segunda-feira, 31 de julho de 2017
Sete maneiras de se deleitar em Deus que nos beneficiam.
Por Josemar Bessa
Em “A Christian Directory”, página 140, Richard Baxter (1615-1691) lista sete benefícios de olhar pela fé para o Senhor, como a nada mais, como nosso prazer mais profundo:
1. Se deleitar e se deliciar em Deus é a única coisa que provará que o conhecemos e o amamos e que estamos preparados para o seu reino, pois todos e só os que se deleitam nEle agora, o apreciarão por toda eternidade.
2. A prosperidade, isto é, a pequena adição de coisas terrenas, não nos corromperá, afastará ou afetará se realmente nos deleitamos e deliciamos em Deus somente.
3. A adversidade, isto é, a retenção de delícias terrenas, não nos afligirá demais ou expulsará o consolo todo suficiente e onipotente em nossas aflições por mais terríveis que sejam, se nos deleitamos em Deus realmente.
4. Receberemos grandes lucros de um sermão ou livro ou conversa se nos deleitamos em Deus realmente, mas os que não se deleitam nele assim, as muitas oportunidades, sermões, livros... se mostrarão inúteis no fim.
5. Todo o nosso serviço será doce para nós e aceitável para Deus; Se nos deleitarmos somente nEle, Ele certamente se deleita em nós por Jesus Cristo.
6. Teremos uma festa contínua dentro de nós – nas profundezas da alma, para adoçar todas as cruzes, aflições e angústias de nossas vidas e para nos proporcionar alegria maior que a maior tristeza que este mundo triste e caído possa produzir se nosso deleite realmente está somente em Deus.
7. Quando nos deleitamos em Deus realmente, nossos prazeres na criação serão santificados para nós e justificados, estando sempre em seu devido lugar, já nos que não se deleitam e deliciam em Seus esses prazeres se tornam idólatras e corruptos.
Não há nada em Deus que precisamos filtrar, achar insuficiente ou nos preocupar de falhar. Ele é a nossa verdadeira e completa felicidade na mais profunda escuridão. ( Richard Baxter | 1615-1691 )
Fonte: http://www.josemarbessa.com/2017/07/sete-maneiras-de-se-deleitar-em-deus.html
domingo, 23 de julho de 2017
Em que solo frutificaram os Cinco Solas?
Por Davi Lago
Em que solo frutificaram os Cinco Solas?
Lembremos que a palavra de Cristo cai sempre em quatro solos e que não foi diferente meio milênio atrás: muitos não a entendiam (sementes à beira do caminho), outros ouviam, mas temiam as retaliações (solos rochosos), outro grupo estava acomodado com as regalias do poder e a fascinação das riquezas (solo espinhoso). Rememoremos então que a semente caiu em solo bom, corações atentos como o de Martinho Lutero, e logo vieram frutos espirituais, frutos que permaneceram. A boa nova no bom solo é como Jesus disse: “são aqueles que ouvem a palavra e a recebem, frutificando a trinta a sessenta e a cem por um” (Mt 13.23).
Arraigados e alicerçados no evangelho, os reformadores enfrentaram a corrupção da igreja no estágio final da era medieval. A instituição estava em estado público de putrefação com a perversão moral do clero, exploração financeira sistemática da fé das pessoas com venda de indulgências e outras blasfêmias ante as genuínas exigências do discipulado cristão. As convicções dos reformadores (desde o chamado de retorno às Escrituras proposto por John Wycliffe e Jan Hus, passando pelas 95 teses e pela disputa de Lutero com Erasmo acerca da salvação pela graça, os 67 artigos de Ulrich Zwingli que defenderam a supremacia de Cristo como cabeça da igreja, os escritos de Calvino, e tantos outros documentos) foram sintetizadas em tempos mais recentes como Cinco Solas. Cinco frases em latim que sumarizam tanto o arcabouço teológico propositivo dos reformadores, como suas linhas de combate aos desmandos do poder eclesiástico de então.
É sempre bom revisitar o sistema solar reformado, cinco pilares de um castelo forte onde a pedra angular é Cristo: Sola scriptura, somente a Escritura, pois ela é a semente que devemos lançar. Nossas especulações e tradições não estão acima das letras sagradas. Não podemos esquecer que os reformadores traduziram as Escrituras para uma língua compreensível ao povo. Antes a Bíblia era lida em latim e somente a instituição era “autorizada” a interpretá-la. A Reforma demoliu a noção de uma corporação religiosa capaz de salvar ou mediar o acesso à salvação. “Pela graça sois salvos” (Ef 2.8), então sola fide, sola gratia, a salvação é pela graça por intermédio da fé. Não somos salvos por nossas obras, mas pela obra de Jesus consumada na cruz. Portanto, solus Christus, somente Cristo! Jesus ressuscitou! Ele é o tesouro absoluto, o centro do culto, da pregação, o autor e consumador da nossa fé, Salvador de cada esfera de nossa vida. “Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto”, disse Jesus. Soli Deo gloria, somente a Deus seja toda a glória.
Em que solo cairão hoje os Cinco Solas? Em que solo estão caindo as sementes do evangelho? É óbvio perceber quinhentos anos depois que a Reforma desencadeou mudanças estruturais que redesenharam a civilização ocidental e influíram de modo decisivo na formação do mundo contemporâneo. Não por acaso, o filósofo brasileiro Fabio Konder Comparato chama a Reforma de “primeira revolução moderna” em sua Ética. Mas não podemos esquecer que a origem de tudo isso foi a semente da palavra de Cristo encontrando bons solos. Vamos trazer à memória aquilo que nos traz esperança, vamos prosseguir para o alvo em Cristo Jesus. “Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos” (Fp 3.16). Tão-somente sejamos bons solos.
Foto ilustrativa: Designed by Freepik
Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/cinco-solas-e-quatro-solos
Em que solo frutificaram os Cinco Solas?
Lembremos que a palavra de Cristo cai sempre em quatro solos e que não foi diferente meio milênio atrás: muitos não a entendiam (sementes à beira do caminho), outros ouviam, mas temiam as retaliações (solos rochosos), outro grupo estava acomodado com as regalias do poder e a fascinação das riquezas (solo espinhoso). Rememoremos então que a semente caiu em solo bom, corações atentos como o de Martinho Lutero, e logo vieram frutos espirituais, frutos que permaneceram. A boa nova no bom solo é como Jesus disse: “são aqueles que ouvem a palavra e a recebem, frutificando a trinta a sessenta e a cem por um” (Mt 13.23).
Arraigados e alicerçados no evangelho, os reformadores enfrentaram a corrupção da igreja no estágio final da era medieval. A instituição estava em estado público de putrefação com a perversão moral do clero, exploração financeira sistemática da fé das pessoas com venda de indulgências e outras blasfêmias ante as genuínas exigências do discipulado cristão. As convicções dos reformadores (desde o chamado de retorno às Escrituras proposto por John Wycliffe e Jan Hus, passando pelas 95 teses e pela disputa de Lutero com Erasmo acerca da salvação pela graça, os 67 artigos de Ulrich Zwingli que defenderam a supremacia de Cristo como cabeça da igreja, os escritos de Calvino, e tantos outros documentos) foram sintetizadas em tempos mais recentes como Cinco Solas. Cinco frases em latim que sumarizam tanto o arcabouço teológico propositivo dos reformadores, como suas linhas de combate aos desmandos do poder eclesiástico de então.
É sempre bom revisitar o sistema solar reformado, cinco pilares de um castelo forte onde a pedra angular é Cristo: Sola scriptura, somente a Escritura, pois ela é a semente que devemos lançar. Nossas especulações e tradições não estão acima das letras sagradas. Não podemos esquecer que os reformadores traduziram as Escrituras para uma língua compreensível ao povo. Antes a Bíblia era lida em latim e somente a instituição era “autorizada” a interpretá-la. A Reforma demoliu a noção de uma corporação religiosa capaz de salvar ou mediar o acesso à salvação. “Pela graça sois salvos” (Ef 2.8), então sola fide, sola gratia, a salvação é pela graça por intermédio da fé. Não somos salvos por nossas obras, mas pela obra de Jesus consumada na cruz. Portanto, solus Christus, somente Cristo! Jesus ressuscitou! Ele é o tesouro absoluto, o centro do culto, da pregação, o autor e consumador da nossa fé, Salvador de cada esfera de nossa vida. “Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto”, disse Jesus. Soli Deo gloria, somente a Deus seja toda a glória.
Em que solo cairão hoje os Cinco Solas? Em que solo estão caindo as sementes do evangelho? É óbvio perceber quinhentos anos depois que a Reforma desencadeou mudanças estruturais que redesenharam a civilização ocidental e influíram de modo decisivo na formação do mundo contemporâneo. Não por acaso, o filósofo brasileiro Fabio Konder Comparato chama a Reforma de “primeira revolução moderna” em sua Ética. Mas não podemos esquecer que a origem de tudo isso foi a semente da palavra de Cristo encontrando bons solos. Vamos trazer à memória aquilo que nos traz esperança, vamos prosseguir para o alvo em Cristo Jesus. “Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos” (Fp 3.16). Tão-somente sejamos bons solos.
• Davi Lago, pastor batista, mestre em Filosofia do Direito (PUC/MG).
Foto ilustrativa: Designed by Freepik
Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/cinco-solas-e-quatro-solos
sexta-feira, 14 de julho de 2017
Se Deus é o autor da Escritura, então a Escritura é verdadeira
Por Stephen J. Nichols
Se você leu história da igreja, você já viu tudo. Isso não é inteiramente uma hipérbole. Muitas das objeções e perguntas com as quais lidamos na igreja hoje foram enfrentadas por gerações passadas de crentes. Um homem sábio já não disse: “Nada há novo debaixo do sol”? Isso é verdadeiro sobre a doutrina da inerrância. Em 1979, Jack B. Rogers e Donald McKim escreveram um livro intitulado The Authority and Interpretation of the Bible: An Historical Approach [A Autoridade e Interpretação da Bíblia: Uma Abordagem Histórica]. A ideia ou tese central ficou conhecida como a proposta Rogers/McKim, que é esta: A Bíblia é autoritativa em questões de fé e conduta, mas não é infalível quando se trata de detalhes históricos ou científicos. Além disso, a doutrina da inerrância é uma inovação do século XIX. Rogers e McKim argumentaram que os teólogos de Princeton do século XIX e início do século XX, mais notavelmente B.B. Warfield, criaram a doutrina da inerrância, que ensina que a Bíblia é inteiramente sem erro em tudo o que afirma.
A proposta de Rogers/McKim foi uma reação à Declaração de Chicago sobre a Inerrância Bíblica, de 1978. Essa declaração foi a obra do Conselho Internacional sobre a Inerrância Bíblica (CIIB), liderada por pessoas como R.C. Sproul, Edmund Clowney, J.I. Packer, James Montgomery Boice, e outros. O conselho produziu uma declaração de cinco parágrafos breves, uma lista de dezenove artigos de afirmação e negação, bem como três páginas de exposição adicional.
A Declaração de Chicago
A Declaração de Chicago foi elaborada durante quatro dias no fim de outubro de 1978 no hotel Hyatt Regency no Aeroporto O’Hare de Chicago. Os líderes do CIIB assinaram primeiro, depois outros em Chicago; em um total de 268 assinaturas. Nas semanas e meses seguintes, centenas de assinaturas foram adicionadas de todo o país e do mundo por representantes de várias denominações, ministérios, universidades e seminários. Ao longo da década seguinte, o CIIB publicou livros e folhetos, patrocinou conferências e reuniões e promoveu a doutrina da inerrância na igreja e no meio acadêmico.
Se você indagasse os participantes mais eminentes a respeito da inerrância em Chicago, descobriria que eles realmente haviam sido influenciados por B. B. Warfield e outros oriundos de Princeton. Afinal, foi Warfield quem ajudou a igreja ao oferecer um argumento direto e simplificado para a inerrância.
O filósofo medieval William de Ockham é conhecido por seu princípio da parcimônia, ou simplicidade. O argumento com o menor número de suposições é o melhor argumento, afirma o princípio. O argumento que não se baseia em uma complexa rede de argumentos e sub-argumentos é o melhor argumento. Warfield usou bem a navalha de Ockham. O argumento simples, mas não simplista, que ele fez foi este: Se Deus é o autor da Escritura, então a Escritura é verdadeira.
Nós poderíamos usar os termos teológicos da inspiração e inerrância aqui. Se a Bíblia é a Palavra de Deus, se é o texto inspirado que foi soprado por Deus, então evidentemente ela é verdadeira. Se a Bíblia é inspirada, ela é inerrante. Este argumento simples, mas preciso, é o dom de Warfield para a igreja.
A Declaração de Chicago amplia esse argumento básico e, muito importante, estabelece os limites do que significa e o que não significa inerrância por meio dos seus dezenove artigos de afirmação e negação. A Declaração de Chicago sustentou uma geração inteira na batalha pela Bíblia. Ela deu vigor aos conservadores teológicos na Convenção Batista do Sul quando eles entraram em combate em seus seminários, agências e estruturas denominacionais, aos conservadores teológicos no Presbiterianismo e em outras tradições, e a muitos outros líderes evangélicos.
Atualmente, estamos vendo a antiga proposta de Rogers/McKim novamente. A acusação está sendo feita de novo de que a inerrância é uma invenção moderna e de que os evangélicos têm à sua disposição outros modelos para entender a autoridade da Escritura. “A inerrância não é necessária”, tem sido dito a nós. “Podemos pensar sobre a Escritura de uma maneira diferente”. Mas essas novas contestações são realmente novas?
Pedro realmente o disse?
Um olhar intrigante para a doutrina da igreja primitiva sobre a Escritura vem de uma correspondência entre Jerônimo e Agostinho. Enquanto Jerônimo estava trabalhando em sua tradução da Bíblia, ele se deparou com Gálatas 2.11-14 e o confronto de Paulo com Pedro em Antioquia. Em uma tentativa de proteger a reputação de Pedro, Jerônimo concluiu que todo o episódio era fictício.
Agostinho cria que se você admitir o erro em um lugar, a Bíblia inteira estará aberta à dúvida. Ele escreveu a Jerônimo uma série de cartas por essa causa. Em uma carta, Agostinho escreveu:
Admita mesmo uma única mentira bem-intencionada em uma autoridade tão exaltada, e não haverá uma única seção daqueles livros que escapará, se parecer a alguém apresentar dificuldades do ponto de vista prático ou for difícil de crer do ponto de vista doutrinário, pelo mesmo princípio muito prejudicial de ser classificada como o ato deliberado de um autor que estava mentindo.
Agostinho afirmava “a autoridade da verdade não adulterada”. Ele acrescentou:
Deve ser feito um esforço para levar ao conhecimento das Sagradas Escrituras um homem que tenha uma opinião tão reverente e confiável sobre os livros sagrados que se recusaria a encontrar prazer em uma mentira bem-intencionada em qualquer passagem deles e que ignoraria o que não entende ao invés de preferir a sua própria inteligência à veracidade deles.
Quando alguém prefere a sua própria inteligência, Agostinho continuou: “tal pessoa exige credibilidade para si mesmo e tenta destruir a nossa confiança na autoridade da Sagrada Escritura”. Nós nos submeteremos à Escritura, ou submeteremos a Escritura a nós mesmos?
Essa correspondência entre Agostinho e Jerônimo nos ensina muitas coisas. Ensina-nos que Warfield não inventou a doutrina da inerrância. Warfield contribuiu para o desenvolvimento da nossa compreensão sobre a inerrância bíblica, oferecendo uma maneira útil de declarar a doutrina. Mas ele não a inventou.
Essa correspondência também nos ensina que as contestações à “autoridade não adulterada” e à plena veracidade das Escrituras não são novas. Na verdade, essas objeções são bem mais antigas do que 390 d.C. As contestações remontam ao jardim e a Gênesis 3.1. Além disso, essa correspondência revela a verdadeira questão subjacente a essas objeções à inerrância. A verdadeira questão é a falta de submissão.
Agostinho compreendeu que devemos submissão à Palavra de Deus porque devemos submissão a Deus. João Calvino ressalta exatamente esse ponto em seu comentário sobre 2 Timóteo 3.16, onde escreve: “Devemos à Escritura a mesma reverência que devemos a Deus, porque ela procede somente dele”. Em suas Institutas da Religião Cristã, Calvino acrescenta: “A plena autoridade que [as Escrituras] têm para os fiéis não procede de outra consideração senão de que eles são convencidos de que elas procedem do céu, como se Deus fosse ouvido falando a eles”.
Martinho Lutero chamou a Bíblia de nosso fundamento. Ele advertiu: “Não devemos nos desviar das palavras… De outro modo, o que aconteceria com a Bíblia?”. Lutero disse uma vez que, quando se trata da Bíblia, ou tudo o que ela ensina é crido ou nada do que ela ensina é crido.
A declaração de Lutero aqui exige consideração. Que opção temos no lugar da doutrina da completa inerrância e absoluta veracidade da Bíblia? Inerrância limitada? Por que não chamar simplesmente de errância limitada? Agostinho, Calvino e Lutero, assim como muitos outros, todos alertaram sobre o perigo de uma visão da veracidade bíblica que seja menos do que a completa inerrância. Essa tem sido a posição cristã ortodoxa ao longo dos séculos.
Um livro antigo para hoje?
À medida que a igreja enfrentava o começo do século XX, o modernismo estava a todo vapor. Suas realizações foram grandes, incluindo progressos monumentais nas ciências e tecnologia. Todos esses avanços suscitaram uma questão de importância singular: um livro antigo ainda é uma autoridade segura e confiável para hoje?
Warfield respondeu a essa pergunta com um ressonante sim para sua geração. À medida que as denominações e os seminários, um por um, se empenhavam em questionar a autoridade bíblica na década de 1970, o grupo de pastores e teólogos de Chicago respondeu com seu próprio e retumbante sim à autoridade não adulterada das Escrituras para sua geração. Aqueles labores de Warfield e dos idealizadores e signatários da Declaração de Chicago sustentaram um século de pastores e ministros do evangelho. A obra deles fortaleceu a igreja.
Embora vivamos em uma nova geração, ela está tristemente perturbada pelo mesmo antigo problema de insubmissão à Palavra de Deus. Mais tristemente, tal falta de submissão também pode estar presente na igreja. Portanto, devemos ler nossa história da igreja e aprender a reagir. Ao lermos as páginas da história da igreja, veremos primeiro a reverência que nossos antecessores tinham pela Bíblia e sua visão da sua completa veracidade e autoridade não adulterada. Nós também seremos levados de volta às páginas da própria Bíblia, de volta à Palavra de Deus, a Palavra da verdade para todas as épocas.
Dr. Stephen J. Nichols: é professor na Lancaster Bible College and Graduate School, e conquistou seu Ph.D. no Westminster Theological Seminary. Ele é membro da Evangelical Theological Society e, dentro da sociedade, é presidente do Grupo de Estudo Jonathan Edwards.
Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2017/07/se-deus-e-o-autor-da-escritura-entao-escritura-e-verdadeira/
quarta-feira, 5 de julho de 2017
Por que preferimos Ismael ao invés de Isaque?
Por João Leonel
Gn 17.18-19
Abrão estava com oitenta e cinco anos. Com setenta e cinco Deus apareceu a ele pela primeira vez (Gn 12.4) e lhe fez a promessa de que dele surgiria uma grande nação (12.2).
Passaram-se dez anos e Abrão permanecia sozinho com Sarai. Nada da descendência prometida. O casal já era idoso e a possibilidade de ter filhos diminuía com o passar do tempo.
Então, Sarai chama o esposo e tem uma conversa séria com ele. Diz que é fato que eles não conseguiam gerar filhos. Então, era necessário fazer algo. O modo mais prático de terem descendência, de verem a promessa de Deus ser cumprida era Abrão tomar a escrava Hagar e ter filhos com ela. O esposo concorda. No ano seguinte nasce Ismael (16.15).
Passados treze anos, Deus aparece novamente a Abrão (17.1). Agora ele tem noventa e nove anos. Deus faz uma aliança com o patriarca, constando dela a renovação da promessa de que dele surgiria uma grande nação (17.2-3). E há uma especificação: o filho que ele e Sara gerariam deveria ser chamado de Isaque (17.19). O filho da promessa, passados vinte e quatro anos desde a primeira aparição a Abrão, tem nome – Isaque.
Abraão reage. Diz a Deus: “Tomara que viva Ismael diante de ti” (17.18). Frente à promessa de Isaque, Abraão, incrédulo, prefere se apegar àquilo que já existia – Ismael. Afinal, quem garantiria que depois de vinte e quatro anos Deus finalmente cumpriria sua promessa?
Deus promete Isaque. Abraão prefere confiar em Ismael.
A situação tensa enfrentada por Abraão e Sara espelha nossas lutas em vivermos pela fé.
Geralmente pensamos que Abraão, depois de algumas vicissitudes em sua relação com Deus, rapidamente gera Isaque e se torna o patriarca, o homem de fé que é exaltado no Novo Testamento. Mas não foi bem assim. Como nós, ele titubeou, fraquejou, procurou as soluções visíveis em lugar de confiar nas promessas invisíveis.
Deus prometeu que dele surgiria uma nação quando ele tinha setenta e cinco anos. Passaram-se vinte e quatro anos para que isso começasse a se cumprir com a gravidez de Sara. Vinte e quatro anos!
Quanto tempo leva para eu e você duvidarmos das promessas de Deus? Um mês? Seis meses? Um ano? Abraão esperou duas décadas e meia para ver o rosto do filho prometido!
Por vezes constatamos em nossa vida a falta de fé do pai da fé: Deus promete Isaque; Abraão se apega a Ismael.
Afinal, Ismael é uma realidade. Ele existe. Abraão o viu nascer, identificou-se com ele. Tem carinho pelo filho gerado por Hagar. Isaque... bem, Isaque permanece envolto nas brumas da promessa divina que tarde para chegar. E como demora!
Deus diz: Isaque. Nós dizemos: prefiro aquilo que vejo, que sinto, que posso tocar. Prefiro Ismael.
E assim ficamos com meias promessas, meias verdades, meias bênçãos.
Vivemos tempos em que Deus diz: Isaque. E nós dizemos: Ismael.
Imagem: By Caravaggio - scan, Public Domain.
• João Leonel é pastor presbiteriano, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo e doutor em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/por-que-preferimos-ismael-ao-inves-de-isaque
Gn 17.18-19
Abrão estava com oitenta e cinco anos. Com setenta e cinco Deus apareceu a ele pela primeira vez (Gn 12.4) e lhe fez a promessa de que dele surgiria uma grande nação (12.2).
Passaram-se dez anos e Abrão permanecia sozinho com Sarai. Nada da descendência prometida. O casal já era idoso e a possibilidade de ter filhos diminuía com o passar do tempo.
Passados treze anos, Deus aparece novamente a Abrão (17.1). Agora ele tem noventa e nove anos. Deus faz uma aliança com o patriarca, constando dela a renovação da promessa de que dele surgiria uma grande nação (17.2-3). E há uma especificação: o filho que ele e Sara gerariam deveria ser chamado de Isaque (17.19). O filho da promessa, passados vinte e quatro anos desde a primeira aparição a Abrão, tem nome – Isaque.
Abraão reage. Diz a Deus: “Tomara que viva Ismael diante de ti” (17.18). Frente à promessa de Isaque, Abraão, incrédulo, prefere se apegar àquilo que já existia – Ismael. Afinal, quem garantiria que depois de vinte e quatro anos Deus finalmente cumpriria sua promessa?
Deus promete Isaque. Abraão prefere confiar em Ismael.
A situação tensa enfrentada por Abraão e Sara espelha nossas lutas em vivermos pela fé.
Geralmente pensamos que Abraão, depois de algumas vicissitudes em sua relação com Deus, rapidamente gera Isaque e se torna o patriarca, o homem de fé que é exaltado no Novo Testamento. Mas não foi bem assim. Como nós, ele titubeou, fraquejou, procurou as soluções visíveis em lugar de confiar nas promessas invisíveis.
Deus prometeu que dele surgiria uma nação quando ele tinha setenta e cinco anos. Passaram-se vinte e quatro anos para que isso começasse a se cumprir com a gravidez de Sara. Vinte e quatro anos!
Quanto tempo leva para eu e você duvidarmos das promessas de Deus? Um mês? Seis meses? Um ano? Abraão esperou duas décadas e meia para ver o rosto do filho prometido!
Por vezes constatamos em nossa vida a falta de fé do pai da fé: Deus promete Isaque; Abraão se apega a Ismael.
Afinal, Ismael é uma realidade. Ele existe. Abraão o viu nascer, identificou-se com ele. Tem carinho pelo filho gerado por Hagar. Isaque... bem, Isaque permanece envolto nas brumas da promessa divina que tarde para chegar. E como demora!
Deus diz: Isaque. Nós dizemos: prefiro aquilo que vejo, que sinto, que posso tocar. Prefiro Ismael.
E assim ficamos com meias promessas, meias verdades, meias bênçãos.
Vivemos tempos em que Deus diz: Isaque. E nós dizemos: Ismael.
Imagem: By Caravaggio - scan, Public Domain.
• João Leonel é pastor presbiteriano, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo e doutor em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/por-que-preferimos-ismael-ao-inves-de-isaque
quinta-feira, 15 de junho de 2017
A Inquisição Espanhola e a Reforma Protestante
Por Stephen Nichols
Em 1492, Fernando e Isabel da Espanha patrocinaram Cristóvão Colombo e sua viagem ao Novo Mundo. Mas em 1477, eles estiveram por trás de algo muito mais infame. Naquele ano, os monarcas espanhóis pediram ao Papa Sisto IV que reestabelecesse a Inquisição, visando muçulmanos e judeus. Assim começou o reinado de terror conhecido como a Inquisição Espanhola.
A Inquisição Espanhola ocorreu na maior empreitada das cortes eclesiais e seculares que impunham conformidade com a Igreja Católica Romana e eliminação de toda a dissidência. Roma patrocinou inquisições já no século onze. Mas a Inquisição Espanhola foi única. Primeiro, ela era controlada pela monarquia, e não pelo papado, e seria ainda mais motivada politicamente do que outras inquisições.
A Inquisição Espanhola também foi única em relação ao seu cenário na Espanha. Durante séculos, os muçulmanos governaram a Península Ibérica; não foi até 1250 que os católicos reconquistaram a área. E mesmo depois, muitos muçulmanos permaneceram, e grandes populações judaicas também se espalharam pela Espanha. A perseguição popular irrompeu contra esses judeus e muçulmanos espanhóis, forçando-os a se converterem ao catolicismo e serem batizados ou mortos. Milhares foram convertidos sob coação e eram conhecidos como conversos. Posteriormente, a Inquisição procurou os conversos, buscando determinar se suas conversões eram genuínas ou se continuavam a praticar a sua antiga fé, um crime punível com a morte. Os judeus e muçulmanos com princípios fugiam ou enfrentavam a selvageria da Inquisição.
Isso leva à terceira característica que marca a singularidade da Inquisição Espanhola: ela se elevou a níveis terríveis de perseguição. É bem conhecida por seu uso da tortura para extrair confissões e para o auto-da-fé (ato de fé), um ato ritualizado de penitência pública que acabava com a execução do acusado. A violência continuaria até o próximo século e depois, mas chegaria ao seu apogeu durante a Reforma.
Depois de 1516, a Inquisição Espanhola tinha um novo alvo: aqueles que protestavam contra a Igreja Católica Romana. À medida que as ideias de Lutero ganhavam apoio em terras católicas, a Inquisição ganhou poder. A Inquisição espanhola seguiu um princípio singular e direcionado: o erro deve ser eliminado. É claro, definiu o erro como qualquer oposição à Igreja Católica Romana. Para derrotar qualquer erro, a Inquisição não parou em nenhuma delimitação. Além disso, nenhuma pessoa estava fora dos limites. Sacerdotes, freiras, bispos e até mesmo autoridades seculares tiveram que se submeter às suas decisões.
Então, durante a década de 1540, Roma tentou voltar-se contra a Reforma. A primeira medida foi a formação dos jesuítas por Inácio de Loyola, em 1540. A segunda medida foi o Concílio de Trento, convocado pela primeira vez em 1545 e reunido de forma intermitente até 1563. Seus decretos consagraram a postura anti-Reforma de Roma. A terceira e, de longe, a mais cruel dessas medidas foi que a Inquisição aumentou em sua intensidade, em 1542. Naquele ano, o papa Paulo III emitiu a bula papal Licet ab initio (Permitida desde o início), que concedeu autoridade absoluta a seis cardeais para estenderem a Inquisição.
Um desses cardeais tornou-se o papa Paulo IV; ele publicou o temido primeiro Índice de Livros Proibidos, em 1559. A lista de livros banidos incluía as obras dos Reformadores, bem como Bíblias em línguas vernáculas. Aqueles pegos com uma cópia da Bíblia em alemão, inglês ou francês seriam levados perante a Inquisição, presos e julgados. Ao serem considerados culpados, seriam torturados, martirizados, ou ambos.
Os inquisidores perseguiram os protestantes na Itália e em partes da Alemanha. Conforme os huguenotes cresciam na França, eles também ficaram sob a autoridade da Inquisição. Nicholas Burton, um comerciante, foi uma das vítimas da Inquisição. Os carcereiros de Burton o levaram para o confinamento solitário porque ele falou com muita ousadia e persuasão sobre o evangelho. Antes de queimá-lo na fogueira, oficiais da Inquisição removeram a sua língua para silenciar o seu testemunho diante da multidão reunida em seu martírio. Os registros da Inquisição transbordam de relatos daqueles que “disseram e fizeram coisas típicas do herege Lutero”. Em 1635, um homem foi levado à Inquisição porque comeu bacon e cebola no dia de São Bartolomeu. Como uma ironia da história, em 1527 a Inquisição encarcerou até mesmo Inácio de Loyola, o fundador dos jesuítas. Os inquisidores entenderam completamente mal algumas declarações que ele tinha feito. A Inquisição ocorria por suspeita e até mesmo por pura ignorância. Muitas vezes, a Inquisição exagerou a sua mão, e acabou por se tornar seu próprio pior inimigo. À medida que as autoridades seculares cresceram em poder no século XVI, lentamente desmantelaram o poder da Inquisição, até que foi finalmente abolida em 1834.
A Inquisição não desistiu das suas tentativas de apagar a chama inflamada pela Reforma, mas, por fim, falhou em sua missão de eliminar o “erro”. Embora a Reforma tenha deixado um legado notável, a Inquisição Espanhola também se tornou marcante. Sobre o papa Paulo III, Lutero disse: “Deixe os Papistas fazerem discussões e considerarem as suas traições. Cristo vive”.
Por: Stephen Nichols. © Ligonier Ministries. Website: ligonier.org . Traduzido com permissão. Fonte: The Spanish Inquisition
Original: A Inquisição Espanhola e a Reforma Protestante. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Camila Rebeca Teixeira. Revisão: André Aloísio Oliveira da Silva.
Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2017/06/inquisicao-espanhola-e-reforma-protestante/
quarta-feira, 31 de maio de 2017
O que os pais de família da Bíblia nos ensinam?
Por Billy Lane
Gosto de olhar para o livro de Gênesis na perspectiva da história de pais de família e sua relação com Deus, com o trabalho, com a sociedade e com a herança ou promessa de Deus. Não temos nenhum herói. Todos são essencialmente humanos em suas fraquezas e erros. Suas famílias estão longe de serem idealizadas como exemplo a ser seguido. Justamente por isso eles têm algo importante para nos ensinar.
O primeiro chefe de família, naturalmente, é Adão. Eu o considero aquele filhinho do papai que colocou tudo a perder. Adão herdou um paraíso. Foi criado nas melhores condições possíveis. Tinha tudo para dar certo. Foi colocado num jardim prazeroso, tinha trabalho, esposa, descanso e responsabilidades. Mas uma coisa ele não tinha. Não tinha autonomia moral. Ele não podia decidir por si mesmo o que era certo e errado. Isso se representa na proibição de tomar do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, isto é, da autonomia sobre o bem e o mal. E isso ele devia contas a Deus. Mas lhe cabia entender os limites de sua autonomia e se sujeitar ao seu criador. Adão, porém, preferiu se tornar como Deus, “conhecedor do bem e do mal” (Gn 3.5, 22). Para Adão não bastava ter tudo, ele queria ser dono de seu próprio destino, ser igual a Deus. Tomou do fruto e perdeu a vida. Colocou tudo a perder.
O segundo pai de família é Noé. Ao contrário de Adão, ele não herdou uma bela propriedade nem vivia num ambiente prazeroso. Pelo contrário, vivia numa sociedade corrupta, mas nem por isso se deixou levar pela corrupção e degradação moral. Ele era justo e íntegro na sua geração. É apresentado também como aquele que “nos aliviará do nosso trabalho e do sofrimento de nossas mãos, causados pela terra que o Senhor amaldiçoou” (Gn 5.29). Essa é uma alusão direta à maldição de Gênesis 3.17, em que Deus amaldiçoa a terra e causa ao homem sofrimento em decorrência do pecado. Em Gênesis 6.6, há três verbos usados que, certamente, pretendem fazer alusão a Gênesis 5.29: “Então o Senhor arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra, e isso cortou-lhe o coração”. A raiz dos verbos arrependeu-se, ter feito e cortou-lhe são, respectivamente, as mesmas de aliviará, trabalho e sofrimento de Gênesis 5.29.¹ Além de ser íntegro, Noé traz alívio ao sofrimento, é um refrigério para a sua geração.
O terceiro é Abraão, um cidadão comum, itinerante, com promessa de um grande futuro, que se tornou pai de grandes nações. Além de não ter terra nem descendência, nada se diz que Abraão se destacasse por sua integridade ou por qualquer virtude especial em relação à sua geração. Sabemos sim que tinha posses e empregados (Gn 12.5). Mas foi chamado por Deus para ser abençoado e abençoador de todas as famílias da terra. Cometeu muitos erros. Muitas vezes quis dar um jeitinho para adiantar as coisas para Deus, mas apesar das falhas, perseverou em seguir a instrução de Deus. Teve de pedir para os filhos de Hete um lugar para enterrar sua esposa. Não viu seus descendentes ocuparem definitivamente a terra prometida. Mas viveu confiante na promessa de Deus.
Jacó, naturalmente, é outra figura de destaque na história de Gênesis. Ele é mais polêmico. É um desastrado usurpador do direito do outro e que, a despeito de seus erros, se torna também o patriarca de uma nação. A vida de Jacó é marcada por querer se apropriar da bênção de Deus com a própria força. Manipula as coisas para sua vantagem. Quer se sair melhor sempre. Começa no nascimento segurando no calcanhar do irmão, o que lhe rendeu o nome Jacó (i.e., aquele que segura no calcanhar, suplantador). Depois rouba o direito e bênção de primogênito de seu irmão. Mais tarde tenta enrolar seu sogro e é enrolado por ele. Até ousa lutar com Deus. Mas precisa ser quebrantado. E isso lhe rendeu a mudança de nome para Israel (= Deus prevalece).
Essas biografias não escondem as fraquezas e defeitos desses indivíduos e famílias. Foram pessoas fortemente atingidas pelos efeitos do pecado na vida humana. Cometeram mais erros do que acertos na sua relação com Deus, com a família, com o trabalho e com a sociedade. Tenho a impressão que essas histórias resumem como o ser humano quer sempre ser mais que Deus ou ser o seu próprio Deus e tirar vantagem do outro. O mais impressionante é que foram instrumentos assim que Deus usou para realizar o seu propósito. Não existe família perfeita, mas famílias que seguem a Deus e se deixam ser usadas por Deus.
Nota:
1 Cassuto, 1989, p. 303.
William Lacy Lane (billy) - Pastor presbiteriano, doutor em Antigo Testamento e diretor acadêmico da Faculdade Teológica Sul-Americana, em Londrina (PR).
Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/o-que-os-pais-de-familia-da-biblia-nos-ensinam
Gosto de olhar para o livro de Gênesis na perspectiva da história de pais de família e sua relação com Deus, com o trabalho, com a sociedade e com a herança ou promessa de Deus. Não temos nenhum herói. Todos são essencialmente humanos em suas fraquezas e erros. Suas famílias estão longe de serem idealizadas como exemplo a ser seguido. Justamente por isso eles têm algo importante para nos ensinar.
O primeiro chefe de família, naturalmente, é Adão. Eu o considero aquele filhinho do papai que colocou tudo a perder. Adão herdou um paraíso. Foi criado nas melhores condições possíveis. Tinha tudo para dar certo. Foi colocado num jardim prazeroso, tinha trabalho, esposa, descanso e responsabilidades. Mas uma coisa ele não tinha. Não tinha autonomia moral. Ele não podia decidir por si mesmo o que era certo e errado. Isso se representa na proibição de tomar do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, isto é, da autonomia sobre o bem e o mal. E isso ele devia contas a Deus. Mas lhe cabia entender os limites de sua autonomia e se sujeitar ao seu criador. Adão, porém, preferiu se tornar como Deus, “conhecedor do bem e do mal” (Gn 3.5, 22). Para Adão não bastava ter tudo, ele queria ser dono de seu próprio destino, ser igual a Deus. Tomou do fruto e perdeu a vida. Colocou tudo a perder.
O segundo pai de família é Noé. Ao contrário de Adão, ele não herdou uma bela propriedade nem vivia num ambiente prazeroso. Pelo contrário, vivia numa sociedade corrupta, mas nem por isso se deixou levar pela corrupção e degradação moral. Ele era justo e íntegro na sua geração. É apresentado também como aquele que “nos aliviará do nosso trabalho e do sofrimento de nossas mãos, causados pela terra que o Senhor amaldiçoou” (Gn 5.29). Essa é uma alusão direta à maldição de Gênesis 3.17, em que Deus amaldiçoa a terra e causa ao homem sofrimento em decorrência do pecado. Em Gênesis 6.6, há três verbos usados que, certamente, pretendem fazer alusão a Gênesis 5.29: “Então o Senhor arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra, e isso cortou-lhe o coração”. A raiz dos verbos arrependeu-se, ter feito e cortou-lhe são, respectivamente, as mesmas de aliviará, trabalho e sofrimento de Gênesis 5.29.¹ Além de ser íntegro, Noé traz alívio ao sofrimento, é um refrigério para a sua geração.
O terceiro é Abraão, um cidadão comum, itinerante, com promessa de um grande futuro, que se tornou pai de grandes nações. Além de não ter terra nem descendência, nada se diz que Abraão se destacasse por sua integridade ou por qualquer virtude especial em relação à sua geração. Sabemos sim que tinha posses e empregados (Gn 12.5). Mas foi chamado por Deus para ser abençoado e abençoador de todas as famílias da terra. Cometeu muitos erros. Muitas vezes quis dar um jeitinho para adiantar as coisas para Deus, mas apesar das falhas, perseverou em seguir a instrução de Deus. Teve de pedir para os filhos de Hete um lugar para enterrar sua esposa. Não viu seus descendentes ocuparem definitivamente a terra prometida. Mas viveu confiante na promessa de Deus.
Jacó, naturalmente, é outra figura de destaque na história de Gênesis. Ele é mais polêmico. É um desastrado usurpador do direito do outro e que, a despeito de seus erros, se torna também o patriarca de uma nação. A vida de Jacó é marcada por querer se apropriar da bênção de Deus com a própria força. Manipula as coisas para sua vantagem. Quer se sair melhor sempre. Começa no nascimento segurando no calcanhar do irmão, o que lhe rendeu o nome Jacó (i.e., aquele que segura no calcanhar, suplantador). Depois rouba o direito e bênção de primogênito de seu irmão. Mais tarde tenta enrolar seu sogro e é enrolado por ele. Até ousa lutar com Deus. Mas precisa ser quebrantado. E isso lhe rendeu a mudança de nome para Israel (= Deus prevalece).
Essas biografias não escondem as fraquezas e defeitos desses indivíduos e famílias. Foram pessoas fortemente atingidas pelos efeitos do pecado na vida humana. Cometeram mais erros do que acertos na sua relação com Deus, com a família, com o trabalho e com a sociedade. Tenho a impressão que essas histórias resumem como o ser humano quer sempre ser mais que Deus ou ser o seu próprio Deus e tirar vantagem do outro. O mais impressionante é que foram instrumentos assim que Deus usou para realizar o seu propósito. Não existe família perfeita, mas famílias que seguem a Deus e se deixam ser usadas por Deus.
1 Cassuto, 1989, p. 303.
William Lacy Lane (billy) - Pastor presbiteriano, doutor em Antigo Testamento e diretor acadêmico da Faculdade Teológica Sul-Americana, em Londrina (PR).
Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/o-que-os-pais-de-familia-da-biblia-nos-ensinam
domingo, 21 de maio de 2017
O Deus que tudo controla
Por Jen Wilkin
Porque nosso Deus controla todas as coisas, ele pode, em última análise, operar tudo para o nosso bem, mesmo aquelas coisas que para outros signifique o mal. Os teólogos falam de sua vontade ativa e sua vontade passiva. Ele trabalha ativamente por meio de nossa obediência, mas também trabalha passivamente por meio de nossa desobediência, como no caso dos irmãos de José, o qual reconheceu que Deus havia usado o que eles intentaram para o mal a fim de realizar seus bons propósitos.
Embora Deus controle todas as coisas, aqueles que fazem o mal ainda são responsáveis por suas escolhas pecaminosas. Como pode ser isso? Como podemos ser responsáveis por nossas escolhas se Deus é soberano? A soberania divina e a responsabilidade humana são verdades paralelas que devemos sustentar simultaneamente. A Bíblia afirma com veemência a soberania total de Deus e a livre agência do homem. O mesmo Jesus que disse: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer”, também diz: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Jo 6.44; Mt 11.28, NVI). Em nosso estado pecaminoso caído, não temos disposição natural de ir a Deus. Então, Deus nos regenera e muda a disposição de nosso coração, e, assim, de nossa própria vontade, a qual agora é liberta da escravidão, nós voluntariamente respondemos à sua chamada para irmos até ele e sermos salvos. Se nós, seres humanos, não pudéssemos fazer escolhas genuínas e responsáveis, então Deus seria injusto por nos punir pelo pecado. De fato, ele seria até responsável pelo pecado.
Como a nossa livre agência e a soberania de Deus podem coexistir é um mistério. No momento em que o humano e o divino se cruzarem, o paradoxo surgirá e nossas limitações humanas obscurecerão a forma como dois pontos aparentemente contraditórios conseguem ser ambos verdadeiros. É bom que lidemos com o paradoxo, mas se permitirmos que eles tirem nossos olhos de uma questão de maior relevância, perderemos o que é importante de verdade. E a questão é esta: quão comprometida você está com o mito de sua soberania própria?
Para chegar a uma resposta honesta, considere quatro áreas nas quais nós lutamos por controle.
1. Controlando nossos corpos
A forma como nos relacionamos com nossos corpos revela muito de nossa necessidade por controle. Cuidar de nossos corpos é uma questão de mordomia. Eles não são nossos. Eles nos foram dados para mantê-los em caminhos saudáveis. Mas quando ultrapassamos o limite e adentramos o controle doentio, passamos da mordomia para a idolatria. Isso pode adquirir a forma de preocupação obsessiva com dietas e exercícios, transtornos alimentares, medo excessivo de doenças e germes, hipocondria, medo de envelhecer ou apenas vaidade.
Como podemos saber quando ultrapassamos os limites da mordomia e passamos para o controle? Certamente, pelo impacto em nosso tempo, mas também pelo impacto em nossas palavras e em nossas carteiras. Quando desejamos o controle doentio sobre os nossos corpos, falamos sobre eles constantemente. Nossos métodos, expectativas e resultados conseguem entrar em nossas conversas e nas postagens das redes sociais. Racionalizamos o custo final de qualquer suplemento, procedimento médico, creme antienvelhecimento ou mensalidade de academia, considerando-os necessários para alcançar o nosso objetivo corporal.
Em última análise, nossa necessidade por controle impacta os nossos relacionamentos de maneira negativa. Julgamos aqueles que não seguem o nosso regime restrito, desprezando-os como indisciplinados quanto à sua saúde ou descuidados com sua aparência. E priorizamos nosso tempo livre e nossos recursos para nós mesmas ao invés de para os outros.
2. Controlando nossas posses
Assim como os nossos corpos, nossas posses são para a mordomia, não para fazermos com elas o que quisermos. Não é errado ter coisas, é apenas errado adorá-las. Quando ultrapassamos o limite e entramos no controle doentio, desenvolvemos uma preocupação obsessiva em adquirir, multiplicar e manter o que temos. Isso pode se manifestar na forma de acumulação, compra compulsiva, medo de usar o que se tem, porque pode ser danificado ou desgastado, cuidado compulsivo de uma propriedade, gerenciamento financeiro muito minucioso ou inabilidade de emprestar ou dar coisas a outros.
Acaso um arranhão em seu carro lhe mata? O fato de seu carro estar meticulosamente preservado é uma fonte de orgulho para você? A forma como nós reagimos ao dano ou à perda de posses revela se temos problemas de controle nessa área. Acumular dívidas para manter um estilo de vida é algo racional para você? Algo pode estar errado com a maneira como você enxerga suas coisas.
3. Controlando nossos relacionamentos
Todo relacionamento humano que nós temos é ordenado por Deus e é uma oportunidade de demonstrar amor preferencial a outra pessoa feita à imagem dele. Conflitos de relacionamento estão sempre ligados ao controle. Um desejo por controle doentio em um relacionamento pode se manifestar na forma de intimidação ou manipulação (verbal, emocional, física), marcas características do abuso. Sabemos como são os extremos — nós assistimos a eles nos jornais à noite ou temos a tristeza de conhecê-los pessoalmente. A maioria de nós não se encaixa na categoria “agressores”, mas isso não significa que não somos controladores em algum nível.
Formas menores de controle se revelam como uma inabilidade de admitir que estamos erradas, uma necessidade de se ter a última palavra, uma necessidade de ser severa, uma atitude de “ou aceita ou cai fora”. Se nos comportamos dessa forma com uma criança, um cônjuge, uma amiga, um colega de trabalho, estamos exercitando controle de uma maneira não saudável.
Nenhuma situação é mais difícil de não exercer um comportamento controlador do que com aqueles sobre quem temos autoridade legítima. Pais, líderes de igrejas e líderes de negócios que amam excessivamente o controle irão cair num estilo de liderança autoritário, uma liderança que torna as regras mais importantes que os relacionamentos. Estar em posição de autoridade significa colocar limites para preservar o relacionamento. Não significa colocar limites que impeçam o relacionamento.
Uma amiga, certa vez, me contou que quando seus filhos se acusavam no meio de uma briga (uma batalha óbvia por controle), ela perguntava: “quem está sendo o mais gentil?”. Que pergunta inteligente para se fazer sobre qualquer conflito de relacionamento. O amor preferencial pelos outros requer dominarmos nosso desejo de controlá-los. Você permite que o mau humor faça com que os outros fiquem pisando em ovos com você? Você espera que os outros sejam capazes de ler sua mente quando seus sentimentos estão feridos? Há algo implícito no seu discurso? Escolha a gentileza ao invés de optar pelo controle e veja seus relacionamentos se tornarem saudáveis.
4. Controlando nossas circunstâncias e ambientes
A vida é incerta. Embora Deus conheça o futuro, nós não o conhecemos, e a maior parte de nós não lida bem com a ambiguidade. Aqueles que querem controlar as circunstâncias tentam se precaver para cada contingência. Eles planejam demasiadamente, transformando as tarefas mais simples nos maiores empreendimentos. Quanto menos controle eles percebem ter, mais comportamento controlador demonstram. Eles se sentam ao lado do motorista, oferecem conselho ou “ajuda” não solicitados em projetos e situações que não os envolvem diretamente, são servilmente pontuais quando ninguém está esperando por eles e lutam contra um desejo dominador de ser a pessoa que possui o controle remoto. Eles sabem a melhor forma de encher uma lava-louças, rearranjando-a, de modo sorrateiro, quando acham que ninguém está vendo.
Eles separam o lixo para a reciclagem quando a festa acaba, não importando quão tarde seja ou quão grande seja a quantidade de lixo. Eles não conseguem dormir até que tudo esteja realmente feito. Desenvolvem rotinas e rituais dos quais dependem para ter paz mental. As regras existem para tudo, desde a ordem em que devem comer a comida de um prato até como organizar adequadamente uma gaveta de meias. Se o espelho está torto na parede, você consegue passar por ele sem consertá-lo? Se não consegue, separe algum tempo para olhar para ele enquanto o arruma. Eu sei que tive de fazer isso para elaborar esses exemplos. Nem todos eles se adéquam a mim, mas muitos deles, sim. Ninguém me acusaria de ser compulsivamente pontual, mas sou bem conhecida por ser como um fariseu no que concerne à reciclagem e uma legalista da lava-louças. Você não precisa ser diagnosticada com transtorno obsessivo compulsivo para ter problemas com o controle sobre as circunstâncias e os ambientes. Precisa apenas ser um humano limitado.
Derrubando o mito da soberania humana
Quando buscamos controle, declaramos nossa crença de que nós, ao invés de um Deus onisciente, onividente, onipotente e infinitamente bom, deveríamos controlar o universo. Nossos problemas com controle surgem da especulação “e se”. Nossa inabilidade de responder à pergunta “e se” definitivamente causa ansiedade — ansiedade sobre a probabilidade de o nosso reino vir e de a nossa vontade ser feita. Meu esposo sempre acalma minha ansiedade apontando-me para uma questão importante: qual é a pior hipótese? Falar sobre os meus medos quanto às situações, aos relacionamentos, às posses, ou ao meu corpo ajuda a me acalmar. Ou, mais precisamente, isso me ajuda a deixá-los aos pés do meu Pai celestial. É uma forma de confissão, deixar a minha boca falar aquilo de que está cheio o meu coração, dando voz aos meus incômodos medos e abandonando a minha necessidade por controle. É um reconhecimento de que o reino pertence a Deus.
Teu, SENHOR, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos. Riquezas e glória vêm de ti, tu dominas sobre tudo, na tua mão há força e poder; contigo está o engrandecer e a tudo dar força (1Cr 29.11-12).
Soberano
Assim disse o rei Davi ao Rei dos Céus. E assim digo eu.
Sobre o que eu tenho controle? Sobre algumas coisas muito importantes. Meus pensamentos, os quais posso tornar cativos pelo poder do Espírito Santo. E se posso controlar meus pensamentos, posso controlar também a minha atitude — para com o meu corpo, minhas coisas, meus relacionamentos e minhas circunstâncias. Se meus pensamentos e minha atitude estão sob controle, minhas palavras também estarão, assim como as minhas ações. Os redimidos, de maneira obediente, submetem pensamentos, palavras e ações ao seu Senhor celestial, confiando a incerteza àquele que “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11). Eles se afastam do trono, reconhecendo que são completamente desqualificados para se sentarem nele.
Por quanto tempo mais você lutará com o seu Criador? Por quanto tempo mais você buscará o lugar mais alto? Jesus Cristo desceu ao lugar mais baixo para que você e eu pudéssemos ter comunhão com Deus. Por isso, o Pai o exaltou. Portanto, humilhe-se. O que é mais belamente humilde do que abandonar o controle?
Os melhores contadores de história da minha infância se valiam de uma fórmula de sucesso. Toda história verdadeiramente boa faz eco à melhor história de todas. A Bíblia narra a história de um rei cuja reivindicação ao trono é reconhecida desde o começo, mas cujas majestade e autoridade são apenas apreendidas por completo nas páginas finais quando o vemos, enfim, coroado e reinando. Sua fiel declaração anunciada do trono é esta: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21.5).
“No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” (Sl 115.3). E tudo que lhe agrada é para o nosso bem.
Por: Jen Wilkin. © 2017 Editora Fiel. Website: editorafiel.com.br . Traduzido com permissão. Fonte: Trecho retirado do livro Incomparável
Original: O Deus que tudo controla. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados.
JEN WILKIN é palestrante, professora de estudos bíblicos para mulheres e autora do livro Mulheres da Palavra (Fiel). Jen e sua família são membros da Village Church, na região de Dallas.
terça-feira, 9 de maio de 2017
O que todo pai deveria falar para seu filho adolescente a respeito do sucesso?
Por Elsie Gilbert
Lendo o boletim eletrônico da revista TIME hoje, me deparo com uma história com a seguinte manchete: “Como um amputado escalou o Monte Everest”. Ao ler o relato descubro a história de Jeff Glasbrenner, 44 anos, natural de Wisconsin, EUA, que após dois meses de escalada e com 9 kg a menos, chega ao cume da montanha mais alta do mundo. O que o levou até o topo do mundo não foram duas pernas normais, mas sim uma perna normal auxiliada por uma perna mecânica que a medida que ele subia (e perdia peso) ia ficando mal ajustada. Jeff perdeu uma de suas pernas ainda com 8 anos de idade num acidente doméstico na fazenda de seus pais.
Jeff Glasbrenner
Mas o que me faz parar e pensar é a fala dele no terceiro parágrafo do artigo:
“Quando eu tinha 12 anos, meu pai me disse que eu podia escolher ser manhoso (tendo dó de mim mesmo) ou poderoso. Mas eu não podia escolher ser os dois”.
E estas foram as palavras que lhe ocorreram quando ele lutava para respirar a 5.100 metros de altura. Jeff definiu sua vida como uma luta para provar que as limitações prescritas para ele pelos médicos de sua infância podiam ser superadas.
Qual é a medida de sucesso de Jeff? Chegar no topo do mundo.
Qual é a medida de sucesso do seu adolescente?
Os discípulos de Jesus também jogavam no time de Jeff. Chegar no topo e ser poderoso. Nosso herói nacional, Ayrton Senna também gostava de dizer
“Quem chega em segundo lugar é o primeiro e maior perdedor”.
Não é difícil perceber então como a ideia de sucesso é algo atraente que explica e orienta grande parte das aspirações e comportamento dos adolescentes, principalmente os do sexo masculino. Não digo com isto que as meninas não estão sujeitas a este tipo de ideologia orientadora (uma expressão moderna para definir idolatria), mas, ao meu ver, há uma outra, mais potente, especialmente focada nas meninas e que devo tratar separadamente.
A mensagem básica é que o contrário do fracasso é o sucesso, sucesso pautado no poder. E é o medo do fracasso, mais do que tudo, que alimenta a busca incessante pelo poder. E qual é o resultado? O que fica de fora?
Ser um marido compassivo, que tira tempo para estar com sua esposa e aprende a ouvi-la, faz parte do currículo?
Ser um pai amoroso, que se sacrifica pelo filho ao ponto de sofrer humilhação, está dentro da definição de sucesso?
Ser um vizinho promotor da paz e do bem-estar está na agenda dos poderosos?
Ser amante dos mistérios de Deus, que Ele tem prazer em revelar aos humildes de coração, pode tomar o tempo precioso dos poderosos em sua corrida maluca pelo primeiro lugar?
O que você deve dizer ao seu filho:
O que todo pai deveria dizer ao seu filho adolescente é que o contrário do sucesso, não é o fracasso, mas sim o medo do fracasso! Mas este medo é fruto de uma mentira, uma mentira tão antiga quanto o Jardim do Éden. A mentira dizia que Deus não tinha dotado o ser humano com tudo o que ele precisava para uma existência feliz. Estava faltando algo. O contrário de ser manhoso não é ser poderoso e sim ser inteiro. É isto que confere ao homem a coragem para tomar decisões difíceis. É a integridade de seu caráter que lhe confere honra e conquista a admiração das pessoas ao seu redor. Estar bem consigo mesmo, ter uma autoconfiança fundamentada em quem realmente somos, desde o nosso nascimento – obra prima de um Deus amoroso – é o que nos impede de viver em derrota. Como Jesus define sucesso? “Não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou” João 5.30.
E se, o sucesso movido pelo amor a Deus e ao próximo, compelir o seu filho a subir uma montanha, ele o fará acompanhado das pessoas a quem ama. Mas para incluí-los, muito provavelmente ele terá de trocar o Monte Everest por uma montanha menos imponente e mais acessível, porque o que ele almeja é fazer uma expedição bem acompanhado e em segurança. E neste cenário, o que o impulsionará morro acima é a perspectiva de compartilhar um momento de total grandeza diante da maravilhosa obra do Criador oferecida a nós para o nosso deleite. Talvez ele entre na pauta dos noticiários publicados no Céu, mas dificilmente será retratado na revista TIME!
domingo, 30 de abril de 2017
Perdido dentro da igreja
POR HERNANDES DIAS LOPES
Perdido dentro da igreja
Referência: Lucas 15.25-32
INTRODUÇÃO
1. Jesus contou três parábolas sobre a alegria do encontro
a) A ovelha perdida que foi encontrada – O pastor chama a todos para se alegrarem.
b) A moeda perdida que foi encontrada – A mulher chama seus vizinhos para se alegrarem.
c) O filho perdido que voltou para casa – O pai oferece uma festa e se alegra. Nessas três parábolas a única pessoa que não está alegria e feliz é o irmão mais velho do pródigo.
2. No meio dessa festa do encontro, do resgate, da salvação há uma voz que destoa
O filho mais velho está triste, porque o Pai recebeu o filho pródigo com alegria.
O filho mais velho está irado, porque o Pai é misericordioso.
O filho mais velho está do lado de fora, enquanto o filho pródigo está dentro da Casa do Pai.
3. O perigo de se estar na Casa do Pai, dentro da Igreja e ainda estar perdido
Esse filho representou os escribas e fariseus que se consideravam santos e desprezavam os outros.
Esse filho representa aqueles que estão dentro da igreja, obedecendo a leis, cumprindo deveres, sem se enveredar pelos antros do pecado, pelos corredores escuros do mundo e ainda assim, estão perdidos.
Ilustração: O jovem rico – criado na sinagoga, cumpria os mandamentos, mas estava perdido.
I. VIVE DENTRO DA IGREJA, MAS DESOBEDECE OS DOIS PRINCIPAIS MANDAMENTOS
Jesus ensinou que os dois principais mandamentos da lei são amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo. Esse filho quebrou esses dois mandamentos: ele nem amou Deus, representado pelo Pai e nem o seu irmão.
Ele não perdoou o Pai por haver recebido o filho pródigo, nem perdoou o irmão pelos seus erros.
Há pessoas que estão na igreja, mas não têm amor por Deus nem pelos perdidos. Estão na igreja, mas não amam os irmãos.
II. VIVE DENTRO DA IGREJA, MAS ESTÁ CONFIADO NA SUA PRÓPRIA JUSTIÇA
Ele era veloz para ver o pecado do seu irmão, mas não enxergava os seus próprios pecados. Ele era cáustico para condenar o irmão, enquanto via-se a si mesmo como o padrão da obediência.
Os fariseus definiam pecado em termos de ações exteriores e não atitudes íntimas. Eles eram orgulhosos de si mesmos. Como o profeta Jonas, esse filho mais velho obedecia ao Pai, mas não de coração. Ele trabalhava com intensidade, mas não por amor.
III. VIVE DENTRO DA IGREJA, MAS NÃO É LIVRE
Ele não vive como livre, mas como escravo. Sua religião é rígida. Ele obedece por medo ou para receber elogios. Faz as coisas certas com a motivação errada. Sua obediência não provém do coração.
Ele anda como um escravo (v. 29). O verbo é douleo = servir como escravo. Ele nunca entendeu o que é ser filho. Nunca usufruiu nem se deleitou no amor do Pai.
Ser crente para ele é um peso, um fardo, uma obrigação pesada. Ele vive sufocado, gemendo como um escravo.
Está na igreja, mas não tem prazer. Obedece, mas não com alegria. Está na Casa do Pai, mas vive como escravo.
IV. VIVE DENTRO DA IGREJA, MAS ESTÁ COM O CORAÇÃO CHEIO DE AMARGURA
1. Complexo de santidade X Rejeita os marginalizados – v. 29,30
Ele estava escorado orgulhosamente em sua religiosidade, arrotando uma santarronice discriminatória. Só ele presta; o pai e o irmão estão debaixo de suas acusações mais veementes.
Sua mágoa começa a vazar. Para ele quem erra não tem chance de se recuperar. No seu vocabulário não tem a palavra perdão. Na sua religião não existe a oportunidade de restauração.
2. Sente-se injustiçado pelo pai
Acusa o pai de ser injusto com ele, só porque perdoou o irmão. Na religião dele não havia espaço para a misericórdia, perdão e restauração.
Ele se achava mais merecedor que o outro. Sua religião estava fundamentada no mérito pessoal e não na graça. É a religião da lei, do legalismo e não graça nem da fé que opera pelo amor.
3. Ele não perdoa nem restaura o relacionamento com o irmão – v. 30
Ele não se refere ao pródigo como irmão, mas diz: “Esse teu filho”.
A Bíblia diz que “quem não ama a seu irmão até agora está nas trevas”.
Ele desconhece o amor. Ele vive mergulhado no ressentimento. Ele vê seu irmão como um rival.
4. O ódio que ele sente pelo irmão não é menos grave que o pecado de dissolução que o pródigo cometeu fora da igreja – Gl 5.19-21
A bíblia fala sobre três pecados na área da imoralidade e usa nove na área de mágoa, ressentimentos, ira.
A falta de amor é um pecado tão grave como o pecado da vida imoral e dissoluta.
5. O ressentimento o isolou do Pai e do irmão
Quando uma pessoa guarda ressentimento no coração pelo irmão que falhou, perde também a comunhão com o Pai.
Ele se recusa a entrar, fica fora da celebração. Mergulha-se num caudal de amargura.
Ele diz para o Pai: “Esse teu filho”. Mas o Pai o corrige e diz-lhe: “Esse teu irmão” (v. 30,31).
V. VIVE DENTRO DA IGREJA, NA PRESENÇA DO PAI, MAS ANDA COMO SOLITÁRIO – V. 31
Ele anda sem alegria, sem amor, sem prazer. Vive na Casa do Pai, mas sente-se escravo. Está na Casa do Pai, mas não tem comunhão com ele.
Quantos estão na igreja, mas nunca sentem o amor de Deus, a alegria da salvação, o prazer de pertencer a Jesus, a doçura do Espírito Santo. Vivem como órfãos: sozinhos, curtindo uma grande solidão e insatisfação dentro da Casa do Pai.
VI. VIVE DENTRO DA IGREJA, MAS NÃO SE SENTE DONO DO QUE É DO PAI – V. 31
1) Ele era rico, mas estava vivendo na miséria. Muitos hoje estão vivendo um cristianismo pobre. Vivem sem alegria, sem banquete, sem festa na alma, trabalhando, servindo, mas sem alegria;
2) Deus tem uma vida abundante – Jo 10.10;
3) Deus tem rios de água viva – Jo 7.38;
4) Deus tem as riquezas insondáveis do evangelho – Ef 3.14
5) Deus tem a suprema grandeza do seu poder – Ef 1.19
6) Deus tem a paz que excede todo o entendimento – Fp 4.7
7) Deus tem alegria indizível e cheia de glória – 1 Pe 1.8
8) Deus tem vida de delícias para a sua alma.
Esse filho não tem nenhum proveito na herança do Pai. Ele nunca fez uma festa. Nunca celebrou com seus amigos. Nem sequer um cabrito, ele comeu. Ele nunca saboreou as riquezas do Pai.
Ele não tem comunhão com o Pai: É como Absalão, está em Jerusalém, mas não pode fazer a face do Rei.
Ele está na igreja por obrigação. Ele não toma posse do que é seu.
Ilustração: o homem que fez um cruzeiro de Navio e levou o seu lanche. Vendo as pessoas comendo os pratos mais deliciosos, guardou dinheiro para comer uma boa refeição no último dia. Só então ficou sabendo que todos aqueles banquetes já estavam incluídos.
CONCLUSÃO
O mesmo Pai que saiu ao encontro do filho pródigo para abraça-lo, sai para conciliar este filho (v. 31).
O remédio para esse filho era o mesmo para o outro: confessar o seu pecado.
Mas ele ficou do lado de fora. Agora perdido dentro da Casa do Pai.
Não fique do lado de fora. Venha e desfrute da festa que Deus preparou!!!
Fonte: http://hernandesdiaslopes.com.br/portal/perdido-dentro-da-igreja-3/
terça-feira, 25 de abril de 2017
SIMPLICIDADE E CLAREZA DAS ESCRITURAS
Escrito por Grant R. Osborne
Desde os últimos anos do período patrístico com sua regula fidei (“regra de fé”), a igreja tem
lutado com a “perspicuidade (ou clareza) das Escrituras”, ou seja, se elas estão realmente ao
alcance da compreensão humana. Não é à toa que os estudiosos da Bíblia são sempre acusados de tirar do leitor comum o acesso às Escrituras. Depois que um texto é dissecado e submetido a uma legião de teorias acadêmicas, o não especialista exclama com tristeza: “Tudo bem, mas o que isso tem a ver comigo? Eu consigo estudar esse texto?”. Com toda certeza, a própria consciência da multidão de opções de interpretação de passagens bíblicas é o grande choque que atinge os calouros de seminários e faculdades. Fica até difícil culpar uma pessoa se, depois de olhar para a profusão de possíveis interpretações sobre praticamente todas as declarações bíblicas, ela deixar de afirmar o princípio de que é fácil compreender as Escrituras! Isso, porém, é confundir os princípios da hermenêutica com a mensagem do evangelho em si. O que é complexo é o exercício de transpor o abismo entre a situação original e os nossos dias, não o significado que resulta disto.
Lutero (em A escravidão da vontade) proclamou a clareza básica das Escrituras em duas áreas: clareza externa, que ele chamou de aspecto gramatical, obtida pela aplicação das leis da gramática (princípios hermenêuticos) ao texto; e a clareza interna, que ele chamou de aspecto espiritual, obtida quando o Espírito Santo ilumina o leitor no ato da interpretação. Ao falar de clareza, é óbvio que Lutero se referia ao produto final (a mensagem do evangelho) e não ao processo (a recuperação do significado de textos específicos). Porém, no século passado, a aplicação da teoria do realismo do senso comum da Escola Escocesa às Escrituras levou muitos a admitir que qualquer um poderia entender sozinho a Bíblia, e que a superfície do texto por si só é suficiente para produzir significado. Portanto, a necessidade de princípios hermenêuticos para transpor o abismo cultural foi desprezada, e as interpretações individuais se multiplicaram. Por alguma razão, ninguém percebeu que isso dava margens a significados múltiplos e, de vez em quando, em heresias. O princípio da perspicuidade foi estendido também ao processo hermenêutico, o que causou equívocos na interpretação popular das Escrituras e uma situação que ainda hoje é bem complicada. Como disciplina, a hermenêutica exige um processo de interpretação complexo, para que se traga à tona a clareza original da Bíblia. Assim, mais uma vez, o resultado fica claro, mas o processo, não; isso também deveria orientar os sermões!
Assim, todas essas coisas são muito confusas, e a pessoa comum tem todo o direito de perguntar se a compreensão da Bíblia é algo que cada vez mais está ficando reservado para a elite acadêmica. Eu diria que não. Em primeiro lugar, há diferentes níveis de compreensão: devocional, estudo bíblico básico, homilético, dissertações e teses. Cada nível tem seu valor e seu processo. Além disso, qualquer pessoa tem o direito de aprender os princípios hermenêuticos que se aplicam a esses vários níveis. Basta querer. Eles não estão reservados a “elite” alguma, mas à disposição de quem tiver interesse e vontade de aprendê-los. Os fundamentos da hermenêutica podem e devem ser ensinados no contexto da igreja local. Ao longo deste livro, espero poder tratar dos vários níveis de compreensão.
OSBORNE, Grant R., A Espiral Hermenêutica, uma nova abordagem à interpretação bíblica, Ed. Vida Nova, págs. 32 a 34
Fonte: http://www.e-cristianismo.com.br/teologia/bibliologia/simplicidade-e-clareza-das-escrituras.html
domingo, 16 de abril de 2017
Elas obedeceram sem conhecer a resposta
Por Benjamin L. Merkle
Elas obedeceram sem conhecer a resposta
Era o dia da preparação, e começava o sábado. As mulheres, que tinham vindo da Galileia com Jesus, seguindo, viram o túmulo e como o corpo fora ali depositado. Então, se retiraram para preparar aromas e bálsamo. E no sábado, descansaram, segundo o mandamento. (Lucas 23.54-56)
Era o mais triste dos dias. A Palavra que havia se tornado carne e habitado entre nós jazia fria em um túmulo. O que você faz quando aquele que ressuscitou os mortos está morto?
As mulheres que haviam seguido Jesus desde a Galileia até Jerusalém e, então, até o Gólgota e, finalmente, até o túmulo não sentiam apenas tristeza, mas confusão também. O homem que elas haviam pensado ser o libertador estava morto. Será que estavam enganadas todo esse tempo?
Lembra-te do dia do sábado, para o santificar (Êxodo 20.8). Elas não tinham as respostas para suas perguntas, mas tinham o mandamento de Deus. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra; mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus (Êxodo 20.9-10). Portanto, essas fiéis mulheres fizeram o que suas mães, pais e israelitas haviam feito desde os tempos de Moisés. Elas guardaram o sábado. Quando um véu de escuridão desce sobre nós na forma de tragédias, orações não respondidas ou decepção com Deus, podemos, seguindo o exemplo dessas mulheres de coração partido, caminhar em obediência.
FÉ OBEDECE QUANDO O CAMINHO NÃO ESTÁ CLARO
Seguidores fiéis obedecem quando parece não haver caminho algum adiante, nenhuma porta de saída da prisão, nenhuma bonança após a tempestade. A fé não requer a imaginação para antever como Deus poderia solucionar quaisquer problemas que venhamos a enfrentar.
Quando somos tentados a afundar no desespero, nós deveríamos, em vez disso, assim como Elisabeth Elliot aconselhou de forma tão memorável, “fazer a próxima coisa”. Talvez não sejamos capazes de discernir como Deus nos tirará do poço, mas não precisamos discernir. Foi-nos concedido simplesmente obedecer a ele em qualquer tarefa que ele nos tenha ordenado a realizar hoje.
Embora as mulheres não soubessem como Deus cumpriria suas promessas, disto elas sabiam: um cadáver precisa de cuidados. No entanto, até mesmo o seu serviço fúnebre em favor do corpo partido de Jesus teve de esperar. Elas se lembraram do sábado e o guardaram. Para elas, a “próxima coisa” era o descanso.
É fácil obedecer quando conseguimos antever como Deus abençoará nossa obediência, mas é muito mais difícil quando não vemos o propósito dela. No seu pior momento, pode parecer que simplesmente não tem como você perseverar até o fim da jornada na qual Deus a colocou. Mas tudo que Deus requer de você é que continue colocando um pé após o outro à medida que percorre o caminho da obediência.
Você não precisa saber aonde esse caminho a está conduzindo ou como Deus a sustentará, porque ele sabe para onde ele a está levando.
A OBEDIÊNCIA DESCANSA NA OBRA CONSUMADA DE CRISTO
Se já houve algum dia em que o povo de Deus parecia estar longe da libertação, esse dia foi aquele sábado sombrio. Apenas alguns dias antes, as multidões haviam exclamado: “Bendito aquele que vem em nome do Senhor!” (Lucas 13.35). Mas, agora, quem em sã consciência poderia chamar Jesus de bendito? Ele não estava apenas morto, mas havia sido pendurado em um madeiro. De acordo com a lei de Moisés, ele havia sofrido a morte do maldito (Deuteronômio 21.23). Mas isso tudo não era o que parecia. Assim como Deus havia descansado após a obra da criação, o Filho de Deus descansou após a obra da redenção. Deus havia descansado após contemplar sua criação e chamá-la de boa. Seu Filho descansou após ter tomado nossa culpa sobre si e declarado: “Está consumado” (João 19.30).
Pode ser que os rituais de descanso daquele sábado tivessem sido iguais aos rituais passados, mas tudo havia mudado. Deus havia feito a obra que seu povo não era capaz de fazer. Agora, eles podiam descansar na obra consumada de Deus. Todos os sábados que eles haviam guardado até aquele dia prefiguravam o descanso espiritual que só lhes poderia pertencer a partir do momento em que seus pecados houvessem sido pagos. O sábado que eles guardaram naquele dia previu o descanso sabático que aguarda a todos nós na vida vindoura (Hebreus 4.9-11). Não me sinto triste quando imagino o mais triste dos dias. Tiro inspiração das mulheres que guardaram os mandamentos de Deus e honraram o sábado mesmo não podendo compreender como seria possível Deus tornar o pranto delas em dança. Elas não sabiam que do outro lado do sábado não haveria corpo algum para enterrar.
Por: Betsy Childs Howard. © Desiring God Foundation.Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Obedience Without Answers
Original: Elas obedeceram sem conhecer a resposta. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Harumi Makida dos Santos. Revisão: Renata Espírito Santo.
Benjamin L. Merkle é Professor Associado de Novo Testamento e Grego no Southeastern Baptist Theological Seminaryem Wake Forest, Carolina do Norte, EUA. É o autor de 40 Questions about Elders and Deacons (Kregel, 2008, sem tradução em português) e Why Elders? A Biblical and Practical Guide for Church Members (Kregel, 2009, sem tradução em português).
Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2017/04/elas-obedeceram-sem-conhecer-resposta/
terça-feira, 4 de abril de 2017
Conselhos de Salomão
Publicado por andrebt
Salomão escreveu mil e cinco cânticos e três mil provérbios. Dos três mil provérbios, muito menos da metade está na Bíblia, sob o título Provérbios de Salomão. Se cada versículo de Provérbios fosse um provérbio, teríamos então 915 provérbios, somente um terço de toda a sua produção. Acompanhe alguns de seus conselhos:
1. Evite o mal e caminhe sempre em frente; não se desvie nem um só passo do caminho certo.
2. A riqueza que é fácil de ganhar é fácil de perder; quanto mais difícil for para ganhar mais você terá.
3. Afaste-se das pessoas sem juízo porque gente assim não têm nada para ensinar.
4. Peça a Deus que abençoe os seus planos, e eles darão certo.
5. Corrija os seus filhos enquanto eles têm idade para aprender; mas não os mate de pancadas.
6. Ouça os conselhos e esteja pronto para aprender; assim um dia você será sábio.
7. Procure bons conselhos e você terá sucesso; não entre na batalha sem antes fazer planos.
8. Não seja vingativo; confie no Deus Eterno, e Ele fará a justiça a você.
9. Pense bem antes de prometer alguma coisa a Deus, pois você poderá se arrepender depois.
10. Se você não quer se meter em dificuldades, tome cuidado com o que diz.
11. Não se mate de trabalhar, tentando ficar rico, nem pense demais nisso, pois o seu dinheiro pode sumir de repente, como se tivesse criado asas e voado para longe como uma águia.
12. Não fique contente quando o seu inimigo cair na desgraça. O Deus Eterno vai saber que você ficou contente com isso e não vai gostar. E Ele poderá parar de castigar esse inimigo.
13. Não se revolte por causa dos maus nem tenha inveja deles. Os pecadores não têm futuro; eles são como uma luz que está se apagando.
14. Ninguém se elogie a si mesmo; se houver elogios, que venham dos outros.
15. Jovem, aproveite a sua mocidade e seja feliz enquanto é moço. Faça tudo o que quiser e siga os desejos do seu coração. Mas lembre-se de uma coisa: Deus o julgará por tudo o que você fizer.
(Textos retirados dos Provérbios de Salomão e Eclesiastes, na versão A Bíblia na Linguagem de Hoje: Pv 4.27; 13.11; 14.7; 16.3; 19.18; 19.20; 20.18; 20.22; 20.25; 21.23; 23.4; 24.17; 24.19; 27.2 e Ec 11.9.)
Texto originalmente publicado na edição 258 de Ultimato.
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/elbencesar/2017/03/17/conselhos-de-salomao/
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017
Todas as cores de Cristo.
Por Josemar Bessa
Em Jesus á uma combinação maravilhosa de tudo o que é santo, lindo e glorioso. Qualquer que seja a virtude ou a graça que foi testemunhada em outros - estava plenamente, perfeitamente Nele e dele apenas fluía para eles.
A fé de Abraão,
O piedoso temor de Isaque,
A confiança na soberania divina de José,
A mansidão de Moisés,
A paciência de Jó,
A santidade de Isaías,
A devoção piedosa de Davi,
A integridade de Daniel,
A sinceridade de Natanael,
A fervor de Pedro,
O zelo de Paulo,
A ternura de João,
A doçura de Abel ao ofertar,
A intransigência de Noé,
A sabedoria de Salomão,
A firmeza de Estêvão,
O amor ao totalmente indigno de Oséias,
A ousadia de João Batista,
A capacidade de sofrer pela Verdade de Jeremias,
A visão profunda da glória de Deus de Ezequiel,
O poder em Elias,
Os milagres de Eliseu,
A força de Sansão,
A submissão de Habacuque...
Todos estas coisas, em suas cores mais brilhantes, brilharam naquele que estava cheio de graça e de verdade e eram apenas reflexo dele como a lua reflete o Sol.
"Sim, Ele é todo amável! Este é o meu Amado, e este é meu Amigo!" Canção dos Cânticos 5:16
Na medida da graça que recebemos, sigamos a Cristo nesta bela harmonia de graças cristãs. O Fruto do Espírito. Que nenhuma parte de Seu caráter seja deixada fora da vista do mundo a partir de nós. Este revestimento de muitas cores que foi usado por nosso José - possa estar também sobre nós seus irmãos por adoção.
“Vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” - João 1:14
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
Querer sempre ter mais
Por Rute Heckert
"O que falta cega pro que já se tem"
Querer sempre mais – hábito entranhado no modo contemporâneo de viver no estilo "black friday". Autorizados pela cultura do consumismo e do individualismo a valorizar nosso querer, facilmente caímos na armadilha da insatisfação constante, restringindo nossos pensamentos a querer o que não temos. "O que falta cega pro que já se tem"*.
Querer ter mais se confunde com ser mais importante, e nos faz incapazes de identificar os motivos de sermos gratos. Imaginamos algo que não temos, ou não somos, como possibilidade futura, perdendo os pés do presente. Não aceitamos o presente tempo, não valorizamos o presente recebido. Amargor e rancor vão sendo semeados em nosso ser. Sermos gratos, porém, areja, ilumina, nos torna graciosos. É ter graça sem ser tolo ou ingênuo, mas sim dotado de sabedoria, dando foco e brilho ao que se vive e se recebe, acolhendo a graça com humildade, sem se dar mais importância do que ao outro. Gratidão anda de mãos dadas com a alegria; sem negar a falta ou a dificuldade, aceitar o que se tem faz a vida leve. Ser grato, contudo, não é estar cego, mas aprender a ver, isto é, a reconhecer o que há de valioso, os presentes presentes. É poder ver o céu espelhado no mar escuro quando este nos dá medo... coisa de quando a alma não é pequena...** O olho que vê poesia pode ver.
Olhar para a própria história e enxergar motivos de gratidão não é tarefa fácil - mágoas e feridas põem-se à frente. Impossível passar a borracha como numa "pseudoamnesia", porém podemos encontrar motivos pelos quais encontramos sentido no viver, o que nos fazem prosseguir. Do contrário, estagnamos. Com gratidão, cultivamos alegria, esperança, movimento... a vida tem graça.
Notas:
*da música “Seja Você”, de Herbert Vianna.
**do poema “Mar Português” de Fernando Pessoa.
• Rute Heckert Viriato é psicóloga e psicoterapeuta, com experiência na área de reabilitação para pessoas com deficiência. Estuda temas como: espiritualidade, luto e morte, dor, deficiências, envelhecimento, relacionamentos e escolha profissional. É editora do blog Contemplação do Ser.
"O que falta cega pro que já se tem"
Querer sempre mais – hábito entranhado no modo contemporâneo de viver no estilo "black friday". Autorizados pela cultura do consumismo e do individualismo a valorizar nosso querer, facilmente caímos na armadilha da insatisfação constante, restringindo nossos pensamentos a querer o que não temos. "O que falta cega pro que já se tem"*.
Querer ter mais se confunde com ser mais importante, e nos faz incapazes de identificar os motivos de sermos gratos. Imaginamos algo que não temos, ou não somos, como possibilidade futura, perdendo os pés do presente. Não aceitamos o presente tempo, não valorizamos o presente recebido. Amargor e rancor vão sendo semeados em nosso ser. Sermos gratos, porém, areja, ilumina, nos torna graciosos. É ter graça sem ser tolo ou ingênuo, mas sim dotado de sabedoria, dando foco e brilho ao que se vive e se recebe, acolhendo a graça com humildade, sem se dar mais importância do que ao outro. Gratidão anda de mãos dadas com a alegria; sem negar a falta ou a dificuldade, aceitar o que se tem faz a vida leve. Ser grato, contudo, não é estar cego, mas aprender a ver, isto é, a reconhecer o que há de valioso, os presentes presentes. É poder ver o céu espelhado no mar escuro quando este nos dá medo... coisa de quando a alma não é pequena...** O olho que vê poesia pode ver.
Olhar para a própria história e enxergar motivos de gratidão não é tarefa fácil - mágoas e feridas põem-se à frente. Impossível passar a borracha como numa "pseudoamnesia", porém podemos encontrar motivos pelos quais encontramos sentido no viver, o que nos fazem prosseguir. Do contrário, estagnamos. Com gratidão, cultivamos alegria, esperança, movimento... a vida tem graça.
Notas:
*da música “Seja Você”, de Herbert Vianna.
**do poema “Mar Português” de Fernando Pessoa.
• Rute Heckert Viriato é psicóloga e psicoterapeuta, com experiência na área de reabilitação para pessoas com deficiência. Estuda temas como: espiritualidade, luto e morte, dor, deficiências, envelhecimento, relacionamentos e escolha profissional. É editora do blog Contemplação do Ser.
Imagem: Stevepb/Pixabay.com.
sábado, 4 de fevereiro de 2017
Girolamo Zanchi – A sabedoria e presciência de Deus (Reforma500)
Por Girolamo Zanchi
500 anos de Reforma Protestante
Em comemoração aos 500 anos de Reforma Protestante, o Voltemos ao Evangelho trará artigos semanais e biografias de diferentes reformadores: Girolamo Zachi (jan), Theodoro Beza (fev), Thomas Cranmer (mar), Guilherme Farrel (abr), William Tyndale (mai), Martin Bucer (jun), John Knox (jul), Ulrico Zuínglio (ago), João Calvino (set) e Martinho Lutero (out).
Com respeito à divina sabedoria e presciência, farei as seguintes afirmações:
Proposição 1. Deus é, e sempre foi tão perfeitamente sábio, que nada jamais frustrou, frusta ou pode frustar o seu conhecimento. Ele sabia, desde toda a eternidade, não somente o que ele mesmo pretendia fazer, mas também o que ele inclinaria e permitiria que os outros fizessem. “Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo (ap aiwnoV) todas as suas obras” (Atos 15.18).
Proposição 2. Consequentemente, Deus não sabe nada agora, nem saberá nada mais adiante, que Ele não conheceu e previu desde a eternidade; sendo a sua presciência coeterna consigo mesmo e se estendendo a tudo que é ou deve ser feito (Hebreus 4.13). Todas as coisas que compreendem passado, presente e futuro, estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos que lidar.
Proposição 3. Esta presciência de Deus não é conjectural e incerta (pois, então, não seria presciência), mas é segura e infalível, de modo que tudo o que ele prevê ser futuro necessariamente acontecerá. Pois, o seu conhecimento não pode mais ser frustrado ou sua sabedoria enganada, do que ele pode deixar de ser Deus. Não, se qualquer um destes fosse o caso, ele realmente deixaria de ser Deus, sendo todo erro e frustração absolutamente incompatível com a natureza divina.
Proposição 4. A influência que a presciência divina tem sobre a certa realização futura das coisas conhecidas não torna desnecessária a intervenção de causas secundárias, nem destrói a própria natureza das coisas.
Meu entendimento é que a presciência de Deus não coloca nenhuma necessidade coercitiva sobre as vontades dos seres naturalmente livres. Por exemplo, o homem, mesmo em seu estado caído, é dotado de uma liberdade natural da vontade, mas age, desde o primeiro até o último momento da sua vida, em absoluta subserviência (embora, talvez, ele não o saiba ou o intencione) aos propósitos e decretos de Deus concernentes a ele; todavia, ele não é passível à compulsão, mas age tão livre e voluntariamente como se fosse sui juris, não sujeito a nenhum controle e absolutamente senhor de si mesmo. Isto fez com que Lutero — depois de ter demonstrado como todas as coisas necessária e inevitavelmente acontecem, em consequência da vontade soberana e da presciência infalível de Deus — dizer que “devemos distinguir cuidadosamente entre uma necessidade de infalibilidade e uma necessidade de coação, já que tanto homens bons quanto maus, embora por suas ações cumpram o decreto e designação de Deus, ainda assim, não são obrigados a fazer qualquer coisa, mas agem voluntariamente”.
Proposição 5. A presciência de Deus, considerada de forma abstrata, não é a única causa dos seres e eventos, mas a sua vontade e presciência juntos. Por isso encontramos (Atos 2.23) que seu determinado conselho e presciência agem em conjunto, sendo este último resultante e fundado no primeiro.
Por: Girolamo Zanchi. Fonte: Absolute Predestination
Por: Girolamo Zanchi. Fonte: Absolute Predestination
Original: Girolamo Zanchi – A sabedoria e presciência de Deus (Reforma500). © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Camila Rebeca Teixeira. Revisão: William Teixeira.
Girolamo Zanchi (1516-1590) foi um reformador italiano que fugiu da perseguição para finalmente se estabelecer em Estrasburgo como professor de Antigo Testamento no Colégio de São Tomás. Ele foi posteriormente nomeado em Heidelberg como professor de Teologia na Universidade. Sua obra é caracterizada por uma impressionante síntese da teologia reformada, do tomismo e do método escolástico.
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