quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Estigmas!


JOSEMAR BESSA

Uma das coisas que caracterizou o Império Romano foi a escravidão, ele era um verdadeiro motor de escravidão. No Império Romano 60 milhões de 100 milhões de sua população eram escravos.


Eles foram tomados como prêmios em guerras e então vendidos. Se você andasse pelas ruas de Éfeso, Antioquia, Corinto, Roma... nos dias de Paulo, três a cada cinco homens que você encontrasse eram escravos, servos.


Os donos de escravos marcavam na pele do escravo sua condição, para que se ele fugisse pudesse ser preso, e na maioria das vezes, crucificado por isso. Assim os gregos tinham um nome para a cicatriz que marcava a escravidão. O nome grego era estigma.


Até hoje para nós um estigma é um sinal de inferioridade, mas naqueles dias era literalmente uma cicatriz que foi feita na carne de um escravo. Era a marca de  sua escravidão. E essa é a palavra que o apóstolo Paulo usa: “Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus.” Gálatas 6:17 – Trago no meu corpo as“estigmas” do Senhor Jesus.


Em Romanos 1.1, Filipenses 1.1, Tito 1.1 – muitas vezes temos a tradução: “Paul, servo de Jesus Cristo” – mas o que ele escreveu é:“Paulos, doulos Iesous Christou” – Paulo, escravo de Jesus Cristo – Não é minha mente que me dirige, mas a mente de Deus, a mente de Cristo – não minha vontade, mas a vontade de Cristo, não minha obra ou trabalho, mas o de Cristo. Ele era um escravo do Senhor Jesus Cristo, um doulos. E como tal, ele diz: “Eu trago no meu corpo as marcas da servidão ( estigmas ).


Eu gostaria de ter visto o corpo do apóstolo Paulo. Eu gostaria de tê-lo encontrado. Olhando as grandes cicatrizes lívidas por todo o seu rosto eu poderia ter perguntado: "Paulo, de onde essas cicatrizes vêm?" E ele teria respondido: "Uma vez fui apedrejado em Listra e arrastado para a morte... dos judeus, cinco vezes recebi quarenta açoites menos um, e três vezes fui açoitado com varas romanas [2 Coríntios 11: 24-25] . São as cicatrizes do Senhor."

Os estigmas do Senhor Jesus. Eu gostaria de ter visto seus pulsos e seus tornozelos; calos grandes em torno de seus pulsos e seus tornozelos. "Paulo, de onde vem esses calos?" E ele poderia ter respondido: "Na prisão, e em masmorras, além da medida" [2 Coríntios 11:23] . É difícil para nós perceber que a maior parte do ministério do apóstolo Paulo foi gasto na prisão e acorrentado a um soldado romano.


A força da nossa mensagem de que Cristo é a coisa mais preciosa no universo, o impulso e o poder de nosso evangelho está nas lágrimas, no sangue, no coração e no trabalho que estamos dispostos a dedicar a ele. E se eu tivesse que falar e fazer entre muitas, apenas uma observação da mensagem cristã moderna, seria  isto: que somos fracos, e débeis, e fúteis, e anêmicos,... não por não estar em sincronia com a cultura a nossa volta, mas pelo oposto... por que nossos corações desejam ganhar o mundo, estamos assim por nossas lágrimas não choradas, por nosso testemunho do valor de Cristo não ser mostrado em nossas estigmas, por nossa canção: “só me gloriarei na cruz...” – não estar sendo ouvida pelo mundo, por essa canção ser desconhecida. O impulso e força de nossa mensagem devia ser encontrada não em nossa capacidade de sermos culturalmente “relevantes”, mas de derramar nossas vidas por ele; cicatrizes para o Senhor, cicatrizes que o mundo visse como o Império Romano via – estigmas.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O Valor de Aprender História



John Piper

Uma Lição a partir de Judas

A pequena carta de Judas nos ensina algo sobre o valor de aprender história. Este não é o ponto principal da carta, mas é um fato impressionante.

Neste penúltimo livro da Bíblia, Judas escreve para encorajar os santos a "batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos" (versículo 3). A carta é um chamado à vigilância em vista de "certos indivíduos [que] se introduziram com dissimulação... homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo" (versículo 4). Judas descreve essas pessoas em termos vívidos. Eles "dizem mal do que não sabem" (versículo 10); são "murmuradores, são descontentes, andando segundo as suas paixões. A sua boca vive propalando grandes arrogâncias; são aduladores dos outros, por motivos interesseiros" (versículo 16). Eles "promovem divisões, [e são] sensuais, que não têm o Espírito" (versículo 19).

Esta é uma avaliação devastadora de pessoas que não estão fora da igreja, mas que "se introduziram com dissimulação." Judas quer que eles sejam reconhecidos pelo que são, de forma que a igreja não seja enganada e arruinada pelos seus falsos ensinos e comportamentos imorais.

Uma de suas estratégias é compará-los a outras pessoas e eventos na história. Por exemplo, ele diz que "Sodoma e Gomorra... havendo-se entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição" (versículo 7). Assim, Judas compara aquelas pessoas com Sodoma e Gomorra. Seu ponto ao fazer isto é dizer que Sodoma e Gomorra são postas como "um exemplo" do que acontece quando as pessoas vivem como estes intrusos estavam vivendo. Assim, na mente de Judas, conhecer a história de Sodoma e Gomorra é muito útil para ajudar a detectar tal erro e desviá-lo dos santos.

Similarmente, no versículo 11, Judas acumula três outras referências a eventos históricos, como comparações com o que está acontecendo em seus dias entre os cristãos. Ele diz: "Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá". Isso é impressionante! Por que se referir a três incidentes históricos diferentes como estes, que aconteceram milhares de anos atrás - Gênesis 19 (Sodoma), Gênesis 3 (Caim), Números 22-24 (Balaão), Números 16 (Corá)? Qual é o ponto?

Aqui estão três pontos:

1) Judas assume que os leitores conhecem estas histórias! Isto não é incrível? Era o século primeiro depois de Cristo! Não havia nenhum livro nas casas das pessoas! Nenhuma Bíblia disponível! Nenhuma história em CD! &Apenas instrução oral! E ele assume que eles conheceriam tais histórias: Qual é "o caminho de Caim," "o erro de Balaão" e "a rebelião de Corá?" Você sabe? Isto não é surpreendente? Ele espera que eles conheçam! Isso me faz pensar que os nossos padrões de conhecimento da Bíblia na igreja de hoje são muito baixos.

2) Judas assume que conhecer a história iluminará a situação presente. Os cristãos tratarão com o erro mais eficazmente hoje se eles conhecerem situações similares de antigamente. Em outras palavras, a história é valiosa para o viver cristão. Saber que Caim era invejoso e que além de odiar seu irmão, também se ofendeu com sua comunhão verdadeira com Deus, te alertará para vigiar contra tais coisas mesmo entre irmãos. Saber que Balaão caiu e fez da Palavra de Deus um meio de ganho mundano, te tornará mais capaz de identificar este tipo de coisa. Saber que Corá desprezou a autoridade legítima e ressentiu-se com a liderança de Moisés, te protegerá de gente facciosa que não gosta de ninguém sendo visto como seu líder.

3) Não é claro, então, que Deus ordenou que estes eventos acontecessem e que fossem registrados como história, para que aprendêssemos a partir deles e nos tornássemos mais sábios e perspicazes sobre o presente, por causa de Cristo e de sua igreja? Nunca pare de aprender a partir da história! Adquira algum conhecimento todo dia. Demos aos nossos filhos uma das melhores proteções contra a tolice do futuro, a saber, um conhecimento do passado.

Aprendendo com você, por Cristo e o seu reino,

Pastor John

Fonte: Desiring God

John Piper é um dos ministros e autores cristãos mais proeminentes e atuantes dos dias atuais, atingindo com suas publicações e mensagens milhões de pessoas em todo o mundo. Ele exerce seu ministério pastoral na Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis, MN, nos EUA desde 1980.

Fonte:http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=435

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Alguma coisa

                 
Mora em mim uma coisa,
Não é uma mera ilusão.
Nem um desejo de viver somente,
Mas, mora em mim
Como uma coisa forte.
Tão forte que os humanos
Não podem compreender
Senão se fossem deuses.
Uma coisa tão dura
Como a fome e a sede
Que não se consomem.

Mora em mim alguma coisa
Tão inquietante,
Que vai além do infinito
E penso dominar
No desalento dessa minha solidão.
Sei porém, que foi semeada
Na árvore do meu amadurecimento
Essa coisa que me enche
De esperanças.
E que desperta em mim
Esse desejo de um viver pulsante
Que mora em mim.

Ah, sei! Sim sei,
Que a única certeza da vida
Está na perspectiva da eternidade.
Mas... Alguma coisa existe
E cravou em mim
Esse encantamento,
Que vem despindo, despindo
Minha alma nua
De uma existência tocante
Que não vivi ainda.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

“Le marchand de La mort est mort” – O mercador da morte está morto.


Por - JOSEMAR BESSA


A Bíblia falando de Abel diz: “Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício superior ao de Caim. Pela fé ele foi reconhecido como justo, quando Deus aprovou as suas ofertas. Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala.” - Hebreus 11:4


Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala!! Não é incrível?      


O químico sueco Alfred Bernhard Nobel é muito famoso, primeiro como criador e inventor de explosivos. Em 1866, Nobel inventou a dinamite, o que lhe rendeu fama e uma grande fortuna. Ele registrou mais de 350 patentes, com laboratórios em 20 países e mais de 90 fábricas de explosivos e munições.


Mas hoje ele é mais conhecido e lembrado como o nome por trás do Prêmio Nobel, o mais conceituado dos prêmios internacionais para esforços na paz, química, física, biologia, literatura, economia...


Em 1888 ocorreu um incidente bizarro que parece ter levado Alfred Nobel a uma improvável reflexão. Muitos acreditam que daí veio, deste evento, o motivo dele estabelecer o Prêmio Nobel e as alterações posteriores em sua vida e reputação. Ludvig, irmão de Alfred morreu durante uma estada em Cannes, na França, mas os jornais franceses erradamente confundiram os dois irmãos, noticiando a morte do inventor de explosivos. A grande manchete foi: “Le marchand de La mort est mort” – O mercador da morte está morto.


Como os outros, não amigos e parentes... o mundo descreveria sua morte? Se você mesmo tivesse que escrever teu obituário, que título daria a ele? O que você poderia colocar que fosse realmente importante além de tudo o que o mundo pode construir? Agora imagine se o Deus que tudo vê, que não pode ser enganado, fosse escrever seu obituário, ou epitáfio, o que Deus escreveria. O que seria um resumo correto de como você tem vivido cada dia? Nós vimos o de Abel: “...Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala.” - Hebreus 11:4.  Ele viveu pouco, ele teve uma morte violenta ( foi assassinado ). Ele foi traído e assassinado por seu irmão. Ele foi assassinado simplesmente porque honrou a Deus... pelo padrão como muitos “cristãos” veem a vida hoje, não achariam que ele foi uma benção, um homem que honrou a Deus. Talvez diriam que ele não tinha fé e por isso morreu cedo, e por isso foi assassinado... o problema que a visão, mesmo dos “cristãos” hoje são muito diferentes das de Deus. Certamente muitos cristãos escreveriam um epitáfio de derrota para Abel. Mas Deus colocou: “Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala.” Hebreus 11:4


Hoje eu percebo que uma vida bem vivida não é sobre o tempo. Os escritores da Bíblia não estão preocupados com a reputação que deixamos para trás, aos olhos do mundo.


"Tenha cuidado para não fazer seus "atos de justiça" diante das pessoas, para serem vistos por eles. Se fizer isso, você não terá nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos céus "(Mateus 6:1).


Há a sensação de que nossos corações devem se apegar a palavras de um obituário que ninguém aqui vai ver completamente. "Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam.  Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam e roubar. Pois onde estiver o seu tesouro, aí estará o seu coração também "(Mateus 6:19-21).


As manchetes que escrevemos sobre a terra são impressos em páginas que acabará por desaparecer e desmoronar. E é a isso que o “evangelho” de nossos dias tem levado as pessoas a investirem, e não num epitáfio como o de Abel, escrito por Deus.


Depois de mortos nossas vidas devem deixar palavras impressas, gravadas com ponteiro de aço sobre o granito do tempo, que todo o tempo nós gastamos armazenando um tesouro em um reino maior que não pode ser visto.


Quando Cristo foi levado ao alto de uma montanha para ver todos os reinos do mundo em seu esplendor... quando tudo foi oferecido a ele sem a cruz... Ele considerou a reputação e glória de Deus Pai e não a sua.


Quando Ele estava pendurado na cruz, desprezando a afronta, ele teve aqui morte em vez de glória, ele suportou a desgraça e maldade do homem em vem do esplendor de Deus. Para o mundo o seu obituário foi insignificante. Mas ele se levantou da sepultura para reescrever a manchete de toda a eternidade:

“Então vi um Cordeiro, que parecia ter estado morto, de pé, no centro do trono, cercado pelos quatro seres viventes e pelos anciãos. Ele tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a terra. Ele se aproximou e recebeu o livro da mão direita daquele que estava assentado no trono. Ao recebê-lo, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro. Cada um deles tinha uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos; e eles cantavam um cântico novo: "Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação.” - Apocalipse 5:6-9


Nele e só nele podemos viver uma vida que fala depois da morte. Estamos vivendo a vida digna de um obituário ou epitáfio como o de Abel? . “Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala.” - Hebreus 11:4 – Ou apenas uma vida que recebe o salário digno dela – Morte! Viver no pecado é ser um mercador da morte que acaba morto. “Le marchand de La mort est mort” – O mercador da morte está morto. Escolha o epitáfio de Abel.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O lugar mais importante na Igreja


Mauricio Zágari
Sim, existe um lugar mais importante na igreja. É o local onde, em geral, se senta quem mais importância tem em um culto público. Não fica no ponto mais visível, não é a cadeira de espaldar mais alto da plataforma nem os bancos onde se sentam os músicos do louvor. Também não é a poltrona do tesoureiro, a sala do administrador ou o cômodo onde se reúne o conselho de presbíteros. O gabinete pastoral tampouco é o lugar mais importante em uma igreja, bem como o banco mais próximo do púlpito. Não é, também, o tanque batismal ou a mesa da Ceia. Bem, se não é nenhum desses lugares… qual é?
Não há dúvidas de que Jesus é a pessoa mais importante em uma igreja, mas, como ele não habita mais aqui do que ali, sua onipresença o põe igualmente em todos os lugares do santuário ao mesmo tempo. Está tão presente na mesa da Ceia como naquele membro que come o pão e bebe o vinho. Ele está tanto no púlpito onde é ministrada a palavra quanto no meio do povo que a recebe. Pois a mesa da Ceia e o púlpito não têm razão de ser sem que haja quem ceie e quem ouça – logo, a importância do memorial está atrelada a quem se lembre da Cruz e a importância da proclamação está atrelada a quem a receba e viva por ela. Mas será que depois de Deus há uma segunda pessoa mais importante na igreja – e que ocupa, consequentemente, o lugar mais importante? Sim, há.
Mateus 25.31-40 relata: “Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda; então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.
Essa passagem deixa claro que Cristo associa sua imagem de modo íntimo à daqueles que mais precisam de socorro, amparo, auxílio, amor. Jesus associa Sua própria pessoa ao faminto e ao sedento (os desamparados), ao forasteiro (o que depende de orientações), ao nu (o que precisa desesperadamente de algo), ao enfermo (o aflito e fraco) e ao preso (o solitário e isolado). Em suma, infere-se que Jesus diz que sua presença se faz mais do que tudo naqueles que precisam de uma mão estendida, de socorro, de um ombro, de uma palavra de consolo e conforto. De amor. Minha experiência e a de qualquer irmão que tenha o cuidado de conversar com quem está no santuário antes de o culto começar mostra onde os tais costumam se sentar: no último banco.
O último banco – aquele mais escondido, onde se pode chorar sem que ninguém perceba, onde o desesperado e o aflito costumam sentir-se mais seguros. É o cantinho da igreja onde quem costuma se ver como indigno geralmente se refugia.
Portanto, para mim, o lugar mais importante na igreja é o último banco do santuário.
A razão de ser da Igreja é glorificar Deus. E isso se faz, acima de tudo, cumprindo o maior mandamento, ou seja, amando ao Senhor sobre todas as coisas e… ao próximo como a si mesmo. Portanto, no âmbito do relacionamento com Deus, a melhor forma de glorificá-lo é devotando-lhe amor, e isso se faz por meio da obediência (“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama”, disse Jesus em João 14.21a). Já no âmbito do relacionamento com o próximo, a melhor forma de dar glória a Deus é doando-se pelo outro, cuidando de suas feridas -  como Jesus deixa claro na parábola do bom samaritano, relatada justamente para explicar quem é nosso próximo.
E na igreja quem mais precisa ter suas feridas cuidadas em geral se abriga no último banco. Logo, se você quer glorificar Deus amando o próximo como a si mesmo, aqui vai uma dica: sempre concentre suas atenções em quem está sentado no fundo. Ali deve estar o nosso foco. Do púlpito e da mesa da Ceia vêm o aprendizado e a proclamação.  No último banco deve estar esse aprendizado sendo posto em prática. O Evangelho pregado de púlpito é a mensagem que desperta. O Evangelho praticado no último banco é a mensagem que despertou alguém.
Por isso, deixo aqui a minha sugestão: quando você chegar à igreja antes de o culto começar não vá direto bater papo com seus amigos ou sentar-se no seu lugar para ficar sem fazer nada até o início da celebração. Em vez disso, dirija-se a quem está no último banco. Sente-se ao seu lado. Pergunte seu nome. Apresente-se e pergunte como ele está. Ouça sua resposta. Ore com ele. Aconselhe. Apresente-o ao seu pastor. Convide-o para a comunhão. Dê atenção. Dê afeto. Dê a ele o de beber, o de comer, vista-o. O mesmo procure fazer ao final do culto. Você vai reparar que, geralmente, pessoas ficam ainda por algum tempo sentadas no último banco após a bênção final e a despedida. Provavelmente porque anseiam desesperadamente por algo mais. Seja você esse algo mais.  Leve afeto até elas. Visite-as no isolamento de seu banco.  Reflita Cristo para elas. Ame-as.
Sim, o último banco da igreja é seu lugar mais importante. Pois ali costumam estar as melhores oportunidades de praticar aquilo que é pregado no púlpito. Faça essa experiência. E você verá como é maravilhoso ocupar o lugar de maior honra que pode haver para um cristão dentro de uma igreja cristã: o lugar onde se estende a mão para o triste, o caído, o abatido, o pecador, o desesperado, o deprimido.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Mauricio

domingo, 7 de outubro de 2012

Grande é o Senhor


Fonte da imagem: downloadswallpapers.com

GRANDE É O SENHOR

KENNETH D. MACLEOD


Kenneth D. Macleod é o pastor da Free Presbyterian Church em Leverburgh, na ilha de Harris (Escócia).

Há um Deus, e podemos conhecê-lo; mas ele só pode ser conhecido porque se relevou. Ele fez isso nas coisas criadas. Quando contemplamos o mundo ao nosso redor e ao céus acima de nós, devemos concluir que seria impossível qualquer parte do universo ser trazida à existência sem a ação de um poder sobrenatural – de fato, pelo poder de Deus. Contudo, o homem contemporâneo se recusa a crer nesse fato, preferindo aceitar o mito da evolução. Sendo vítima de uma natureza caída, o homem não tem desejo de aprender sobre Deus. E devemos ver a obra de Satanás por trás de tudo isso, quando cega o entendimento humano.             
No entanto, o máximo que aprendemos sobre Deus por meio da criação é extremamente limitado. Ela não nos pode dar conhecimento sobre o livramento de nossa condição pecaminosa. Em misericórdia, Deus nos deu uma revelação mais profunda de si mesmo nas Escrituras – uma revelação que nos dá conhecimento suficiente sobre a salvação do pecado e da perdição eterna. Essas Escrituras, do começo ao fim, foram escritas sob a inspiração do Espírito Santo e, por isso, são totalmente dignas de confiança. Não têm qualquer tipo de erro, mesmo nos detalhes mais triviais. Também nesse assunto podemos reconhecer a cegueira do homem – para com a luz pura da Palavra de Deus – e os esforços de Satanás para cegar os olhos de pecadores em relação às verdades das Escrituras. Satanás anseia por cegar "o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo" (2 Co 4.4).
Deus estabeleceu sua Palavra como meio para dar verdadeiro conhecimento de si mesmo à humanidade, mas somente por meio da obra do Espírito Santo esse conhecimento pode ser proveitoso às almas daqueles que a ouvem e a lêem. E Deus designou a pregação da sua Palavra como meio de produzir bem espiritual na alma de pecadores. Muitos já entraram na vida eterna como resultado de chegarem, por meio da pregação, a conhecer "o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo", a quem ele enviou (Jo 17.3).
Deus é infinito; e, de acordo com isso, o conhecimento que podemos ter sobre ele é limitado. Por isso, Zofar pergunto a Jó: "Porventura, desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até à perfeição do Todo-Poderoso?" (Jó 11.7). Tudo a respeito de Deus é infinitamente maior do que podemos conhecer ou entender. Mas o conhecimento de Deus que as Escrituras proporcionam é exato. Deus se revelou de um modo que se adéqua ao nosso entendimento humano; porém, se o Espírito Santo não der nova vida à nossa alma, jamais responderemos com fé a este conhecimento.
Paulo desejou que os crentes efésios conhecessem "o amor de Cristo, que excede todo entendimento" (Ef 3.19). Ele desejou não somente que pecadores soubessem sobre o amor de Cristo para com um mundo perdido, mas também que pessoas experimentassem por si mesmas esse amor. Embora esse conhecimento seja limitado para o ser humano, o amor de Cristo é – como Paulo admitiu – muito maior e mais maravilhoso do que alguém possa compreender. Pensar na amplitude da glória da qual o Salvador veio e os sofrimentos que ele suportou neste mundo, incluindo a maldita morte na cruz, ajuda-nos a entender algo do amor que excede todo entendimento. Por essa razão, Paulo pôde dizer: "Conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos" (2 Co 8.9). Os crentes que residiam em Corinto tinham um conhecimento genuíno do amor e da bondade de Cristo, embora não pudessem sondar as profundezas nem medir a amplitude desse amor.
E podiam entender o amor de Cristo quando consideravam os seus frutos: particularmente o perdão dos seus pecados, o dom do Espírito Santo e sua obra de santificação, o suprimento de todas as necessidades deles nesta vida e, por fim, um lugar no céu. Cada instância da graciosa provisão de Cristo deveria aumentar no crente o senso de quão grande foi o amor eterno do qual a provisão fluiu, embora esse senso fique muito aquém da infinita plenitude do amor de Deus para com pecadores indignos. E, ainda que os santos na glória conheçam agora mais do que podiam assimilar quando estavam neste tempo, tudo a respeito de Deus permanece infinitamente maior do que eles podem agora conhecer ou entender.
A justiça de Deus é, igualmente, infinita. Podemos conhecê-la porque ele a revelou para nós, mas sua perfeição está além de nosso entendimento. Deus sempre lida com justiça quando se relaciona com suas criaturas, mas sua justiça se tornará especialmente óbvia no dia do juízo. E, na eternidade, essa justiça será evidente quando ele derramar sua ira sobre os ímpios e, por amor a Cristo, abençoar seus filhos. Deus fez uma demonstração singular de sua justiça quando tomou a culpa desses filhos e a colocou sobre seu Filho como substituto deles. A misericórdia infinita se encontrou com a justiça infinita de um modo que alcança nossa esfera de conhecimento, por meio da revelação, mas está além de nossa compreensão.
A sabedoria infinita de Deus é demonstrada na criação. A ciência tem feito muitas descobertas nos séculos recentes, em todas as áreas. E cada uma dessas descobertas mostra a capacidade do Altíssimo de idealizar o que é extremamente prático e belo – embora o homem, em sua cegueira, recuse freqüentemente reconhecer o Idealizador. No entanto, o plano de salvação revela muito mais quanto à infinita natureza da sabedoria de Deus! Ele nos ensina que o pecado merece sua ira e maldição para sempre, mas nenhuma criatura podia ter planejado como, em harmonia com a justiça de Deus, alguém poderia escapar da sua ira e da sua maldição eterna. Foi a sabedoria divina que planejou o meio pelo qual Deus podia ser justo quando fez provisão para a salvação de pecadores.
Sabedoria infinita também é mostrada na providência de Deus. Ele sabe tudo que está acontecendo, tudo que vai acontecer e tudo que poderia ter acontecido. E, dentre essas miríades de possibilidades, Deus escolheu, em sua sabedoria, o que mais contribuiria à sua glória. Não é surpresa que o Salmo 147 afirme: "O seu entendimento não se pode medir". Deus ordenou sabiamente que sua providência satisfaça seu propósito especial de reunir todos os seus eleitos, tirando-os de caminhos ímpios e conduzindo-os em segurança a um mundo melhor. Ali, todos eles verão – embora nunca perscrutarão totalmente a sabedoria que está por trás do agir de Deus com eles – que Deus os "conduziu... pelo caminho direito" (Sl 107.7).
O último atributo que consideraremos é o poder de Deus. O seu poder também é infinito; está além da capacidade de compreensão da mente humana. Podemos ver o poder de Deus na criação, mas, como podemos entender somente de maneira limitada a vastidão e as complexidades do universo, podemos entender apenas imperfeitamente o poder que foi necessário para trazer todas as coisas à existência e para mantê-las em existência. Todavia, devemos reconhecer que o infinito poder de Deus é manifestado de maneira mais maravilhosa na obra do Espírito Santo em regenerar pecadores espiritualmente mortos e dar continuidade à sua obra santificadora, até que eles sejam perfeitos e estejam, assim, preparados para o céu.
O poder de Satanás é grande, como o é o poder daqueles que fazem sua obra maligna. Precisamos apenas observar os meios de comunicação para obteremos um senso da prevalência da impiedade, da falsa religião e da incredulidade em nossos dias. Contudo, o poder de Satanás e dos ímpios, que se rendem à tentações de Satanás, é finito, é limitado. Embora seja um grande poder, não é nada se comparado com o ilimitado poder de Deus. Portanto, não precisamos ficar desesperados em qualquer situação, se estivermos em dependência de Deus. Jamais devemos desesperar-nos quanto à igreja, porque Deus cumprirá todos os seus propósitos e – por meio de sua sabedoria, graça e poder ilimitados – levará ao céu, com segurança, toda a vasta multidão de seus eleitos.
Como vimos, Deus se revelou na criação, porém mais plenamente na Bíblia. Visto que ele é infinitamente grande e glorioso, em todos os seus atributos, é nosso dever, como suas criaturas, receber sua revelação e sujeitar-nos a ele com todo o nosso coração – e crer em Cristo, que é o centro de toda a revelação das Escrituras. É igualmente nosso dever louvá-lo e adorá-lo, nesta vida, que é uma preparação para o louvor e a adoração infindos no céu. "Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado" (Sl 48.1).

Traduzido por: Wellington Ferreira.
Copyright:
© Kenneth D. Macleod
© Editora FIEL 2010.

Traduzido do original em inglês: Great is the Lord. Publicado originalmente no site da Editora The Banner of Truth.

Fonte: Editora Fiel http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=345

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Seu quarteirão, sua missão


Natanael Flávio De Moraes

Em uma determinada Igreja que trabalhamos há algum tempo atrás, tivemos a iniciativa de desenvolver um desafio bem interessante: “Jesus para o quarteirão!” Nada mais era do que um incentivo para que todos os crentes daquela igreja tivessem o entusiasmo de fazer uma visita aos seus vizinhos do quarteirão, deixar uma palavra de ânimo das Escrituras e convidar para um culto em uma data específica.

Essa igreja tinha, na maioria de seus membros, muitos idosos dos quais uma grande parte já fazia era da Igreja há um bom tempo. Foi muito bom ver a reação positiva daqueles irmãos e irmãs. Muitos atenderam ao desafio e proclamaram Jesus para o seu quarteirão. O mais interessante também foi ouvir de vários irmãos e irmãs que nunca tinham percebido que podiam fazer missões em seus quarteirões.

Quando Jesus disse em Marcos 16: 15: “ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura”, é preciso entender que a palavrinha “ide” indica “indo”. Ou seja, à medida que você for, você vai pregando o Evangelho. A partir daí temos uma boa indicação missionária. Onde o discípulo de Jesus estiver, as pessoas ao redor terão a oportunidade de ouvir e ver o evangelho da salvação.

A missão de pregar o Evangelho não pode ser uma exclusividade de alguns. Mas todos os crentes devem ter como exclusividade o viver e testemunhar o Evangelho. Não é preciso fazer um deslocamento longínquo para que se realize uma missão. A missão está a partir do local onde você se encontra.

Que tal começar hoje a fazer missões? Você não precisa realizar nada formal para isso. Basta ter um coração disposto a viver em Jesus, conscientizar de seu chamado para realizar sua função de agente do reino de Deus e estar sensível à direção do Espírito.

Sua missão começa a partir de seu coração. Trabalhe internamente em você pedindo ao Senhor para que te envolva nos projetos dele. Depois disso, veja que sua casa já é o seu primeiro campo missionário. Seu cônjuge, seus filhos, seus pais e toda sua família são as vidas que Deus te deu para falar e testemunhar de Jesus. E, depois, coloque o quarteirão como objeto de seu amor e do alcance do Evangelho. Depois disso você vai ver que já estará completamente envolvido com a missão do Reino. A alegria tomará conta de seu coração por compreender o seu papel no ministério de Cristo. Lembre-se: seu quarteirão, sua missão.

Fonte:http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/seu-quarteirao-sua-missao