quarta-feira, 25 de maio de 2016

Cristo e o labirinto da condição existencial humana


Por Hermes C. Fernandes


Havia um labirinto na antiga Grécia, na ilha de Creta, criado com o intuito de abrigar umas das mais temidas feras do mundo antigo chamada Minotauro: uma criatura com corpo de homem, cabeça de touro e dentes de leão, usados para devorar todos que se aproximam.

A figura do labirinto serve-nos como analogia da condição existencial humana. A proposta religiosa nos oferece uma rota para nos tirar deste emaranhado e nos reencaminhar na direção da fonte onde encontraríamos a resposta para as nossas mais inquietantes indagações. Porém, é ao homem que devemos creditar tal façanha, não a Deus. Toda religião seria iniciativa meramente humana, diferindo da proposta do evangelho que seria uma iniciativa estritamente divina.

Veja o que Deus diz sobre nossas vãs tentativas de nos reaproximar d’Ele em nossos próprios termos:

“O caminho da paz eles não o conhecem, nem há justiça nos seus passos; fizeram para si veredas tortas; todo aquele que anda por elas não tem conhecimento da paz. Pelo que a justiça está longe de nós, e a retidão não nos alcança; esperamos pela luz, e eis que só há trevas; pelo resplendor, mas andamos em escuridão. Apalpamos as paredes como cegos; sim, como os que não têm olhos andamos apalpando; tropeçamos ao meio-dia como no crepúsculo, e entre os vivos somos como mortos.” Isaías 59:8-10

Veredas tortas, escuridão que nos força a andar apalpando as paredes, reforçam a imagem do labirinto que proponho aqui como análoga à religião. Devido à nossa total incompetência em escapar dele, Deus teve que intervir.

A Lei entregue por Deus a Moisés serviu-nos como um mapa dentro desse labirinto, porém, não nos livrou da presença do mal. A cada curva corríamos o risco de nos depararmos com a besta, metade homem, metade fera. Mas por estarmos na escuridão, apenas ouvíamos o seu rugido, como que de um leão buscando a quem pudesse tragar.

A segunda medida tomada por Deus foi enviar-nos profetas cuja luz serviu-nos como lanterna, possibilitando-nos enxergar o que estava logo à nossa frente (2 Pe. 1:19). Foi a partir daí que descobrimos que as paredes desse labirinto eram feitas de espelho, de sorte que o monstro que vimos nada mais era do que nosso próprio reflexo. Estávamos todos encurralados, não importando que direção tomássemos. A cada curva, o monstro reaparecia. Fugir dele era fugir de nós mesmos. Metade humanos, metade monstros. Tal era nossa condição. Sabíamos o bem que tínhamos de fazer, mas a fera em nós era indomável. Talvez a Lei até pudesse nos conduzir ao destino glorioso que se propunha. O problema não estava nela, mas em nós, nas pulsões que habitam nosso ser bipartido. “Miserável homem que sou!”, exclamaria Paulo, “quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm.7:24). 

Não foi Teseu, o filho de Egeu quem liquidou o monstro, como na mitologia grega. Foi Jesus, o Filho do Deus vivo quem entrou nesse labirinto e derrotou a besta-fera. Por isso, o mesmo Paulo responde imediatamente à sua pergunta: “Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor” (v.25).

Através de Sua cruz, Jesus não apenas liquidou o minotauro que nos assombrava, como também nos abriu um novo e vivo caminho pelo qual temos amplo acesso ao Pai. As paredes do labirinto vieram ao chão. É disso que Paulo fala em sua carta aos Efésios:

“Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito.” Efésios 2:13-18

Chega de curvas oblíquas e de caminhos interditados! Chega de ouvir o eco dos rugidos da besta! Estamos agora percorrendo um caminho reto. A complexidade do labirinto cedeu lugar à simplicidade do Caminho. Sequer precisamos de um mapa para transitá-lo. Basta seguir sempre reto, sem desviar-se nem para a esquerda, nem para a direita. Sua simplicidade é tão evidente que o profeta diz que “até mesmo os loucos, não errarão” (Is.35:8). Imagine soltar um louco num labirinto! Solte-o no caminho, ele certamente encontrará seu destino.

Tal verdade é desconcertante para os que se arrogam o papel de especialistas da religião. Aqueles que se apresentam como portadores do mapa. Que dizem possuir a única arma capaz de liquidar o minotauro.

Apesar do alto custo envolvido na demolição do labirinto, a obstinação humana é tamanha que logo se pôs a reconstruí-lo. São os reconstrutores do labirinto religioso os responsáveis por esta nova Babel que vivemos em nossos dias. Diferente da primeira que se erguia verticalmente, a nova Babel é caracterizada por sua complexidade. Não foi em vão que Paulo declarou temer que “assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia”, tenhamos nosso entendimento corrompido, apartando-nos “da simplicidade e da pureza que há em Cristo” (2 Co.11:3).

Nada mais simples do que um caminho reto, sem curvas, esquinas e interdições. Nada mais complexo do que um labirinto insinuoso como uma serpente enroscada em torno de si. O que pode, à primeira mão, parecer um atalho ingênuo, na verdade é uma armadilha.

Nenhuma parede sequer deve ser poupada. Nada há que se aproveitar do que só serviu para promover alienação e escravidão. Seria como transformar Auschwitz num Jardim de Infância. Que pai se sentiria confortável ao deixar seus filhos estudarem nos mesmos edifícios usados pelos nazistas para torturar e matar os judeus durante a Segunda Guerra Mundial?

Por isso, Jesus foi categórico ao profetizar a demolição completa do templo de Jerusalém. “Não ficará pedra sobre pedra!” O rasgar do véu do templo no momento em que rendeu Seu espírito ao Pai foi o prenúncio do que aconteceria cerca de quarenta anos depois sob a espada romana.

Aquele templo havia se tornado num monumento à religiosidade farisaica e hipócrita que se instalara entre os judeus contemporâneos de Cristo. Sua santidade original houvera sido profanada. E a partir do momento em que o sacrifício de Jesus fora aceito pelo Pai, todo e qualquer sacrifício, bem como todo e qualquer culto que se oferecesse ali seriam nulos. Portanto, o templo se tornara obsoleto.

Uma nova aliança passara a vigorar, em que já não haveria geografias sagradas, nem lugar para a burocracia sacerdotal, mas tão somente o culto racional, aquele oferecido ao Pai “em Espírito e em Verdade”, conforme Jesus.

A Antiga Aliança oferecia um caminho em meio ao labirinto. Mas a Nova Aliança oferece o Caminho sem qualquer labirinto. Com o labirinto implodido, que utilidade teria o velho caminho proposto pelo pacto anterior?

Nossa comunhão com Deus foi reatada. O Minotauro foi liquidado.  Nosso velho homem foi crucificado juntamente com Cristo. Os sacrifícios exigidos pela Lei foram totalmente inutilizados e ofuscados ante o sacrifício vicário de Jesus. Portanto, insistir neles é um insulto ao Espírito da Graça.

Por isso, tenhamos “ousadia para entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, pelo caminho que ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne” (Hb.10:19).


quinta-feira, 19 de maio de 2016

A vontade engana



Por Leonel Elizeu Valer Dos Santos


“Fez notórios seus caminhos a Moisés, os seus feitos aos filhos de Israel.” Sal 103;7

Há uma grande diferença entre as coisas como são, e como vemos. Daí, se diz, que as aparências enganam, embora, às vezes o engano verta de outra fonte. Se tratando de coisas espirituais, sobretudo, as pessoas tendem a ver a partir da vontade. Noutras palavras: Veem o que querem ver. Por exemplo: Quantos ateus, que não tendo um exemplo sequer de uma espécie sendo transmudada em outra, ainda assim, “veem” como plausível a Teoria da Evolução, pois, não conseguem “ver” Deus através da criação, ou, da Palavra?

A mesma Palavra ensina que tal “cegueira” é voluntária; invés de os inocentar, aumenta-lhes a culpa. “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto, seu eterno poder, quanto, sua divindade, se entendem, claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes, em seus discursos se desvaneceram, seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” Rom 1;20 a 22 Viram Deus, entretanto, preferiram a escuridão, a insensatez.

O texto do Salmista ensina que, tanto os feitos, quanto, os caminhos do Senhor, foram notórios, isto é, fáceis de perceber. Contudo, o fato de que algo é fácil de perceber, compreender, são significa que é igualmente fácil de executar. Tanto que, os caminhos do Senhor no Êxodo, levavam Israel de encontro a combates, depois, dada a rebelião, incredulidade, dos que temeram lutar, como se a vitória derivasse deles, não, do Senhor, posto isso, digo, os caminhos retiveram a nação no deserto por quarenta anos, antes de ingressar na terra prometida. A geração que fora liberta para caminhar rumo à promessa, se viu caminhando em círculos, a espera da morte, por ter blasfemado contra Seu Libertador.

As promessas Divinas são imutáveis no que tange a Ele, Sua Fidelidade, Seu Caráter; no que diz respeito a nós, condicionais; dependem de nossas respostas, nos quesitos, crer, e obedecer à Vontade do Eterno.

Nossa covardia comodista anseia facilidades, a sobriedade necessária dos “Caminhos do Senhor” nos desafia às responsabilidades. E muitos, para fugir dessas, falseiam as coisas, turbam a própria visão, como se, ao fingirem não ver claramente o dever, fossem eximidos da culpa, pela eventual omissão em cumpri-lo.

Muitas declarações de fé feitas em cenário de “tempo bom” não passam de coloridas esperanças que, as facilidades circunstanciais permaneçam indefinidamente. Essa “fé” sazonal, a rigor, não é fé; hipocrisia conveniente do bobalhão que trai a si mesmo.
Embora viceje uma geração de pregadores festeiros que faz parecer que a “avenida da fé” é um amplo espaço de conquistas, a Palavra sempre advertiu que se trata de adstrita vereda, dever, responsabilidade. “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, espaçoso o caminho que conduz à perdição; muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7;13 e 14

O mundo vive seu porre dos direitos, todos os comportamentos, faixas etárias, mas, ante Deus, a senda do dever se requer como aprendizado desde a infância: “Ensina o menino no caminho que deve andar; até quando envelhecer, não se desviará dele.” Prov 22;6

Se, por um lado é certo que, aquele que deveras não vê, conta com certa misericórdia, pois, “...Deus não toma em conta os tempos da ignorância”, por outro, não menos certo é que, a maioria finge não saber o que sabe, para não abrir mão do gosta.

Sua “cegueira” deriva de uma vontade rebelde que acostumou ao prazer na maldade, e disso não abre mão, prefere o escuro. “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque, são feitas em Deus.”Jo 3;19 a 21

Uns assim, como aqueles do Êxodo, recusam o combate, ( cruz ) duvidam da fidelidade e bondade de Deus, também andam em círculos no deserto da vida, a espera de uma morte sem esperanças. Daquela geração, entraram Josué e Calebe, dois que creram, apenas; da nossa, dentre os muitos convidados, uma minoria de escolhidos, infelizmente.


Os caminhos do Senhor são notórios, mas, pouco influi a Luz, ante quem aprendeu amar as trevas. “Suave é ao homem o pão da mentira, mas, depois a sua boca se encherá de cascalho.” Prov 20;17


Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/a-vontade-engana

sábado, 14 de maio de 2016

Quando ficamos sozinhos.


Mais e mais graves pecados são cometidos na solidão do que na sociedade dos nossos semelhantes. O diabo enganou Eva no paraíso quando ela estava sozinha.

Assassinato, roubo, furto, fornicação, adultério... estão empenhados na solidão, a solidão fornece ao diabo a ocasião e a oportunidade.

Por outro lado, uma pessoa que está com os outros e na sociedade e comunhão de seus semelhantes, mesmo que seja poro vergonha de cometer um crime ou por não ter ocasião e oportunidade de fazê-lo, se restringe.

Cristo prometeu: "Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles."

Cristo estava sozinho quando o diabo o tentou. Davi estava sozinho e inativo quando ele escorregou em adultério e assassinato. Eu também descobri que eu nunca sou tão propenso a cair em pecado como quando estou sozinho.

Deus criou o homem para a comunhão e não para a solidão. Isso pode ser apoiada pelo argumento de que Ele criou dois sexos, masculino e feminino...

Da mesma forma Deus fundou a Igreja Cristã, a comunhão dos santos, instituiu os sacramentos, pregação e consolações na Igreja.

Solidão produz melancolia. Quando estamos sozinhos as coisas piores e mais tristes vêm a nossa mente. Refletimos em detalhe sobre todos os tipos de males.

E se encontramos a adversidade em nossas vidas vivendo isolados, nós habitamos e nos fixamos sobre ela tanto quanto possível, a ampliamos, achamos que ninguém é tão infeliz como somos, e imaginamos as piores consequências possíveis.

Em suma, quando estamos sozinhos, pensamos em uma coisa e outra, nós tiramos conclusões, e nós interpretamos tudo sob a pior luz.

Por outro lado, isolados, imaginamos que outras pessoas estão muito felizes, e isso nos aflige pensando que as coisas vão bem com os outros e sempre tão mal com a gente - Quando na verdade, todos estão tendo lutas como a nossa.

Não se pode viver para Deus de forma isolada. Você precisa desesperadamente da igreja.

–Martinho Lutreo: Letters of Spiritual Counsel, Ed. Theodore Tappert (Louisville: Westminster Press, 1955), 95.

Tradução: Josemarbessa.com


Fonte: http://www.josemarbessa.com/2016/04/quando-ficamos-sozinhos.html

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Um Negócio da China!


Por Iracema Claro


Quem não quer um negócio da China? Eu,não!( nada contra os chineses, eu os amo).
O negócio da China ao que me parece, tem transformado toda matéria prima que lhes chegam às mãos em objetos baratos e descartáveis. Todos os dias chegam aos portos Chineses centenas de toneladas de matéria prima. Alguns navios chegam com "florestas inteiras". A natureza geme e o ser humano também! Ambição, insanidade, poder e então, produzir nas 24 horas do dia, 365 dias ano e vender ao mundo mercadorias baratas que na sua maioria não tem conserto ou simplesmente não vale a pena o custo para tal. Só os chineses fazem isso? Infelizmente não. Que triste!
Temos vivido a prática do comprar, comprar o mais moderno e depois? Depois, a gente joga fora.
A insanidade do ganhar e do poder - comprar barato para ganhar mais, para quê? Para gastar.
O nosso mundo está se tornando descartável ou um lixão globalizado? Quem arrisca um palpite? No nosso mundo azul, não tem lata de lixo que nos livre do nosso próprio lixo. O lixo que produzimos sempre fica aqui e em nós. O espaço? Já tem lixo demais! O lixo espacial já está caindo sobre as nossas cabeças! Quem liga? Transformamos a natureza criada em coisas descartáveis, em lixo. Ao meu olhar, o pior é que nos acostumamos com isso. Nos acostumamos a descartar. Aos olhos dessa nova sociedade que nos tornamos, o que é bom é quase sempre o que não dá trabalho. Estamos aprendendo a desvalorização. Cresce a cultura dos que querem obter o objeto de seu desejo compulsivamente, ansiosamente e imediatamente. O que estamos fazendo com a natureza? O que estamos fazendo com a nossa humanidade e com os nossos relacionamentos?
Olhando de fora (como se isso fosse possível), Vejo a banalização refletida em todas as áreas da nossa sociedade.É de dar dó, pena mesmo! Relacionamentos costumavam ser duradouros, hoje, comum são os rasos, porque vivemos a cultura do descarte, da indiferença. Casais tornaram-se com frequência impacientes um com o outro, estressados, ansiosos, há dificuldade em doar tempo ao outro por conta da correria. No tempo da minha avó era melhor, todo mundo tinha a segunda, terceira, quarta chance, as pessoas tinham postura e palavra. Pessoas doavam tempo pro outro no olhar demorado, no ouvir com paciência, no conserto e no perdão. No lugar da suspeita, elas tinham confiança! Hoje, a gente nem acredita quando está assinado no papel. Me parece que tudo isso é um tiro no nosso próprio pé. Ou seria um tiro no coração?
Olhar com seriedade e gratidão a criação, ajustar o GPS em direção a Deus, penso ser a solução.
Somos desafiados a transformar nossas mentes, ensinar e respeitar o que nos foi dado de graça e pela graça. O dinheiro só compra o que é descartável e efêmero. O que é grandioso e eterno não tem preço!
O valor verdadeiro está em amar O Criador de maneira tal, que transbordemos este amor na criação.
Que a gente use com sabedoria o nosso tempo e nossos recursos.
Que a gente não despreze e não desperdice.
Que a gente ame o Criador e aprenda...
Deus não tem lata de lixo!


Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/um-negocio-da-china

quinta-feira, 5 de maio de 2016

CHAMADO PARA SERVIR

Por João Marcos Bezerra


                   Quem quiser ser importante, que sirva os outros. (Mc 10.43b NTLH)

Imagine a seguinte situação, você faz parte de uma turma especial de profissionais que estão sendo capacitados para cargos de liderança na empresa em que trabalha. Daí, dois deles chegam para o instrutor, que também era o presidente da empresa, e pedem para ocupar algum cargo na diretoria executiva. Como você se sentiria? Ficaria indignado ou seria um dos dois pedintes? Pois é! Dois discípulos de Jesus fizeram isso. Foram Tiago e João, os filhos do trovão, Boanerges. “Da pracreditar?!”
Em muitos casos quando pensamos em liderança, imaginamos logo alguém numa posição de destaque, assumindo altas responsabilidades, mas também cheio de direitos e regalias. Afinal, o cara está numa posição privilegiada. Infelizmente, temos esta imagem também quando pensamos em liderança na igreja. Achamos que o pastor é o “presidente supremo da empresa”, os ministros são os “bonzões” e os demais líderes são os “caras”. Todos cheios de privilégios! Isto não é a realidade dos fatos.
Jesus disse: “Como vocês sabem, os governadores dos povos têm autoridade sobre eles e mandam neles. Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de todos” (vs.42,43). O pensamento que temos da liderança na verdade é um pensamento de um líder dentro dos padrões não cristãos. Eu já pensei assim! Isso faz com que nós, pessoas simples, não queiram se tornar líder de alguma coisa na igreja.
Jesus foi bem claro quando disse aos discípulos que eles não podiam ter este pensamento. Para serem líderes na Igreja, os apóstolos deveriam servir a todos os irmãos e àqueles que se achegariam à igreja. O próprio Cristo deu o exemplo! Em Marcos 10.45 está escrito que “o Filho do Homem não veio para ser servido e sim para servir, e dar a sua vida em resgate de muitos”. Então, o líder cristão na verdade é aquele que serve os outros, assim como Jesus serviu. Aquele que busca a posição não entendeu o ensino do Mestre.
Mas o que é ser servo? O Babilon descreve como “aquele que não tem direitos, ou não dispõe de sua pessoa e bens”. A palavra grega doulos, usada no texto bíblico base, significa “alguém que se rende à vontade de outro; aquele cujo serviço é aceito por Cristo para estender e avançar a sua causa entre os homens; dedicado ao próximo, mesmo em detrimento dos próprios interesses; escravo” (Bíblia Strong). E o próprio Jesus demonstrou que ser servo era deixar a mesa para lavar os pés dos discípulos (Jo 13.3-11) e abrir mão da sua divindade para ser o sacrifício perfeito para a nossa salvação (Fp 2.5-11).
Jesus falou para os seus discípulos serem servos uns dos outros. Mas o que é ser discípulo? É viver debaixo da disciplina do Mestre, imitando-O para um dia ser igual a Ele. Se Jesus é o nosso mestre, devemos viver debaixo do Seu ensino e seguir o seu exemplo. Então, devemos servir uns aos outros como discípulos e imitadores de Cristo. E, já que servir é liderar, dentro do modelo de Jesus, devemos também ser líderes na Igreja do Senhor.
Com isso, quando pensarmos sobre liderança, não deveremos pensar em posição ou privilégios, deveremos olhar para o exemplo do nosso Mestre e entender que ser um líder na Igreja é servir. Devemos colocar os nossos dons e talentos a serviço dos irmãos. Daí também, por meio do nosso exemplo de liderança e serviço, imitando a Jesus, outros conhecerão a Ele e O terão como Senhor e Salvador. Entenda que o seu chamado foi para liderar, ou seja, servir. Se você não está disposto a servir, você não está imitando a Cristo e está longe de ser quem Ele quer que você seja, um discípulo Dele. Pense nisso! Deus abençoe!

“Os líderes-servos renunciam aos seus direitos para encontrar grandeza servindo aos outros.”


Fonte: http://jmarcosbezerra.blogspot.com.br/2016/04/chamado-para-servir.html