terça-feira, 20 de março de 2012

Máscaras...

O carnaval passou faz bastantes dias, mas como nós podemos observar, é nesta ocasião que as pessoas aproveitam para vestir as suas máscaras e elas tentam representar aquilo que pensam ou pretendem ser. Pus-me a meditar no que isso tem a ver com nós cristãos (eu junto) no século em que vivemos.

Faz alguns anos que me deparei com o termo grego hupokrités que me despertou muita atenção. A sua tradução significa "hipocrisia" e "hipócrita". É a partir deste significado que desenvolve seu sentido negativo e porque não dizer maligno. A pessoa hipócrita é fingida por si e desempenha um papel que representa.

Jesus chamou de hipócritas por diversas vezes os religiosos fariseus de sua época. Hipócrita era o adjetivo que cabia muito bem e não poderia ter outro melhor para aquela classe que estava recheada de uma religiosidade de aparência. A hipocrisia é a máscara que carrega sempre a mentira por debaixo das suas intenções. Ela carrega consigo a marca do pecado mais detestável possível que é a dissimulação, pois isso é próprio do caráter de todo hipócrita que esconde em seu interior as máculas das transgressões mais sórdidas.

Em Mateus 22:15-18, vemos que para tentar surpreender Jesus nalguma falha sobre a questão do tributo, os fariseus mandaram uns dos seus discípulos com os herodianos interrogá-lo: "...Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas à aparência dos homens. Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não? Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas?

Esse texto do Evangelho de Mateus nos revela a verdadeira face do religioso que esconde um coração mau, sob as máscaras da piedade. Sabemos que o objetivo deles não era o conhecimento de Deus, mas sim, provocarem um embaraço nas palavras de Jesus. Ao chamarem Jesus de "Mestre", dizerem que "sabiam que ele era verdadeiro", dizer que ele "ensinava os caminhos de Deus", mais ainda que "de ninguém se dava", e finalmente "que ele não olhava à aparência dos homens", eles somente o fizeram na mais pura intenção de esconder nas suas palavras os verdadeiros motivos daquela indagação.

Os fariseus eram exímios seguidores da Lei de Deus, mas guardavam também as tradições que lhes foram passadas. O zelo pelas duas formas de servirem a Deus os levou a praticar uma religião que destacava pela aparência. Exibiam grande pompa em suas cerimônias, gostavam de serem reconhecidos pelas suas roupas e eram mestres em fazer cena para impressionar seus ouvintes. A maneira de lavar as mãos, a limpeza cuidadosa que faziam no uso das taças e copos, revelam o ritual rigoroso no ofício religioso. A preocupação em cumprir de forma cabal seus deveres religiosos, levou-os a pecar pelo extremismo.

Saul tão somente foi rejeitado pelo Senhor pela sua desobediência. No entanto, na intenção de consertar os seus erros ele ofereceu holocaustos e sacrifícios que não foram aceitos por Deusa sua oferta foi desprezível, (I Samuel 15:22-26). Obedecer ao Senhor é melhor do que sacrificar, pois com toda certeza: "A adoração sem conversão é religião de aparência". Precisamos abrir o nosso coração ao discernimento para conhecer a verdadeira mensagem de Deus, pois a máscara da religião pode criar em nós uma casca permanente.

Devo indagar-me então se não estaria sendo semelhante aos fariseus e qual seria a máscara que costumo usar. Sei que devo ser um cristão autentico, que não posso dar tanta importância para as coisas exteriores. Sei que preciso encher o meu interior a cada dia do conhecimento de Deus para que todas as imperfeições possam ser vencidas em mim com a Sua Graça. Porque vestir a máscara da religiosidade geralmente significa: "Fechar a porta da Graça de Deus para se perder pelo caminho da cegueira espiritual."

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