsáveis por suas escolhas pecaminosas. Como pode ser isso? Como podemos ser responsáveis por nossas escolhas se Deus é soberano? A soberania divina e a responsabilidade humana são verdades paralelas que devemos sustentar simultaneamente. A Bíblia afirma com veemência a soberania total de Deus e a livre agência do homem. O mesmo Jesus que disse: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer”, também diz: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Jo 6.44; Mt 11.28, NVI). Em nosso estado pecaminoso caído, não temos disposição natural de ir a Deus. Então, Deus nos regenera e muda a disposição de nosso coração, e, assim, de nossa própria vontade, a qual agora é liberta da escravidão, nós voluntariamente respondemos à sua chamada para irmos até ele e sermos salvos. Se nós, seres humanos, não pudéssemos fazer escolhas genuínas e responsáveis, então Deus seria injusto por nos punir pelo pecado. De fato, ele seria até responsável pelo pecado.

Como a nossa livre agência e a soberania de Deus podem coexistir é um mistério. No momento em que o humano e o divino se cruzarem, o paradoxo surgirá e nossas limitações humanas obscurecerão a forma como dois pontos aparentemente contraditórios conseguem ser ambos verdadeiros. É bom que lidemos com o paradoxo, mas se permitirmos que eles tirem nossos olhos de uma questão de maior relevância, perderemos o que é importante de verdade. E a questão é esta: quão comprometida você está com o mito de sua soberania própria?

Para chegar a uma resposta honesta, considere quatro áreas nas quais nós lutamos por controle.

1.    Controlando nossos corpos
A forma como nos relacionamos com nossos corpos revela muito de nossa necessidade por controle. Cuidar de nossos corpos é uma questão de mordomia. Eles não são nossos. Eles nos foram dados para mantê-los em caminhos saudáveis. Mas quando ultrapassamos o limite e adentramos o controle doentio, passamos da mordomia para a idolatria. Isso pode adquirir a forma de preocupação obsessiva com dietas e exercícios, transtornos alimentares, medo excessivo de doenças e germes, hipocondria, medo de envelhecer ou apenas vaidade.

Como podemos saber quando ultrapassamos os limites da mordomia e passamos para o controle? Certamente, pelo impacto em nosso tempo, mas também pelo impacto em nossas palavras e em nossas carteiras. Quando desejamos o controle doentio sobre os nossos corpos, falamos sobre eles constantemente. Nossos métodos, expectativas e resultados conseguem entrar em nossas conversas e nas postagens das redes sociais. Racionalizamos o custo final de qualquer suplemento, procedimento médico, creme antienvelhecimento ou mensalidade de academia, considerando-os necessários para alcançar o nosso objetivo corporal.

Em última análise, nossa necessidade por controle impacta os nossos relacionamentos de maneira negativa. Julgamos aqueles que não seguem o nosso regime restrito, desprezando-os como indisciplinados quanto à sua saúde ou descuidados com sua aparência. E priorizamos nosso tempo livre e nossos recursos para nós mesmas ao invés de para os outros.

2. Controlando nossas posses
Assim como os nossos corpos, nossas posses são para a mordomia, não para fazermos com elas o que quisermos. Não é errado ter coisas, é apenas errado adorá-las. Quando ultrapassamos o limite e entramos no controle doentio, desenvolvemos uma preocupação obsessiva em adquirir, multiplicar e manter o que temos. Isso pode se manifestar na forma de acumulação, compra compulsiva, medo de usar o que se tem, porque pode ser danificado ou desgastado, cuidado compulsivo de uma propriedade, gerenciamento financeiro muito minucioso ou inabilidade de emprestar ou dar coisas a outros.

Acaso um arranhão em seu carro lhe mata? O fato de seu carro estar meticulosamente preservado é uma fonte de orgulho para você? A forma como nós reagimos ao dano ou à perda de posses revela se temos problemas de controle nessa área. Acumular dívidas para manter um estilo de vida é algo racional para você? Algo pode estar errado com a maneira como você enxerga suas coisas.

3. Controlando nossos relacionamentos
Todo relacionamento humano que nós temos é ordenado por Deus e é uma oportunidade de demonstrar amor preferencial a outra pessoa feita à imagem dele. Conflitos de relacionamento estão sempre ligados ao controle. Um desejo por controle doentio em um relacionamento pode se manifestar na forma de intimidação ou manipulação (verbal, emocional, física), marcas características do abuso. Sabemos como são os extremos — nós assistimos a eles nos jornais à noite ou temos a tristeza de conhecê-los pessoalmente. A maioria de nós não se encaixa na categoria “agressores”, mas isso não significa que não somos controladores em algum nível.

Formas menores de controle se revelam como uma inabilidade de admitir que estamos erradas, uma necessidade de se ter a última palavra, uma necessidade de ser severa, uma atitude de “ou aceita ou cai fora”. Se nos comportamos dessa forma com uma criança, um cônjuge, uma amiga, um colega de trabalho, estamos exercitando controle de uma maneira não saudável.

Nenhuma situação é mais difícil de não exercer um comportamento controlador do que com aqueles sobre quem temos autoridade legítima. Pais, líderes de igrejas e líderes de negócios que amam excessivamente o controle irão cair num estilo de liderança autoritário, uma liderança que torna as regras mais importantes que os relacionamentos. Estar em posição de autoridade significa colocar limites para preservar o relacionamento. Não significa colocar limites que impeçam o relacionamento.

Uma amiga, certa vez, me contou que quando seus filhos se acusavam no meio de uma briga (uma batalha óbvia por controle), ela perguntava: “quem está sendo o mais gentil?”. Que pergunta inteligente para se fazer sobre qualquer conflito de relacionamento. O amor preferencial pelos outros requer dominarmos nosso desejo de controlá-los. Você permite que o mau humor faça com que os outros fiquem pisando em ovos com você? Você espera que os outros sejam capazes de ler sua mente quando seus sentimentos estão feridos? Há algo implícito no seu discurso? Escolha a gentileza ao invés de optar pelo controle e veja seus relacionamentos se tornarem saudáveis.

4. Controlando nossas circunstâncias e ambientes
A vida é incerta. Embora Deus conheça o futuro, nós não o conhecemos, e a maior parte de nós não lida bem com a ambiguidade. Aqueles que querem controlar as circunstâncias tentam se precaver para cada contingência. Eles planejam demasiadamente, transformando as tarefas mais simples nos maiores empreendimentos. Quanto menos controle eles percebem ter, mais comportamento controlador demonstram. Eles se sentam ao lado do motorista, oferecem conselho ou “ajuda” não solicitados em projetos e situações que não os envolvem diretamente, são servilmente pontuais quando ninguém está esperando por eles e lutam contra um desejo dominador de ser a pessoa que possui o controle remoto. Eles sabem a melhor forma de encher uma lava-louças, rearranjando-a, de modo sorrateiro, quando acham que ninguém está vendo.

Eles separam o lixo para a reciclagem quando a festa acaba, não importando quão tarde seja ou quão grande seja a quantidade de lixo. Eles não conseguem dormir até que tudo esteja realmente feito. Desenvolvem rotinas e rituais dos quais dependem para ter paz mental. As regras existem para tudo, desde a ordem em que devem comer a comida de um prato até como organizar adequadamente uma gaveta de meias. Se o espelho está torto na parede, você consegue passar por ele sem consertá-lo? Se não consegue, separe algum tempo para olhar para ele enquanto o arruma. Eu sei que tive de fazer isso para elaborar esses exemplos. Nem todos eles se adéquam a mim, mas muitos deles, sim. Ninguém me acusaria de ser compulsivamente pontual, mas sou bem conhecida por ser como um fariseu no que concerne à reciclagem e uma legalista da lava-louças. Você não precisa ser diagnosticada com transtorno obsessivo compulsivo para ter problemas com o controle sobre as circunstâncias e os ambientes. Precisa apenas ser um humano limitado.

Derrubando o mito da soberania humana
Quando buscamos controle, declaramos nossa crença de que nós, ao invés de um Deus onisciente, onividente, onipotente e infinitamente bom, deveríamos controlar o universo. Nossos problemas com controle surgem da especulação “e se”. Nossa inabilidade de responder à pergunta “e se” definitivamente causa ansiedade — ansiedade sobre a probabilidade de o nosso reino vir e de a nossa vontade ser feita. Meu esposo sempre acalma minha ansiedade apontando-me para uma questão importante: qual é a pior hipótese? Falar sobre os meus medos quanto às situações, aos relacionamentos, às posses, ou ao meu corpo ajuda a me acalmar. Ou, mais precisamente, isso me ajuda a deixá-los aos pés do meu Pai celestial. É uma forma de confissão, deixar a minha boca falar aquilo de que está cheio o meu coração, dando voz aos meus incômodos medos e abandonando a minha necessidade por controle. É um reconhecimento de que o reino pertence a Deus.

Teu, SENHOR, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos. Riquezas e glória vêm de ti, tu dominas sobre tudo, na tua mão há força e poder; contigo está o engrandecer e a tudo dar força (1Cr 29.11-12).

Soberano
Assim disse o rei Davi ao Rei dos Céus. E assim digo eu.

Sobre o que eu tenho controle? Sobre algumas coisas muito importantes. Meus pensamentos, os quais posso tornar cativos pelo poder do Espírito Santo. E se posso controlar meus pensamentos, posso controlar também a minha atitude — para com o meu corpo, minhas coisas, meus relacionamentos e minhas circunstâncias. Se meus pensamentos e minha atitude estão sob controle, minhas palavras também estarão, assim como as minhas ações. Os redimidos, de maneira obediente, submetem pensamentos, palavras e ações ao seu Senhor celestial, confiando a incerteza àquele que “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11). Eles se afastam do trono, reconhecendo que são completamente desqualificados para se sentarem nele.

Por quanto tempo mais você lutará com o seu Criador? Por quanto tempo mais você buscará o lugar mais alto? Jesus Cristo desceu ao lugar mais baixo para que você e eu pudéssemos ter comunhão com Deus. Por isso, o Pai o exaltou. Portanto, humilhe-se. O que é mais belamente humilde do que abandonar o controle?

Os melhores contadores de história da minha infância se valiam de uma fórmula de sucesso. Toda história verdadeiramente boa faz eco à melhor história de todas. A Bíblia narra a história de um rei cuja reivindicação ao trono é reconhecida desde o começo, mas cujas majestade e autoridade são apenas apreendidas por completo nas páginas finais quando o vemos, enfim, coroado e reinando. Sua fiel declaração anunciada do trono é esta: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21.5).

“No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” (Sl 115.3). E tudo que lhe agrada é para o nosso bem.


Por: Jen Wilkin. © 2017 Editora Fiel. Website: editorafiel.com.br . Traduzido com permissão. Fonte: Trecho retirado do livro Incomparável

Original: O Deus que tudo controla. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados.

JEN WILKIN é palestrante, professora de estudos bíblicos para mulheres e autora do livro Mulheres da Palavra (Fiel). Jen e sua família são membros da Village Church, na região de Dallas.


terça-feira, 9 de maio de 2017

O que todo pai deveria falar para seu filho adolescente a respeito do sucesso?

Por Elsie Gilbert


Lendo o boletim eletrônico da revista TIME hoje, me deparo com uma história com a seguinte manchete: “Como um amputado escalou o Monte Everest”. Ao ler o relato descubro a história de Jeff Glasbrenner, 44 anos, natural de Wisconsin, EUA, que após dois meses de escalada e com 9 kg a menos, chega ao cume da montanha mais alta do mundo. O que o levou até o topo do mundo não foram duas pernas normais, mas sim uma perna normal auxiliada por uma perna mecânica que a medida que ele subia (e perdia peso) ia ficando mal ajustada. Jeff perdeu uma de suas pernas ainda com 8 anos de idade num acidente doméstico na fazenda de seus pais.
                                                                                                    Jeff Glasbrenner

Mas o que me faz parar e pensar é a fala dele no terceiro parágrafo do artigo:

“Quando eu tinha 12 anos, meu pai me disse que eu podia escolher ser manhoso (tendo dó de mim mesmo) ou poderoso. Mas eu não podia escolher ser os dois”.

E estas foram as palavras que lhe ocorreram quando ele lutava para respirar a 5.100 metros de altura. Jeff definiu sua vida como uma luta para provar que as limitações prescritas para ele pelos médicos de sua infância podiam ser superadas.                                        
Qual é a medida de sucesso de Jeff? Chegar no topo do mundo.

Qual é a medida de sucesso do seu adolescente?
Os discípulos de Jesus também jogavam no time de Jeff. Chegar no topo e ser poderoso. Nosso herói nacional, Ayrton Senna também gostava de dizer
“Quem chega em segundo lugar é o primeiro e maior perdedor”.
Não é difícil perceber então como a ideia de sucesso é algo atraente que explica e orienta grande parte das aspirações e comportamento dos adolescentes, principalmente os do sexo masculino. Não digo com isto que as meninas não estão sujeitas a este tipo de ideologia orientadora (uma expressão moderna para definir idolatria), mas, ao meu ver, há uma outra, mais potente, especialmente focada nas meninas e que devo tratar separadamente.

A mensagem básica é que o contrário do fracasso é o sucesso, sucesso pautado no poder. E é o medo do fracasso, mais do que tudo, que alimenta a busca incessante pelo poder. E qual é o resultado? O que fica de fora?

Ser um marido compassivo, que tira tempo para estar com sua esposa e aprende a ouvi-la, faz parte do currículo?
Ser um pai amoroso, que se sacrifica pelo filho ao ponto de sofrer humilhação, está dentro da definição de sucesso?
Ser um vizinho promotor da paz e do bem-estar está na agenda dos poderosos?
Ser amante dos mistérios de Deus, que Ele tem prazer em revelar aos humildes de coração, pode tomar o tempo precioso dos poderosos em sua corrida maluca pelo primeiro lugar?
O que você deve dizer ao seu filho:
O que todo pai deveria dizer ao seu filho adolescente é que o contrário do sucesso, não é o fracasso, mas sim o medo do fracasso! Mas este medo é fruto de uma mentira, uma mentira tão antiga quanto o Jardim do Éden. A mentira dizia que Deus não tinha dotado o ser humano com tudo o que ele precisava para uma existência feliz. Estava faltando algo. O contrário de ser manhoso não é ser poderoso e sim ser inteiro. É isto que confere ao homem a coragem para tomar decisões difíceis. É a integridade de seu caráter que lhe confere honra e conquista a admiração das pessoas ao seu redor. Estar bem consigo mesmo, ter uma autoconfiança fundamentada em quem realmente somos, desde o nosso nascimento – obra prima de um Deus amoroso – é o que nos impede de viver em derrota. Como Jesus define sucesso? “Não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou” João 5.30.

E se, o sucesso movido pelo amor a Deus e ao próximo, compelir o seu filho a subir uma montanha, ele o fará acompanhado das pessoas a quem ama. Mas para incluí-los, muito provavelmente ele terá de trocar o Monte Everest por uma montanha menos imponente e mais acessível, porque o que ele almeja é fazer uma expedição bem acompanhado e em segurança. E neste cenário, o que o impulsionará morro acima é a perspectiva de compartilhar um momento de total grandeza diante da maravilhosa obra do Criador oferecida a nós para o nosso deleite. Talvez ele entre na pauta dos noticiários publicados no Céu, mas dificilmente será retratado na revista TIME!