sexta-feira, 26 de abril de 2013

“Por que Deus permite isso?"


POR JOSEMAR BESSA


“Por que Deus permite isso? Por que Deus não faz aquilo? Por que Deus não me cura? Por que não salva meu casamento?...

Ouvimos essas frases constantemente, e, quem sabe, já as fizemos nos recantos de nossos corações sem perceber quanta arrogância estão na raiz dessas perguntas. Todas essas perguntas fluem de um senso de direito e de merecimento diante de Deus. Que tipo de resposta esperamos de Deus?

Uma mulher cuja filha tinha um espírito imundo, um dia se jogou aos pés de Jesus e pediu que Ele a libertasse... A resposta de Jesus foi: “Mas Jesus disse-lhe: Deixa primeiro saciar os filhos; porque não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Ela, porém, respondeu, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos.” - Marcos 7:27-28

Que resposta! Em nossa cultura somos ensinados a reivindicar nossos direitos. Em vez de agradecermos o dom da vida, é mais comum dizer: “Não pedi para nascer... então eu tenho direito há...´- Respostas como a dessa mulher não é comum nem entre aqueles que dizem ter sido convertidos.  Achamos que o mundo e até mesmo Deus está em dívida conosco. Então podemos exigir nossos direitos. Gostamos de ficar de pé sobre nossa própria “dignidade” e senso de “bondade” e com base nisso fazer exigências. “Tenho direitos...” – Esta mulher não está falando de direitos aqui. Ela não está dizendo – “Me dê com base no que eu mereço, com base na minha dignidade, com base na minha bondade...”

A verdadeira fé demonstrada por esta mulher é algo raro em nossos dias... o que é desesperador reconhecer... porque o que será dessa geração?

Jesus disse: “...não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.” – Se você é como a maioria das pessoas de nossa geração, sua primeira reação a resposta seria de irritação e se sentiria ofendido em sua “grande dignidade” – Sua sensibilidade, que por causa do orgulho, está sempre a flor da pele, logo se ofenderia profundamente. Podemos imaginar as falas e questionamentos que se seguiriam: “Como você se atreve?” “Você sabe quem eu sou?” “Por que você não se importa comigo?” “Você é um homem sem amor?” “Quem você pensa que é?” “Eu mereço isso!” “Minha filha merece isso” “Não merecemos esse sofrimento” “Somos de uma boa família” “Como você pode responder assim?” “Você como um mestre deveria ser bom!”...

Mas esta mulher está pleiteando com Jesus a cura, a libertação de sua filha baseada só na graça, mesmo sabendo que ela e sua filha não merecem isso. Quantas vezes suas orações por salvação, cura... derivam do seu senso de valor, do seu senso de direitos negligenciados... do que apelando apenas para a bondade imerecida de Jesus? Se apelamos só para a bondade e graça imerecida, não nos ofendemos com qualquer resposta que venha de Deus. Essa mulher apela para Cristo sem um resquício de fazê-lo baseada em sua dignidade ou direitos, mas tão somente com base na Graça extravagante de Cristo.

A maioria teria deixado ofendido a presença de Cristo com sua primeira resposta: “...não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.” – "Como Deus poderia me responder assim?" Falamos em nosso corrompido senso de dignidade e merecimento.

Mas a verdadeira fé sempre vai a Deus baseada no que Deus é e não no que nós somos. Qualquer resquício de mérito, merecimento, dignidade... denuncia uma fé falsa.

Deus não lhe deve nada, mas pode lhe dar tudo tão somente para e por causa da glória de Cristo.

“Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” - Romanos 11:35-36

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Aprender a esperar


Por Taís Machado

Em tempos de ansiedades avassaladoras, onde fantasmas assustam, supostas ameaçam enxergo, a insegurança grita, eu preciso aprender a esperar.
Vivendo na era da velocidade, onde tudo pede pressa, urgências saltitam a minha frente e embaralham minha vista, a aceleração contínua pressiona e sinto-me atropelada, eu preciso aprender a esperar.
Na época onde o instantâneo é exigência básica, o imediatismo comanda desejos e dita ritmos, quando poucas horas se tornam eternidade angustiante, eu preciso aprender a esperar.
Numa sociedade onde o acúmulo é regra, onde conquistas são vitrines, onde ter ou parecer vale mais do que ser, eu preciso aprender a esperar.
Quando o contexto é de uma suposta perfeição, onde o belo é padronizado, a ditadura da moda se instala com força, e o que não está pronto é desprezado, eu preciso aprender a esperar.
Eu preciso aprender não o desespero da fome, mas a oportunidade de ser saciada e encontrar calmaria.
Diante de dias maus que me arrancam lágrimas, que esfolam uma esperança enfraquecida pela dor prolongada, que furtam o sono que já foi tranquilo, eu preciso aprender a esperar.
Esperar a noite da alma passar, o dia amanhecer, os raios de luz mostrarem novas perspectivas e renovarem os passos outrora cansados.
Eu quero aprender a esperar, com toda esperança, a alegria que pode vir, que voltará após o amanhecer.
Esperar que as lágrimas sejam secadas e que um caminho para novos risos se abram, e a celebração seja maior que antigos lamentos.
Esperar por uma volta definitiva, daquele que assegurou-me um novo mundo, falou sobre a cura das nações, de um brilho eterno, onde não mais haverá espaço para noite, para assaltos, violências, injustiças, apenas um dia sem fim, sol da eternidade.
Eu preciso aprender a esperar. Esperar a libertação das ilusões, esperar a novidade de vida. Enquanto espero, aprender. Aprender a conhecer e me solidarizar com as noites de tantos. Aprender com minhas fragilidades e oferecer suporte ao necessitado, não porque eu seja melhor, mas porque espero o melhor. Nessa esperança me reparto, e sou misteriosamente acrescida. O que me estimula a aprender melhor, a viver atenta, a observar as estrelas, os sinais dos tempos, a me aproximar em esperança viva.
Ensina-me, Senhor.

Fonte:http://ultimato.com.br/sites/taismachado/2013/04/22/aprender-a-esperar/

quarta-feira, 17 de abril de 2013

A Ciência foi longe demais? ( Ciência ou superstição? )




Sir John Eccles (27 janeiro de 1903 - 2 de Maio de 1997), neurofisiologista, ganhador do prêmio Nobel por seu trabalhos sobre sinapse e pioneiro em pesquisas sobre o cérebro, disse: "A lei da gravidade não era a verdade final",e passou a explicar como muitos cientistas modernos transformaram a disciplina (a ciência) em uma "superstição" afirmando que "nós só temos que saber mais sobre o cérebro para entender a nós mesmos e nossa importância.”

Sir John Eccles

Eccles conclui: "A ciência não pode explicar a existência de cada um de nós como um ante, um ser, uma pessoa única, nem pode responder a tais questões fundamentais como:

Quem sou eu?
Por que estou aqui?
Como cheguei a estar em um determinado lugar e tempo?
O que acontece depois da morte?

Estes são todos  mistérios além da ciência.” Então a acusação de Eccles é:  “A Ciência foi longe demais em tentar suprimir ou destruir a crença do homem na sua grandeza espiritual e deu-lhe a crença de que ele é apenas um animal insignificante que veio a surgir por acaso, sendo então completamente insignificante sua existência, estando perdido num planeta insignificante na imensidão cósmica.”

sábado, 13 de abril de 2013

Oração ou deboche?



Muitas vezes oramos: “não nos deixes cair em tentação...” – e ao mesmo tempo direcionamos nossos pés para o caminho da tentação. Fazer isso é transformar a oração em deboche.

Jonathan Edwards (1703-1758) disse certa vez que “o pecado transforma o coração em um incêndio.” Você não pode ir brincar com o fogo e antes fazer uma oração a Deus pedindo que o impeça de se queimar.

Só está orando verdadeiramente aqueles que conhecem o poder da tentação e tem em Deus uma dependência sincera que brota de um desejo verdadeiro de ser santo.

John Newton (1725-1807) disse certa vez que a ação de Satanás sobre o coração pode ser ilustrada pela ação do vento sobre o mar. O mar, muitas vezes, parece suave,  mas ele está sempre disposto a inchar e se tornar bravio, obedecendo ao impulso de cada tempestade.

Assim, o coração pode estar às vezes silencioso, mas o vento da tentação vai despertá-lo em um instante... um coração sem o cuidado divino é instável e flexível como a água, como o mar... sua violência, quando agitado pelo vento, só pode ser controlada por aquele que pode dizer ao mar revolto: “Aquieta-te!”

Eis a razão porque é impossível pedir a Deus que o livre de cair em tentação, enquanto se procura oportunidades, lugares... para que o contrário aconteça.
Ao dizer que o pecado transforma o coração num incêndio, Jonathan Edwards diz que nunca houve um incêndio que tenha dito – “Já queimei o suficiente, eu estou bem agora”.

Do mesmo modo – temos que saber -  nunca houve ou haverá um coração pecaminoso dizendo: Já tive sucesso o bastante... Já tive luxúria o suficiente... já tive mundanismo o suficiente... Não!! Quanto mais combustível você colocar no fogo, mais quente e forte ele queima, e quanto mais ele queima, mais ele precisa de combustível, mais oxigênio sugará e desejará... a única coisa a ser feita é cortar o oxigênio, cortar todo o combustível: “Portanto, não sejais seus companheiros. Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” – Efésios 5.7-8.

                                                             Josemar Bessa

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Negros e africanos amaldiçoados?

Nota de esclarecimento e repúdio quanto à suposta maldição sobre negros e africanos

A Aliança Evangélica vem a público para repudiar o uso inadequado das Escrituras Sagradas, a Bíblia, juntamente com as interpretações e afirmações daí decorrentes, especificamente as feitas quanto a supostas maldições existentes sobre africanos e negros.

Afirmações desta natureza são fruto de leitura mal feita de parágrafos bíblicos, tomados fora do seu contexto literário e teológico, que acabam por colaborar com os interesses de justificar pensamentos e práticas abusivas, contrárias ao espírito da Palavra de Deus, cujo foco está na Justiça, na Libertação e na promoção da Vida e Dignidade Humana.
O texto em questão, que tem servido de pretexto para declarações insustentáveis, tanto em púlpitos, redes sociais, na tribuna do Parlamento e até protocoladas junto à Justiça Federal, sob o manto da imunidade parlamentar, versa sobre o significado da passagem bíblica encontrada no Livro de Gênesis capítulo 9, versos 20 a 27.

Nessa passagem Noé, embriagado, despe-se e assim é surpreendido por seu filho Cam que, ao invés de manter a discrição e o respeito devidos ao pai, o anuncia aos seus irmãos; estes se recusam a ver o pai nesse estado e, sem olhar para ele, cobrem-no com uma manta. Desperto Noé, ao saber da postura de seu filho Cam, amaldiçoa seu neto Canaã, filho de Cam, destinando-lhe a servidão.

O equívoco em questão dá a entender que a maldição proferida pelo patriarca bíblico contra Canaã, seu neto e filho de Cam, atinge os seres humanos de tez negra que habitaram, originariamente, o continente africano, o que explicaria os vários infortúnios em sua história passada e presente, culminando no longo período em que foram feitos escravos no Ocidente; e que o ato de Cam em ver a nudez de seu pai, mais do que um desrespeito, indica um ato de violação sexual por parte de Cam.

Queremos salientar enfatica e categoricamente:

1. Cam teve outros filhos: Cuxe, Mizraim e Pute, e somente Canaã foi amaldiçoado.

2. Embora o comportamento inadequado descrito no texto bíblico tenha sido o de Cam, filho de Noé, o objeto específico da maldição foi Canaã, o neto de Noé. [Segundo Orígines, um dos pais da Igreja, do século 3, Canaã foi quem avisou seu pai sobre a situação do seu avô, publicando o que deveria ter mantido sob reserva]. Amaldiçoar, no senso bíblico, não determina a história, mas descreve a consequência da quebra dum princípio estabelecido pelo ato desrespeitoso; portanto, significa a percepção de efeitos e desdobramentos de um comportamento específico. Ou seja, a postura de Cam e de seu filho Canaã estabelece um padrão comportamental que resultaria numa situação de inversão paradoxal, onde alguns dentre os descendentes de Canaã se tornariam dominados e serviçais dos seus irmãos.

3. Canaã, neto de Noé, foi habitar e estabeleceu-se na região a oeste do rio Jordão, até a costa do Mediterrâneo (sudoeste da Mesopotâmia), onde os descendentes de Canaã desenvolveram práticas absurdas, inclusive o sacrifício de crianças, e não no continente africano!

4. É de entendimento entre os teólogos especialistas no Velho Testamento que a maldição profética de Noé sobre Canaã foi cumprida quando da conquista da região povoada pelos descendentes de Canaã, os cananeus, por parte dos filhos de Jacó, sob o comando de Josué há mais de três milênios.

5. A maldição proferida sobre Canaã pelo seu avô Noé significou uma percepção e discernimento sobre uma tendência comportamental de um grupo humano, antevendo o resultado de uma corrupção cultural e civilizatória específica e localizada, e em consequente servidão, e de modo nenhum faz referência à cor da sua pele.

6. Não há nada, absolutamente nada, nem neste texto bíblico em foco nem na Escritura como um todo, que indique qualquer maldição sobre negros e africanos, e muito menos algo que justifique a escravidão.

7. O texto bíblico precisa ser lido em seu contexto imediato e considerado à luz da totalidade da Escritura, como saudáveis práticas de interpretação bíblica nos ensinam. De acordo com o próprio capítulo 9 de Gênesis, verso 1 e seguintes, é indicado que o desejo de Deus e sua promessa visam abençoar, dar vida, alimento e todo o necessário para o desenvolvimento de todos os descendentes de Noé, seus filhos e de toda a família humana. A declaração divina de abençoar a Noé e seus descendentes é firme e abrangente, e não pode ser contestada ou reduzida pela declaração relativa e descritiva de Noé a respeito de seu neto.

8. Deus reafirma o desejo de abençoar a toda a humanidade, a todas as famílias da terra, raças e etnias no episódio descrito na sequência da narrativa bíblica, quando da vocação de Abrão (Genesis 12), intenção que tem seu ápice e culminância na pessoa, vida e ministério de Jesus e continuado em curso na Igreja. Em Cristo, toda maldição é destruída e uma Nova Criação é estabelecida, sendo chamados a participar deste novo concerto todas as nações, etnias, raças, povos e famílias de todas as terras e da Terra toda, sendo revogadas assim todas as maldições e oferecida salvação a todas as pessoas.

9. A alegada violação sexual de Cam a Noé não é sustentada pelo texto. A citação do texto da lei de Moisés que chama a violação de descobrir a nudez não dá suporte a tal alegação, uma vez que os verbos usados são diferentes na raiz e no significado: no primeiro caso, trata-se de observação a distância; e, no segundo caso, trata-se de ato deliberado contra outrem.

10. Toda vez, na história, que esse texto foi aventado a partir dessa hipótese vulgar, tratou-se de ato de má fé a serviço de interesses escusos, seja quando usado para justificar a escravidão de ameríndios no Brasil colonial, seja quando usado para justificar a escravidão dos africanos de tez negra, seja quando utilizado para a elaboração de sistemas legais de segregação social como o que ocorreu nos Estados Unidos, seja quando usado para justificar a política nefasta e mundialmente condenada do “apartheid”.

Tal leitura equivocada da Escritura corre o risco de ser vista como suspeita de esconder outros interesses de natureza política, econômica e de dominação social e religiosa. Não há nenhum apoio bíblico para defender qualquer maldição sobre negros ou africanos, que fazem parte, igualmente e em conjunto, da única família humana.

Lamentamos o equívoco provocado por tal vulgarização do texto bíblico, bem como a banalização quanto ao conteúdo de nossa fé, assim como repudiamos qualquer tentativa, intencional ou não, de uso inadequado do texto para quaisquer fins que não o de promover a vida, a libertação e a justiça, como a própria Escritura expressa muito bem.

Brasil, 07 de abril de 2013.

Aliança Cristã Evangélica Brasileira

Nota:
Publicado originalmente no site da Aliança.

Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/negros-africanos-amaldicoados

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Quando Deus Responde as Orações?


 John Piper

John Piper é um dos ministros e autores cristãos mais proeminentes e atuantes dos dias atuais, atingindo com suas publicações e mensagens milhões de pessoas em todo o mundo. Ele exerce seu ministério pastoral na Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis, MN, nos EUA desde 1980.


1 João 3:22–23

E aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável. Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou.

Deus responde a oração de pessoas que guardam os seus mandamentos. Seus mandamentos se resumem nestes dois: 1) que creiamos no nome de Jesus, e 2) que nos amemos uns aos outros.


Portanto, Deus responde as orações de pessoas que creem em Seu Filho e que se amam.

Isso poderia significar duas coisas:

1. Que crer em Jesus e amar as pessoas é uma forma de tornar-se merecedor das respostas às orações. Isso não é verdade. Em primeiro lugar, porque você não se torna merecedor de nada por crer. Merecer algo é uma forma de mostrar o meu valor e colocar Deus em débito comigo. Isso não pode ser feito. Ele já é dono de tudo, e qualquer valor que eu tenha em mim é uma dádiva dEle. Você não pode ganhar algo de Deus dessa forma. Se você deseja Suas dádivas, você deve acreditar que elas são melhores do que qualquer outra e então confiar que Ele as dará gratuitamente àqueles que buscam servi-lO e não, o mundo.

Em segundo lugar, amar as pessoas não faz de você merecedor das bençãos de Deus, porque o amor já é uma obra de Deus em nós e não uma obra autossuficiente nossa por Ele. João ensina claramente que o amor é a evidência do dom da vida e não a retribuição ou pagamento pela vida.
O que João quer dizer quando ele fala que Deus responde as orações de pessoas que creem em Seu Filho e que se amam?

2. Ele quer dizer que a oração tem um desígnio, e se você não usá-la da forma correta, ela não "funciona" da forma correta. Qual é o desígnio da oração? A oração é projetada por Deus para ser o efeito da fé e a causa do amor.

Portanto, se nós tentarmos orar quando não cremos de verdade no nome do Seu Filho, a oração não "funciona" da forma que deveria. E se nós tentarmos orar quando nosso alvo não é amar, a oração também não "funciona" do jeito certo.


É por isso que "aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos". Não porque guardar Seus mandamentos nos faz merecer respostas de oração, mas porque a oração é projetada para dar poder no caminho da obediência. A oração é a forma através da qual Deus se coloca à nossa disposição quando estamos transbordando em amor pelos outros. Oração é o poder de amar. Portanto, se nosso objetivo não é amar, oramos em vão. A oração não é projetada para aumentar prazeres acumulados.

A oração é uma maneira de chamar Deus para estar do nosso lado ao fazer o que Jesus veio para fazer. "Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar a nossa vida pelos irmãos." (1 João 3:16). É por isso que crer em Jesus e amarmos uns aos outros estão ligados como a forma de termos nossas orações respondidas. Crer em Jesus significa que nós admiramos a forma como Ele viveu e queremos ser como Ele. Você não pode crer em alguém e achar que a forma como essa pessoa viveu foi tola. Então, crer em Jesus necessariamente nos levará a amar os outros da forma como Ele amou. Crermos no nome de Jesus e amarmos uns aos outros são praticamente uma coisa só.

E já que Deus estava totalmente com Jesus com todo Seu poder e deu a ele toda a ajuda de que ele precisou, Ele também estará conosco quando nós crermos em Jesus e amarmos como Jesus amou. Então a razão pela qual Deus responde as orações daqueles que creem no nome de Jesus e amam os outros é que Deus ama exaltar Jesus.

Pela glória de Jesus e o poder de sua oração,

Pastor John.

Traduzido por: Isabella Vasconcelos


Fonte: Desiring God

Via:http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=480

terça-feira, 2 de abril de 2013

Altar do Bezerro


Jesse Campos

Jesse Campos é pastor titular da Igreja Batista de Bragança desde 1987. É bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo; possui mestrado em Divindade pelo Southwestern Theological Baptist Seminary (USA) e em Filosofia pela Baylor University (USA), e Unicamp. É doutor em Ministério na área de Apologética pela Baylor University (USA). Jesse é casado com Patricia Campos, com quem tem duas filhas.

Gilbert K. Chesterton apontou que o problema do homem que não crê em Deus, não é que ele tenha parado de crer, mas sim que esse homem crê em qualquer coisa. Moisés subiu ao monte Sinai para receber a Lei de Deus. Mas, como Moisés demorou a retornar, o povo israelita decidiu construir um bezerro de ouro. Ao regressar, Moisés encontrou o povo cultuando tal bezerro (Êxodo 32). O fato é que ou o ser humano cultua a Deus ou ele se devota a algum bezerro que lhe pareça reluzir. Toda pessoa tem um lugar supremo, e apenas um, no centro do seu ser e existência. Esse lugar é na verdade um altar - um altar último. E ao ocupar esse altar o ser humano oferece sua maior devoção - sua vida. A questão não é se alguém tem ou não tem esse altar. A questão é o que está nesse altar - Deus ou um bezerro de ouro?

O ser humano não consegue viver sem algo que dê significado ao seu ser e existência. Ele precisa de algo que lhe provoque uma antecipação de realização e satisfação. A vida se torna vazia e insuportável sem esse valor. O altar não pode ficar vazio. Mas, nessa necessidade inevitável, contida ou expressa, um erro é comumente cometido. O ser humano concede uma dimensão última àquilo que é contingente e fortuito, buscando em algo que é menor que a vida o "atender" o anseio da alma ao invés de buscar no que é maior que a vida... e morte. O ser humano transveste de Deus aquilo que não é Deus. É um trágico equívoco. Da sua profunda experiência com esse drama, Blaise Pascal alertou que o abismo do vazio interior "pode ser preenchido apenas por um objeto infinito e imutável, em outras palavras, por Deus".


Jacques Ellul, professor de Sociologia e História na Universidade de Bordeaux, falecido em 1994, apontou corretamente que a idolatria "não tem desaparecido, mas longe disso... há os deuses secretos que assediam e seduzem muito eficazmente, porque eles não declaram abertamente serem deuses..." Sem Deus, essa sedução sempre acontece. Nenhum ser humano deixa vazio o seu altar supremo. O apóstolo Paulo disse que os seres humanos "dizendo-se sábios, tornaram-se loucos, e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem..." (Romanos 1:22-23)

No abandonar Deus, a ocupação desse altar é concedida a uma variedade de bezerros. Se para uns é um objeto religioso, para outros, atualmente, são alternativas seculares. Para o adolescente, dominado pela mídia e moda, o ocupante do altar é geralmente um artista ou esportista. Para o adulto, pode ser o dinheiro. Para o devoto da ciência, o ocupante do altar é ela própria. Outros endeusam uma causa, como a ecologia. As opções de deuses se multiplicam em formas tais como poder, profissão, status, romance, família, esporte, sexo, drogas etc. Eis a questão - qual é o bezerro no altar supremo?

Na esfera da religião, o erro do bezerro é um velho conhecido. Por isso, o mandamento antigo proíbe categoricamente a construção de qualquer imagem ligada ao culto - "não farás para ti... nenhuma imagem..." (Êxodo 20:4). É oportuno observar que Deus não deixou nenhum dado sobre a aparência de Cristo. Se houvesse essa informação, absurdos idólatras iconográficos aconteceriam. O coração humano é rápido e sutil na arte de transferir a divindade para um objeto que possa manipular ou possuir, e que se molde às suas expectativas e projeções.

É relevante notar que a narrativa informa que "o povo, ao ver que Moisés demorava a descer do monte, juntou-se ao redor de Arão e disse... faça para nós deuses que nos conduzam, pois a esse Moisés... não sabemos o que lhe aconteceu" (Êxodo 32:1). A demora foi crucial para o erro do bezerro. Moisés foi o líder que Deus escolheu para conduzir o povo. Ainda que Moisés fosse o homem de Deus para aquela tarefa, Moisés não era Deus, mas um homem. No entanto, sem a presença visível de Moisés, o povo desconsiderou Deus. Devido a visão equivocada que tinha de Deus, o povo acabou na miséria de cultuar um bezerro. Eles queriam Deus numa manifestação sob o controle de seus sentidos. Seria um deus condicionado à percepção, manipulação, concepção ou expectativa deles. Na verdade, os deuses no altar humano são consequências do domínio do ego em contraposição ao domínio de Deus. Por isso, o ser humano transfere o seu anseio pelo divino para algo da sua projeção e expectativa, e termina nas mãos daquilo que é imanente e menor que a vida, seja algo religioso ou secular.

O antídoto para esse erro é ter uma compreensão nítida de quem Deus é - Deus que transcende o universo humano. Um Deus acima e além da vida e da morte. É preciso uma visão de Deus que torne irrelevante e desnecessário qualquer bezerro. E somente o conhecer do Deus que transcende a finitude humana pode trazer a satisfação final.

O fato é que os bezerros de ouro precisam ser abandonados ou não há encontro com Deus, portanto, não há satisfação plena. Pela fé, em arrependimento, o ego humano e suas idolatrias são crucificados com Cristo e o encontro com Deus acontece - o Deus suficiente. E no poder do Cristo ressurreto nasce uma nova vida com Deus. "...Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo..." (II Coríntios 5:19) E um novo cântico e preenchimento chegam à vida.