Autor: Ruth Bancewicz
Os que abandonam a fé por causa da ciência devem saber que esta é vulnerável
Ridicularizam-se a Bíblia, a pregação do evangelho e a fé dos cristãos. Porém os cristãos em geral não ridicularizam – ou não deveriam ridicularizar – a ciência.
A ciência não é, necessariamente, inimiga da fé e vice-versa. Ambas não deveriam se digladiar. O que não impede que a fé não abrace todos os pressupostos da ciência e a ciência, por sua vez, faça o mesmo. É difícil dizer qual das duas impõe mais: se a fé ou a ciência. Mesmo que a ciência se torne às vezes soberba, a fé pode e deve ser convicta sem ser soberba.
Os cristãos que esfriam na fé ou abandonam a fé por causa de algum trunfo da ciência precisam saber que a ciência não é invulnerável, como também a religião, em si, não o é. O que é invulnerável em matéria de religião é a “fé que nos foi confiada como um dom a ser guardado e cultivado” (Judas 3, Bíblia Ave-Maria). No bojo dessa fé está o Criador, a criação, a necessidade de remoção do pecado, o nascimento virginal de Jesus, seu sacrifício vicário e sua ressurreição, a glória vindoura e a revelação.
São os próprios homens da ciência que alardeiam seus equívocos, suas limitações e até mesmo suas fraudes. O jornalista Hélio Schwartsman – um judeu ateu, como se declara –, em outubro de 2012, baseando-se na revista Ciência, diz que “a ocorrência de fraudes em pesquisas médicas cresceu dez vezes de 1975 para cá”. Ele receia que isso “seja apenas a ponta do iceberg do problema” (Folha de São Paulo, 5/10/2012, A2). Duas semanas depois, o médico Drauzio Varella, mais conhecido por seus livros do que pelo seu consultório, cita a declaração de 150 anos atrás de Oliver Holmes, segundo a qual, “se toda a matéria médica, como hoje é empregada, fosse afogada no fundo do mar, seria muito melhor para a humanidade – e muito pior para os peixes” (Folha de São Paulo, 21/10/2012, E14).
Outro dia, Marcelo Gleiser, professor de física teórica nos Estados Unidos, no artigo intitulado A terceira revolução copernicana (Folha de São Paulo, 30/9/2012), listou uma série de descobertas científicas envolvendo o universo que foram sendo substituídas sucessivamente uma pela outra. Houve um tempo em que a ciência dizia que a Via Láctea era tudo o que existia. Pouco depois, outro cientista afirmava que a Via Láctea era apenas uma entre “centenas de milhares” de outras galáxias. Hoje – diz Gleiser – “sabemos que existem centenas de bilhões de galáxias”. A terra, o sol e a Via Láctea já foram considerados o centro do universo. A tendência hoje em dia é dizer que o nosso universo não é único, mas um entre incontáveis outros.
Na metade do século passado, dez mil recém-nascidos em todo o mundo, especialmente na Alemanha, nasceram com graves deformações, vítimas de um dos maiores erros da história da medicina. Só agora, cinquenta anos depois da tragédia, é que o laboratório Grünenthal, o fabricante da talidomida, pede desculpas ao mundo. Uma das vítimas brasileiras é presidente da Associação Brasileira de Portadores de Síndrome da Talidomida (ABPST). Cláudia Marques Maximino nasceu em 1962 sem as duas pernas e um braço. Ela é pós-graduada em recursos humanos.
Esses “novos horizontes” não surgem no terreno da fé: há mais de dois milênios não houve alteração alguma na “fé que os santos receberam de uma vez para sempre”. Essa herança de convicções religiosas não vem por meio de fatos matematicamente comprovados, como se tenta fazer na ciência. Ela é formada a partir de revelações da parte de Deus. Pela via científica ninguém acreditará, por exemplo, na concepção sobrenatural de Jesus, no perdão de pecados por meio do sacrifício vicário de Jesus, na ressurreição dos mortos, em novos céus e nova terra. Mas, pela fé, essas convicções podem e devem existir!
Nota
Publicado na seção Mais Que Notícias da revista Ultimato 342 (maio-junho/2013).
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