sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Justificação

Salmo 143:1 "Atende, Senhor, a minha oração, dá ouvidos às minhas súplicas. Responde-me segundo a tua fidelidade, segundo a tua justiça. Verso 2: Não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não há justo nenhum vivente. Verso 3: Pois o inimigo me tem perseguido a alma; tem arrojado por terra a minha vida; tem-me feito habitar na escuridão, como aqueles que morreram há muito. Verso 4: Por isso, dentro de mim esmorece o meu espírito, e o coração se vê turbado. Verso 5: Lembro-me dos dias de outrora, penso em todos os teus feitos e considero as obras das tuas mãos. Verso 6: A ti levanto as mãos; a minha alma anseia por ti como terra sedenta. Verso 7: Dá-te pressa, SENHOR, em responder-me; o espírito me desfalece; não me escondas a tua face, para que eu não me torne como os que baixam à cova."


Davi reinava em Israel e passava por algumas angústias no seu reinado quando ele escreveu este Salmo, nele relata a sua confiança no Senhor, em quem depositava toda a sua esperança. É isto o que podemos observar pelos elementos que estão inseridos em toda sua oração e registrados nas expressões usadas por ele. Há momentos em que ele parece desnudar sua alma por completo e sua oração começa se multiplicar em várias súplicas. Parece-nos que está encerrando a primeira parte da sua prece no versículo seis, recomeçando outra oração depois no verso sete. Vejamos novamente então o verso 7: Dá-te pressa, SENHOR, em responder-me; o espírito me desfalece... Repete uma súplica semelhante àquela feita no verso primeiro, fazendo assim esse pedido: ... não me escondas a tua face, para que eu não me torne como os que baixam à cova. Aqui ele deixa transparecer todas as fraquezas e contradições que demonstrava estar sentindo, foi o que disse antes no verso 4: Por isso, dentro de mim esmorece o meu espírito, e o meu coração se vê turbado.     

Separamos os versículos deste Salmo propositadamente para fazer algumas observações e tentar talvez entender os seus conflitos. Quando ele disse no verso 6: A ti levanto as mãos... talvez ele não as tenha mesmo levantado e isto tenha ocorrido apenas na sua imaginação. É esta a dedução que tiramos, pois fica tão evidente, quando ele disse também no verso 3: Pois o inimigo tem me perseguido a alma...  Aqui ele está dizendo que o seu inimigo, estava por certo perseguindo não era ele, mas a sua alma. Logo a seguir, compara a sua alma com a terra sedenta: ... a minha alma anseia por ti como terra sedenta. Ou seja, uma terra sedenta é aquela que está esperando por água, enquanto a alma espera é por refrigério. Na verdade, a sua oração é tão apaixonante quanto reveladora, onde ele nos parece que desejasse tocar no coração de Deus, com as cordas da sua alma e a sua oração vai assim se transformando no formato de uma poesia magistral.

Declara no versículo 5: Lembro-me dos dias de outrora, penso em todos os teus feitos e considero nas obras das tuas mãos. Aqui nós vemos que ele vai misturando a realidade que conhecia muito bem, dentro daquele turbilhão de sentimentos que estavam revelados no emaranhado das suas súplicas. As vitórias que Davi acumulou durante a sua vida até aquele momento foram grandiosas, pois o Senhor o livrara dos inimigos e ainda confirmara o seu reino sobre Israel com vitórias sobre vitórias. Primeiro livrando-lhe das mãos de Saul, depois disto deu-lhe o Senhor grandes vitórias sobre os povos que estavam determinados para ele conquistar. Porém, o que me chamou mesmo a atenção foi o que ele disse no versículo 2: Não entres em juízo com o teu servo... Neste pedido que fez ao Senhor, demonstrou em primeiro lugar, que o seu temor era de que Deus entrasse em juízo com ele. No Salmo 111:10, a palavra de Deus nos diz assim: O temor do Senhor é o princípio da sabedoria... Davi sabia das suas necessidades naquela hora de angústia e a sua dependência do Senhor era para obter seu incondicional perdão. Esperava pela misericórdia e não desejava encarar o juízo de Deus sobre sua vida. Em segundo lugar, confiava tão somente na misericórdia e na justiça de Deus e sabia da sua necessidade de realizar o propósito que tinha empreendido.

O que realmente me despertou ainda mais as minhas observações, foram as palavras que disse depois no restante do versículo 2: ... porque à tua vista não há justo nenhum vivente. Assim, partindo em busca de  uma explicação mais clara diante esta afirmativa tão relevante, fui procurar pelo texto original no hebraico para encontrar um outro esclarecimento que pudesse aumentar a nossa compreensão. Dentre as fontes que eu achei, destaco a versão do texto paralelo da New American Standard (1995), que diz assim: ... porque à tua vista nenhum vivente é justo. Porém, o achado que destaco como mais interessante, foi uma explicação dada pelo Professor Louis Berkof que foi Reitor Emérito do Calvin Theological Seminary, onde dizia num comentário, que o sentido evidente deste verso, seria: ... Nenhum homem vivo será justificado em tua presença. Seria muita presunção um ser vivo, se considerar justo diante de Deus? Foi isto o que eu fiquei indagando!!!

Acredito que Davi talvez até pudesse ter na sua mente seria isto: Que nem ele e, nem mesmo pessoa alguma pudesse estar vivo e se desse por justo diante do Senhor." Seria esta a melhor consideração que Davi estivesse tentando fazer??!  Acredito que sim, porque não?  Nós não temos a pretensão de tentar entender os pensamentos de Davi, mas, lemos na carta aos Romanos no capítulo 4:6-8, que o apóstolo Paulo disse: E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independente de obras: Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado. O que está  relatado aqui e desde o capítulo anterior era a respeito da justificação pela fé. Paulo relatou como Abraão havia sido justificado e logo depois então foi que disse, que tanto Abraão como Davi creram pela fé naquele que era o justificador e que isto não dependeu das obras que fizeram, porque a justiça é algo que não se adquire por esforço. A justificação não é uma coisa que se compra por um preço que o homem pudesse pagar, ela não iria depender do esforço humano.

O grande mistério da justificação que nos traz a palavra, é que Deus declara inocente o homem a quem não deve ser imputado o pecado. Há ainda muitas pessoas que tem dificuldade de entender o que é imputação. A melhor definição deste termo é sem dúvida alguma: creditar, ou atribuir. Vamos dar um exemplo, usando o texto que já vimos antes: Romanos 4:8 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará (creditará) pecado. Deixamos entre parêntesis a definição. Torna-se bastante simples, quando levamos em conta que o Senhor nos dá esse crédito em seu Filho, pela fé n'Ele e em sua expiação pelas nossa culpas. Aquilo que era devido por nós, então foi atribuído a Ele no Calvário e isto ocorreu para que todo aquele que colocar n'Ele a sua fé pudesse ser justificado. Sabendo que o seu sacrifício seria suficiente por Ele ter assumido a imputação da pena e do pecado por nós, Jesus fez isto ali na cruz e a mensagem do Evangelho é somente esta: Que sobre Ele foi colocado a nossa culpa e todos que n'Ele viesse a crer, tivesse a vida eterna.


Esta semana fui à igreja de carona com o dirigente e depois no retorno ele confessou que lhe tinham dado uma informação de que deveria reforçar a doutrina, eram ordens da direção da igreja, mas que não havia feito ainda. Explicou-me, que as suas preocupações eram com os crentes velhos de igreja, não temia pelos crentes novos que chegavam e seu temor era com a hipocrisia dos que se acomodam com a religião e dão trabalho. Lembrei-me da parábola do fariseu e do publicano, onde sabemos que o fariseu fez uma oração que não foi aceita por Deus, porque de fato estava impregnada de egoísmo onde o publicano justifica-se a si mesmo, numa oração cheia de hipocrisia. 


Lucas 18: 11-14 O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. Ainda no versículo 14, Jesus disse que o fariseu não desceu justificado para a sua casa, pois: ... Todo o que se exalta será humilhado, mas o que se humilha será exaltado. Esse é o verdadeiro ensinamento cristão e este é por certo o melhor exemplo de justificação: Crer naquele que pode justificar! Crer naquele que pode justificar não é fazer da religião um meio de justificação, porque como já vimos onde o apóstolo Paulo falando ainda sobre Davi e que está bem registrado, foi mesmo assim: ... bem- aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independente de obras. Romanos 4:6. 

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