terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Renovando as forças em Deus



Miguel Roberto Nogueira Andrade

A Bíblia narra um episódio, onde o rei Davi e os seus soldados haviam saído de Ziclague para uma batalha. Quando retornaram, os amalequitas tinham entrado naquela cidade e levado cativos as mulheres dos soldados, bem como seus filhos e filhas. Davi e seus homens viram ao longe, fumaça, pois, os inimigos haviam destruído completamente Ziclaque (I Sm 30). A Bíblia narra que Davi e o povo que estava com ele ergueu a voz e chorou, até não terem mais forças para chorar.


E Davi muito se angustiou, porque o povo falava em apedrejá-lo, porque todos estavam em amargura, cada um por causa de seus filhos e de suas filhas; porém, Davi se reanimou no Senhor ( I Sm 30:6).

Davi poderia ter entrado em desespero, diante de um quadro tão aterrador. Talvez não tivesse ele, como líder, uma palavra para consolar aqueles homens que haviam depositado nele total confiança e, agora, via-se diante de uma situação cuja impotência como líder estava evidenciada.

Diante de tal situação, não bastava Davi apresentar um pedido de desculpas ou qualquer coisa do gênero. Isso certamente não controlaria o sentimento de seus liderados, que num determinado momento transferiram a Davi a responsabilidade por aquela situação. Ou seja, o rei era absolutamente culpado por toda aquela tragédia e ele precisava ser punido - por isso eles pensaram em apedrejá-lo.

Certamente os sentimentos foram exteriorizados e Davi tinha tudo para entrar em desespero. Mas, não foi isto o que ele fez. O texto sagrado diz claramente que ele se "reanimou no Senhor". 

Enquanto todos estavam em total desânimo, Davi ergue-se totalmente confiante em Deus. Ele sabia que aquela situação poderia ser modificada, não se deixou alcançar pelo desespero da maioria, manteve o controle e ergueu a cabeça. Consultou a Deus, e saiu para a vitória!

Por vezes, nós enfrentamos - salvas as devidas proporções - situações semelhantes. A pergunta é: qual tem sido nossa atitude? Deixamo-nos alcançar pelo pessimismo da maioria ou colocamos nossa confiança total e irrestrita em Deus? O melhor a fazer é seguir o exemplo do rei Davi: consultar primeiro a Deus.

Você já tentou se reanimar em Deus? Já O consultou quando se viu diante de insolúveis problemas? Lembre-se do que Ele disse a Jeremias: "Clama a mim, e responder-te-ei e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes, que não sabes" (Jr 33:3).

Que o Altíssimo nos reanime quando precisarmos enfrentar nossas calamidades. 

Shalom!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A Geração do Eufemismo!


POR JOSEMAR BESSA

Vivemos em meio a toda espécie de eufemismos destruidores e por causa disso estamos em perigo contínuo de auto-engano. Gostamos de nomes bonitos para esconder o terrível!


1) Andamos na direção da falta de compromisso com a verdade e santidade  e chamamos isso  de tolerância.


2) Andamos em direção a desobediência e chamamos isso de liberdade.


3) Andamos em direção a superstição e chamamos isso de fé.


4) Andamos em direção a indisciplina e perda do auto-controle e chamamos isso de relaxamento - Dizemos: "você precisa relaxar!"


5) Andamos em direção a falta de oração, meditação na Palavra... e nos iludimos dizendo e pensando que escapamos do legalismo.


6) Andamos em direção ao mundanismo e impiedade e chamamos isso da liberdade que a graça traz, nos convencendo de que a graça nos libertou para sermos mais parecidos não com Cristo, mas com o diabo.


Podemos meditar diariamente sobre os temas mais relevantes, e até mesmo sentir algum prazer neles, enquanto nossas meditações não são nem agradáveis a Deus, nem de nenhum proveito para nós. O hábito de ouvir bons pregadores do evangelho, leitura consistente da Palavra... pode nos levar a uma montanha de pensamento evangélico... e todas essas coisas não passarem para nós de chuva de verão que cai sobre uma rocha estéril no deserto.


"Sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos" – Tiago 1.22 - é a voz de advertência da verdade revelada.


Como falamos antes, estamos em perigo contínuo de auto-engano. Davi disse:"eu cri, por isso falei." E Paulo, ao citar esta passagem, acrescenta, "Nós também acreditamos e, portanto, falamos." Por isso, o apóstolo exorta aos efésios convertidos a falarem a verdade em amor, que crescessem em Cristo em todas as coisas; sendo Ele o cabeça do corpo místico da igreja.


O princípio claro na Bíblia sobre isso para nós é:  "A árvore é conhecida pelos seus frutos" (Mt 12:33). Deus conhece, e por isso deseja que vejamos com clareza, a cegueira do coração humano e a exposição comum dele ao auto-engano.


Você pergunta: “Quem são os amigos de Cristo?” – E Cristo responde: "Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando" (João 15:14).
Você pergunta: "Quem são aqueles que amam o Redentor?" Ele mesmo responde: "Aquele que me ama, guarda os meus mandamentos" (João 14:23).


Você pergunta: "Como sabemos que possuímos um conhecimento salvífico do Redentor?" Você é informado que "Nisto sabemos que o conhecemos se guardamos os seus mandamentos" (I João 2:3).


Qual é a prova de hostilidade e desprezo por Cristo? Não são palavras duras de descrença – ela pode estar nas pessoas que diariamente oram, cultuam... O homem ama Cristo? Ele responde: Ele diz: "Aquele que não me ama, não guarda as minhas palavras" (João 14:24).  


Você quer saber os que estão enganados e que são enganadores? As Escrituras dizem: "Aquele que diz que ele o conhece e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele" (I João 2:4).

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O Ritmo da Fé

                                          Site da imagem:mariarebecapenia.com

John Piper

Quando estamos para morrer, tantas coisas da vida ficam diferentes. Muitas das antigas agitações nos parecem tolices. Quando estamos no leito de morte, 99% dos temores de nossa vida nos parecem ridículos.

Então por que não aprendemos isso agora? Nas palavras de Isaías 28:16, "aquele que crê, não se apressará". Confiar em um Deus amoroso e soberano remove todos os temores da nossa vida. Tenho um amigo, ele é pastor, e parece nunca estar com pressa, mas mesmo assim consegue fazer muitas obras. Quando as pessoas estão atrasadas, ele não perde tempo andando para lá e para cá. Quando um fusível queima no meio do culto, ele não fica inquieto ou irado. Quando as coisas não acontecem do jeito que ele quer em uma reunião de diretoria, ele não rói as unhas ou fica tenso. Você tem a impressão de que ele sabe alguma coisa que você não está sabendo. Como uma pessoa que já leu o livro e por isso sabe o final dele.

Seu segredo é Isaías 28:16, "aquele que crê, não se apressará". Crê no que? Que Deus é Deus, e sempre trabalha por aqueles que confiam nele. Se Deus trabalha por nós quando as pessoas estão atrasadas, quando os fusíveis queimam e quando as reuniões não acontecem do jeito que esperamos — se Deus está sempre trabalhando para que todas as coisas cooperem para o nosso bem, então por que ficamos inquietos? Por que o nervosismo? Por que a pressa?

Quando Paulo diz: "A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim", ele quer dizer: "A cada momento, tenho a confiança de que o amor que levou Jesus à cruz para se entregar por mim, ainda está se movendo hoje, a fim de operar as circunstâncias para o meu bem". Por isso, Paulo pôde dizer, "aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância". (Filipenses 4:11). Ele acreditou no poder presente e na bondade de Deus, portanto, ele não tinha pressa: sem inquietação, sem nervosismo.

A pressa gera perdas. Perda da paz. Perda da saúde. Perda da alegria. O Senhor nunca está com pressa, pois Ele tem todas as coisas sob o Seu controle. Seu povo deveria ser marcado por um poder constante! Nós o desonramos com nossa inquietude. Os filhos do rei não entram em pânico quando perdem suas chaves.

Imagine um sargento do exército de Israel no Mar Vermelho enquanto Faraó vem se aproximando. Ele está muito apressado e inquieto, voando para preparar uma frota, organizando as equipes para buscar madeira e corda e ferramentas, ficando acordado até tarde, se atormentando por causa dos trabalhadores preguiçosos, lamentando-se pelo trabalho mal feito. Então, de manhã cedo, uma grande dor aperta o seu peito, seu braço esquerdo fica dormente e ele sente náuseas. Seus trabalhadores o carregam para sua tenda no topo da montanha. E a última coisa que ele vê é a água do Mar Vermelho se abrir por um sussurro divino e as pessoas atravessando o mar em segurança, deixando sua frota para trás.

Igreja, Igreja! O Teu Deus não dorme ou cochila. Não se inquiete ou fique ansioso. Teu Pai sabe o que você precisa antes que você peça. Ele está agora mesmo trabalhando por você. Confie nele. Mantenha-se num ritmo constante. Pois "aquele que crê, não se apressará".

No ritmo pela fé,

Pastor John


John Piper é um dos ministros e autores cristãos mais proeminentes e atuantes dos dias atuais, atingindo com suas publicações e mensagens milhões de pessoas em todo o mundo. Ele exerce seu ministério pastoral na Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis, MN, nos EUA desde 1980.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

2013 sem tirar Deus de cena


Elben M. Lenz César

Quando as universidades de Oxford, na Inglaterra, de Paris, na França e de Bologna, na Itália, foram fundadas no século 12, a teologia era tida como a rainha das sete ciências ali estudadas.

A relevância de Deus foi perdendo terreno progressivamente. A começar com o advento do Iluminismo e seus expoentes, como Voltaire, Jean-Jacques Rousseau e Immanuel Kant, todos do século 18. Eles não chegaram a negar a existência de Deus, mas abraçaram o deísmo – “a crença num Deus que, como um grande relojoeiro, criou um universo mecânico, deu-lhe corda e depois o deixou entregue à própria sorte, permitindo que trabalhasse de acordo com as leis naturais sem jamais nele intervir” (Tim Dowley). Nessa chamada “Era da Razão”, os intelectuais europeus estabeleceram a razão como árbitro derradeiro de todos os assuntos, desbancando a Bíblia e a doutrina cristã. A fé se enfraquecia e a razão se fortalecia. Mais tarde, no século seguinte, William Gladstone, várias vezes primeiro ministro inglês, diria que essa perda da fé religiosa era “a mais indizível calamidade que poderia abater-se sobre um homem ou sobre a nação”. Eugene Peterson, autor da mais recente paráfrase da Bíblia, afirma categoricamente: “Se tirarmos Deus de cena, substituindo-o por nosso próprio autorretrato cruamente delineado, trocaremos a aspiração em ambição e acabaremos nos tornando arrogantes”. Ele diz ainda que “ser cristão significa aceitar Deus como nosso Criador e Redentor”, pois Deus “é a realidade central de toda a nossa existência”.

A verdade é que, mais cedo ou mais tarde, tudo vai desmoronar ao redor de quem tira Deus de cena. E para sabermos bem o que é desmoronamento – queda dramática de algo construído –, basta que nos lembremos do desmoronamento da imponente estátua de Nabucodonosor. Ela foi derrubada, despedaçada e tornada pó – pó que o vento levou sem deixar nenhum sinal (Dn 2.31-35). Outro exemplo bem mais dramático é o desmoronamento
dos dois edifícios mais altos do “World Trade Center”, em Nova York, ambos com 110 andares, que caíram em menos de 100 minutos, matando quase 3 mil pessoas (entre elas 658 funcionários de uma única empresa).

Quando Deus é colocado fora de cena:

• Perde-se o rumo e perguntas cruciais – quem sou? De onde vim? para onde vou? – ficam sem resposta.
• A vida termina com a morte somatopsíquica e não se pode ter a menor esperança para o além-túmulo.
• Jogam-se fora todas as esperanças cristãs até então acumuladas e guardadas, como a ressurreição dos mortos, a morte da morte, a extinção do pecado, o reino de justiça e paz pelo qual sempre ansiamos, a plenitude da glória de Deus e o advento de novos céus e nova terra.
• Tudo aquilo que sempre teve valor e era tratado com respeito é desprezado: a Bíblia como a Palavra de Deus, o batismo, a Santa Ceia, o Natal, a Semana da Paixão, a confissão, o perdão de pecados.
• Perde-se o paradigma de comportamento baseado no Decálogo e nas Escrituras, que prevê o relacionamento da criatura com o Criador, com a criatura e com a criação.

Se neste 2013, que desponta com o nascer do sol do dia primeiro de janeiro, continuarmos a colocar Deus fora de cena, estaremos dando mais alguns passos em direção ao inevitável desmoronamento de tudo que nos cerca. Só então reconheceremos que tudo aquilo que inventamos para compensar a ausência de Deus era como cisternas tão furadas que pareciam verdadeiras peneiras (Jr. 2.13).

Quem sabe, tomaremos a decisão de viver 2013 sem tirar Deus de cena!


Elben M. Lenz César
Diretor-fundador da Editora Ultimato e redator da revista Ultimato, Elben César é autor de, entre outros, Mochila nas Costas e Diário na MãoPara Melhor Enfrentar o SofrimentoConversas com LuteroRefeições Diárias com os Profetas MenoresA Pessoa Mais Importante do MundoHistória da Evangelização do Brasil Práticas Devocionais. Ex-presidente da Associação de Missões do Terceiro Mundo e fundador do Centro Evangélico de Missões, do qual é presidente de honra, é também jornalista e pastor emérito da Igreja Presbiteriana de Viçosa.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Uma vez só te bastaria?


 POR JOSEMAR BESSA


Um pastor erudito, assistindo a um ancião cristão em vida humilde, quando estava em sua última enfermidade, observou que a passagem em Hebreus 13.5,"Nunca o deixarei; nunca o desampararei", era muito mais enfática na língua original do que em nossa tradução, por conter não menos que cinco negativas em prova da validade da promessa divina, e não meramente duas, como aparece na versão em português. A resposta do homem foi muito simples e impressionante. "Não duvido, senhor, que você tenha toda a razão, mas eu lhe posso assegurar que se Deus tivesse falado apenas uma vez, eu teria acreditado nele do mesmo modo."



Quando Deus afirma que nunca irá nos deixar, é evidente que essa promessa de estar presente significa mais do que a Sua simples Onipresença que chega sobre todas as suas criaturas. A Sua onipresença sustenta a existência de todas as suas criaturas, mas não assegura a felicidade delas, pois o mais miserável pecador sem qualquer comunhão com Deus pode dizer como Davi: “Se eu fizer a minha cama no inferno, lá Tu estarás” 



Essa declaração também é maior que Sua simples Providência pela qual Deus faz nascer nascer o sol e cair a chuva sobre seus filhos e seus inimigos. Aqui Ele não está falando apenas de uma presença generosa, mas de uma presença GRACIOSA, fundamentada nas disposições do pacto da Graça. Deus não abandonará Seu Filho, a cabeça do corpo que é a igreja, e, portanto, Ele jamais irá renunciar a qualquer um dos que fazem parte do Seu Filho, por causa do Seu Filho, porque nEle Ele está totalmente satisfeito.



Podemos então começar o ano orando como Robert Cecil (1563-1612): “O Senhor, dá-me as aflições que desejares, exceto o teu olhar de censura e desprazer, pois em tudo desejo viver para tua glória; dá-me qualquer aflição necessária, mas me dê juntamente o teu sorriso, pois sem ele um dia a mais seria fútil para mim” – ou dizer ousadamente como Spurgeon“A escuridão de tristeza tem muitas vezes se revelado apenas "a sombra da asa de Deus quando ele se aproximou para abençoar."