segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Maldição Póstuma
















Por Pedro João Costa

Sempre temos manhãs devassas
Um ano, um tempo, uma vez
Dois tempos sem.
Os mares de prazer possuem águas
De sonhos e de ilusões
Mas prazer eterno
Só no sal
Tempero das fantasias.

Sou mais prevenido que eu mesmo.
Revirei poemas, lírios todos os poetas
Escritos atores poetizas heresias
Li suas intimidades
Invadi privacidades
Interpretei o que não podia
E nem sequer queriam.

Difamei palavras, pensamentos e obras alheios.
Não me envergonho o suficiente,
Tive rigor no ultraje sensível
E essa maldição póstuma
Dos autores que só queriam ser
Seres solitários, únicos, anônimos, inúteis,
À humanidade civilizada
Virá sobre mim,
Revirando meus ossos
Tocando minha ilharga
E o tendão da minha coxa esquerda.

A minha lembrança titubeará cambaleante
Sem repousar em paz
No Hades dos escritores.
Condenado
Só ando embriagado
E sóbrio inexisto.

Pedro João Costa (30/08/06): Colaborador deste blog desde 2010.

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