domingo, 25 de janeiro de 2015

Em terra estranha


Por Leonel Elizeu Valer Dos Santos


“Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?” Sal 137; 4 

Compreensível a nostalgia, a saudade de Jerusalém, depois de tantos anos de cativeiro em Babilônia. 

Entretanto, há algumas coisas a se considerar. Aquela objeção, mal compreendida, pode dar azo à legitimação dos “santos da bonança” dos “fiéis do tempo bom.” A ideia subjacente é que as pessoas se alegrem em Deus, sejam fiéis apenas quando as coisas forem bem, quando não, podem por a viola no saco. 

Parece que a mulher de Jó pensava assim; uma vez que, na prosperidade do marido não se importava que ele madrugasse para oferecer sacrifícios, adoração a Deus; no ápice da provação dele, aconselhou a blasfêmia, o suicídio. Quantas pessoas em situações desesperadoras ouvem a voz da “mulher de Jó!” Digo sopros interiores aconselhando o suicídio, como se, nele, repousasse uma solução. Deus não está em tais palavras, antes, aconselha: “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei e tu me glorificarás.” As 50; 15 

Voltando a Jó, ele fez exatamente isso; desejou uma audiência com o Eterno e obteve, enfim. Quanto ao conselho de sua mulher, jogou na cesta do lixo. “Porém ele lhe disse: Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.” Jó 2; 19 A moderna “Teologia da Prosperidade” tinha já seus expoentes em dias idos. 

A ideia rasa, mercantil, de um Deus negociante que como adestradores de animais, nos dá um “osso” a cada movimento certo não combina com o Altíssimo, nem com o quê Ele espera de nós. 

Dada a interdependência da vida em sociedade, muitas vezes o juízo acaba atingindo pessoas inocentes, eventualmente. Deus assume isso. “Os que em tristeza suspiram pela assembleia solene, os quais te pertenciam, eu os congregarei; esses para os quais era um opróbrio o peso que estava sobre ela.” Sof 3; 18 

Num contexto de promessas de remoção de castigos, Ele aludiu aos que tinham saudade de cultuar Seu Nome; se envergonhavam pelo juízo, dado, serem inocentes. O juízo atingira a todos, mas, a esses que eram fiéis estava guardada uma gloriosa recompensa pela injusta sorte; “...deles farei um louvor e um nome em toda a terra em que foram envergonhados.” V 19 Eram fiéis quando os líderes e a maioria da nação não era; seguiram assim Durante o juízo; depois, foram recompensados. 

Assim, não é erro esperarmos recompensas pelas virtudes, tanto, quanto, temermos o juízo pelo vício. Porém, tal “ceifa” sempre será no tempo de Deus, nunca, no nosso.

Quantos fiéis virtuosos que partem dessa vida, sedentos de justiça para terem sua recompensa apenas na eternidade? Por outro lado, quantos patifes, canalhas, ladrões prosperam a olhos vistos, sendo um acinte aos homens de bem, fazendo parecer que o mal compensa? 

Então, não nos cumpre escolhermos as circunstâncias para sermos fiéis; afinal, uma “fidelidade” nesses moldes sequer fidelidade é; mera negociata. Daniel no cativeiro Babilônico tinha todas as razões para “baixar a guarda;” afinal, foram entregues ao domínio de um rei estranho. Entretanto, decidiu mesmo no palácio real a não se contaminar com as iguarias do Rei. Para ele, fidelidade não dependia da bonança, antes, da boa inclinação de seu coração. 

Ademais, as coisas espirituais vistas da perspectiva natural são um convite ao abandono, uma vez que, a recompensa parece tardar, tanto aos bons quanto aos maus. Sendo a inclinação natural má, tende a prevalecer. “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8; 11 

Todavia, não é a régua natural que mensura valores espirituais, como ensina Paulo: “As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.” I Cor 2; 13

Os “olhos da fé” não são de córneas, retina; antes, de confiança irrestrita Naquele que não pode mentir. “Pela fé ( Moisés ) deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11; 27

Como a Obra de Deus após Cristo ganhou contornos universais, não há “terra estranha” onde não possamos cantar louvores ao Senhor; exceto, cativos do pecado. Contudo, se estamos presos nele, não dependemos do beneplácito de um rei estranho para volvermos ao nosso lugar de paz; antes, basta que rompamos com um príncipe falido cuja única arma é a mentira. 

O Rei que liberta já deu a chave das algemas. “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8; 31 e 32


Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/em-terra-estranha

sábado, 17 de janeiro de 2015

A Luz do Mundo


Por R. C. Sproul 


“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” (João 8.12)”.

Circulavam muitas opiniões sobre a pessoa de Cristo durante seu ministério público. Alguns pensavam que ele era o grande profeta escatológico (dos fins dos tempos – Jo 7.40), enquanto outros achavam que ele era realmente o Messias (Jo 7.41). Essas opiniões quase fizeram com que Jesus fosse preso por causa da desordem que elas causavam (Jo 7.41-43). Entretanto, “ninguém lhe pôs as mãos”, porque “ainda não era chegada a sua hora” (Jo 7.30, 44). O segundo “EU SOU” de Jesus segue esses acontecimentos. Face a face com uma mulher adúltera e com os fariseus, ele declarou: “Eu sou a luz do mundo” (João 8.12)”.

Luz e trevas são temas importantes que encontramos nas Escrituras. Luz é freqüentemente usada para descrever a Deus e sua glória. Em suas epístolas, João nos diz que “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1 Jo 1.5). Jesus, ao chamar a si mesmo de luz do mundo, estava se referindo novamente à sua divindade. Para que não haja dúvida quanto à sua reivindicação, há mais dois relatos dos evangelhos que nos mostram, com clareza, que Jesus compartilhava da mesma luz de Deus, o Pai. O primeira deles é o da transfiguração (Mt 7.1-13), na qual Jesus irradiou, de si mesmo, a refulgente glória de Deus. O fato de que Jesus compartilhava da mesma luz do Pai é também evidente em João 1. Este capítulo nos diz que o Verbo era Deus (1.1) e que este Verbo, que assumiu a forma humana em Jesus Cristo, era a Luz que resplandece nas trevas (1.4).

A referência de Jesus às trevas, em João 8.12, é notável porque a Bíblia usa freqüentemente as trevas como uma metáfora da cegueira espiritual (Sl 107.10; Jo 3.19). Essas trevas não podem reprimir a glória de Deus em Jesus Cristo porque as trevas nunca vencem a luz (Jo 1.5).

Embora as trevas do pecado não obscureçam a glória de Cristo, alguns homens não entendem quem Cristo é. Na ocasião descrita em João 8.13-20, os fariseus rejeitaram o testemunho de Cristo a respeito de si mesmo porque diziam que faltava a segunda testemunha exigida pela lei, a fim de comprovar a sua veracidade. Jesus lhes respondeu dizendo que, mesmo testemunhando sozinho, seu testemunho era suficiente, porque ele sabia de onde viera e para onde estava indo. Jesus viera para cumprir a lei e disse aos fariseus que havia realmente duas testemunhas, o Pai e o Filho. Contudo, os fariseus não entenderam isso porque estavam preocupados somente com os detalhes da lei e não com a Pessoa para a qual esses detalhes apontavam.

Quando lemos as Escrituras, podemos nos tornar excessivamente preocupados com os detalhes e as complexidades de suas exigências, a ponto de esquecermos que toda a Bíblia aponta para Cristo. Enquanto você lê a Bíblia e estuda-a, peça ao Espírito Santo que o ajude a perceber como todos os detalhes nos remetem a Cristo.


Por: R. C. Sproul. © 2010 Ministério Fiel. Original: A Luz do Mundo.

R. C. Sproul nasceu em 1939, no estado da Pensilvânia. É ministro presbiteriano, pastor da igreja St. Andrews Chapel, na Flórida. É fundador e presidente do ministério Ligonier, professor e palestrante em seminários e conferências, autor de mais de sessenta livros, vários deles publicados em português, e editor geral da Reformation Study Bible.


Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/12/luz-mundo/

domingo, 11 de janeiro de 2015

Inteligência e fé


Por Leonel Elizeu Valer Dos Santos


“Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.” Heb 11; 3

Muito se falou sobre a fé. Para uns é um poder em si; tanto faz crer em Deus, Buda, Maomé, Krishna, Osíris, etc. desde que se tenha fé em algo está bem; a pessoa irá haurir seus bons efeitos psicossomáticos. Para outros, é uma fuga da realidade, negação da ciência, combustível do fanatismo, cegueira. Daí o dito: A fé é cega.

Entretanto, o texto supra apresenta-a em consórcio com a inteligência; “pela fé entendemos...” Ora, entender é algo mais fundo que ouvir uma sentença a abraçá-la sem contestação; é estar de posse do sentido, do significado de um postulado qualquer.

O tema da cegueira é recorrente na Bíblia; porém, quando o alvo é a cegueira espiritual, seus pacientes são sempre incrédulos, não, crentes. O lapso dos cegos espirituais não é intelectual, antes, volitivo; uma vontade rebelde, obstinada, que a Palavra chama de coração endurecido. “Porque o coração deste povo está endurecido, ouviram de mau grado, fecharam seus olhos para que não vejam, compreendam com o coração, se convertam e eu os cure.” Mat 13; 15 Assim, o mal não é cegueira, estritamente falando; antes, um fechar de olhos, resistência voluntária à Palavra de Deus.

Ademais, os que fazem tal escolha recebem um “providencial” reforço: “Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4; 3 e 4

Não significa que tais são inocentes, o diabo, o único culpado; o texto diz que o traíra cegou o entendimento dos incrédulos; crer ou não é escolha humana. Eles fizeram a sua; o Capiroto os aplaudiu e passou a “ensinar”.

Claro que um intelecto perspicaz, por si só não basta; aliás, foi falando a filósofos Estoicos e Epicureus que Paulo usou uma vez mais a figura da cegueira, de quem apalpa no escuro. “E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e, limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17; 26 e 27 Os seres humanos oriundos de Deus com um limite de tempo e espaço para reencontrarem o caminho de volta a Ele; o que pressupõe uma separação.

Quando a Palavra diz que, pela fé entendemos, não pretende advogar que dominamos todos os meandros da criação; antes, que, de posse da revelação de como se deu, soa lógico aos nossos entendimentos; o bom encaixe dos argumentos pacifica nossas mentes, a necessidade de entendimento é saciada.

Quem acompanha o “Fantástico” da Rede Globo tem visto uma longa série de programas evolucionistas que “interpretam” a origem da vida sem Deus; fazem “certeiras” afirmações do que teria ocorrido a noventa milhões de anos. Cáspita!! Se, lidam muito mal com algo quê, comprovadamente aconteceu há dois milênios, como dominam fatos de tal tempo?

Pior, no mesmo programa, brincam de Noel, que, malgrado ser um fantoche mercador, de alguma maneira remete a Deus. Assim, em dado momento dizem: Deus enviou Seu filho para nos salvar; celebremos! Noutro: Deus não existe, a coisa aconteceu fortuita, ao longo de milhões de anos. Ora, são excludentes; uma ou, outra. Mas, abraçam ambas, e nós, que cremos, somos cegos?

Eu não decoro minha casa com luzes de Natal, não por que acho que o Salvador não veio; antes, porque a luz que trouxe e ensinou é entendimento espiritual, coisa oriunda de Sua Palavra, não, de fábricas chinesas. Não que não fiquem bonitos os ambientes; ficam. Mas, seu valor termina aí, no deleite do olhar. Espiritualmente nada significam. Conheço ambientes que cultuam religiões adversas à Bíblia que decoram as fachadas em tais épocas melhor que muitos; até prostíbulos o fazem.

Ademais, quem possui a luz verdadeira não carece simulacros. O chamado à conversão não é um apelo à religião, como pensam alguns; “Para lhes abrires os olhos, das trevas os converteres à luz...” Atos 26; 18

Claro que o entendimento propiciado pela fé vai além de pacificar a mente; produz aqui os resultados que promete, e nesses termos Jesus desafiou a crer. “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo.” Jo 7; 17 Se quiser conhecerá; senão, a cegueira voluntária será ampliada.


Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/inteligencia-e-fe

domingo, 4 de janeiro de 2015

Amigos fracos, inimigos fortes!


                           Por Josemar Bessa

Nas últimas linhas escritas pelo maior apóstolo de Cristo, quando o sol de sua vida estava finalmente se pondo, aprendemos algo essencial:

“Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras. Tu, guarda-te também dele, porque resistiu muito às nossas palavras. Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado. Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que por mim fosse cumprida a pregação, e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão. E o Senhor me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém.’ - 2 Timóteo 4:14-18

Três perfis aparecem no palco neste momento dramático da vida  do apóstolo Paulo.

Um - Um inimigo forte. Alexandre pode ter sido um amigo no passado, mas agora Paulo tem que avisar a Timóteo sobre ele. Alexandre ficou contra o ministério de Paulo ("ele se colocou em oposição a nossa mensagem"). E ele fez isso de maneira pessoal, sobre o próprio Paulo, o atacando ("me fez muito mal"). A resposta de Paulo? Ele é contundente. "O Senhor irá recompensá-lo."

Dois - Amigos fracos . "Todos me abandonaram." Quando tudo estava desmoronando a sua volta, quando a escuridão cercava Paulo, quando Paulo mais precisava de apoio e simpatia, seus amigos desapareceram. Se levantar por Paulo e com Paulo naquele momento seria muito caro, muito custoso para esses fracos corações. Todos eles cederam ao medo. A resposta de Paulo? Ele é extremamente gentil -  "Que isso não seja cobrado deles!" – “Que isto lhes não seja imputado.”

Três - Um amigo forte . O Senhor lhe apareceu, lhe assistiu, lá, diante de seus acusadores. Jesus era invisível, mas Paul podia sentir Sua presença Onipotente ao seu lado, como Conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz! Ele sentiu um braço apertando seu ombro. Ele ouviu uma voz sussurrando ao seu coração: "Eu estou aqui com você, tão feliz por você. Você está indo bem. Continue indo. Você está ampliando seu testemunho do evangelho. Está mostrando o valor infinito da minha glória, mostrando que o meu amor é melhor do que a vida.” A resposta de Paulo? Coragem e adoração.

“...e fiquei livre da boca do leão.” – Não porque ele não foi condenado a morte – mas porque em tudo ele foi “mais que vencedor!”

“Se não fora o Senhor” nós teríamos caído em pecado em cada tentação.

“Se não fora o Senhor” nós teríamos desonrado o evangelho nos conflitos externos e nos conflitos internos.

“Se não fora o Senhor” nós teríamos sido esmagados por nossos inimigos.

“Se não fora o Senhor” nós teríamos desmaiado em nossas aflições.

“Se não fora o Senhor” teríamos sido enterrados pelo peso da cruz...

Só Deus sabe quão fundo no inferno estaríamos se tivéssemos ficado entregues aos nossos recursos.

Só Deus pode nos fazer perseverar por sua Graça. Nós precisamos que Ele nos sustente na infância, precisamos que Ele nos sustente na adolescência, precisamos que Ele nos sustente na juventude, na idade madura, na velhice – Ah! Se não fora o Senhor, ora diga Israel!

“Se não fora o SENHOR, que esteve ao nosso lado, ora diga Israel... (Sl 124:1).

Isso sempre será suficiente para um coração regenerado. Sempre haverá inimigos fortes e amigos fracos. Mas sempre haverá um amigo forte também. A ele seja a glória para todo o sempre. Amem.