terça-feira, 27 de dezembro de 2016

As mulheres na vida de Jesus



Por *Morf Morford


Jesus parece ter tido suas mais produtivas e satisfatórias conversas com mulheres anônimas, isoladas, estigmatizadas e vulneráveis.

Há a “mulher adúltera” (João 8:1-11) e, claro, “a mulher junto ao poço”.

Ambas eram o tipo de pessoa com quem nenhum Rabi respeitável conversaria – e com quem nenhum homem de qualquer status gostaria de ser visto. Além disso, certamente nenhum homem tocaria em uma mulher estranha – principalmente uma considerada “impura” (no caso, a mulher com hemorragia).

A mulher junto ao poço, além de ser mulher, rejeitada por seu próprio povo, e de ter se casado diversas vezes, também era uma samaritana – e como todos sabem, “judeus não se dão bem com os samaritanos” (João 4:9 NVI).

A conversa de Jesus com a mulher no poço é tão satisfatória que Jesus diz uma das mais impressionantes linhas do Novo Testamento: “Tenho algo para comer que vocês não conhecem” (João 4:32 NVI).

Essa mulher, por sua vez, é considerada a primeira evangelista – senão missionária. Sua vida, e a vida de praticamente todos naquele povoado, foi transformada para sempre.

É significativo o fato de que o nome de nenhuma dessas mulheres tenha sido mencionado.

Nomear alguém, de acordo com dados históricos, era para pessoas “importantes” – reis, profetas e líderes. Essas mulheres não eram “importantes” – na verdade, elas eram excluídas, rejeitadas, “impuras” ou inúteis. Elas eram formas de interrupção e distração. As conversas de Jesus com elas foram “acidentais” e “involuntárias”. E muito mais frutíferas do que suas discussões com líderes religiosos – e com seus próprios discípulos.

Eu aprendo bastante com encontros não intencionados. mulher corcovada 001

Eu geralmente escuto mais do que falo.

Pessoas desprezadas, perdidas e despedaçadas falam com economia de sabedoria prática – elas conhecem muito bem as decepções e traições do mundo – e mesmo que elas tentem, não conseguem ignorar sua própria complexidade em meio à sua própria degradação.

Diferente delas, a maioria de nós, que vive uma vida consideravelmente confortável, ainda acredita em (e ainda vive por) mentiras contadas pelo mundo – e por nós mesmos.

A maioria dos “cristãos” que eu conheço sente “orgulho” por não “precisar” de ninguém.

E, a maioria deles, quando eu os pressiono, admite livremente que, não fosse pela promessa do Paraíso ou pela ameaça do Inferno, tampouco “necessitaria” de Deus.

Essas mulheres perdidas e abandonadas sabem melhor. Elas sabem que Deus pode, e que Ele vai alcançá-las, tocá-las e restaurá-las. Pessoas “religiosas” raramente “precisam” de Deus – ou mesmo de qualquer graça humana anônima. “Precisar de Deus”, para muitos de nós, é visto como um sinal de fraqueza. E talvez seja. É uma “fraqueza” que nos permite ser tocados, ou sermos aqueles que tocam os feridos, sem esperar nada em troca.


Traduzido de: The Women in Jesus’ Life

*Morf Morford. A fé não é uma fórmula. Eu não usaria nem a palavra “relacionamento” nem a metáfora de “uma jornada” para descreve-la. Quanto mais velho fico, mais me parece com um processo – um foco determinado em ouvir o eterno, calar os ruídos e distrações, e se aproximar cada vez mais de cada sussurro e cada palavra, para perto da completude – e esvaziamento – do pulsar, das mãos e propósitos do Criador que, assim, nos leva finalmente para o lugar onde nós pertencemos. Sou professor e escritor, o que significa que gosto de ouvir e compartilhar o que vejo e escuto.


domingo, 18 de dezembro de 2016

Encorajem uns aos outros




Por Harry Reeder

Estou certo de que em algum lugar e em algum momento os leitores da Tabletalk já ouviram a letra do “hino do Oeste” intitulado Home on the Range. O caubói americano idílico se sentia “em casa na colina” por várias razões. Uma das razões é que era uma casa “onde raramente se ouvia uma palavra desanimadora”, um ambiente doméstico onde as palavras desanimadoras eram raras e as palavras de encorajamentos eram abundantes.

Nosso Senhor espera que seu povo crie ambientes assim não na fantasia de uma canção, mas na realidade da vida: em nossas casas de família e na casa de sua família, a igreja, que é a “família de Deus” (Efésios 2.19). A casa de Deus e as nossas casas devem ser intencionalmente esvaziadas de palavras autocentradas de desânimo e preenchidas de palavras abnegadas destinadas a “consolar” ou “animar uns aos outros” (cf. 1Tessalonicenses 5.11). Mas como isso acontece em um mundo amaldiçoado pelo pecado e cheio de palavras desanimadoras? Como isso acontece na igreja, que está cheia de pecadores salvos pela graça?

Boas casas têm “regras da casa”. A minha casa tinha, mas o mesmo acontece de forma mais incisiva com a casa de Deus. Esta edição da Tabletalk está explorando algumas dessas “regras da casa”: as admoestações do tipo “uns aos outros” da Palavra de Deus para a família de Deus. Essas admoestações não são sugestões de um terapeuta de família. Elas são mandamentos divinos, incluindo o mandamento para “consolar um ao outro”. Claramente, precisamos orar para que o Espírito de Deus nos dê a capacidade e desejo de estabelecer igrejas e relacionamentos onde “raramente se ouve uma palavra desanimadora”, e muitas vezes se ouve uma palavra de encorajamento. Mas palavras de encorajamento não bastam. Elas devem vir unidas a atitudes de encorajamento. Aqui estão dois textos que nos preparam para “encorajar uns aos outros” em palavras e atos.

Encorajar um ao outro com palavras

Em Efésios 4-6, Paulo chama todos os que estão “em Cristo” para “se despojarem do velho homem” e “se revestirem do novo homem”. Em 4.29, ele revela quatro tópicos sobre como preencher nossas casas e igrejas com palavras de encorajamento:

(1) Palavras corretas. O vocabulário é crucial. Em vez de “palavras torpes” que poluem os ouvintes, use palavras “edificantes”, que os ajudem.

(2) Forma correta. Palavras graciosas exigem um tom gracioso ao “sair das nossas bocas”.

(3) Hora correta. “Conforme a necessidade”. Muitas vezes, há coisas para se dizer que precisam realmente ser ditas, não é o momento certo para dizê-las.

(4) Razão correta. “Transmita graça aos que ouvem”. A graça de Deus nos motiva e também nos instrui a falar para a edificação do ouvinte, não para nossa gratificação pessoal.

Incentivar um ao outro com atos

Como podemos realizar atos de encorajamento que amplificam as nossas palavras de encorajamento? Ações eficazes de amor originam e são padronizados após o amor de poupança de pecador de Deus em Cristo. Um texto clássico para instruir e encorajar-nos é Romanos 5: 6 , 8 . Aqui, também, encontramos quatro tópicos:

(1) O amor é ativo e visível. “Deus prova o seu próprio amor para conosco”. O amor de Deus foi visível e demonstrado quando deu o seu Filho para nos dar vida. E o Filho de Deus nos deu a vida por meio de seu sacrifício próprio. Encorajar uns aos outros é amar uns aos outros com atos visíveis.

(2) O amor é intencional e específico. O amor de Deus abriu um caminho, quando não havia nenhum caminho para salvar os pecadores, e esse caminho é Jesus: “Cristo morreu por nós”. O povo de Deus não pratica “atos aleatórios de bondade”. Eles fazem atos intencionais de amor que transformam vidas.

(3) O amor é sacrificial e imerecido. Ações visíveis e intencionais de amor também são custosas e imerecidas. Deus deu seu Filho. O Filho de Deus deu sua vida como propiciação por todos os pecados de todo o seu povo. Ele “morreu por nós”. Precisávamos dele, mas não o queríamos; ele não precisava de nós, mas nos queria. O amor imerecido de Deus mandou o Filho de Deus que se entregou por nós para nos salvar. Como resultado, quando amamos, pensamos nas necessidades dos outros acima das nossas próprias necessidades.

(4) O amor é oportuno e preocupado. “Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios”. Atos encorajadores de amor são oportunos porque aqueles que gastam tempo para amar também gastam tempo para amar com consideração. Mesmo ao abordar o pecado nas vidas uns dos outros, nós cuidadosamente buscamos ganhar uns aos outros pelo Senhor e para o Senhor.

Quando o povo de Deus amorosamente “encoraja um ao outro” com palavras e atos que exaltam a Cristo, a mensagem do evangelho não é apenas esclarecida, mas amplificada. Ainda mais profundamente, Deus é glorificado quando sua família tem uma casa “onde raramente se ouve uma palavra desanimadora”.


Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira. Revisão: Yago Martins. © 2016 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.brOriginal:  Encorajem uns aos outros

Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2016/12/encorajem-uns-aos-outros/

domingo, 11 de dezembro de 2016

DEVOCIONAL - 30 de Novembro de 2016.

Por TEOMANIA Santos


Procuras tu grandezas? Não as procures; porque eis que trarei mal sobre toda carne, diz o Senhor; a ti, porém, eu te darei a tua vida como despojo, em todo lugar para onde fores. (Jr. 45.5)

Eis uma promessa dada para lugares difíceis, uma promessa de segurança e vida no meio de fortíssima pressão: uma vida "como despojo". Isto pode bem ajustar-se aos nossos tempos, que estão ficando cada vez mais difíceis à medida que nos aproximamos do fim da era, e da hora da Tribulação.
                       
Que significa a "vida como despojo"? Significa uma vida arrancada das garras do destruidor, como Davi arrebatou do leão o cordeirinho. Significa, não o sermos retirados do ruído da batalha e da presença dos inimigos; significa, sim, uma mesa no meio dos inimigos, um abrigo no temporal, uma fortaleza entre os adversários, uma vida preservada no meio de contínua pressão: a preservação de Paulo quando agravado além das forças, ao ponto de perder esperança até da vida; o socorro divino a Paulo — quando o espinho na carne permaneceu, mas o poder de Cristo repousou sobre ele e a graça de Cristo lhe foi suficiente. Senhor, dá-me a minha vida por despojo, e hoje, nos lugares mais difíceis, leva-me em vitória. — Days of Heaven upon Earth

Muitas vezes oramos para sermos livres de calamidades; e até cremos que o seremos. Mas não oramos para sermos feitos o que devemos ser na própria presença das calamidades; viver no meio delas, enquanto durarem, na consciência de que estamos seguros e abrigados pelo Senhor; e de que poderemos, assim, permanecer no meio delas enquanto continuarem, sem que nos façam mal.

Por quarenta dias e quarenta noites o Salvador foi guardado ante a presença de Satanás no deserto, e isso, sob circunstâncias de grande provação, uma vez que Sua natureza humana estava enfraquecida pela falta de alimento e descanso. A fornalha estava aquecida sete vezes mais do que o comum, mas os três hebreus foram guardados no meio das chamas, tão calmos e bem postos como quando na presença do próprio rei antes que lhes viesse a libertação.

A longa noite de Daniel foi assentar-se ele entre os leões. E quando foi retirado da cova, "nenhum dano se achou nele, porque crera no seu Deus". Eles habitaram ante a face do inimigo, porque habitavam na presença de Deus.




Fonte: http://teomania.blogspot.com.br/2016/11/devocional-30-de-novembro-de-2016.html        

domingo, 4 de dezembro de 2016

Queda



Por Pedro João Costa


Queda, é nossa condição
como homens.
Estamos tão afastados
do Criador
que vemos a gravidade
da perdição humana em tudo.

Inclusive,
e é a isto que quero
referir,
em que tipo de amigos
somos em nossas relações.
Então vemos que nem virtudes
para a amizade possuímos.

Sim, o amigo
que consigo ser,
se é q tenho conseguido,
é certo que é
pela misericórdia divina.

Cumpre se o dito:
Amigo assim...
dispensa ter inimigo.
Assim,
Vemos Deus orientar Jó
A orar por "seus amigos"...


Pedro João Costa (08-05-13): Colaborador deste blog desde 2010.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Entre o medo e a fé



Por Ricardo Wesley Morais Borges


“Devo minha vida a Cristo e ao evangelho. Minha maneira de expressar minha gratidão é testemunhar a minha fé por meio da representação de cenas bíblicas”.

Essas são as palavras de quem possivelmente foi o artista cristão mais importante do Japão, Sadao Watanabe (1913-1996) convertido do budismo ao cristianismo aos 17 anos de idade. Através de seu interesse em preservar a tradicional arte popular japonesa, suas obras são um belo testemunho de sua fé, agora expostas em museus importantes ao redor do mundo. Antes da fama, porém, que só veio após a sua morte, sua paixão era fazer de tudo para que alguns, em especial a gente de sua própria terra e cultura, pudessem chegar de alguma maneira à fé e à salvação.

Uma cena que ele pintou várias vezes é a representação de Cristo no barco com seus discípulos, em meio à tempestade1. Nessa narrativa, depois de muito ensinar em parábolas e cansados ao final do dia, Jesus e os discípulos decidem subir a um barco em direção ao outro lado do lago, no mar da Galileia.

Quatro deles eram pescadores, sendo que Tiago e João eram experientes em manejar barcos nesse lago. Jesus, cansado, dorme no que parece ser o assento do capitão. Então uma terrível tempestade lhes alcança. Ventos fortes, ondas altas, água no barco. Tudo indica que primeiro eles tentam resolver a situação com suas próprias forças e recursos.

Junto a esse esforço, também a aflição: Por que Jesus está ‘ausente’? Por que ele não controla a situação? Por que está em silêncio? Por que dorme? Ele não se importa que morramos? Medo da morte, mas talvez um medo ainda mais profundo de que Jesus não se importasse ou não se interessasse por eles.

Em seguida Jesus demonstra poder sobre as forças da natureza. Ele não tira a água do barco nem busca acalmá-los. Ele atua – na visão dos discípulos – aparentemente tarde, para mudar a situação. Logo vem sua dura pergunta: ‘Por que têm medo? Ainda não têm fé?’.

Uma observação: o oposto da fé aqui não é a dúvida, mas o medo. Claro que a dúvida e o medo muitas vezes estão conectados. Mas a dúvida usualmente é mais racional, demanda uma evidência, uma prova. O medo por vezes é irracional, nem se explica. O medo também costuma nos paralisar, nos impede de conseguir ver com clareza, engessa e dificulta que nos movamos em direção à saída de qualquer situação.

Aqui Jesus os confrontou por causa de seu medo. Curiosamente, eles continuaram com o mesmo sentimento, mas agora com medo (ou, na melhor das hipóteses, um temor reverente) de Jesus. A passagem termina com um fascinante ‘que homem é este?’. Para responder a essa pergunta, talvez seja importante examinar os relatos que aparecem na seção imediatamente anterior: em como ouvimos ou percebemos a Jesus.

Vemos que Jesus diz muitas coisas antes do episódio do barco na tormenta. Ele usava parábolas para ensinar, enfatizando o “escutem!”2 e também repetia que “se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam”3. Quando a multidão foi embora, as pessoas que ficaram ali começaram, junto com os doze discípulos, a lhe fazer perguntas sobre as parábolas. Foi quando Jesus revelou que a atitude curiosa e instigadora de seguir perguntando estava relacionada com o entendimento das verdades do Reino4. Concluiu que somos responsáveis com tudo o que ouvimos e recebemos de Deus5.

Ouvir e entendimento só vem com interesse, com compromisso, através do relacionar-se e do confiar naquele que nos fala. Lesslie Newbigin já nos recordava como isso é essencial à nossa fé: receber com confiança aquilo que nos é dado com autoridade. Somente os interessados, os que buscam, apenas esses que entram em uma relação pessoal com o Senhor, de busca, de interesse em suas palavras, no que ele tem para nos dizer, e dispostos a colocar isso em prática (a lamparina que cumpre o seu uso, o seu propósito), são esses os que entenderão, que melhor captarão as verdades do Reino.

Parece que faltou aos discípulos no barco entender e relacionar-se com o que fala mas parece estar em silêncio, como nas muitas ilustrações do Cristo Pantocrator, talvez a mais antiga representação de Cristo na história da igreja cristã, o soberano e severo, com uma mão estendida para abençoar e com a Palavra na outra. Algo tão especial e profundo que merece outra reflexão em momento oportuno.

Por agora, no meio das tormentas de nosso próprio tempo, quando às vezes parece que Jesus está dormindo, em silêncio, ou quando inclusive parece não se importar, me impacta esse desafio que é a pergunta sobre como crescemos e amadurecemos em nossa fé.

Volto então a Sadao Watanabe, com seu desejo de testemunhar de sua fé através da arte, e me pergunto como daremos testemunho de nossa fé em Cristo hoje, em meio a qualquer tempestade. Algumas pistas que encontro são as de:

- Valorizar e trazer para a nossa vida diária o que ele já nos falou em sua Palavra.

- Reconhecer que ele não está calado, pois já se revelou.

- Estar dispostos a escutar, o que também significa obedecer.

- Confiar naquele que é todo-poderoso, que a tudo rege na história.

- Descobrir e relacionar-me com Jesus na Sua Palavra revelada e já entregue à nós.

Só assim sairemos do medo para a fé, da fé para a vida.

1. Marcos 4:35-41
2. Marcos 4:2-3a
3. Marcos 4:9
4. Marcos 4:10-12, 33-34.
5. Marcos 4:21-25


Ricardo Wesley Morais Borges: É casado com Ruth e pai de Ana Júlia e Carolina. Integra o corpo pastoral da Igreja Metodista Livre da Saúde, em São Paulo (SP), e serve como secretário regional associado para a América Latina da Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos (CIEE-IFES)


Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/entre-o-medo-e-a-fe

sábado, 26 de novembro de 2016

De nada terei falta

                                          (Google Imagens) 

Por Renan Vinicius Aranha


"O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta" (Salmos 23:1 NVI)

O primeiro versículo do Salmo 23 muito provavelmente é a passagem bíblica mais conhecida pelas pessoas, tenham elas a bíblia como guia de fé e prática ou não. Muitas pessoas, inclusive eu, têm este versículo guardado na memória e na ponta da língua, mas talvez nunca tenham refletido sobre a sua profundidade.

Quando Davi diz: "de nada terei falta", ele não se refere necessariamente às riquezas ou aos prazeres que esse mundo nós dá. Ninguém deve seguir Jesus com o intuito exclusivo de alcançar bênçãos terrenas, até mesmo porque Ele nunca disse "siga-me e lhe darei um carro importado para você esfregar na cara do seu vizinho", mas sim "se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me" (Lucas 9:23 NVI).

Certa vez, um amigo seminarista fez a seguinte pergunta durante seu sermão: "se a vontade de Deus para a sua vida é de que você fique pobre, doente e não tenha família ou amigos por perto, ainda assim você o seguiria?".

Tenho entendido que, quando Davi diz "de nada terei falta", ele se refere ao fato de que quando confiamos plenamente em Deus e entregamos a Ele nosso caminho e nosso coração, não sentiremos falta de nada pois o próprio Senhor já nos basta. O seu amor, a sua graça e a sua misericórdia serão suficientes, mesmo que todo o resto nos falte. O próprio salmista escreveu: "Ainda que me abandonem pai e mãe, o Senhor me acolherá" (Salmo 27:10 NVI). Tempos depois o Senhor disse a Paulo: "A minha graça te basta" (2 Coríntios 2:12 NVI).

Você pode pensando neste momento: "falar é fácil, quero ver colocar em prática". Se é isto que você estava pensando, preciso dizer que concordo contigo. Colocar isso em prática não é só difícil, mas talvez impossível. Impossível para nós, humanos, mas não para o santo espírito de Deus que habita em nossos corações.

Talvez um dos maiores desafios dos seguidores de Cristo está justamente aí, no "negue-se a si mesmo". Como é difícil renunciar aos nossos planos e sonhos! Como é difícil abrir mãos dos nossos desejos e vontades! Como é difícil entender que, por mais que tentemos, não estamos no controle da situação! Por outro lado, como é maravilhoso quando conseguimos entregar a nossa vida e os nossos sonhos a Deus. Como é maravilhoso quando aprendemos a ter prazer em cumprir sua vontade, que é boa, perfeita e agradável (Romanos 12:2 NVI)!

Fato é que, moremos numa mansão luxuosa ou num barraco, estejamos na beira da praia ou num quarto de hospital, se temos o Senhor em nossos corações e estamos debaixo da vontade dEle, nada mais importa. Como aquele mesmo amigo seminarista diz, nossos problemas terrenos, por maiores que pareçam, deixam de ter qualquer importância quando pensamos na eternidade.

Por isso, "ponha a sua vida nas mãos do Senhor, confie nele, e ele o ajudará" (Salmos 37:5 NTLH). Confie no Senhor que "me faz descansar em pastos verdes e me leva a águas tranquilas" (Salmos 23:2 NTLH). Peça a Deus que "seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu, porque Teu é o Reino, o poder e a glória para sempre" (Mateus 6:10,13 NVI).

"Que a sua felicidade esteja no Senhor!" (Salmos 37:4 NTLH).


segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Instruam uns aos outros



Por Brian Cosby


Quando você ouve a palavra “instrução” mencionada no contexto da igreja, provavelmente pensa no(s) pastor(es) ou presbítero(s) em sua congregação, e você está certo em fazê-lo. Um presbítero deve ser “apto para ensinar” (1Timóteo 3.2). As Escrituras nos ensinam que o presbítero deve ser “apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder [...] para exortar pelo reto ensino” (Tito 1.9).

Mas a Bíblia também ensina que todos os crentes devem instruir uns aos outros. Em Romanos 15.14, Paulo escreve: “E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros”. Semelhantemente, ele exorta os colossenses: “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria” (3.16).

Temos o registro de numerosos crentes no Novo Testamento que instruíram outros, mesmo não sendo pastores ou presbíteros. Por exemplo, Estêvão, o diácono, deu instruções que lhe custaram caro aos líderes judeus incrédulos sobre Jesus (Atos 7). Filipe (também um diácono) instruiu o eunuco etíope sobre o significado de Isaías 53 e, em seguida, “evangelizava em todas as cidades até chegar a Cesareia” (Atos 8.26-40). Priscila e Áquila, marido e mulher, tomaram a Apolo e “com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus” (18.26). O Apóstolo Paulo encarregou homens e mulheres mais velhos de instruir os homens e mulheres mais jovens, respectivamente (Tito 2.1-6). Além disso, ele ordenou aos pais que instruam seus filhos (Efésios 6.4).

Todo crente é chamado para que “fale cada um a verdade com o seu próximo” (Efésios 4.25), e ainda: “exortai-vos mutuamente cada dia” (Hebreus 3.13). Isso não significa que todos são chamados a exercer o cargo de presbítero ou diácono. Deus reservou esses ofícios para os homens que atendam às qualificações bíblicas (ver Atos 6.3; 1Timóteo 2.12; 3.1-13; Tito 1.5-9). Mas isso significa que, em qualquer situação que nos encontremos, devemos instruir uns aos outros de acordo com as verdades da Escritura.

As várias palavras gregas que os estudiosos têm traduzido como “instruir” ou palavras similares em nossas versões do Novo Testamento podem significar “ensinar”, “admoestar”, “aconselhar”, “provar” ou mesmo “avisar”. O princípio da “instrução” é bastante amplo. Embora o contexto de cada passagem específica determine seu significado, a ideia de “instrução” inclui uma variedade de palavras e ações que envolvem honrar a Deus, buscar a verdade e viver humildemente.

Considere as três maneiras seguintes nas quais todos os crentes são chamados a instruir uns aos outros: em primeiro lugar, somos chamados a mostrar ao nosso irmão ou irmã o “argueiro” em seu olho, depois, é claro, de reconhecermos primeiro a trave no nosso próprio olho. Isso toma forma quando nós dizemos a “verdade em amor” (Efésios 4.15) ou admoestamos a outros humildemente ao apontar áreas de inconsistência em sua caminhada com Cristo e os alertando sobre potenciais perigos.

Em segundo lugar, podemos ensinar os outros a conhecer e amar a sã doutrina. Em nossos dias, muitos na igreja estão fugindo de um estudo robusto de doutrina para abraçar métodos mais pragmáticos de crescimento cristão. Esse não é o padrão bíblico. Paulo exortou Timóteo a ter cuidado de si mesmo e da doutrina (1Timóteo 4.6). Se você é um líder de pequeno grupo, você deve ir além de ser apenas um facilitador para ser capaz de explicar e defender doutrinas importantes como justificação e santificação. Isto significa que precisamos reservar um tempo para aprender e meditar sobre as verdades da Escritura para que possamos estar adequadamente preparados para ensinar aos outros. Buscar recursos de pastores experientes pode mostrar ser uma grande ajuda para este fim.

Em terceiro lugar, o Senhor ordena seu povo a instruir outros em como cumprir suas vocações para a vida em uma variedade de formas. Os santos mais experientes são chamados a conduzir os crentes mais jovens. As mulheres mais velhas na fé podem ter um ministério eficaz de instruir as esposas e mães mais jovens acerca de como elas podem amar seus maridos e filhos (Tito 2.3-5). Os pais têm o grande privilégio e responsabilidade de educar seus filhos “na disciplina e na admoestação do Senhor” (Efésios 6.4). Em várias épocas e fases da vida, todos nós precisamos da orientação amorosa daqueles que trilharam o caminho antes de nós para nos ensinar a tomar decisões sábias e cumprir fielmente a direção de Deus para nossas vidas.

Como um membro do corpo de Cristo, você recebeu diversos dons para a edificação desse organismo até a maturidade. Em sua amorosa providência, Deus considerou apropriado estabelecer a instrução mútua como um componente integral para este objetivo. Que Deus lhe mostre maneiras em que você pode humilde e diligentemente instruir a outros, para a glória dele, para sua alegria e o benefício de outros crentes.


Brian Cosby: é pastor titular da Wayside Presbyterian Church em Signal Mountain, Tennessee, e autor de Uncensored: Daring to Embrace the Entire Bible.


Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira. Revisão: Yago Martins. © 2016 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website:  MinisterioFiel.com.br. Original:   Instruam uns aos outros


sábado, 12 de novembro de 2016

DISCÍPULO RADICAL - DEPENDÊNCIA

Por João Marcos Bezerra


O estudo do livro “O Discípulo Radical” de John Stot até o momento tem trazido uma reflexão sobre a necessidade de sermos transformados pelo Espírito Santo por meio de uma metamorfose completa para gerar uma mudança no mundo; de ser semelhante a Cristo para mostrar quem é Ele por meio de nós; da importância de um relacionamento com Cristo para nos levar a maturidade; e, de sabermos quem nós somos como filhos de Deus para realmente ser um Discípulo Radical.

Hoje vamos conversar sobre o quinto e último tópico desta série que é a Dependência. Você já foi dependente totalmente de alguém? Não podia se levantar, andar, comer, ir ao banheiro, tomar banho etc. sem a ajuda de alguém? Já passou por isso? Como todos nós já fomos bebês, então já passamos por isso pelo menos neste período.

Ainda não passei por uma situação de completa dependência, mas quando fiz uma cirurgia na garganta precisei do auxílio da minha esposa por vários dias em diversas situações. Isto não é agradável porque nos sentimos vulneráveis e fracos. Imagine numa situação de total dependência, o sentimento deve ser de humilhação. Queremos ser independentes. Mas também já estive do outro lado, ajudando a minha esposa em variados momentos quando ela fez uma cirurgia. E isto é gratificante porque é uma forma de demonstrar o amor que temos pela outra pessoa.

Este sentimento de impotência nos leva a não querer ser dependentes de ninguém, inclusive de Deus. Isto é uma triste realidade! Pensamos que o fato de depender de alguém é algo ruim. Só que não!!! Você já percebeu que a oração do Pai-nosso é uma oração de dependência? Vejamos.

Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia. Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém. (Mt 6.9-13)

Segundo John Stot, depois de glorificar a Deus reconhecendo o Seu nome, Seu Reino e Sua soberania, colocamo-nos em total dependência da Sua graça pedindo pelo pão, por perdão e pelo livramento. Ele ainda declara que “é o resumo do nosso discipulado – nossa consciência da glória de Deus e nossa dependência de sua misericórdia”.

Jesus mostrou que dependia da vontade do Pai não só nesta oração modelo, mas em todo o Seu ministério. Lembra-se de Mateus 26.39: “Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres”? É necessário em nossa vida como discípulo reconhecer que dependemos do Senhor para tudo o que vamos fazer, pois a vontade Dele é soberana.

Para ter esta atitude precisamos de humildade, que é definida como “virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações; modéstia, simplicidade” (Aurélio). Isto nos leva a outro fator da dependência: se reconheço minhas limitações necessito da ajuda de outra pessoa nestas situações. Então, podemos também entender que além de depender de Deus, precisamos depender dos outros.

Você pode estar pensando agora: “Eu vou me humilhar para outra pessoa precisando da ajuda dela. Isso é vergonhoso demais!”. Como dito anteriormente, um dos sentimentos que vem com a total dependência é a humilhação. Você sabe por que desta sensação de não aceitar a dependência de outro? Porque somos orgulhosos! Temos um conceito elevado demais sobre nós mesmos. Isto não é bom!

O orgulho sempre vai nos levar a tentar caminhar sozinho, longe das pessoas e, consequentemente, longe de Deus. Sabe por quê? Por achar que somos mais capazes do que realmente somos. Por achar que podemos fazer mais coisas do que realmente podemos fazer. Por acreditar que só devemos procurar aos outros e a Deus quando não podemos resolver um negócio sozinho. Isto não deve ser a atitude de um Discípulo, muito menos um Discípulo Radical.

A nossa atitude como alguém transformado completamente num ser semelhante a Cristo, através do Espírito Santo e por meio de um relacionamento com o Mestre, reconhecendo que somos filhos de Deus, deve ser sempre de total dependência a Deus e ao próximo porque isto agrada a Deus e colabora com a comunhão porque o discípulo quando ajuda se sente grato em colaborar. Além disso, o fato de pedir ajuda mesmo quando é capaz de fazer algo alivia o fardo que carregamos.
Na minha caminhada ministerial tive que fazer várias coisas sozinho. No fim da tarefa estava completamente cansado, desgastado e, às vezes, frustrado. Atualmente, eu tenho plena consciência que posso fazer muita coisa sozinho, mas, o fato de dividir as tarefas e pedir ajuda, possibilita a mim conhecer a capacidade de outros e, principalmente, fazer mais coisas que faria se estivesse sozinho. Isto é motivador, mas é necessário humildade para entregar algo seu a outro.

Para conseguir ser humilde, aceitar com tranqüilidade a dependência, Stot compartilha as palavras de E. J. H. Nash nos seguintes tópicos:
1. Agradeça a Deus, com freqüência e sempre;
2. Interesse-se por confessar seus pecados;
3. Esteja pronto para aceitar humilhações;
4. Não se preocupe com status; e,
5. Use seu senso de humor.

“A recusa em ser dependente dos outros não é um sinal de maturidade, mas de imaturidade” conclui Stot.
Com isso, é importante reconhecer que ser independente é necessário em algumas circunstâncias, mas, assim como Cristo também foi dependente ao nascer como criança e se submeteu completamente a vontade de Deus, a dependência não nos torna uma pessoa sem dignidade, mas é uma característica marcante de um Discípulo Radical.

Que eu tenha humildade para ser dependente não só de Deus, mas de vocês também. Esta é minha oração e espero que seja a sua também. Deus abençoe!

Baseado no livro ‘O Discípulo Radical’ de John Stott
5º Estudo da Série - Texto base: Mt 6.9-13


Fonte: http://jmarcosbezerra.blogspot.com.br/2016/10/discipulo-radical-dependencia.html

sábado, 5 de novembro de 2016

Nuances do Reino



Por Leonel Elizeu Valer Dos Santos


“Porque o trono se firmará em benignidade, sobre ele no tabernáculo de Davi se assentará em verdade um que julgue, busque o juízo, e se apresse a fazer justiça.” Is 16;5

Certamente o profeta messiânico fala do Reino de Deus. Após defini-lo como firmado nas bases do bem, três palavras; julgue, juízo e justiça, dão mostras do bem maior, ante, O Rei Vindouro.

No encerramento da Revelação, O Senhor insta para que cada um deixe patentes suas escolhas: “Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo, suje-se ainda; quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda.” Apoc 22;11 Paralelismo sinonímico que equaciona injustiça à sujeira, justiça, à santidade.

Quer dizer que é na base do dente por dente e olho por olho? Apenas justiça, e a misericórdia? É uma boa pergunta, pois, o salmista associara essa àquela no séquito dos valores Eternos. “A misericórdia e a verdade se encontraram; justiça e paz se beijaram.” Sal 85;10 Vemos, porém, que ambas aparecem com “acessórios”; A misericórdia, com a verdade, a justiça, com a paz.

Acontece que temos pouca afinidade, tanto com a verdade, quanto, com a justiça, quando, essas nos são desfavoráveis. Digo, tendemos a clamar por justiça quando nos sentimos no prejuízo. Igualmente, a verdade nos parece boa se, realça-nos em algum mérito, vantagem, senão, incomoda.

A Misericórdia em pessoa, Jesus Cristo veio. Porém, por trazer junto a verdade, foi rejeitado. “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque as suas obras eram más.” Jo 3;19 Assim, nada vale estarmos convencidos da Misericórdia, se, não estivermos, igualmente, convictos de nossos pecados. Por isso, labora O Bendito Espírito Santo; “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Jo 16;8

A misericórdia Divina é misericordiosa, não, amoral; Deus perdoa sempre quem reconhece falhas, se arrepende, confessa. Assim, até a Justiça Divina se satisfaz, imputando aos arrependidos, a Justiça de Cristo. Aos demais, resta o olho por olho, a punição proporcional à falha. Não se trata de uma grandeza superior, mas, de uma preferência do Amor Divino, dar primazia à misericórdia no trato com nossas faltas. “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e, misericórdia triunfa do juízo.” Tg 2;13

Quando associa justiça à paz, não se refere aos relacionamentos interpessoais, sujeitos a diversidade de caracteres e motivações, antes, à paz com Deus, que usufruem, mesmo em tempos angustiosos, aqueles que, mediante a misericórdia, se fazem herdeiros de Cristo.

A paz é, em caso de conflito de interesses, um bem bilateral. Desde a queda, o homem se fez inimigo do Criador, uma guerra suicida, inda assim, guerra. Quando O Mediador veio para ser nosso Resgate os anjos cantaram: “...paz na Terra...” Quando subiu a Jerusalém para consumar Sua Obra, O Espírito Santo pôs nos lábios de alguém: “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu...” Luc 19;38

Desde então, os que pertencem a Cristo estão em paz com Deus, malgrado toda sorte de aflições eventuais. O Salvador ensinou que Sua Paz não era como a do mundo; Paulo disse que excede a todo entendimento.

Por ora, O Reino de Deus é mero enclave nesse mundo ímpio; mas, os súditos que renasceram pelo Sangue de Cristo e foram vivificados pelo Espírito Santo, usufruem em si, e entre si, os benignos efeitos da Misericórdia e da Justiça Divinas. “Até que se derrame sobre nós o espírito lá do alto; então o deserto se tornará em campo fértil, o campo fértil será reputado um bosque. O juízo habitará no deserto, a justiça morará no campo fértil. O efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32;15 a 17

Contudo, há um “Reino” paralelo, cuja ênfase recai sobre prosperidade, direitos, ignorando que, não há bênção maior, que estar reconciliado com Deus, Fonte de todo o bem. Se, até quando vai pelo caminho o tolo diz a todos quem é, como versou Salomão, até quando ora, o ímpio patenteia a sua sujeira. “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.” Prov 28;9

Vivemos tempos difíceis, onde, as pessoas, senhoras de si, invés de se afastarem do que O Santo veta, vetam o veto, digo, distorcem e pervertem A Palavra.

Enquanto a ampulheta do tempo não se esvazia, os ímpios estão em “vantagem”, podem fazer que quiserem. Entretanto, quando isso acontecer, a misericórdia deixará de ser, um bem, disponível; Restará ao Eterno apenas a justiça. Não era bem o que Ele queria, contudo, é um bem, que quer.


Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/nuances-do-reino

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Por Cristo, sirvam uns aos outros



Por Eric Watkins


O que torna a igreja bela? A Bíblia conta a primeira história de amor de uma donzela em perigo que se encontrava presa sob as garras de um inimigo astuto. Encorajado pelo seu amor genuíno por ela, o justo herói sem hesitar deu sua vida em sacrifício por sua noiva, lutando contra o antigo dragão em um duelo até a morte, enquanto sua amada assistia impotente, observando e chorando. A morte, nosso inimigo fatal, parecia ter vencido. Mas a morte não venceu. Ela não poderia vencer. A morte foi conquistada pela ressurreição de Jesus, o herói da nossa história e o herói original que é copiado por toda boa história de amor desde então.

Mas o evangelho é muito mais do que apenas uma história, ele é a história. Apenas aquele que é digno da vida eterna poderia derrotar a morte e nos resgatar das chamas insaciáveis do inferno e da ira eterna de Deus, e, assim, levar-nos com segurança para o “felizes para sempre” do céu e da comunhão eterna com Deus. Foi por isso que o nosso herói entrou em nossa história, e na história. Ele veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Marcos 10.45), libertando-nos assim para o amar e amar tudo o que ele ama.

A linguagem de Paulo em Gálatas 5.13-15 aborda a ideia de servir uns aos outros através desta lente da liberdade do evangelho. De acordo com um antigo hino, Jesus “silenciou o trovão da lei; ele apagou chama do Monte Sinai”#1. Jesus satisfez tudo o que Deus exige: justiça perfeita. Mas Jesus também entregou a si mesmo em uma amorosa morte sacrificial sobre um outro monte, o Calvário. Ali, ele sofreu a nossa sentença de morte. Ali, ele lutou por nós e ganhou nossa liberdade e nossos corações. E foi ali que ele nos ensinou a servir uns aos outros, em amor. Simplificando: devemos amar e servir uns aos outros porque fomos amados e servidos primeiramente pelo próprio Cristo.

Paulo não vê o nosso serviço uns aos outros como um dever árduo movido por sentimento de culpa, medo ou manipulação. Ao contrário, é a bela liberdade, heroicamente comprada por Cristo para nós no evangelho, que move o nosso serviço mútuo. O evangelho nos ensina que já não somos mais escravos do pecado, uma vez que a culpa e o poder do pecado foram derrotados por Cristo. Nós agora somos livres, mas livres para quê?

Este é o ponto de Paulo: somos livres, mas não para usar nossa liberdade para servir o nosso antigo mestre carnal que duramente nos escravizou. Isso seria voltar ao cativeiro no covil do dragão abominável. Em vez disso, somos livres para amar e servir àquele que nos salvou, e fazemos isso pela maneira com que nós livremente amamos e servimos uns aos outros. A liberdade do cristão é vividamente expressa quando usamos nossa liberdade em Cristo para servir aos outros em Cristo. Quando servimos uns aos outros, nós encarnamos enfaticamente o que significa tomar a nossa cruz e seguir a Jesus. Participamos da exibição do amor de Cristo por sua igreja. Também demonstramos que não pertencemos ao mundo e, portanto, não somos escravizados por suas paixões egoístas, testemunhando assim, mesmo para aqueles fora da igreja, que a verdadeira liberdade está em Cristo. A igreja é, portanto, um teatro de redenção, serviço e amor, ao viver o evangelho diante de um mundo que ainda está escravizado pelo pecado, egoísmo e incredulidade.

Servir a igreja nem sempre é fácil, porque a igreja nem sempre parece bela aos nossos olhos. Às vezes, ela pode parecer um tanto desagradável e detestável. A imperfeição dos membros da igreja é real e pode desencorajar o nosso serviço. É por esta razão que eu imploro a você que olhe para a Igreja como Cristo a vê: com uma beleza e glória que reflete a dele. A igreja é bela por causa de quem ela é em Cristo. Amar a Cristo significa amar o que ele ama, e há grande alegria e refrigério espiritual em entregar as nossas vidas pelos outros.

Servir a Cristo significa usar nossa liberdade do evangelho para servir aquilo que Cristo amou o suficiente para comprar com seu sangue. É por isso que a igreja é bela, e que a servir é um privilégio glorioso.

#1 “Let us love and sing and wonder”, hino tradicional inglês de John Newton (1725-1807) [N.T.]


Eric Watkins. © 2016 Ligonier. Original: Serve One Another

Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira. Revisão: Yago Martins. © 2016 Ministério Fiel.Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.br. Original: Por Cristo, sirvam uns aos outros

Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2016/10/por-cristo-sirvam-uns-aos-outros/

sábado, 22 de outubro de 2016

EQUILÍBRIO

Por João Marcos Bezerra


No estudo sobre ser Discípulo Radical começamos com a necessidade de uma transformação profunda, de dentro para fora, como na metamorfose de Jesus durante a Sua transfiguração. Depois tratamos que Deus nos criou para sermos semelhantes a Cristo e que por meio do Seu Santo Espírito nos torna semelhante a Ele – mesmo que de forma limitada. E, por último, aprendemos que necessitamos de um relacionamento íntimo com o Senhor para chegarmos a maturidade, perfeição. Com isso, caminhamos para nosso quarto momento onde aprenderemos sobre Equilíbrio. Nisso, precisamos iniciar refletindo sobre quem somos.
Quem você é? Eu sou João Marcos, filho de João Bezerra (pastor) e Marizinha, criado em lar cristão desde o nascimento, tive uma boa educação por parte dos meus pais, principalmente minha mãe, estudei em boas escolas, converti-me aos dezesseis anos, mas sempre trabalhei e cresci na igreja, vendo o exemplo dos meus pais e meus irmãos. Desde então, sirvo ao Senhor de forma consciente da minha filiação divina e com a certeza da minha salvação.
Se em todos os momentos da vida eu me lembrasse de onde vim e quem eu sou, provavelmente não me comportaria de forma inadequada, principalmente após a minha conversão. Porque, se na hora de indisciplina, recordasse que sou filho de Deus, filho do Rei dos reis e Senhor dos senhores, não faria nada inapropriado a minha filiação. É nesse ponto que convido a todos a meditarmos sobre o equilíbrio necessário a vida cristã, para sermos Discípulos Radicais, marcantes em nossa geração.
No texto de 1Pedro 2.1-17 o apóstolo Pedro nos representa em diversas fases e situações para entender quem somos e como devemos manter a harmonia nisto. No verso 2 ele nos compara a um bebê recém-nascido: “Como criancinhas recém-nascidas, desejem de coração o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação” (NVI). Com isto, ele nos recorda de que é necessário nascer de novo para que haja “uma mudança profunda, interior e radical, realizada pelo Espírito Santo em nossa personalidade humana, que nos concede um novo coração e uma nova vida e nos faz uma nova criatura” (STOT, p.73).
É importante lembrar que, quando nascemos de novo, passamos por um processo de crescimento. Não nascemos com a maturidade necessária. O que nos deixa ainda vulneráveis aos problemas e ataques do inimigo. O que fazer, então? Assim como uma criança cresce mantendo uma alimentação saudável e regular, a nova criatura em Cristo deve se alimentar do leite espiritual, da Palavra de Deus regularmente (1.23-25).
“Também vocês, como pedras vivas, sejam edificados como casa espiritual” (2.5) é o segundo verso que traz mais uma representação do cristão. Somos pedras de construção que gozam de vida real, ou seja, somos partes da construção da Igreja de Deus. Só que as pedras precisam de fundação sobre a qual se levantam e argamassa para se ligarem umas as outras, que é, nada mais, nada menos, Jesus Cristo. Por isso, o verso 4 diz “à medida que se aproximem dele, a pedra viva”, pois é Nele que eliminamos o velho homem; é Nele que amamos o próximo e respeitamos as diferenças; é Nele que nos tornamos uma unidade, uma comunidade; e, é Nele que fundamentamos o que cremos.
É neste templo espiritual que nos tornamos sacerdócio santo e real (vs.5,9), que é a nossa terceira figura como pessoas em Cristo. O termo grego neste texto, hierateuma, quer dizer aquele que tem o ofício de um sacerdote (Bíblia Strong), isto é, somos chamados para sermos sacerdotes. Com isso, possuímos o privilégio de ter acesso direto a Deus e oferecer sacrifícios a Deus – só que a partir de Jesus estes se tornaram espirituais e são oferecidos por meio da nossa adoração.
Assim como o sacerdote era um ofício exclusivo dos israelitas, os estrangeiros não podiam se tornar um, somente quem faz parte do povo de Deus é que pode fazer parte do sacerdócio santo e real. Então, mais uma figura a que somos comparados pelo apóstolo Pedro é: “povo de propriedade exclusiva de Deus” (v.9). “Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus” (v.10).
Mas para que o Senhor nos escolheu? No AT o povo de Israel foi escolhido por Deus para testemunhar diante das outras nações os feitos poderosos e muito mais coisas do Senhor. A Igreja também é chamada para isso, pois somos “povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (v.9).
Embora morando aqui neste mundo, não pertencemos a ele por sermos propriedade do Senhor. Com isso, o verso 11 de 1Pedro 2 nos apresenta como estrangeiros. Quando um forasteiro se instalava no meio dos hebreus, ele tinha alguns direitos limitados, mas tinha, e também possuía deveres junto ao povo (a exemplo da participação da Páscoa em Êxodo 12.48,49). Por isso, a mensagem de Pedro ao nos colocar como alguém que vem de um país estrangeiro para este mundo significa que não somos daqui, mas possuindo direitos e deveres tanto na pátria celestial como aqui na terra.
Por último, o apóstolo nos compara a servos nos versos 12 à 17.

Ele incentiva os leitores a viver de tal forma entre os pagãos que eles possam ver suas boas obras, a submeter-se às autoridades seculares, a fazer o bem e assim calar a voz ignorante dos tolos, a viver como povo livre, sem fazer mau uso da liberdade, mas vivendo como servos de Deus, e a mostrar respeito para com todos: os irmãos na fé, Deus e as autoridades. (STOT, p. 81,82)

Diante disto, como cidadãos dos céus devemos cumprir os mandamentos e ordenanças do Senhor que é a Bíblia. E, como cidadãos no mundo, devemos ser cumpridores de nossas obrigações com humildade e responsabilidade para darmos bons exemplos como filhos de Deus.
Ok! Mas o tema não é sobre equilíbrio? Onde está o equilíbrio nisso tudo? Justamente está em conciliar estas seis figuras ou situações em que estamos inseridos de forma harmoniosa em nossas vidas. Stot, p. 83, escreve o seguinte sobre isso:

Como crianças recém-nascidas, somos chamados a crescer; como pedras vivas, somos chamados à comunhão; como sacerdotes santos, somos chamados à adoração; como povo de propriedade de Deus, somos chamados ao testemunho; como estrangeiros e peregrinos, somos chamados à santidade; como servos de Deus, somos chamados à cidadania.

As metáforas de Pedro nos leva a aprender que o crescimento vem com o estudo da Palavra por meio do discipulado; que, como igreja, devemos viver em comunhão, respeitando as diferenças; que a adoração deve ser a nossa vida; que o testemunho deve ser nosso ato contínuo, lembrando sempre de quem somos filhos; que somos cidadãos do céus e também do mundo. Com isso, é importante lembrar que todas as vezes que estivermos diante de uma decisão ou prestes a falhar devemos trazer a memória a nossa identidade como discípulo de Jesus. Lembrar quem somos nos ajudará a falhar menos e viver em equilíbrio. Deus abençoe!!!


4º Estudo da Série - Texto base : 1Pe 2.1-17


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Você não precisa de menos, mas de mais Doutrina.



Por Josemar Bessa


Quando se aproximou dos últimos dias de seu ministério, o apóstolo Paulo colocou seus pensamentos sobre o futuro bem-estar de Timóteo, seu "filho amado" na fé ( 2 Tm 1: 2 ). Ele escreveu para ele sobre as coisas que mais importam para a vida e ministério. Não apenas Paulo recomenda a seu jovem protegido o evangelho da glória de Deus e as Escrituras divinamente inspiradas (3: 16-17) (v 8-10.), mas ele também instruiu Timóteo a respeito da importância da sã doutrina: "Siga o padrão das sãs palavras que você ouviu de mim, na fé e o amor que há em Cristo Jesus. Pelo Espírito Santo que habita em nós, guarda o bom depósito que lhe foi confiado"(1: 13- 14). De acordo com Paulo, a doutrina é a coisa que mais importa para o bem-estar do cristão e da Igreja. Doutrina fornece um padrão que, quando seguido, promove a fé saudável e amor. Sã doutrina é uma herança valiosa que é para ser estimada nesta geração e fielmente transmitida para a próxima (2: 2).

O que é a doutrina? Em seu sentido básico, a doutrina é qualquer tipo de ensino. A Bíblia, por exemplo, fala sobre os ensinamentos de homens ( Marcos 7: 7-8 ), os ensinos de demônios ( 1 Tm 4: 1; Ap. 2:24 ), e os ensinamentos de Deus ( João 6:45 ; 1 Tessalonicenses 4: 9. ; 1 João 2:27 ). Aqui, estamos preocupados com o ensino divino, o ensinamento de Deus. Uma boa definição é, a doutrina é o ensino de Deus, sobre Deus e que nos dirige para a glória de Deus . Esta definição fornece uma anatomia útil da sã doutrina, identificando a fonte da doutrina, o objeto e fim último. Vamos considerar estes elementos da sã doutrina.

O Deus trino é a última palavra – O "Doutor", ou O “Professor”, quando se trata de doutrina cristã. O Deus que conhece e ama a si mesmo na perfeita comunhão da Trindade, graciosamente, quis fazer-Se conhecido por nós e amado por nós ( Mt 11: 25-27. ; 1 Cor. 2: 10-12 ). Esta doutrina, ensinada pelo Pai por meio do Filho, no Espírito Santo, informa nossa fé e orienta o nosso amor.

Embora o Deus trino seja a fonte da doutrina, Ele escolheu ministrar a doutrina  a nós através de Seus profetas e apóstolos na Sagrada Escritura, e SOMENTE  pelas Escrituras. Isso até o dia em que Deus nos falará face a face no Seu reino eterno – até lá, a Sagrada Escritura é a única fonte e norma da sã doutrina ( 2 Tim. 3:16 ; ver Marcos 7: 7-8 ). A Doutrina é extraída da Sagrada Escritura como de uma fonte. Doutrina é medida pela Sagrada Escritura como por uma régua. Além disso, a doutrina nos leva de volta às Escrituras para nós equipar ao nos tornar melhores leitores. Na verdade, aqueles "ignorantes" em sã doutrina são os que inevitavelmente torcem as Escrituras "para sua própria destruição" (2 Pedro 3:16).

Um duplo objetivo.

A Doutrina cristã tem um duplo objetivo. O objeto principal da doutrina é Deus; o objeto secundário é todas as coisas em relação a Deus. A Doutrina nos ensina a ver Deus como o único de quem e através de quem e para quem todas as coisas existem, e a doutrina direciona nossas vidas para a glória deste Deus ( Romanos 11:36. ; 1 Cor. 8: 6 ).

Quando examinamos o duplo objetivo da doutrina, uma vez que nos é apresentada na Sagrada Escritura, um padrão definido emerge ( Rom 6:17. ; 2 Tm 1:13. ). O padrão de sã doutrina é

(1) trinitária ( 1 Cor. 8: 6 ; . Ef 4: 4-6 ; Tito 3: 4-7 ),
(2) afirma a criação  ( 1 Tim. 2: 13-15 ; 4 : 1-4 ),
(3) centrada no Evangelho ( 1 Tm. 3:16 ; Tito 2: 11-14 ), e
(4) guia para a igreja ( 1 Tm 3: 14-15. ).

O padrão doutrinário distintivo da Bíblia deixou a sua marca em alguns dos resumos mais aceitos dos ensinamentos cristãos, como o Credo dos Apóstolos e o Catecismo de Heidelberg...

O propósito da sã doutrina.

A Sã Doutrina promove um número de alvos. Sã doutrina nos livra do laço do falso ensino ( 2 Tm. 2: 24-26 ; Tito 1: 9-11 ), que de outra  forma, impediria totalmente o desenvolvimento espiritual ( Ef 4:14. ) - e fomentaria a discórdia eclesiástica ( Rom. 16:17 ). A Doutrina serve a obra salvadora de Deus, tanto no interior ( 1 Tm 4:16. ),  como fora da igreja ( Mt 5: 13-16. ; Tito 2: 9-10 ; 1 Pedro 3: 1-6 ). Acima de tudo, a doutrina promove a glória de Deus. A Doutrina resplandece como um raio glorioso do evangelho de Deus ( 1 Tm 1: 10-11 ) e, dirige a nossa fé e amor para com Deus em Cristo, que nos permite andar em Sua presença e dar a Ele a glória que ele merece ( 1 Pedro 4:11 ; 2 Pedro 3:18 ).

Deus nos ama; e em Sua bondade Ele nos deu a boa dádiva da doutrina ( Sl. 119: 68 ) para que possamos aprender dEle e de Seu evangelho, e como podemos agradá-lo em nossa caminhada. A doutrina é o ensino de nosso Pai Celestial, revelado em Jesus Cristo, e transmitido a nós pelo Espírito Santo, somente nas Sagradas Escrituras, e é para ser recebida, confessada, e seguida na igreja e por nós individualmente, para a glória do nome de Deus.


Fonte: http://www.josemarbessa.com/2016/10/voce-nao-precisa-de-menos-mas-de-mais.html

sábado, 8 de outubro de 2016

Porque João 3.16 é tão encorajador para o cristão?



Por Guy Richard


Jesus diz que nos dias que antecederem a sua segunda vinda, as pessoas estarão totalmente alheias ao que lhes acontecerá. Elas casarão e se darão em casamento, assim como as pessoas faziam nos dias que antecederam o dilúvio na época de Noé. Da mesma forma que estes “não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos”, assim também muitos estarão igualmente desatentos quando Cristo voltar e o dia do dilúvio do juízo de Deus chegar sobre a terra e levá-los (Mateus 24.36-39). É um pensamento alarmante, com certeza, mas que deve nos dar uma grande apreciação pelas gloriosas verdades do evangelho claramente articuladas em passagens como João 3.16.

Uma das coisas das quais João 3.16 nos assegura é que Deus será misericordioso para com todos os que colocam a sua esperança e confiança em Jesus Cristo. Os crentes não precisam temer a vinda do dilúvio do juízo de Deus, porque sabem que Deus deu Seu Filho com o propósito expresso de que todo o que nele crer “não pereça”. Essa é uma das verdades gloriosas expostas para nós neste versículo bem conhecido, como veremos.

Embora seja verdade que a palavra perecer é usada com frequência nos Evangelhos para se referir à morte física ou destruição (aproximadamente 36 das 66 ocorrências), ela significa muito mais do que isso aqui nesta passagem. Sabemos que é assim porque a palavra “perecer” é colocada em antítese a “vida eterna” no versículo 16, a “salvo” no versículo 17, e a “não é julgado” no versículo 18. A destruição da qual os crentes são poupados em João 3.16 não é, portanto, a morte física ou mesmo algum tipo de aniquilação, mas a destruição eterna que resulta de ser “julgado” por causa do pecado e da rebeldia. Todos os que rejeitam a Cristo e persistem em sua incredulidade receberão não a vida eterna, mas a destruição eterna. A “ira de Deus” vai “permanecer” com eles para sempre (v. 36).

Essa compreensão da palavra perecer está de acordo com o ensinamento de Jesus sobre o inferno. Em Mateus 25.31-46, por exemplo, Jesus coloca a “vida eterna” que está reservada para “os justos” em contraposição ao “fogo eterno” (v. 41) e ao “castigo eterno” (v. 46) que estão reservados para todos os outros (referidos como “cabritos” que não seguem o pastor, também como “malditos”). Aqueles que não recebem a vida eterna não apenas morrem ou deixam de existir. Eles experimentam uma eternidade de “destruição” ou “punição” que se manifesta em “fogo inextinguível” (Mateus 18.8; Marcos 9.43, 48; Lucas 3.17) ou na “fornalha acesa”, em que “haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 13.42, 50). É isso que significa perecer. É uma eternidade recebendo o que nossos pecados e nossa rejeição a Jesus Cristo merecem.

E é precisamente por isso que João 3.16 é tão encorajador para o cristão. Ele nos oferece a promessa de que “todo o que crê” em Jesus Cristo não perecerá. Ainda que nossos pecados e nossa rebelião mereçam claramente uma eternidade de destruição, não é isso que receberemos de Deus. Ele será misericordioso. Ele nos livrará da destruição, não nos dará o que merecemos. Jesus garantiu isso. Graças a Deus pelo seu dom inefável (2Coríntios 9.15).

Mas João 3.16 também se destaca como um aviso de que há somente dois tipos de pessoas no mundo: os que perecem e os que creem no Filho e estão, portanto, livres de perecer; os que “permanecem” sob a ira de Deus por toda a eternidade e os que em vez disso creem e recebem a vida eterna (João 3.36). A resposta de cada pessoa a Jesus determina em qual das duas categorias ela está. Aqueles que respondem a ele com fé e obediência (que é o fruto e, assim, a prova da fé genuína) não perecerão, mas terão a vida eterna. Aqueles que não respondem com fé e obediência não receberão misericórdia. A ira de Deus permanecerá sobre eles pela eternidade.

A boa notícia de João 3.16 é que éramos todos de uma só vez contados entre os que perecem, mas agora, pela fé em Cristo, já não é esse o caso. Recebemos a misericórdia. E por essa razão, não pereceremos.


Por: Guy Richard. © 2016 Ligonier. Original: Should Not Perish
Este artigo faz parte da edição de maio de 2016 da revista Tabletalk.

Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira. Revisão: Yago Martins. © 2016 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.brOriginal: Porque João 3.16 é tão encorajador para o cristão?

sábado, 1 de outubro de 2016

Adão sem noção



Por Leonel Elizeu Valer Dos Santos


“Disse Faraó a seus servos: Acharíamos um homem como este em quem haja o Espírito de Deus?” Gên 41;38

O homem que arrancou tal expressão do Faraó era José, o hebreu prisioneiro. Em desfavorável status pessoal, pois, bem como, o ambiente cultural de muitos deuses, como o Egito, para falar do Deus Único.

Contudo, chamado à presença do soberano assegurou: “Deus dará resposta de paz a Faraó”. A resposta, no caso, era a interpretação de dois sonhos, que, estava em pauta, alvoroçando a corte.
Obtida a resposta, o monarca reconheceu que fora O Espírito de Deus que movera José.

Seria O Espírito Santo, um masoquista? Afinal, tanta gente boa, livre, em palácios, e Ele habitando num prisioneiro. Paulo nos ensina a compreensão dos mistérios Divinos comparando as coisas espirituais com as espirituais. Assim, onde as naturais encontram obstáculos, prisões, até, pode, O Santo, encontrar Seu dileto habitat.

Onde existe fé genuína Ele habita: “...depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.” Ef 1;13 Onde se preza a justiça e paz, Ele se alegra e igualmente, Seu hospedeiro. “Porque o reino de Deus não é, comida, nem bebida, mas, justiça, paz, e alegria no Espírito Santo. Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens.” Rom 14;17 e 18

O Evangelho do triunfalismo doentio, imediatista, nem de longe assemelha-se à vera expressão da fé. A “fé” que tem sido apregoada pelos mercenários da moda é uma espécie de Midas, rei mitológico, que, tudo o que tocava virava ouro. Ora, a fé hígida é patrimônio do ser, não, um bem para escambo, com o fim de ter.

Acaso José era fiel por que sabia que seria promovido a governador, e estava dando um “adiantamento” a Deus enquanto esperava? Não. Nada sabia do que estava por vir, era, por questão de consciência, de quem Deus É, não, pelo que pode dar.

Nos padrões atuais, alguém permanecer fiel depois de mais de uma década, preso, inocente, é algo impensável. Duas ou três “campanhas de milagres” e, se as coisas não acontecem, o sujeito salta fora concluindo que não serve pra Deus, pois, o que “Ele” prometeu não foi cumprido, quiçá, Deus não serve pra ele, pois, não cumpre o que “promete”.

Diferente de antanho, onde, o fiel entregava-se a Deus independente das circunstâncias, hoje, se dá prazo para que Ele se manifeste. Sete semanas disto, doze cultos daquilo, e quem fizer religiosamente o ritual torna-se credor do Eterno, com direitos a favores especiais. Ora, qualquer coisa que eu faça, por piedosa que pareça, se, o fim for meu interesse, é só uma versão requintada de egoísmo, expressão do ego, coisa que sequer apita ainda, em quem negou a si mesmo e tomou a cruz.

Infelizmente, muito do se canta em prosa e verso, se encena em púlpitos e palcos, é mero reflexo da falta de noção, de uma igreja adoecida por sucumbir ao imediatismo ímpio, invés de apregoar e viver, segundo a Integridade do Eterno.

Como o populacho imiscuído durante o Êxodo, que vivia devaneando com coisas do Egito, a menor dificuldade, assim, os “crentes” que “saem do mundo” trazendo o mundanismo com eles, travestindo de piedade. Não falo de usos e costumes, mas, de anseios egoístas e carnais.

Aqueles, tanto fizeram opondo-se a Moisés e Aarão, que um dia Deus deu um basta e a Terra os tragou vivos. Se, o mesmo juízo fosse aplicado agora a Terra sofreria um colapso, por ter comido demais.

No início, Deus deu todas as coisas francas ao primeiro casal; o inimigo insinuou que lhes faltava independência; o resultado, conhecemos. Agora, a reparação do erro, propiciada pelo Méritos Graciosos de Cristo, requer que nos coloquemos em absoluta dependência, para que, O Eterno nos dê outra vez, todas as coisas, no Seu tempo, segundo Sua vontade, pois, requerer isso do nosso jeito, nos remeteria de novo, à independência, à queda.

Amós perguntou: “Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?” A resposta óbvia é, não. Assim, enquanto não nos adequarmos aos termos do acordo com Deus, Ele sequer andará conosco, que dirá, nos abençoar. Não digo que merecemos bênçãos, quando obedecemos, mas, em posição de rebeldia, nos colocamos em rota de colisão com o juízo, invés de bênçãos.

Adão teve ciência da nudez e se escondeu. Os neo-Adões, peladões, falam com a cobra, devaneando que ela é o Criador.


Cristo em nós deve ser tão visível como uma cidade sobre um monte. Como Faraó viu O Espírito Santo em José. Quem possui cifrões nas retinas, nunca verá a Bendita Luz de Jesus, O Senhor.


Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/adao-sem-nocao

domingo, 25 de setembro de 2016

A noiva, o servo, o filho e o soldado



Por Anísio Renato De Andrade


A bíblia nos fala de tantas maneiras diferentes, que podem parecer contraditórias. Somos a noiva de Cristo, servos de Deus, seus filhos ou soldados? Somos tudo isso. Uma visão voltada exclusivamente para uma dessas facetas pode causar distorção no entendimento e na prática cristã. Todos esses termos referem-se à realidade espiritual, mas, em primeira análise, devem ser considerados como metáforas plenamente conciliáveis no que tange às lições transmitidas. Pensando assim, não perguntaremos como Jesus pode ser, ao mesmo tempo, o pastor e a porta das ovelhas, o cordeiro de Deus e o leão de Judá (João 10.7,11; João 1.29; Ap.5.5).
Jesus contou muitas parábolas relacionadas ao reino de Deus, como se vê, por exemplo, nos capítulos 13 e 25 do evangelho de Mateus. Por que tantas? Não seria repetitivo? O que ocorre é que nenhuma parábola é suficiente para expressar toda a realidade espiritual. Então, o Mestre contou diversas. Cada uma demonstra diferentes aspectos, conceitos e valores do reino.
Em Mateus 25, Jesus começou falando sobre 10 virgens que esperavam o noivo, mas, desejando mostrar o outro lado da questão, ele falou, na sequência, sobre 3 servos que esperavam o seu senhor (Mt.25.14-30). Jesus deseja que tenhamos uma visão cada vez mais ampla sobre a sua pessoa, sobre o Pai, o reino de Deus, a segunda vinda e sobre nós mesmos, nossa posição, privilégios, deveres e responsabilidades.
"Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se aprontou" (Ap.19.7).
A igreja é a noiva de Cristo. Esta figura nos lembra a pureza, o amor, o compromisso, a preparação, o casamento, a festa e a intimidade. O noivo não é uma pessoa estranha ou indiferente. Isso nos mostra que Cristo se importa conosco e nos ama profundamente. O amor é a base de tudo, mas não é o fim. Existe muito mais na nossa relação com Deus.
"Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna" (Rm.6.22).
Na parábola dos talentos, somos representados pelos servos (Mt.25.14-30). É outra perspectiva que o cristão precisa ter acerca de si mesmo. Agora, não se fala em festa, mas em recursos, responsabilidades, trabalho e prestação de contas. O senhorio de Cristo está em evidência. Precisamos servi-lo de acordo com os dons que ele nos confiou. Contudo, não podemos ter apenas essa visão, transformando a vida cristã em ativismo mecânico ou meramente profissional. Precisamos servir por amor, ainda que haja uma recompensa.
"Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus" (João 1.12).
Quando nos trata como filhos, a Palavra nos lembra o novo nascimento, nosso vínculo com o Pai, a participação na família de Deus, uma nova natureza e uma herança incorruptível no céu. O que define a condição de filho não é o que ele faz ou possui, mas o que ele é.
Contudo, não podemos nos esquecer do nosso alistamento no exército de Deus. Somos soldados. Isso nos lembra disciplina, treinamento, armamento, inimigos, lutas, guerras e vitórias.
"Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo" (2Tm.2.3).
A percepção parcial da identidade cristã pode criar expectativas indevidas. Como filhos, esperamos benefícios, provisão, carinho e proteção. Não está errado, mas o que faremos quando Deus permitir dificuldades em nossas vidas? Quem não tem luta é soldado morto.
"Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse" (IPd.4.12).
Portanto, a vida espiritual assemelha-se muito à vida natural quanto à diversidade de papéis, fases e situações. Queremos bênção sem compromisso? Vitória sem luta? Canaã sem deserto? Festa sem trabalho?
O evangelho traz, não apenas bênção e salvação, mas também transformação e missão. Não é algo apenas para mim, mas a partir de mim para o outro. Esta realidade interfere na nossa visão sobre nós mesmos, sobre o próprio Deus e sobre a igreja.
Devemos confiar no Senhor e aceitar o que ele tem para nós, certos de que, "todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus (Rm.8.28).


Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/a-noiva-o-servo-o-filho-e-o-soldado

domingo, 18 de setembro de 2016

MATURIDADE

Por João Marcos Bezerra


No censo do IBGE, realizado em 2010, provou algo que já era visível, mas que não se tinha dados gerais concretos, o número de evangélicos no Brasil está crescendo muito. Em 10 anos os evangélicos cresceram 61,45% com 42,3 milhões de adeptos no ano citado. Todavia, é importante refletirmos se este crescimento mostra também se a igreja brasileira está saudável, se há qualidade nos seus fiéis. O que você acha?!
Diante da atuação dos ditos cristãos evangélicos nos cenários político, social, cultural, religioso etc. é possível ver o reflexo do nosso Senhor Jesus Cristo na vida destes, como já estudamos sobre Semelhança com Cristo? Infelizmente, a resposta é não. Por isso, repito as palavras de John Stot no nosso livro base, vivemos um “crescimento sem profundidade”, ou seja, somos cristãos completamente superficiais e, consequentemente, imaturos.
Entretanto, isto não é um problema da igreja brasileira. A China, a Europa, a África e os EUA também vivem esta situação de imaturidade. Também não é uma característica somente da igreja contemporânea. O apóstolo Paulo (mais uma vez citamos ele) advertiu os irmãos de Corinto sobre isto em 1Coríntios 3.1-3 porque eles pareciam crianças espirituais e não adultos maduros.

Irmãos, não lhes pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo. Dei-lhes leite, e não alimento sólido, pois vocês não estavam em condições de recebê-lo. De fato, vocês ainda não estão em condições, porque ainda são carnais. Porque, visto que há inveja e divisão entre vocês, não estão sendo carnais e agindo como mundanos?

Com isso, algumas perguntas podem estar na cabeça, assim como já estiveram na minha e me colocaram em vários momentos de reflexão sobre isso: Afinal de contas, o que é maturidade? Como reconhecemos que uma pessoa é madura? No texto de 1Coríntios citado acima, em Colossenses 3.5-11 e também Gálatas 5.19-21, vemos características de imaturidade e as obras da carne e percebemos que tudo isso é reflexo do velho homem em nossas vidas. O que nos torna carnais e não espirituais.
“Ok! Então podemos aprender que uma pessoa madura é que não age na carne”. Não somente isso! Vejamos Cl 1.28,29, onde está escrito: “Ao qual anunciamos, advertindo a todo homem, e ensinando a todo homem em toda sabedoria; para que apresentemos a todo homem como perfeito, em Cristo Jesus. No qual eu também trabalho, combatendo conforme o seu agir, que age em mim com poder”. Este texto nos mostra o que é maturidade cristã e o que nos torna uma pessoa espiritualmente madura.
Para começar, uma pessoa madura é representada por Paulo como alguém perfeito. Esta palavra, por sua vez, vem do grego teleios e é definida também por aquele “que não carece de nada necessário para estar completo”, ou seja, uma pessoa madura é alguém completo, perfeito. Mas não basta isto por si só, só podemos ser completos “em Cristo”, que quer dizer que é necessário “estar relacionado a Ele de forma pessoal, vital e orgânica” (John Stot). Assim sendo, quanto mais forte for o relacionamento de alguém com Cristo mais fácil será reconhecer a maturidade espiritual dela, pois ela será semelhante a Jesus e, por isso, o mais completa possível.
Daí, surge outro questionamento: como se tornar maduro? “Que pergunta mané, João, você acabou de dizer! É estar em Cristo, ter um relacionamento forte com Cristo”. Beleza! Mas como ter esse relacionamento forte? Primeiro, precisamos ter uma visão clara de quem Ele é (revelação visível de Deus, cabeça da criação e da Igreja – Cl 1.15-20, o caminho, a verdade, a vida e o único caminho ao Pai – Jo 14.6, etc.). Para ter um relacionamento não é suficiente somente saber quem o outro é. Para ser meu amigo não basta saber quem eu sou, precisa me conhecer de forma mais profunda. Por isso, é necessário conhecer o máximo possível de Cristo também. A Bíblia é a fonte autêntica deste conhecimento e a oração é o meio de se aproximar mais ainda Dele e criar um laço de intimidade.
“Legal! Mas isso não é para todo mundo, João!” – podem afirmar alguns, mas o texto que lemos de Colossenses diz: “advertindo a TODO homem e ensinando a TODO homem… a fim de que apresentemos TODO homem perfeito”. Isto é, a maturidade é para toda a humanidade que está em Cristo. Esta cultura pseudocristã de que só alguns chegam a maturidade espiritual é doutrina gnóstica (heresia defensora de que o conhecimento é que leva salvação ao homem).
Os gnósticos acreditavam que existiam duas categorias de cristãos: o rebanho comum – unidos pela fé, e a elite (hoi teleioi) que tinha o conhecimento especial. O apóstolo Paulo não só discorda desta doutrina como usa a própria palavra dos gnósticos (teleio) para rogar aos irmãos que se apresentem perfeitos em Cristo como ramos maduros ligados a videira (Jo 15). Não no conhecimento, sabedoria humana, mas em Cristo.

Então, podemos sintetizar tudo o que aprendemos sobre maturidade da seguinte forma: ela é o abandono completo do velho homem, por meio de um relacionamento forte com Jesus; sem a Bíblia e a oração não conseguiremos ter e/ou manter esta relação; e, que todo homem e mulher cristãos são convocados a esta maturidade. Daí, precisamos não só entender e aplicar esta verdade em nossas vidas, mas precisamos ensinar aos nossos irmãos, assim como Paulo fez com a igreja em Colossos (anunciando, advertindo e ensinando). Deus abençoe!


3º Estudo da Série - Texto base: Cl 1.28,29


Fonte: http://jmarcosbezerra.blogspot.com.br/2016/08/discipulo-radical-iii.html

domingo, 11 de setembro de 2016

Um fogo que não se apaga!


Por Josemar Bessa


Viajar de um mundo fugaz para um eterno é uma longa jornada. Do que precisamos? “E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite.” - Êxodo 13:21

Do que Israel precisava?

Precisava de um guia em sua jornada do deserto ao lar.
Eles teriam uma longa jornada de quarenta anos.
Eles teriam que caminhar por um caminho estranho que jamais haviam pisado antes.

Inúmeros inimigos iriam se esforçar dia e noite para impedir o seu progresso.
Os perigos forravam cada parte do caminho.
Eles tinham corações enganadores.

Essa não é a história de cada homem regenerado? Um peregrino numa viagem para um país que Deus nos descreveu e chamou? A viagem é longa... Leva talvez cerca de 20, 30, 40, 50, 60, 70... anos.
Eu posso resistir?

Todos nós temos momentos em que olhar para frente com suas aflições, lutas... reais ou imaginárias, e é de se admirar que pensamentos furtivos venham até nós...

Será que vou ter forças para continuar confiando em Cristo como meu prazer todo suficiente, minha delícia perpétua?
E se o sofrimento for demais para mim?
Se, nestes momentos, não sabemos o que a Palavra de Deus ensina, podemos ser sobrecarregados com medo e desespero.

Então, o que a Palavra de Deus ensina? Aqui estão nas Escrituras que eu encontrei útil - Judas 1:24-25

No final de sua carta Judas levanta uma palavra de louvor a Deus:
Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória, Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém.

Observe que agora, nesta vida, Deus é capaz de mantê-lo livre de tropeçar. O que significa que, na Segunda Vinda, Deus vai lhe apresentar irrepreensíveis diante dele com grande alegria.

Então em todas as aflições, artimanhas do diabo, mundo, carne... entre o agora e o céu, Deus vai estar lá – impedindo de tropeçar, fortalecendo sua fé, dando-lhe toda esperança, resistência e coragem que você precisa para se manter confiando em Cristo. Confiando nEle como fonte e pão – ou seja, satisfação completa, saciedade e prazer – o que impede de prazeres falsos se mostrarem capazes de enganar fazendo escolhermos algo que quebre a comunhão com o prazer final – Cristo!

Observe o que Paulo diz sobre os crentes que viviam em Filipos:

Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo - Filipenses 1:6

A fé é uma boa obra que Deus começa em nós. Ele pega o nosso coração de pedra, e dá-nos um coração de carne que confiam em Cristo da maneira descrita – como fonte, como pão, como deleite, como a delícia da vida – tudo o mais se torna apenas um eco disso – “...dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis.” - Ezequiel 36:26-27

É a promessa infalível de Deus! Como John Bunyan ilustra isso no grande clássico O Peregrino?

No livro O  Progresso do Peregrino, John Bunyan deu uma ilustração poderosa desta verdade.

No capítulo 5, personagem central de Bunyan, que é chamado de "cristão", encontra um ajudante chamado "intérprete". O trabalho do “intérprete” é ensinar as verdades cristãs fundamentais que ele vai precisar para a caminhada de fé.

Intérprete mostra a “cristão”  um fogo que arde contra uma parede, e mostra alguém que estava de pé junto ao fogo constantemente tentando apagar o fogo jogando água sobre ele.

Mas o fogo não se apaga. Não só não apaga, ele queimava cada vez mais forte e mais quente.

Assim, “Cristão” pergunta a  Intérprete - O que isso significa?

Intérprete explicou que o fogo é a obra da graça que Deus produz em nossos corações - a graça dá confiança em Cristo e amor por ele.

Mas o diabo está constantemente tentando apagar este incêndio, este fogo, derramando sobre ele a água das tentações e preocupações e provações...

O que mantém o fogo que queima? Pergunta “Cristão”.

Então Intérprete quer mostrar a Cristão como o fogo não só é mantido aceso, mas mantido queimando cada vez mais alto e mais quente. Ele (Intérprete) pegou Cristão e o leva para o lado de trás da parede, onde ele vê um homem que tinha um pote de óleo em sua mão que ele derramava continuamente no fogo.

Então Cristão pergunta mais uma vez -   o que isso significa?

E respondeu Intérprete:

Esta é Cristo, que continuamente com o óleo de sua graça mantém o trabalho já iniciado no coração; por meio do qual, não obstante tudo o que o diabo possa fazer, as almas de seu povo ficam mais cheias de graça soberana que prevalece sempre: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza...” - 2 Coríntios 12:9 –
O que vistes, o homem atrás da parede, te ensina que a tentação, provações, tristezas... não pode senão – pela ação soberana de Deus – aumentar o poder da graça que um dia apresentará todos os regenerados diante de Deus. A trabalho da graça soberana que é sempre mantido na alma.

Veja a imagem inteira que Bunyan quer mostrar...

Se tudo o que vemos é a chama da nossa fé e a água que o Diabo está derramando, podemos facilmente nos desesperar. Essa é a tragédia de não conhecer as doutrinas fundamentais – como a Perseverança dos Santos, por exemplo.

É por isso que é crucial ver o que Jesus está fazendo. Agora e para o resto de sua vida, ele vai continuar a derramar em sua chama todo o óleo que você precisa – O poder infinito da Graça Soberana – que predestinou, chamou e irá glorificar (Romanos 8.29) – Ele derrama e vai continuar a derramar todo o óleo que é necessário não apenas para que a sua fé continue, mas para que ela queime mais alto, e mais quente, e mais forte...


domingo, 4 de setembro de 2016

Ame e faça o que quiser



Por Noeme Rodrigues De Souza Campos


A exaltação dos sentimentos como guia para a conduta é mais um sintoma da insanidade de nossa época.
Um mundo guiado por paixões é um mundo doente, fadado ao caos e ao desespero.
O que é o sentimento? Uma sensação despertada pela conjuntura interna e externa ao indivíduo, sempre adicionada da intenção (realizada ou frustrada) de obter algum tipo de prazer.
Se os hormônios e as circunstâncias variam, é natural que os sentimentos variem na mesma proporção.
Obviamente, fazer disso bússola para a vida, é gastar a existência numa agitação frenética, com sérios prejuízos emocionais e físicos, além dos danos causados à terceiros.
Conduzir se por sentimentos é absolutizar o egoísmo como método de vida. Quem age assim, desconsidera o impacto de sua ação sobre sua própria vida e sobre as vidas de outros - elege apenas suas sensações como dignas de serem atendidas.
Resultados: famílias desfeitas, filhos crescendo sem a segurança de um lar, feridas emocionais, adultos imaturos e egoístas demais para estabelecer qualquer relacionamento saudável…
Como disse Agostinho, “ama e faze o que quiseres. Tudo é permitido, que o amor permite; tudo é proibido, que o amor proíbe.”
Só não vale confundir sentimento com amor. Amor não é egoísta, não é inconsequente, não acaba. A base do amor é o compromisso, não as oscilações de humores.


Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/ame-e-faca-o-que-quiser

terça-feira, 30 de agosto de 2016

O significado bíblico de “mundo” em João 3.16



Por John Tweeddale

Uma das guinadas mais surpreendentes de João 3.16 é que somos informados que Deus ama o mundo. Podemos ser tentados a pensar que há muitas coisas no mundo para Deus amar. Afinal de contas, como não admirar as paisagens urbanas e rurais, alta gastronomia e churrascos de quintal, sinfonias clássicas e música popular, pinturas renascentistas e rabiscos de jardim de infância? O mundo que conhecemos está repleto de texturas, desafios, oportunidades e alegrias. O problema é que tudo o que é bom, interessante e bonito no mundo está saturado de pecadores. Desde que Adão e Eva se rebelaram contra Deus no jardim, o mundo se tornou uma terra desolada. Não obstante quão maravilhoso o mundo pareça, ele não é digno do amor redentor de Deus.

Entender como o mundo é indigno do amor de Deus é a chave para João 3.16. Só assim apreciaremos o presente inesperado que Deus dá. Este ponto foi bem estabelecido há muitos anos pelo estimado teólogo Benjamin Breckinridge Warfield. Em seu sermão “O incomensurável amor de Deus”, Warfield investiga o significado do termo “mundo” (em grego kosmos) em João 3.16, a fim de sondar as profundezas do amor de Deus.

Qual é o significado de “mundo” nesta passagem? A partir das ideias de Warfield, encontramos quatro respostas possíveis.

Em primeiro lugar, muitas pessoas acreditam que “mundo” significa todas as pessoas, sem exceção. Em outras palavras, quando João 3.16 diz que Deus ama o mundo, isso significa que ele ama todas as pessoas, uma por uma, de forma igual. A lógica é algo deste tipo: Deus ama todas as pessoas; Cristo morreu por todas as pessoas; portanto, a salvação é possível para todas as pessoas. No entanto, essa visão parece sugerir que o amor de Deus é impotente, e que a morte de Cristo é ineficaz. Caso contrário, a conclusão natural desta posição seria a de que todas as pessoas são efetivamente salvas, em vez de apenas potencialmente salvas. Se Deus ama todas as pessoas, e Cristo morreu por todas as pessoas; se o amor de Deus não é impotente, e morte de Cristo não é ineficaz, então a única conclusão a que se pode chegar é que a salvação é assegurada para todas as pessoas. No entanto, este ponto de vista contradiz o ensino da Bíblia sobre o julgamento de Deus, tal como é evidenciado pelo contexto imediato em João 3.17-21.

Em segundo lugar, outros argumentam que “mundo” significa todas as pessoas, sem distinção. Esta opção enfatiza que Deus ama mais de um tipo de pessoa ou grupo étnico. A morte de Cristo na cruz não foi apenas por judeus, mas também por gentios. O amor de Deus não se restringe a fronteiras nacionais, mas se estende a todos os tipos de nações, tribos, culturas, línguas e povos. A isso, todo o povo de Deus (tanto arminianos quanto calvinistas) diz um caloroso “Amém”. Apesar de este ponto de vista ter a vantagem de estar, sem dúvida, certo e de se encaixar dentro do contexto maior do evangelho de João sobre a identidade global dos “filhos de Deus” (por exemplo, João 1.9-13; 4.42), ele não chega a capturar o forte contraste entre “Deus amou” e “o mundo” que João 3.16 deliberadamente evoca.

Em terceiro lugar, uma nuance popular da opção anterior entre os teólogos reformados é argumentar que “mundo” em João 3.16 se refere aos eleitos. Ao longo de todo o Evangelho de João, Jesus enfatiza a particularidade de sua graça. “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim” (6.37). “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim […] e dou a minha vida pelas ovelhas” (10.14-15). ”Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia” (15.19). “É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” (17.9). E assim por diante. O ponto é que o povo de Deus é escolhido de um mundo descrente. Novamente, este ponto de vista possui um tom importante ao destacar a doutrina bíblica da eleição, mas o foco do termo “mundo” em João 3.16 não é tanto sobre a identidade do povo de Deus, mas sobre a natureza do amor de Deus.

Isso nos leva à opção final. Uma defesa consistente pode ser feita para crermos que “mundo” se refere à qualidade do amor de Deus. Warfield declara de forma convincente:

[Mundo] não é aqui tanto um termo de extensão; antes, é um termo de intensidade. Sua conotação primária é ética, e o objetivo de seu emprego não é sugerir que o mundo é tão grande que é preciso uma grande dose de amor para abarcá-lo completamente, mas que o mundo é tão ruim que é preciso um grande tipo de amor para poder amá-lo, e sobretudo para amá-lo como Deus o amou quando deu o seu Filho por ele.

O mundo representa a humanidade pecadora, e não é digno do amor salvífico de Deus. Fora do amor de Deus, o mundo está sob a sua condenação. Mas em Cristo, os crentes experimentam o amor surpreendente, redentivo e infinito de Deus. João 3.16 não diz respeito à grandeza do mundo, mas à grandeza de Deus.


Rev. John W. Tweeddale é reitor acadêmico e professor de teologia na Reformation Bible College em Sanford, Fl.

Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira. Revisão: Yago Martins. © 2016 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. MinisterioFiel.com.br. Original: O significado bíblico de “mundo” em João 3.16