POR JOSEMAR BESSA
“Por que Deus permite isso? Por que Deus não faz aquilo? Por que Deus não me cura? Por que não salva meu casamento?...
Ouvimos essas frases constantemente, e, quem sabe, já as fizemos nos recantos de nossos corações sem perceber quanta arrogância estão na raiz dessas perguntas. Todas essas perguntas fluem de um senso de direito e de merecimento diante de Deus. Que tipo de resposta esperamos de Deus?
Uma mulher cuja filha tinha um espírito imundo, um dia se jogou aos pés de Jesus e pediu que Ele a libertasse... A resposta de Jesus foi: “Mas Jesus disse-lhe: Deixa primeiro saciar os filhos; porque não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Ela, porém, respondeu, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos.” - Marcos 7:27-28
Que resposta! Em nossa cultura somos ensinados a reivindicar nossos direitos. Em vez de agradecermos o dom da vida, é mais comum dizer: “Não pedi para nascer... então eu tenho direito há...´- Respostas como a dessa mulher não é comum nem entre aqueles que dizem ter sido convertidos. Achamos que o mundo e até mesmo Deus está em dívida conosco. Então podemos exigir nossos direitos. Gostamos de ficar de pé sobre nossa própria “dignidade” e senso de “bondade” e com base nisso fazer exigências. “Tenho direitos...” – Esta mulher não está falando de direitos aqui. Ela não está dizendo – “Me dê com base no que eu mereço, com base na minha dignidade, com base na minha bondade...”
A verdadeira fé demonstrada por esta mulher é algo raro em nossos dias... o que é desesperador reconhecer... porque o que será dessa geração?
Jesus disse: “...não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.” – Se você é como a maioria das pessoas de nossa geração, sua primeira reação a resposta seria de irritação e se sentiria ofendido em sua “grande dignidade” – Sua sensibilidade, que por causa do orgulho, está sempre a flor da pele, logo se ofenderia profundamente. Podemos imaginar as falas e questionamentos que se seguiriam: “Como você se atreve?” “Você sabe quem eu sou?” “Por que você não se importa comigo?” “Você é um homem sem amor?” “Quem você pensa que é?” “Eu mereço isso!” “Minha filha merece isso” “Não merecemos esse sofrimento” “Somos de uma boa família” “Como você pode responder assim?” “Você como um mestre deveria ser bom!”...
Mas esta mulher está pleiteando com Jesus a cura, a libertação de sua filha baseada só na graça, mesmo sabendo que ela e sua filha não merecem isso. Quantas vezes suas orações por salvação, cura... derivam do seu senso de valor, do seu senso de direitos negligenciados... do que apelando apenas para a bondade imerecida de Jesus? Se apelamos só para a bondade e graça imerecida, não nos ofendemos com qualquer resposta que venha de Deus. Essa mulher apela para Cristo sem um resquício de fazê-lo baseada em sua dignidade ou direitos, mas tão somente com base na Graça extravagante de Cristo.
A maioria teria deixado ofendido a presença de Cristo com sua primeira resposta: “...não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.” – "Como Deus poderia me responder assim?" Falamos em nosso corrompido senso de dignidade e merecimento.
Mas a verdadeira fé sempre vai a Deus baseada no que Deus é e não no que nós somos. Qualquer resquício de mérito, merecimento, dignidade... denuncia uma fé falsa.
Deus não lhe deve nada, mas pode lhe dar tudo tão somente para e por causa da glória de Cristo.
“Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” - Romanos 11:35-36