sábado, 17 de outubro de 2015

Calvino, Ezequias e nossa prosperidade!



Então disse Ezequias: "Viram tudo quanto há em minha casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu deixasse de lhes mostrar.”  - Isaías 39:4

Deus salvou Jerusalém e curou o rei Ezequias. Mas em meio a essas bênçãos, o rei não percebeu o perigo que elas traziam. Elas testariam o rei e ele seria um fracasso.

Os babilônios estavam em guerra com os assírios, e o rei da Babilônia sabia o quanto os judeus odiavam os assírios... ele sabia da forma como miraculosamente Jerusalém tinha sido poupada. Então ele pensou que para derrotar os assírios, seria ótimo contar com a ajuda do judeus.

Sob o pretexto de comemorar a recuperação de Ezequias, o rei da Babilônia enviou presentes a Jerusalém. Ezequias ficou lisonjeado. É fácil ficar lisonjeado quando achamos que pessoas relevantes, influentes... nos notam. Não é por isso que a Verdade de Deus sempre é comprometida em nossos dias? Para receber atenção da cultura, ser notado, ser visto como relevante também, etc? Ezequias ficou lisonjeado com a atenção deste poderoso rei, e ele achou que para ter mais vitórias, essa aproximação seria útil. Lógico, que como hoje, ele poderia racionalizar dizendo a si mesmo o quanto isso poderia ser importante para o povo de Deus, a causa de Deus...

Por esta altura, Ezequias tinha acumulado muita riqueza, e ele tinha orgulho de mostrá-la para os babilônios. É o que acontece quando os mesmos valores do mundo são os nossos valores. Como medimos se somos abençoados? Tão orgulhoso Ezequias estava, que ele mostrou aos babilônios todo o seu tesouro e suas armas.

Não muito tempo depois deste episódio, o profeta Isaías veio a Ezequias. Ele deve logo ter percebido que algo estava errado, porque os profetas não visitavam reis para jogar conversa fora. Mas ele parecia estar completamente cego por seu orgulho e ambição em seu envolvimento com a Babilônia.

No momento que Isaías perguntou o que os babilônios tinham visto, Ezequias falou sem rodeios, alegremente... Ele em momento algum parecia perceber o seu pecado até que Isaías o confrontou diretamente e lhe disse que um dia toda a nação iria para o cativeiro na Babilônia e que seus próprios filhos seriam mortos.

Agora, o que Ezequias tinha feito que era tão mau aos olhos de Deus para merecer tal punição? Ele tomou sua prosperidade como sua conquista... o que fez crescer nele um orgulho tolo. Algo pode ser mais comum que isso? João Calvino comenta que “nada é mais perigoso do que ficar cego pela prosperidade”.

Junto a isso, Ezequias – ao atribuir a si mesmo (Sua capacidade, engenhosidade, estratégia, trabalho, merecimento... – razão pela qual o orgulho é produzido.) a sua prosperidade – também se permitiu entreter pensamentos de que uma aliança com uma nação ímpia, algo claramente proibido por Deus, traria a ele possibilidade de sucesso e prosperidade maior.

Ele tinha esquecido rapidamente a misericórdia que Deus lhe havia mostrado restaurando sua saúde, lhe dando tudo que tinha... por isso ele permitiu que o orgulho e a ambição ficasse no caminha de sua discrição, modéstia e verdadeira ação de graça. Ezequias usou todas as “redes sociais” do mundo antigo para desfilar seu orgulho. É o que João chama de soberba da vida – sinais de status: “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.” -  1 João 2:16

Ezequias percebeu perfeitamente o que tinha feito no momento em que ouviu a repreensão de Isaías. Ele aceitou a punição e deu graças a Deus por misericordiosamente retardar as consequências para depois de sua morte. Mas elas viriam. Isso pode parecer desconsideração com seus descendentes – e certamente que como é para nós,  isso era uma dor para ele – mas o seu reconhecimento que isso era misericórdia de Deus, já que Deus poderia justamente puni-lo instantaneamente, era uma manifestação sincera, apropriada e humilde de um coração que tinha mostrado um orgulho tolo.

É muito fácil baixar a guarda e fazer coisas tolas quando estamos desfrutando de prosperidade ( por menor que ela seja ). Nos tornamos espiritualmente preguiçosos e arrogantes. Isso é algo do qual devemos, se vivemos para Deus, nos proteger constantemente. Você está confiando em suas riquezas? ( Coisas materiais – mesmo que não seja algo grande ) – Tira delas a tua identidade? Se sente melhor, mais vitorioso, animado... por causa delas? Coisas? Realizações? Mente? Onde está o tesouro que você ostenta claramente para o mundo, na terra ou no céu? Quem recebe todo crédito por eles? – “Se no ouro pus a minha esperança, ou disse ao ouro fino: Tu és a minha confiança; Se me alegrei de que era muita a minha riqueza, e de que a minha mão tinha alcançado muito; Se olhei para o sol, quando resplandecia, ou para a lua, caminhando gloriosa, E o meu coração se deixou enganar em oculto, e a minha boca beijou a minha mão, Também isto seria delito à punição de juízes; pois assim negaria a Deus que está lá em cima.” - Jó 31:24-28

João 12: 20-50 -  seria uma boa leitura agora.


Fonte: http://www.josemarbessa.com/2015/10/calvino-ezequias-e-nossa-prosperidade.html

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