Ao olhar para trás na estrada áspera que percorremos, ao olhar para trás no sangrento campo de batalha em que lutamos, o que vemos? Entregues as nossas capacidades o mais fraco de nossos inimigos nos derrotaria. Não é muito difícil começar na graça e logo nos desviarmos para outro evangelho: “Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho” ( Gálatas 1:6). Muitos estão dispostos a crer que a graça nos salva, mas que não é a graça que nos preserva.
Como um homem que conhece seu coração poderia imaginar que ele mesmo poderia perseverar e não a graça operar a perseverança nele? Há um completo desamparo quando somos entregues mesmo as nossas melhores faculdades. Toda esperança só pode estar numa rocha inabalável: “Àquele que é poderoso para impedi-los de cair e para apresentá-los diante da sua glória sem mácula e com grande alegria” (Judas 1:24).
O único canto sobre perseverança que a Graça pode inspirar em nossos corações é o do Salmos 124 – “Se não fora o SENHOR, que esteve ao nosso lado, ora diga Israel... (Sl 124:1).
É enorme a quantidade de inimigos que um filho de Deus tem neste mundo. Eles são liderados pelo arqui-inimigo de nossas almas, satanás. Se a graça nos salvasse e depois deixasse a perseverança para nós, o fracasso seria certo. Se Deus não mantivesse a fé que Ele pôs em nosso coração, nossa fé fracassaria. Davi vê isso e diz que seus inimigos teriam prevalecido contra ele facilmente se não fosse a poderosa mão de Deus. Então ele registra a bondade de Deus em sustentá-lo: “Com força me impeliste para me fazeres cair, porém o SENHOR me ajudou ( Sl 118:13 ).
É a visão de que a Graça nos faz perseverar que inspira os cânticos em nossos corações. Davi atribui TODOS os triunfos a Deus. Não só precisamos de ajuda, mas de uma ajuda que nenhuma criatura poderia nos dar. Nosso inimigo é retratado como um leão em sua força, como uma serpente em sua astúcia e sagacidade, como um dragão em sua ferocidade. Tudo isso cairia sobre nós como as águas de um dilúvio avassalador. Mesmo tendo sido salvos, como iríamos nos manter assim por um dia sequer? Não podíamos nos salvar e não podemos nos manter salvos. A malícia da Serpente sempre teria êxito se alguém infinitamente mais forte não se colocasse entre nós.
A quantidade de inimigos é enorme e o conflito diário gigantesco. Sem a graça poderíamos tomar a cruz de cada dia? Nossos corações jamais negariam a si mesmos se estivessem entregues a si próprios. Nossos pais fracassaram no Paraíso, quando não conheciam o pecado, nós venceríamos neste terrível campo de batalha?
“Se não fora o Senhor” nós teríamos caído em pecado em cada tentação.
“Se não fora o Senhor” nós teríamos desonrado o evangelho nos conflitos externos e nos conflitos internos.
“Se não fora o Senhor” nós teríamos sido esmagados por nossos inimigos.
“Se não fora o Senhor” nós teríamos desmaiado em nossas aflições.
“Se não fora o Senhor” teríamos sido enterrados pelo peso da cruz...
Só Deus sabe quão fundo no inferno estaríamos se tivéssemos ficado entregues aos nossos recursos.
Só Deus pode nos fazer perseverar por sua Graça. Nós precisamos que Ele nos sustente na infância, precisamos que Ele nos sustente na adolescência, precisamos que Ele nos sustente na juventude, na idade madura, na velhice – Ah! Se não fora o Senhor, ora diga Israel!
Nós precisamos que ele nos sustente na adversidade, precisamos que Ele nos sustente na prosperidade... Na nossa força nós só temos fraqueza e na nossa sabedoria loucura!
Nós precisamos que Ele nos sustente para que nossos próprios corações não nos enganem. Só a corrupção em nossos próprios corações, sem nenhum dos outros inimigos, nos venceria e destruiria em cem vidas se pudéssemos vivê-las.
A esperança da perseverança dos santos nunca esteve neles mesmos, mas na promessa de Deus. No verso 6 do Salmo 124 é dito: “Mas bendito seja o Senhor que não nos deu por presa aos seus dentes” – Nossa alma é colocada aqui como um cordeiro indefesso diante de um animal pronto as nos devorar.
Nós precisamos de ajuda agora como precisamos dela ontem. Precisamos dela hoje como precisaremos dela nos amanhãs dos amanhãs... até o segundo final neste mundo.
Nossa oração é: Senhor nos ajude ou nossos inimigos irão triunfar sobre nós! Senhor nos ajude ou nossa cruz se mostrará uma prova maior do que podemos suportar! Senhor nos sustente ou no dia da adversidade seremos destruídos.
Não confiamos em nós para perseverar, nos agarramos a promessa gloriosa de nosso Deus: “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça” (Is 41:10).
Não passamos de bichinhos que poderiam ser esmagados por nossos inimigos. Em que nos refugiamos para perseverar até o fim? Quando vemos que somos fracos, vis, incompetentes e impotentes; Deus se inclina para falar conosco: “Não temas, tu verme de Jacó, povozinho de Israel; eu te ajudo, diz o SENHOR, e o teu redentor é o Santo de Israel” (Is 41.14). Que resistência tem um verme? Na promessa: “Eu te ajudo, diz o SENHOR, e o teu Redentor!”
Que loucura depositar a esperança da perseverança em nós mesmos. Como isso poderia acabar a não ser num desastre eterno? Mas sinta e se alegre com o peso da promessa de Deus! A fé que Ele criou, Ele sustenta! “Não tenha medo!” Essa promessa se estende a todos os tempos de nossa vida. Abrange todas as circunstâncias que ainda virão. Essa promessa pertence a todos os que foram regenerados, e ela nos asseguro que vamos triunfar sobre todos os nossos inimigos.
Sim, em nossa fraqueza a força de Deus se mostra onipotente como ela sempre foi. Sua graça é suficiente para nós para que TUDO redunde no louvor da sua graça.
O Criador no Trono colocou do nosso lado todo poder Onipotente! Esse, e só esse poder é inexpugnável! Vamos adorar como Davi e jamais cair na loucura de achar que nós e não Deus, é “poderoso para impedir-nos de cair e para nos apresentar diante da sua glória sem mácula e com grande alegria” (Judas 1:24).
“Bendito seja o SENHOR, que não nos deu por presa aos seus dentes. A nossa alma escapou, como um pássaro do laço dos passarinheiros; o laço quebrou-se, e nós escapamos.O nosso socorro está no nome do SENHOR, que fez o céu e a terra”. Salmos 124:6-8
Na Paz! – Josemar Bessa