domingo, 30 de agosto de 2015

Onde está Deus?

William B. Lane

Onde está Deus? Muitas vezes perguntamos, principalmente diante de uma tragédia ou de acontecimentos violentos. Assistimos com assombro a violência e outras crueldades feitas em nome de certos ideais. Numa dimensão mais pessoal, nos perturbamos quando alguém próximo é vítima de violência ou enfermidade, e nos perguntamos: “por quê”? Onde está Deus?

Parece que pior do que o sofrimento físico é o sentimento de não entender o porquê, é a sensação de falta de sentido e coerência entre aquilo que cremos a respeito de Deus e aquilo que estamos experimentando na realidade. Cremos num Deus presente a todo tempo e em todo lugar e que é Senhor da história. Porém, muitas vezes, temos dificuldade de enxergar na sociedade e em nossa própria vida sinais concretos do amor de Deus, de sua compaixão, graça, justiça, retidão e soberania. Pelo contrário, diante de violência e injustiça desejamos não só ver sentido naquilo como também saber onde Deus está nisso tudo. Afinal, Deus se ausenta de nós?

Muitos salmistas fizeram semelhantes indagações e registraram suas angústias em suas orações, como: “até quando ocultarás de mim o rosto?” (Sl 13.1), “por que me rejeitas?” (Sl 43.2.), “por que te esqueceste de mim?” (Sl 42.9), “até quando ficarei lamentando?” (Sl 42.9), “por que me desamparaste?” (Sl 22.2), “por que dormes, Senhor? [...] Por que escondes o rosto e te esqueces da nossa tribulação e da nossa angústia?” (Sl 44.23).

A Bíblia fala enfaticamente da presença soberana de Deus. Deus é o Senhor de toda a terra, governa reinos, controla a natureza e dirige a vida das pessoas. Deus é o sublime, inalcançável, soberano, mas é também o Deus presente no coração do humilde (Is 57.15). O Deus criador é o Deus que se importa com o necessitado e se manifesta humildemente em Jesus como Salvador.

A Bíblia também nos conta como, depois do pecado, o ser humano foi expulso da presença de Deus (Gn 3.22-24). O pecado o afastou de Deus (Is 59.2). Ao mesmo tempo em que a Bíblia proclama a presença de Deus em todo lugar e a todo tempo, conta também de como o ser humano está longe de Deus.

Gosto de pensar na história bíblica como uma narrativa de como o ser humano, depois de expulso do jardim do Éden, será conduzido de volta à presença de Deus. Isso significa que entre Gênesis 1-2 e Apocalipse 21-22 o ser humano está longe ou afastado de Deus. O relato bíblico registra, de um lado, o drama da vida longe de Deus e, de outro, como Deus manifesta a sua presença na história e na vida humana. Há diversos modos ou manifestações da presença de Deus na terra. A promessa de Deus e aliança com Noé, Abraão, Moisés, Davi, e a nova aliança em Cristo. Deus também manifesta a sua presença por meio da lei no Antigo Testamento e do evangelho no Novo Testamento. A monarquia, o templo, o sacrifício e a pregação dos profetas são modos e sinais da presença de Deus. No Novo Testamento, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14) é o Deus presente. Mateus anuncia Jesus como o Deus conosco (Mt 1.23). O autor de Hebreus diz que Deus no passado falou de muitas maneiras e que nesses últimos dias nos falou pelo Filho que é “o resplendor da sua glória e a representação exata do seu Ser” (Hb 1.3, A21). Contudo, o Deus presente em Jesus Cristo se despede dos discípulos e é assunto ao céu. Os discípulos aguardam a promessa do Espírito, o Consolador que estará “para sempre convosco” (Jo 14.16). Assim também aguardamos a manifestação da glória e presença de Cristo que reinará para sempre.

Nessa perspectiva, a vida humana é um paradoxo de se estar longe do Deus presente. Como afirma Phillip Yancey, “assim, a história começa e termina no mesmo lugar, e tudo nesse ínterim diz respeito à luta para recuperar o que foi perdido” (2004, p. 181). Cremos nesse Deus soberano, que rege o universo, mas nos sentimos distante de seu amparo e proteção. Objetivamente, Deus está presente, contudo, o pecado nos separa dele. Subjetivamente, nos sentimos afastados dele e vemos como indivíduos e a sociedade não o têm como centro de sua vida.

Acredito que parte essencial da mensagem e missão cristã é proclamar a presença de Deus e tornar Deus o centro da vida e sociedade humana contemporânea. Mas como fazê-lo? Na igreja cristã, há diversas compreensões sobre a presença de Deus na terra hoje. Elas não são necessariamente excludentes, porém, revelam a ênfase de cada tradição. Há a compreensão de que Deus se manifesta nos atos salvíficos revelado nas Escrituras e que a sua proclamação, portanto, manifesta a sua presença. Há os que compreendem que Deus se manifesta por meio de seu poder e manifestações do Espírito. Há a compreensão de que é por meio da prática da justiça que Deus manifesta a sua presença. Outros ainda veem que é no viver ético e moral do povo de Deus que Deus se manifesta. Enfim, há diversas maneiras de compreender e proclamar a presença de Deus na terra.


• William (Billy) Lane é pastor presbiteriano, doutor em Antigo Testamento e diretor acadêmico da Faculdade Teológica Sul-Americana, em Londrina (PR).


Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/onde-esta-deus

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

A VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE: PROFISSÃO DE FÉ, ADORAÇÃO E MISSÃO


Francis August Schaeffer (1912-1984), teólogo presbiteriano, definiu com precisão que “a verdadeira espiritualidade” somente poderia ser desfrutada na vida cristã. A declaração categórica fora feita em 1971 na publicação de seu livro, “True Spirituality” (A Verdadeira Espiritualidade) e, na ocasião, os ventos da pós-modernidade ainda não eram tão fortes e destruidores como os da presente era. Contudo, Schaeffer percebeu a necessidade de apontar a singularidade do cristianismo e o seu benefício resultante, isto é, a fé cristã é a única expressão religiosa capaz de proporcionar uma espiritualidade sadia e verdadeira, pois é a única voz no mundo que proclama Jesus Cristo, Filho de Deus, como o salvador dos homens e doador da vida.

Fala-se muito em espiritualidade hoje em dia. Na verdade o tema está na moda há quase uma década. Livros, conferências, workshops e até palestras nos ambientes empresariais estão sendo oferecidos, abordando a importância da espiritualidade na vida do homem contemporâneo. Todavia, muito desse novo interesse vem marcado por um sincretismo religioso em muitos casos, por experiências sensoriais de caráter esotérico em outros tantos, ou, ainda, por uma espiritualidade desengajada e descomprometida com a eclésia ou qualquer forma de vínculo comunitário/institucional. Em outras palavras, muitos querem se conectar com o divino, mas não querem assumir compromissos que decorrem de uma vida espiritual autêntica.

Profissão de fé (reconhecimento e confissão da singularidade e exclusividade soteriológica do Senhor Jesus Cristo), adoração (louvor, oração, eucaristia e leitura das Escrituras Sagradas) e missão (aplicação das Escrituras Sagradas, engajamento eclesial, batismo, comunhão, serviço ao próximo, prática missional, ética, missão integral) são elementos que decorrem de uma espiritualidade que nasce do encontro do pecador com Jesus Cristo, Filho de Deus, Homem/Deus.

Tentar ser espiritual e negligenciar tais compreensões é negação e desperdício de uma fé cristã genuína e, consequentemente, da verdadeira espiritualidade.


Soli Deo Gloria!!!

Idauro Campos. É pastor congregacional. Colabora com  Genizah

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Doentes dos desejos e da razão


Por Noeme Rodrigues De Souza Campos


Nossa sociedade não cansa de repetir a máxima de que o importante é cada um seguir seu próprio coração. Com isso quer dizer seguir os desejos... E parece que é isso que as pessoas estão fazendo: seguindo desejos. O resultado? Basta observar, os indivíduos, os relacionamentos, as famílias, as instituições... Talvez exista algo errado com os desejos... Se nosso corpo pode adoecer - pensei - parece razoável supor que também podemos adoecer dos desejos... É isso: desejo de ter mais que o necessário para viver resulta em má distribuição de renda; desejo de ter mais do que ser, resulta em crise de identidade; desejo de comer mais do que precisa, adoece o corpo; desejo de ter uma aparência diferente da que se tem, deforma o corpo; desejo de satisfazer exaustivamente os apetites sexuais transforma gente em objeto... Consequência? Consultórios de psicologia e psiquiatria lotados. E aí advinha o que esses profissionais são treinados à dizer aos seus pacientes?: "A resposta para seus problemas está dentro de você, encontre -a, deixe de se importar com as convenções sociais e tradições religiosas, busque o que te dá prazer, siga seus desejos..." Isso porque a carta magna do nosso tempo é a máxima de Protágoras: "O homem como medida para todas as coisas." Então é isso: a régua de medir está com defeito, mas para conserta-la, ela mesma é a medida. Começo a suspeitar que, além de doentes dos desejos, estamos doentes da razão.


Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/doentes-dos-desejos-e-da-razao

sábado, 8 de agosto de 2015

Leia Romanos com Calvino: Justificados temos paz com Deus (Romanos 5.1-2)


Por João Calvino

                                                        Romanos 5.1-2

(1) Justificados, pois, mediante a fé, tenhamos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; (2) por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.


1. Justificados, pois, mediante a fé. O apóstolo começa a elucidar, por seus efeitos, suas afirmações até este ponto concernentes à justiça [procedente] da fé. O todo deste capítulo, portanto, consiste em ampliar o que o apóstolo afirmara. Essas ampliações, contudo, não só explicam seu argumento, mas também o confirmam. Ele defendera a tese dizendo que, se a justiça é buscada nas obras, então a fé é abolida, pois as almas, desgraçadamente, não possuindo em si mesmas persistência alguma, serão atribuladas por constante inquietação. Paulo, entretanto, então nos ensina que, ao alcançarmos a justificação mediante a fé, nossas almas são tranqüilizadas e pacificadas.

Tenhamos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Este é o fruto particular da justiça [procedente] da fé, e qualquer desejo de buscar a tranqüilidade de consciência por meio das obras (o que percebemos entre os religiosos e os ignorantes) perderá seu tempo, porque, ou o coração se acha adormecido em razão da negligência, ou a pessoa faz ouvidos moucos aos juízos divinos, ou se deixa dominar pelo temor e tremor até que repouse em Cristo, o único que é nossa paz.

Paz, portanto, significa serenidade de consciência, a qual tem sua origem na certeza de haver Deus nos reconciliado consigo mesmo. Esta serenidade é possuída ou pelos fariseus, que se inflavam com uma falsa confiança em suas obras, ou pelo pecador insensível que, uma vez intoxicado com os prazeres produzidos por seus vícios, não sente qualquer carência de paz. Embora nenhuma dessas pessoas aparente estar em franco conflito com Deus, ao contrário da pessoa que se vê abalada pelo senso do pecado, todavia, visto que ela não se aproxima realmente do tribunal de Deus, jamais experimentou verdadeiramente a harmonia com ele. Uma consciência entorpecida implica na alienação de Deus. Paz com Deus é o oposto da serenidade produzida pela carne entorpecida, visto ser de suprema importância que cada um se desperte para prestar contas de sua vida. Ninguém que não tenha o temor de Deus se manterá em sua presença, a não ser que se refugie na graciosa reconciliação, pois enquanto Deus exercer a função de Juiz, todos os homens devem encher-se de medo e confusão. A mais forte prova disso é o fato de nossos oponentes outra coisa não fazerem senão brandir à toa as palavras de um lado para outro, enquanto reivindicam justiça por conta de suas obras. A conclusão de Paulo tem por base o princípio de que as almas desditosas estarão sempre desassossegadas, a menos que repousem na graça de Cristo.

2. Por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso,pela fé, a esta graça. Nossa reconciliação com Deus está subordinada a Cristo. Ele é o único Filho Bem-amado; todos nós, por natureza, somos filhos da ira. Porém, esta graça nos é comunicada pelo evangelho, visto ser ele o ministério da reconciliação. Nosso ingresso no reino de Deus é através do benefício desta reconciliação. Paulo, pois, corretamente põe diante de nossos olhos a promessa certa, em Cristo, da graça de Deus, com o fim de afastar-nos mais eficientemente da confiança em nossas obras. Ele nos ensina, por meio da palavra acesso, que a salvação tem sua origem em Cristo, e assim exclui as preparações por meio das quais os tolos acreditam poder antecipar a misericórdia divina. É como se dissesse: “Cristo encontra o indigno, e estende-lhe sua mão para libertá-lo.” E imediatamente acrescenta que é pela continuação da mesma graça que nossa salvação permanece firme e segura. Com isso ele quer dizer que nossa perseverança não se acha fundamentada em nosso próprio poder ou empenho, mas tão-somente em Cristo. Mas quando ele, ao mesmo tempo, diz na qual estamos firmes, o sentido equivale a isto: quão profundamente radicado deve estar o evangelho nos corações dos piedosos, de modo a se sentirem fortalecidos por sua verdade e bem solidificados contra todas as astúcias da carne e do Diabo. Pelo termo firmes ele quer dizer que a fé não é a persuasão fugaz de um dia, senão que se acha tão radicada e submersa em nossa mente, que o seu prosseguimento se faz seguro ao longo de toda nossa vida. O homem, pois, cuja fé lhe assegura um lugar entre os fiéis, jamais é levado a crer por um súbito impulso, mas permanece naquele lugar divinamente designado para ele, com uma persistência tal, e com tal imperturbabilidade, que jamais deixa de ser fiel a Cristo.

E gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. A razão, não só para a emergência da esperança da vida por vir, mas também para nossa participação em sua alegria, é que descansamos no sólido fundamento da graça de Deus. O que Paulo tem em mente é o seguinte: embora os cristãos sejam agora peregrinos na terra, não obstante, por sua confiança, se elevam acima dos céus, de modo que afagam em seu peito sua futura herança com tranqüilidade. Esta passagem demole as duas mais perniciosas doutrinas dos sofistas, a saber: primeiro, ordena aos crentes a se contentarem com conjetura moral, discernindo a graça de Deus em favor deles; segundo, ensina que todos nós nos achamos em estado de incerteza acerca de nossa perseverança final. Porém, caso não haja conhecimento seguro agora, nem qualquer persuasão consistente e inabalável quanto ao futuro, quem ousará gloriar-se? A esperança da glória de Deus nos resplandece do evangelho, o qual testifica que seremos participantes da natureza divina, pois quando virmos a Deus face a face então seremos como ele é [2Pe 1.4; 1Jo 3.2].


domingo, 2 de agosto de 2015

O linchamento sobre o olhar da Graça!


Por Robson Santos Sarmento


"Falamos de uma fé que somente serve para uma intervenção nos extremos e em direção oposta o evangelho nos chama para a fé que nos leva a arriscar pela vida e riscar toda e qualquer visão que não tenha o próximo como parte fundamental de nossa existência, de nossa espiritualidade e nossa humanidade.’’


A multidão estava possuída por uma sede virulenta de justiça, a partir das próprias mãos. Os gritos de defesa em favor de uma cartilha mosaico moralista ou a cólera de muitos, ao qual nem sequer conseguiam discernir o por qual motivo tudo aquilo. Mas isso não importava, cada um parecia munido de uma ética para canalizar todas suas agruras e indignações. Ali!

Afinal de contas, ir ou assumir uma linha partidária em face da opressão romana ou das alas abastadas seria um desperdício ou nadar para morrer na praia. Sinceramente, alguns homens traziam uma mulher aterrorizada pelo cerco de uma revolta, como se tivesse manchado a honra de toda uma nação, de seu deus, de sua história, de sua dignidade, de sua identidade e sei la mais o que.

Por alguns longos minutos, tratada como uma figura bizarra, como algo enviado pelo mal e, por isso, deveria ser punida a pedradas inexoráveis, a ser feito por cada homem de bem. Eis, então, a mulher jogada violentamente aos pés do Messias das ruas, do Carpinteiro do recomeçar, do espelho de uma espiritualidade não pré – fabricada, alforriada dos protetorados teocráticos, livre das amarras teológicas desprovidas do sangue da inovação e criação, em suas veias.

Grosso modo, o contraponto de um Messias irreverente, hilário, com palavras ácidas e afiadas para desmoronar as muralhas de idealismos escusos e prolixos. Enfim, um salvador aberto e franco para os acertos, para os ajustes, para a justiça inclinada a restaurar e reconciliar, para a esperança envolvida com atos e práticas de bondade e beleza, em meio ao barulho da superficialidade de todas os dias e o mórbido silêncio dos olhares, ao término de mais um dia. Sem nada dizer, as indagações contagiadas por um cinismo extremo e traiçoeiro tinham o foco de colocá-Lo numa situação constrangedora, entre a cruz e a espada, na berlinda, num beco sem saída e agora.

Todos na espreita, no aguardo de uma resposta para eventuais e ferozes ataques. Mesmo assim, a frase dita ressoou por todos os poros daquelas almas:

- Mulher, nem Eu tampouco te condeno, vá e não peques mais!

Os passos de retirada e as pedras deixadas pelo caminho demonstraram uma ruptura nas pretensas posturas de verdades sólidas e princípios imutáveis. De certo, todos pareciam estar na eminência de lincharem sua humanidade. O espetáculo havia terminado, o olhar sincero e sereno da Graça a animou a se levantar, a voltar a se perceber como ser humano, como gente e como pessoa, a não apagar as decisões e, mesmo assim, não fazer disso uma inquisição a ser carregada.

Aproveito esse ruminar, a partir do episódio da mulher adultera e elucubrar sobre os acontecimentos de linchamento de um jovem, no Maranhão e em demais lugares. Evidentemente, será o antídoto correto para saciar o vácuo no qual as populações desafortunadas de respeito estão?

É bem verdade, adentramos numa espiral de justificativas e ponderações sobre correspondentes procedimentos de barbárie e profunda puerilidade da vida, ao qual passa a não valer nada. Ouso, guardadas suas peculiaridades, a traçar um paralelo com o episódio do genocídio cometido pelos filhos de Jacó, em decorrência de sua irmã, Diná, ter sido violentada e outros retratados pela bíblia.

Vale notar, os linchamento são uma prática corrente na história da humanidade e vira e mexe nos deparamos com os mesmos. Cabe salientar, como tenho efetuado essa leitura, pelo qual, lá no fundo, chegamos a conclusão de não conseguir estabelecer uma resposta efetiva?

Deveras, a pena de morte, o linchamento e outras atrocidades não resolveram e muito menos resolverão problemas engendrados e concebidos, em parte, pela omissão das autoridades, conforme Jeremias 22.03 especifica. Vou adiante, qual tem sido a nossa fé, em meio ao linchamento, declínio da vida, aos abismos sociais e humanos, as crises a torto e a direita?

Não venho aqui querer ser Jesus e tratar questões tão nevrálgicas e viscerais com uma despedida e o transgressor virar as costas e pronto; entretanto, os cânones normativos legais não podem diluir situações que, lá no fundo, são o desfecho de toda uma complexidade de fatores (sociais, psicológicos, culturais e espirituais). Ademais, devemos evitar daqui a pouco, não começamos a aceitar, além dos linchamentos, a crucificação, como uma forma de punição, de satisfação momentânea de coletividades sem saber a quem recorrer, a quem crer e confiar.