terça-feira, 28 de junho de 2011

Habitar


"E me farão um santuário, e habitarei no meio deles" Êxodo 25:8. Quando lemos esse texto, tomamos conhecimento de que Deus prometeu que faria do homem a sua própria habitação e é assim que Deus esclarece de que maneira seria essa convivência. O santuário deveria ser apenas um lugar de repouso onde a arca teria que ficar.  Então por isso, nós precisamos dar conta de que a única intenção e vontade de DEUS seria mesmo a de HABITAR EM NÓS. 

Lemos em Isaías 66:1 "Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do meu repouso?". As Escrituras nos revelam a grandeza de Deus e devemos ter o entendimento de que Deus jamais faria de um templo a sua habitação.

No original grego o substantivo casa ou morada é oikos, enquanto o verbo habitar é oikeó. Quando nos referimos à nossa casa, o lugar onde moramos, geralmente estamos dando uma referencia de onde ela se situa. Isto é bem diferente de dizer que eu vivo ali, porque o substantivo casa sugere um lugar fixo, estático. Entretanto, quando usamos o verbo habitar (oikeó), significa que estamos dizendo que eu vivo ali, ou seja, (vivendo em casa).

A queda do homem resultou no seu afastamento da presença de Deus. Mas, o resultado da reconciliação feita em Cristo no Calvário se deu como a única perspectiva redentora. Em Hebreus 9:24, lemos: "Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus." Assim, em Jesus Cristo temos acesso ao Pai e esta é a dinâmica de Deus, que permite que tenhamos comunhão com Deus pelo Espírito Santo que fará sua moradia em nós.

Em I Cor 6:19-20 Paulo disse afirmativamente: "Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo."

Jesus disse a samaritana em João 4:14 "Aquele porém que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna". Nesse texto Jesus afirmou que aquela água seria nela uma fonte a jorrar para a vida eterna, algo inesgotável se a mulher tomasse dela. É desta maneira que Deus deseja vir a nós. Ele quer preparar o nosso interior para fazer ali a sua habitação. Porém, devemos compreender que esta moradia deverá ser em nós uma coisa dinâmica como uma fonte a jorrar e não como alguma coisa que se esgota.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Use a Palavra na Criação de Filhos - Thabiti Anyabwile

Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos, a fim de que a nova geração os conhecesse, filhos que ainda hão de nascer se levantassem e por sua vez os referissem aos seus descendentes; para que pusessem em Deus a sua confiança e não se esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os mandamentos; e que não fossem, como seus pais, geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo espírito não foi fiel a Deus (Salmos 78.5-8).


O Senhor Deus do céu proveu graciosamente sua Palavra (seu "testemunho" e "lei") como uma estratégia e conteúdo fundamental para a criação de filhos (v. 5). Ele "ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos". Vemos o mesmo propósito em Deuteronômio 6.

Por que Deus manda seu povo ensinar sua Palavra, em vez de alguma outra metodologia ou assunto, para instruir a descendência piedosa que ele promete (Ml 2.15)? Por que não vídeo games? Por que não escolas públicas ou particulares? Por que não a aplicação das últimas descobertas da psicologia, sociologia, teoria educacional ou auto-ajuda? Por que os pais não devem simplesmente delegar isso aos mais bem preparados, mais bem educados, mais bem vestidos e mais requintados?

Parece que Deus designa sua Palavra e, especificamente, a paternidade realizada sob a direção de sua Palavra para cumprirem vários objetivos:

1) Para que gerações de famílias – e não apenas indivíduos – conheçam seu testemunho e sua lei (v. 6). Deus tem uma visão de que nossas famílias conheçam e andem em sua Palavras, de geração em geração. Deus planejou a família como a única instituição que deve levar avante esse propósito que inclui múltiplas gerações. O único conjunto consistente de relacionamentos que alcança as gerações são os relacionamentos de avós-pais-filhos-netos. Timóteo é nosso exemplo: "Pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti... Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus" (2 Timóteo 1.5; 3.14-15).

2) Para que nossos filhos ponham sua confiança em Deus (v. 7a). Como pais cristãos, "temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis" (1 Tm 4.10). Não temos "maior alegria do que esta, a de ouvir que" nossos "filhos andam na verdade" (3 Jo 4). É a Palavra de Deus que pode tornar nossos filhos sábios para a salvação, por meio da fé em Jesus Cristo. As Escrituras dão testemunho de Cristo e nelas está a vida eterna. Se o alvo de nossa criação de filhos se conforma com o alvo de Deus para a nossa criação de filhos, então devemos usar a Palavra de Deus resoluta e fielmente para incentivar nossos filhos a colocarem sua esperança em Deus. As escolas ensinam nossos filhos a terem esperança na educação. Música e entretenimento ensinam nossos filhos a terem esperança na popularidade e serem "legais". Os gurus de auto-ajuda ensinam nossos filhos a terem esperança em si mesmos. Mas nós proclamamos: alguns confiam em carros, outros, em cavalos, nós, porém, confiamos em o nome do Senhor, nosso Deus! Isso é a chave da paternidade bíblica e da esperança de cada pai e mãe crente. Portanto, devemos ensinar aos nossos filhos a Palavra de Deus em e como nossa paternidade.

3) Para que nossos filhos não esqueçam as obras de Deus (v. 7b). Em Salmos 78.9-10, logo depois da grande afirmação do desejo de Deus nos versículos 5 a 8, a Palavra de Deus nos diz que os efraimitas "não guardaram a aliança de Deus, não quiseram andar na sua lei; esqueceram-se das suas obras e das maravilhas que lhes mostrara". Esquecer a Deus é a coisa mais perigosa na desobediência. Que obras grandiosas Deus havia realizado na criação e libertação! É uma coisa surpreendente que essa Realidade fosse esquecida! Mas nós esquecemos. Nossos filhos esquecem. Retemos coisas triviais (brincadeiras favoritas, listas de compras, etc.), enquanto temos pensamentos vagos sobre Deus. Nosso esquecimento é nossa reversão pecaminosa à bestialidade. Mas nossa lembrança é nosso esforço ativo em direção à piedade. Lembrar é uma obra capacitada e impulsionada pela graça de Deus, por meio de sua Palavra. Se nossos filhos devem lembrar-se de Deus, o que ele ordena e deseja, eles precisam manter os registros da obra e da pessoa de Deus gravados em sua mente. Portanto, devemos exercer a paternidade pelo ensino das Escrituras Sagradas aos nossos filhos, para que eles não esqueçam.

4) Para que nossos filhos guardem os mandamentos de Deus (v. 7c). A Bíblia mantém uma forte conexão entre o lembrar e o obedecer (ver, por exemplo, Dt 8.11-20). Não podemos obedecer o que esquecemos habitualmente. Há uma afirmação óbvia na psicologia organizacional que diz: "O que é medido é feito". Medir auxilia a lembrança, que, por sua vez, impele a realização. Os evangélicos ficam nervosos sempre que a obediência entra na discussão espiritual. Mas não devemos. Tão naturalmente quanto esperamos que nossos filhos nos obedecem, devemos esperar que obedeçam a Deus e exortá-los a isso – não por causa de justiça, mas por causa de amor. Três vezes o Senhor disse aos seus discípulos: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos" (Jo 14.15, 21, 23). A obediência é o fruto excelente de um raiz de amor. Havendo ensinado nossos filhos a colocarem sua confiança no Senhor, por meio da fé em Cristo, não ousamos torná-los pequenos antinomianos, negando o lugar do mandamento, da lei e da obediência em seguir o Salvador. Queremos que eles sejam santificados na verdade – a Palavra de Deus é a verdade. Queremos que eles sejam conformados, pela graça de Deus, mediante a fé, à semelhança do Salvador. Precisamente porque o Senhor Jesus Cristo é a nossa santidade (Hb 10.14), queremos que nossos filhos sigam a santidade por meio da fé e da obediência motivadas por graça.

5) Para que nossos filhos não sejam obstinados e rebeldes, e sim firmes e fiéis (v. 8). Oh! que vejamos nossos filhos andando na verdade, e nunca se desviem para a esquerda ou para a direita, nunca tenham um coração frio, nunca sejam tentados pelas canções sedutoras do mundo ou caiam no laço do Diabo! Oramos assim. Mas devemos, também, ensinar a Palavra de Deus com esta esperança e visão de firmeza e fidelidade. A exortação de Hebreus 3.12-14 se aplica muito bem à criação de filhos: "Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos". Substitua a palavra "irmãos" por "pais" ou substitua "mutuamente" por "filhos", e assim temos ordens para encorajar nossos filhos diariamente na Palavra de Deus.

Que o Senhor nos torne fiéis no ensino de sua Palavra aos filhos que ele confiou ao nosso cuidado. A Palavra de Deus não volta vazia. Creiamos nela e a usemos no criar os nossos filhos!

Thaibiti Anyabwile – é o pastor da Primeira Igreja Batista, nas Ilhas Grand Cayman. Ele possui bacharelado e mestrado em psicologia obtidos na North Carolina State University. Serviu como pastor assistente na Capitol Hill Baptist Church, em Washington D.C. Thabiti tem sido convidado como preletor em diversas conferências e seminários nos Estados Unidos e em outros países, é autor de artigos teológicos e livros, um deles, "O que é um membro de Igreja Saudável?", está no prelo pela Editora Fiel. Ele e sua esposa, Kristie, têm três filhos. 

Traduzido por: Wellington Ferreira

Copyright© Thabiti Anyabwile 2011
Copyright© Editora Fiel 2011
Traduzido do original em inglês: Use the Word in your Parenting – Extraído do Blog The Gospel Coalition.

Fonte: http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=363 

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Por que a Graça é bem Sucedida? Abraham Booth (1734-1806)


A graça é bem sucedida devido Cristo ser quem é

Nossa salvação é perfeitíssima, porque Jesus Cristo é singularíssimo. Precisamos prestar cuidadosa atenção para compreender Suas naturezas. Cristo tinha duas naturezas, ainda que fosse uma só pessoa. Ele era Deus e homem. O fato dEle ser único neste sentido, é a razão por que a redenção que Ele obteve e oferece gratuitamente é perfeitíssima.

Ele tinha que ser verdadeiro homem. Originalmente a lei de Deus foi dada para os seres humanos a obedecerem, assim alguém poderia mostrar que uma pessoa seria capaz de cumpri-la com sucesso. Adão fracassou. Cristo, porém, foi bem sucedido. Ele nunca falhou em agradar ao Seu Pai. E o cumprimento da lei por Cristo foi aceitável porque Ele era verdadeiro homem. Se Ele fosse um anjo, não teria sido provado que um homem poderia cumprir a lei de Deus. Foi Adão — um homem — que pecou. Por isso, Cristo — um homem — precisava agora oferecer completa obediência. Além disso, a natureza humana de Cristo precisava estar ligada à natureza de nossos primeiros pais. Não seria adequado, se Sua natureza humana fosse repentinamente criada a partir do nada, porque, então, Ele não estaria ligado àqueles a quem veio salvar. O direito de redenção pertence somente a um parente próximo (Lev. 25:48-49).

Por outro lado, é igualmente importante que Sua natureza humana estivesse livre do pecado. Se Ele tivesse sido maculado, mesmo no mínimo grau, pela pecaminosidade que herdamos, então Ele não teria podido guardar a lei de Deus, como também nós não podemos. Como Deus é sábio! Não obstante ter sido necessário ao Salvador nascer de uma mulher, Ele foi concebido de tal maneira que ficou livre da culpa de Adão (Mat. 1:20). Cristo tomou aquela natureza pela qual veio o pecado (em Adão) sem qualquer pecaminosidade inerente nessa natureza.

Era também absolutamente necessário que o Salvador fosse Deus tanto quanto homem. Nós humanos temos de obedecer a Deus, porque dependemos dEle para tudo. Assim, nossa necessidade de obedecer decorre de nossa dependência. Desde que somos totalmente dependentes dEle, precisamos ser totalmente obedientes a Ele. Parte alguma de nós é independente de Deus e, portanto, disponível para obedecer a Deus no interesse de outrem. Toda nossa obediência deve ser apenas em nosso favor. Somente uma pessoa sem necessidade de obedecer a Deus por causa de si mesma, pode obedecer a Deus em favor de outros. Portanto, nosso Salvador deve ser Deus e não dependente de Deus como nós. Só uma pessoa divina que não seja dependente de qualquer outra pessoa, pode praticar atos de obediência desnecessários para ela mesma, e por isso disponíveis em favor de outros.

O pecado é um dano infinito. A maldade de qualquer ato mau é medida pela importância da lei que ele quebra. E a importância de qualquer lei está em proporção com a delicadeza e o status da pessoa que a formula. Portanto, desde que Deus possui beleza infinita, status e autoridade, Suas leis são de importância infinita e devemos obedecê-las inteiramente. Nossa desobediência é infinitamente criminosa. Consequentemente, nosso pecado merece punição infinita. Assim, quem seria capaz de suportar o peso de uma ira infinitamente divina sobre pecados infinitamente perversos, a não ser um Salvador infinitamente divino? Jesus precisa ser Deus tanto quanto homem, para ser um Salvador adequado. E, finalmente, nosso Salvador precisa ser Deus e homem ao mesmo tempo. Ele é o mediador entre Deus e o homem, entre o Soberano ofendido e o pecador ofensor. Se Jesus fosse apenas divino, Ele não poderia representar o povo. Se Jesus fosse apenas homem, não poderia interceder junto a Deus. Só a condição de deidade estaria alta demais para os seres humanos; só a condição de humanidade estaria baixa demais para Deus. Jesus precisava reunir as duas condições simultaneamente para ser a pessoa intermediária, ligando Deus e os seres humanos.

Para cumprir Seus deveres de sacerdote, profeta e rei, Jesus precisava ser tanto Deus como homem.

1. Como sacerdote, Ele precisava ter algo a oferecer (Heb. 8:3). Mas, apenas como divino Ele não teria coisa alguma a oferecer a Deus. Cristo, portanto, teria de ser um homem a fim de possuir uma perfeita humanidade para oferecer. Entretanto, como mero homem, Ele não teria autoridade para dar a Sua vida e tornar a tomá-la. Cristo, portanto, para ter essa autoridade, precisava ser Deus. Ele morreu por causa da pecaminosidade infinita e, por isso, o oferecimento de Sua humanidade deve ter status infinito para ser adequada. Esse status só podia proceder de Sua divindade.

2.      Como profeta, Ele precisava ser Deus para poder conhecer a mente de Deus e compreender a diversidade daqueles que, em cada época e nação, necessitariam do Seu ensino. Todavia a fim de revelar a vontade de Deus em Sua vida por modos compreen¬síveis aos homens, Ele precisava ser homem.

3.      Como rei, Cristo precisava ser Deus para tornar-Se o Senhor de nossas consciências, o Cabeça da Igreja, o Doador da vida eterna aos Seus seguidores e o Juiz de todos. Contudo, Ele necessitava também de ser homem porque, sem essa condição, Ele não podia ser o Cabeça da mesma natureza do corpo ao qual está unido, nem compadecer-Se dos Seus súditos, como Ele fez — e faz.

Podemos, portanto, ter a mais plena convicção na excelência da obra de Cristo como Redentor, porque Ele está excelentemente equipado para essa tarefa pela Sua pessoa singular com duas naturezas. A salvação que um tal excelente Salvador oferece graciosamente, deve ser a melhor que pode haver. A graça reina!

Diante de tudo isso, que o leitor admire e adore o amor e a sabedoria de Deus! E que ele note quão sério é negar que Cristo é verdadeiramente Deus ou que é verdadeiramente homem. Ambas as negações destroem a Sua excelência como verdadeiro Mediador entre Deus e os crentes. Tanto a deidade como a humanidade de Cristo são essenciais à correta compreensão de toda a Sua obra salvadora.

Oxalá os pecadores corressem para esse Salvador tão adequado! Confiem nEle como poderoso para salvar; olhem para Ele para receberem instrução na verdade; esperem Sua proteção como Rei; rendam obediência a Ele; cultuem-nO, pois Ele é sobre todos, Deus bendito para sempre. Pela Sua excelência, a excelência da graça de Deus é revelada.