quinta-feira, 3 de abril de 2014

2 motivos para aprendermos com os pais da igreja


Pais da Igreja

Em um verbete sobre “patrística”, no Dicionário da Igreja Cristã de Oxoford, uma obra de referência padrão sobre o cristianismo, os pais da igreja são descritos como aqueles autores que “escreveram entre o final do século I… e o final do século VIII”; e isso abrange o que é chamado de “Era Patrística”.

Medo de “Santos”

A verdade da questão é que muitos evangélicos contemporâneos desconhecem ou se sentem incomodados com os pais da igreja. Sem dúvida, anos de menosprezo da tradição e de luta contra o catolicismo romano e a ortodoxia ocidental, com seus “santos” da igreja antiga, têm contribuído, em parte, para este cenário de ignorância e incômodo. Além disso, certas tendências de fundamentalismo anti-intelectual têm desencorajado o interesse nesse “mundo distante” da história da igreja. E a esquisitice de muito daquela época da igreja antiga se tornou uma barreira para alguns evangélicos em sua leitura sobre os primeiros séculos da igreja. Finalmente, um desejo intenso de ser uma “pessoa do Livro” – um desejo eminentemente digno – tem levado, também, a uma falta de interesse em outros estudantes das Escrituras que viveram naquele primeiro período da história da igreja depois da era apostólica. Charles Haddon Spurgeon (1834-1892) – que certamente não poderia ser acusado de elevar a tradição ao nível, ou acima, das Escrituras – disse muito bem: “Parece estranho que certos homens que falam tanto sobre o que o Espírito Santo lhes revela pensem tão pouco no que ele revelou a outros”.

2 Motivos para Conhecer os Pais da Igreja

Por que os cristãos evangélicos deveriam procurar conhecer o pensamento e a experiência destas testemunhas cristãs antigas?
Primeiramente, o estudo dos pais, como qualquer estudo histórico, nos liberta do presente. Cada época tem sua própria perspectiva, pressuposições que permanecem não questionadas até pelos oponentes. O exame de outra época de pensamento nos força a confrontar nossos preconceitos naturais, que, de outro modo, ficariam despercebidos.  Como observou acertadamente Carl Trueman, um teólogo histórico contemporâneo:
A própria natureza estranha do mundo em que os Pais viveram nos força a pensar mais criticamente sobre nós mesmos em nosso con- texto. Por exemplo, não podemos simpatizar muito com o ascetismo monástico; mas, quando o entendemos como uma resposta do sécu- lo IV à velha pergunta de como devia ser um cristão comprometido numa época em que ser cristão começava a ser fácil e respeitável, podemos, pelo menos, usá-lo como uma bigorna na qual podemos forjar nossa resposta contemporânea a essa mesma pergunta.
Em segundo, os pais podem nos prover um mapa para a vida cristã. É realmente estimulante ficar na costa leste dos Estados Unidos, contemplar a arrebentação do Atlântico, ouvir o barulho das ondas e, estando bastante perto, sentir o borrifo salgado. Todavia, esta experiência será de pouco proveito ao se navegar para Irlanda ou para as Ilhas Britânicas. Pois, neste caso, um mapa é necessário – um mapa baseado na experiência acumulada de milhares de navegadores. Semelhantemente, precisamos desse tipo de mapa para a vida cristã. Experiências são proveitosas e boas, mas elas não servem como um fundamento apropriado para nossa vida em Cristo. Sendo exato, temos as Escrituras divinas, um fundamento imprescindível e suficiente para todas as nossas necessidades como cristãos (2Tm 3.16-17). Contudo, o pensamento dos pais pode nos ajudar enormemente em edificarmos sobre este fundamento.
Um ótimo exemplo se acha na pneumatologia de Atanásio, em suas cartas a Serapião, bispo de Thmuis. Os dias atuais têm visto um ressurgimento do interesse na pessoa do Espírito Santo. Isto é admirável, mas também carregado de perigo, se o Espírito Santo é entendido à parte de Cristo. Entretanto, o discernimento perspicaz de Atanásio era que “Através de nosso conhecimento do Filho podemos ter um verdadeiro conhecimento do Espírito”.16 O Espírito não pode ser divorciado do Filho. O Filho envia e dá o Espírito, mas o Espírito é o princípio da vida de Cristo em nós. Muitos têm caído em entusiasmo fanático porque não compreendem esta verdade básica: o Espírito não pode ser separado do Filho.
Redescobrindo_os_Pais_da_Igreja_detPor Michael Haykin. Texto adaptado do 1º capítulo do livro Redescobrindo os Pais da Igreja
No livro “Redescobrindo os Pais da Igreja”, Michael Haykin oferece ao leitor uma introdução agradável do cristianismo nos seus primeiros séculos, através das histórias de vida dos pais da Igreja e de seus ensinos, como Inácio, Cipriano, Basílio de Cesaréia e Ambrósio, cujos legados representam um imenso valor para os cristãos hoje. Nesta obra, Haykin revela o posicionamento desses homens piedosos diante de questões importantes da teologia como o batismo, o martírio, a ceia do Senhor, a Trindade, a relação da igreja com o estado, entre outras.

Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/04/2-motivos-para-aprendermos-com-os-pais-da-igreja/

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