quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Autoridade e Suficiência da Palavra

Inicia-se com esta declaração o Evangelho Segundo João 1:1 "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus". O que vem logo a seguir é a descrição limpa e clara de que em Jesus se fazia, não só o princípio de toda a vontade de Deus, como também de toda a criação que foi feita a partir do "Haja Luz" que está descrito em Gênesis 1:3.

O que nos parece na verdade é que João resolveu explicar a origem de tudo trazendo luz sobre o texto de Gênesis, quando em sua narrativa esclarece que sem Jesus nada seria possível. Afirmou que toda a criação se fazia a partir do sopro produzido pela boca de Deus gerando todas as coisas, que passaram a existir em função d'Ele, por Ele e para Ele. Depois do verso primeiro João fez essas três declarações. Em primeiro lugar, verso 2, "Ele estava no princípio com Deus". Depois a seguir, no verso 3: "Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele, nada do que foi feito se fez". E finalmente no verso 4: "A vida estava nele e a vida era a luz dos homens".

Para João, sem dúvida Jesus era o Verbo de Deus feito agora ser humano e estava encarnado, habitando entre nós, conhecido na sua plenitude e em graça sobre graça. João é bem resumido, mas, foi bastante enfático na sua narrativa e não elaborou nenhum mistério sobre o desígnio que os profetas já haviam enunciado, nos relatos que estão registrados nas Escrituras.

Deus se manifesta ao homem através da sua palavra e esta manifestação se fez carne na vida do Seu Unigênito. Assim, a autoridade das Sagradas Escrituras foi a base em que Ele estabeleceu já todas as coisas desde o início. O propósito de Deus foi lançar este fundamento: Jesus a Rocha Eterna. Por isto Ele determinou a doutrina bíblica centrada em Cristo, este é o princípio de todo o conhecimento da Sua vontade em sua palavra. Temos assim em II Timóteo 3:16, "Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação em justiça". Notamos neste texto uma referência cristalina que a Escritura de que Paulo está falando é a de Deus, aquela que é inspirada por Deus. Portanto, nós entendemos claramente que a Autoridade da Escritura se reveste do próprio Autor e ela foi gerada, n'Ele, à partir d'Ele e por Ele mesmo. A base sólida era a sua palavra deixada para nós como regra, útil para nos ensinar, para nossa correção e para a nossa educação em justiça, foi isso que Paulo estava dizendo. Toda Escritura que estava contida na palavra!!! Não era, uma ou outra!

No início de sua jornada ao Calvário, Jesus levado pelo Espírito ao deserto foi tentado pelo diabo, temos o relato no Evangelho de Mateus 4:3 "Então o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus". Temos aqui duas coisas relevantes a meditar. Em primeiro lugar que o tentador desejou lançar uma dúvida sobre a Paternidade de Jesus, como sendo o Filho de Deus. E o que aconteceu? Vou já respondendo! Jesus ignorou aquela pergunta, desprezando completamente aquela interrogativa arrogante. Em segundo lugar e logo a seguir Jesus falando ao seu interrogador disse: "Está escrito... " não precisamos repetir o versículo. Mas onde está escrito estas palavras? Vou já respondendo! Encontramos o registro que Deus disse a Moisés, exortando o povo à memória de seus benefícios, lá em Deuteronômio 8:3: "Ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor viverá o homem".

Podemos tirar uma conclusão que Jesus usou a própria palavra escrita para se defender daquele acusador atrevido. Temos na Palavra uma demonstração da importância da armadura de Deus, na carta aos Efésios 6:10-17, e o verso 17 diz: "Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus". Portanto, vemos porque Jesus usou muito bem esta palavra. Isto é SUFICIENTE, também para nós! Basta-nos então só mesmo a Palavra de Deus e isto é que deve significar suficiência! A teologia tem que se calçar nesta base, que é, A Palavra de Deus! Nunca poderemos fundamentar nossa crença na palavra do homem ou em uma teologia distorcida desse princípio, se for assim, cairemos numa grande apostasia.

Os discípulos também se defenderam com a palavra que o Senhor deixou. Muitos deles deram as suas vidas em defesa desta palavra. Os primeiros cristãos tiveram uma grande dificuldade em divulgar a mensagem do Evangelho, por causa do gnosticismo, que foi um dragão voraz. Depois a filosofia pagã também foi obstáculo ao crescimento dos ensinamentos de Cristo. Logo depois que a Igreja Primitiva se ligou com o Estado feito um casamento, com a benesse de Constantino, foi que se deu o surgimento ao Romanismo.

Queremos chegar à reforma protestante, mas vamos ressaltar que alguns pré-reformadores, já haviam dado testemunho da palavra de Deus e muitos deles também foram mortos por esta causa, que tiveram de defender com as suas próprias vidas. Citaremos apenas dois importantes Savonarola e João Huss. Eles foram mártires porque fizeram a defesa da palavra de Deus, que se encontrava tão diluída por um romanismo corrompido. Depois surgiu Lutero, o nosso reformador que na defesa também da sua fé nesta palavra, afixou no paço da Igreja de Wittemberg as suas 95 teses, questionando as indulgências. Uma doutrina espúria que o monge Tetzel, sobre a égide do papa Leão X, queria a todo custo implantar como sendo divina para resgatar os fiéis do cruel purgatório. Uma clara substituição do sacrifício perfeito de Cristo na cruz.

A apologética de Lutero foi contra a usurpação da palavra de Deus, que ele sem temor algum não poupava ninguém de suas críticas, nem o Papa. Do púlpito da igreja desferia objetivamente o seu alerta ao povo para recusar aquele abuso. Pediu que coibissem aquele vergonhoso comércio com os bens espirituais. Onde se poderia admitir tamanha ignorância? Esta era a prova de um total desconhecimento da mais pura vontade de Deus que em sua Palavra afirma ser suficiente apenas a Salvação em Cristo. O preço da redenção já havia sido pago, quando no Calvário, Cristo realizou de uma só vez a obra redentora. Duas frases relatam bem a apologética de Lutero, vejamos:

"Outros que viveram antes de mim, atacaram a vida má e escandalosa do papa, mas eu ataquei a sua doutrina...".

"Não estou preocupado com a vida, mas com as doutrinas. A vida má não causa grande dano a não ser a si mesma, mas o ensinamento errado é o maior mal neste mundo, porque leva multidões de almas ao inferno. Não estou preocupado se és bom ou mau, mas atacarei seu ensinamento venenoso e mentiroso que contradiz a palavra de Deus".

A tese da Sola Scriptura, que foi formulada pelos reformadores surgiu como uma resposta aos desvios doutrinários, sendo necessária para dar combate à influência negativa que havia naquela época na igreja. Só a autoridade da Escritura poderia satisfazer a necessidade daquele que cresse em Deus. A moral, a integridade e o discernimento não existiam no ambiente religioso da época em que a Reforma surgiu e a corrupção imperava incólume. Cargos eclesiásticos eram comprados a preço de ouro. Essa tese foi elaborada em defesa da autoridade da palavra de Deus, suficiente para todos que do modo certo, desejava pautar sua fé no preceito de uma disciplina correta. Por isto ter somente a Escritura por regra significa que a declaração Sola Scriptura quer dizer isto também: Autoridade da palavra de Deus, suficiente para salvação. Cristo é o Autor e nossa fé na Sua Palavra é suficiente para nossa salvação.

Dias atrás ouvi uma autoridade policial dizendo para dois subordinados enquanto caminhavam, uma palavra muito interessante. Era assim: "A regra da disciplina é esta! Ou se obedece, ou se obedece!". Então não há meio termo, pensei comigo! Na disciplina cristã, a regra tem que ser a mesma: Ou nós seremos cristãos, ou nós seremos cristãos! Não poderá haver meio termo! Só a autoridade da palavra é suficiente. Não há outro caminho a seguir, não poderá haver atalhos, senão nós iremos cair na heresia. Não poderá haver desvios, porque desviar é tomar um outro rumo, seria como pecar por escolha própria. Aquele que deseja a suficiência da palavra de Deus, não poderá fazer como fazem os avestruzes humanos, os únicos animais que tem a coragem de enfiar o seu pescoço no buraco da autossuficiência. Quem produzir uma teologia sem a direção e autoridade da palavra de Deus, que não esteja centrada em Cristo, irá cair na insuficiência.

Agora que chegamos aqui, vou dizer que nós, os herdeiros desta reforma estamos assistindo um ataque vergonhoso às doutrinas sadias que contém a palavra de Deus. Hoje vivemos assim, por mais incrível que possa parecer. Existem alguns pastores que se vestem até de cordeiros, só para iludirem as suas vítimas. Vou generalizar para não errar porque não é somente um que procede assim, são muitos! Para vergonha nossa, um bando de usurpadores de plantão, estão querendo iludir muitos crentes. Pessoas inescrupulosas, que tem a cara de pau, de oferecer as bênçãos por uma oferta sempre maior, em troca de algum dinheiro.Tem ocorrido um verdadeiro comércio de indulgência que se disfarça com o nome de bênção. Mas, esta sim, é uma pobreza espiritual em que vive todo aquele que coloca as necessidades materiais em primeiro lugar para colocar depois as necessidades espirituais em segundo plano. Isto é uma inversão de valores e, se formos observar bem, aqui nasce a heresia. Inverter os valores espirituais, é perverter a palavra de Deus.

Jesus disse nos Evangelhos, que a nossa preocupação fosse espiritual, pois nós valemos mais que as aves do céu, que não semeiam, não colhem e nem ajuntam, porque Deus que cuida delas irá também cuidar de nós. O alerta era para que ninguém se apegasse aos bens desta vida, pois a prosperidade material em si, poderá ser muito danosa. Autoridade e suficiência da palavra é de suma importância para nós agora, precisamos ter muito discernimento e conhecimento de Deus, hoje!

Lutero, depois de se insurgir contra a tirania da igreja que dominava naquela época, mesmo até sobre o poder político, teve que se isolar para continuar seus estudos e fazer a tradução da Bíblia para a língua alemã. Neste tempo, produziu muita literatura, não foi uma teologia do eu sozinho que ele produziu, foram alguns estudos indispensáveis a todo aquele que coloca sua vida debaixo da autoridade da palavra de Deus que está centrada em Cristo. Seremos breve no encerramento deste post, mas gostaríamos de deixar para nossa meditação as palavras que Lutero usou em defesa da sua fé na palavra de Deus. Quando lhe foi  pedido que se retratasse das suas teses em seu ataque à Igreja de Roma, ele teve que comparecer diante a Dieta de Worms,  foram estas as principais palavras que usou  também em sua defesa: "A não ser que eu seja convencido mediante testemunho da Escritura Sagrada ou fundamentos e razões comprovadas, claras e evidentes, - pois não creio tão só no papa, nem nos concílios, porquanto é sabido por todos que erraram muitas vezes e a si se contradisseram, - e por eu estar convicto pelos versículos por mim citados e se achar presa a minha consciência pela Palavra de Deus, não posso e não quero me retratar de coisa alguma, porque não é seguro e nem aconselhável proceder contra a consciência". 

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Alienação

"Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão". Gálatas 5:1. Este versículo sempre aguçou minhas meditações e o acho muito especial. É muito comum vermos alguém se referindo a um texto como preferido, ou mesmo a uma parábola, pois todos nós temos uma preferência natural.

Observamos que Paulo começa este verso com uma afirmação e depois que ela se encerra, inicia-se uma recomendação. "Para a liberdade foi que Cristo nos libertou". Aqui na primeira frase Paulo termina a afirmação dizendo que foi para a liberdade que fomos libertos e ponto final. E na outra frase vem a recomendação: "Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão". Parece haver uma divisão neste verso, pois Paulo foi muito afirmativo e isto me chamou muito a atenção. Gostaria de me deter somente na primeira parte, mas a recomendação é imprescindível para a compreensão de todo o texto.

Nesta carta temos a confirmação de que houve uma substituição da lei pela graça e aqui Paulo não estava falando em libertinagem. Ele falava da liberdade da graça com relação à antiga lei. Porque a nova aliança veio com o propósito de fazer um novo concerto muito superior que traz as boas novas do Evangelho de Jesus. Nos versos 13-14, Paulo ainda disse: "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne: sede, antes, servos uns dos outros pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo". Ficou também muito claro neste verso que toda lei se cumpre no amor ao próximo. O assunto de quase todo este capítulo aos Gálatas era um chamado à liberdade, com isto, este chamado à liberdade me fez lembrar os pássaros.

O pássaro é usado como símbolo da liberdade. Poetas sempre usam os pássaros em versos para ilustrar a ideia de liberdade, já repararam? É muito interessante não é mesmo? Jesus usou desta ave como exemplo para o ensino, quando Ele no sermão do monte falava sobre a ansiedade desta vida. E a ansiedade o que é, senão uma prisão em que se prende todo aquele que se apega aos bens desta vida? Quero deixar destacado o que significa apegar: "Estar apegado ou agarrado, ou então preso". Esta é a definição mais correta que nós conseguimos encontrar. É comum quando ouvimos dizer que fulano está agarrado, ou preso no serviço e não pode sair.

"Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?". Mateus 6:26, vejam só, Jesus falou que valemos mais do que elas (as aves). E tem muitas pessoas que não pensam assim e se prendem, ora no apego terreno, ora no espiritual.

Esta prisão pode estar ocorrendo até inconscientemente na vida de muitas pessoas, creio eu! Há ainda outras pessoas que acreditam que é suficiente estar na igreja, assim está cumprindo suas obrigações religiosas e que o restante Deus vai se encarregar de resolver. Encontrei uma pessoa assim dias atrás. Ela se declarava ser de uma mesma confissão Cristã como eu, mas a nossa discórdia foi tão grande quando a conversa foi sobre certo tema, que ela irada, recusou os meus argumentos. Nem admitiu que lhe mostrasse na Palavra de Deus qualquer texto que fosse contra sua maneira de pensar. Minha conclusão foi de que a clausura é mesmo uma opção que muitas pessoas fazem. Jesus alertava nos evangelhos como vimos, para aprendermos com os pássaros e que eles devem ser nossa referência para o plano terreno e espiritual. Se não dermos asas ao nosso entendimento e não fundamentarmos na Palavra de Deus a nossa vida espiritual, estaremos presos na gaiola da autossuficiência. Isto pode se tornar triste e deprimente. A palavra depri-mente, pode significar muita coisa. Nos dicionários que consultei, significa:"Que deprime, ou que abate as forças".

Quando Jesus estava falando no evangelho sobre as aves no céu, não fez nenhuma referência ao avestruz, que não é uma ave voadora, pois tem suas asas atrofiadas. Esta ave, além de não voar, carrega uma fama que na verdade é um "mito" muito popular e até triste por sinal. Este mito que essa ave carrega, é que ela tem por hábito enterrar seu pescoço no buraco da areia quando se vê em perigo. Mas isto não pode ser comprovado, existem estudos a respeito deste caso. O que não podemos afirmar também, é que não tenha pessoas que enfiam o seu pescoço no buraco da autossuficiência. Vamos fazer de conta que não está acontecendo nada! As coisas não estão tão ruins! Os alienados espirituais estão engaiolados em uma teologia que não tem um fundamento sadio e que não se reveste da suficiência da Palavra de Deus. Correm um grande perigo essas pessoas que estão satisfeitas com sua denominação e acham que as coisas irão se resolver com o tempo. Aquela do: "vamos deixar como está, para ver como é que fica", não é nada cristão! Há uma advertência para a igreja, vejamos: Apocalipse 3:15-16 "Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca".

Para esclarecer eu devo dizer que de modo geral, que toda ave, caso alguém consiga capturá-la, verá que ela vai se debater, deixando para trás até as suas penas para se soltar. Os pássaros não foram criados por Deus para serem engaiolados. Só os homens se deixam dominar pela sua livre e única vontade... Paulo disse em : "Romanos 7:1 Porventura, ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem toda a sua vida? "Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra". Paulo o apóstolo estava falando aqui sobre a libertação dos dogmas, que a lei impunha e, na carta aos Gálatas, o tema era somente este:  A liberdade cristã!

O que me motivou escrever este post foi a pena que sinto ao ver certas pessoas na igreja ainda com esta mentalidade, e esta pena que eu sinto é dó, mesmo! Um pesar, que move minhas entranhas, porque sofro com o que tenho visto. "Crentes" entre aspas que estão sentados em cima do muro e que não se comovem com a situação que vive hoje a igreja evangélica, tão cheia de uma apostasia dissimulada. Uma verdadeira distorção dos valores humanos e espirituais. Que evangelho é este que não transforma a realidade que está à sua volta, que não se importa com os famintos, os drogados e os excluídos. O fim da lei de que Paulo fala, é o amor! Mas, não é amor somente por aqueles que estão dentro da igreja, é pelo próximo! Este próximo pode até ser uma ovelha perdida, pode ser uma que está com dificuldade de pagar o aluguel, que vive padecendo na fila do SUS, que não tem acesso a uma educação digna para os filhos. O que estamos fazendo e ouvindo na igreja? Vamos lá só para ouvir o pastor pregar sobre o amor, enquanto a gente não se comove com a miséria do próximo?

Há algum tempo eu li em um livro, uma matéria sobre o próximo, em que o escritor usou uma palavra em inglês para definir o que era o nosso próximo. Era mais ou menos assim:  A palavra brother é traduzida por irmão no nosso português, e, o nosso próximo deve ser pela lógica o nosso irmão! Porém se você tirar as duas primeiras letras de br-other, ficará other, que é traduzido por outro. Por isto mesmo não tem como você se dirigir a um irmão, sem com isto estar se referindo ao outro. De certa maneira, ficará assim se nós levarmos as palavras para o plural: The brothers significa certamente, os irmãos, e the others, significa os outros.  Portanto, os nossos irmãos também... são os outros.

A recomendação imprescindível que Paulo deixou foi: "...Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão". Submeter-se novamente à escravidão, após estar liberto da lei, é deixar a liberdade de Cristo para se alienar na clausura religiosa. Quem desejar ver uma figuração de alguém que se deixa alienar, é só clicar e ver isto!  Dá uma pena... 

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A toalha cingida ( Parte II )

João capítulo 13: 1-6 "Ora, antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam que estavam no mundo, amou-os até o fim. Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus, sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus, levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de Simão Pedro; e este lhe disse: Senhor, tu me lavas os pés a mim?"

João começa sua narrativa fazendo algumas observações deste acontecimento que para nós vale a pena destacar. Primeiro, disse que Jesus já sabia da chegada de sua morte e que Jesus amou os seus, e amou-os até o fim. Falou que este fato se deu durante a ceia. Falou depois da traição e do traidor. Narrou ainda que Jesus sabia que o Pai confiara tudo às suas mãos. Que Ele vinha do Pai e, Ele voltaria para o Pai. Depois narrou a cena que deixou todos ali surpresos, em que Jesus cingindo-se com uma toalha começou a lavar os pés dos discípulos, os seus servos. E no final, João destaca o espanto e indignação de Pedro.

Este post tem como o anterior, a mesma ligação nas relações entre Amo e Servo, mas creio, que se nossa parte fosse entender o que João percebeu ao dizer que Jesus amou os seus, amou-os sem fim seria o bastante. Esta é a observação que João faz do amor que Jesus demonstra quando se ajoelha diante os seus discípulos. Jesus se curva diante do amor pelos seus e, quem não se admira do gesto de amor que Pedro recusa também compreender. Como pode alguém não se render diante de quem se ajoelha! Mas Pedro indaga, e se recusa crer num amor capaz de ir tão longe, pois Jesus amou-os e, conforme o texto, "...amou-os até o fim".

O Amo se ajoelha, pega a toalha com que estava cingido e começa a fazer com as suas mãos o serviço. Deixou o lenço enrolado, quem sabe, sobre a mesa como que dizendo: Eu terminei! E começa a se envolver na missão de servir. Jesus agora se envolve de amor e não foi com a toalha apenas, foi com seu amor que Ele envolve os pés dos seus servos e fez isto, logo durante a ceia. Antes da ceia é que se lava como era a tradição, mas Ele veio para quebrar as tradições. Levanta-se, e o que a religião tem de mais arraigado, de mais a-pe-gado, o Senhor começava remover. Tira dos pés o que ficou agarrado do passado, ficou para trás o pó, a poeira que a tradição quer impor a todo custo, um preço que ninguém pode pagar, pois:  Só o amor resgata, e assim, de joelhos... O Amo agora pega uma toalha e não há um meio de escapar daquelas mãos que envolve a todos com o seu amor. O amor que deixa as pe-gadas, na toalha cingida com o seu amor...

Ninguém teve a coragem de se defender daquela atitude tão inesperada de Jesus, senão Pedro, que moveu-se quem sabe de compaixão ao ver o seu Mestre naquela posição. Uma atitude de submissão onde, quem se curva é o Amo diante do seu Servo. Depois Jesus disse: "Eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também." Verso 15. Estava estabelecido agora a doutrina do amor e a toalha que estava cingindo a sua cintura foi apenas um pretexto, para começar a falar da sua intenção de ensinar dando o exemplo. N'Ele estava a missão de realizar aquele serviço que começava ali para se concretizar lá no Calvário, onde os cravos rasgariam o propósito do Pai em suas mãos. No mesmo capítulo, verso 34 disse ainda Jesus: "Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim com eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros". Depois no verso 35, Jesus disse que as características dos seus Servos seriam estas: "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros".

Jesus veio cumprir sua missão que foi realizado com suas mãos. Quebrou todos os dogmas que uma tradição poderia impor. O Senhor deixou em nós suas marcas, não como a dos cravos que penetraram suas mãos, mas aquelas que trazem o selo de que o amor é o único mandamento possível, para ser praticado. E na sua volta, deseja encontrar essas marcas que são as únicas características daquele que ama o seu irmão. Porque quem ama, se dobra diante do irmão e estende suas mãos em favor de suas necessidades. Porque foi assim que Deus estendeu as suas para nós. Que adianta cumprir a tradição em detrimento da misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo e quem não deseja o julgamento pratica o amor, oferecendo esta misericórdia por quem espera dela. A misericórdia enche as mãos de quem espera amor e quem deseja amar deve cumprir o mandamento que é de Deus.

O amor de Deus envolve e se cinge de Graça, pela causa do irmão, que necessita ser amado, acolhido e cingido com a misericórdia e a bondade de Jesus. Ele usou das coisas simples da tradição para falar de amor. A toalha foi só um subterfúgio seu, não é como o misticismo que a religião insiste em criar para se esconder, com o único despropósito de servir. Em I João 4:20 lemos: "Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê". O lenço enrolado ou a toalha cingida não é uma mística simbologia que nos faça lembrar o que Jesus fez por nós. Para nós o suficiente é compreender o que vimos na sua Palavra, que Pedro e o outro discípulo não entenderam naquela hora quando entraram no sepulcro. A mensagem que Deus deixou, só poderia ser compreendido no Calvário, quando o seu maior amor se manifestou na morte do Seu Unigénito. A vontade do Pai foi que Jesus pudesse dizer com a sua ressurreição, está terminado!

Neste segundo post, o convite ao serviço foi a mensagem deixada para nós, como uma lição de amor ao irmão. E pensamos com isto, que a respeito dessa imagem reflectida então na nossa lembrança, seria que certamente:  A toalha cingida não era só um dis-farce para falar do amor, pois é mesmo no rosto do irmão que se encontra a outra face do amor. 

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A toalha cingida ( Parte I )

Conta a tradição judaica, e é muito interessante analisar, que o lenço tem um significado na relação entre: O Amo e o seu Servo. Porém, entendemos que nosso relato deverá ser resumido com relação às tradições, sabendo que Jesus usou delas para nos ensinar. Queremos nos deter em um outro ponto de vista diferente e porque não dizer bastante diferente desta relação.Vamos analisar o que pode significar a toalha cingida. Mas primeiro vamos a tradição do lenço.

Segundo a tradição judaica, quando o Servo colocava a mesa da ceia do seu Amo, ele fazia sempre procurando ter o cuidado de agradar e fazia precisamente como queria e gostava o seu Amo. A mesa seria servida e logo após o Servo ficaria do lado de fora esperando, longe da visão do seu Amo. O Servo não poderia entrar em sua presença e nem tocar na mesa sem que o Amo tivesse terminado sua refeição. Logo, o lenço por certo deveria estar à mesa, ao lado do prato.

Caso o Amo tivesse terminado a sua refeição, ele então se levantava e se limpava com este lenço. Primeiro as suas mãos, depois a sua boca, sua barba e logo após ele enrolaria aquele lenço deixando-o sobre a mesa. Assim, o Servo vendo que o lenço estava enrolado poderia entrar para fazer o seu serviço de tirar a mesa. Se o Amo porém, levantando-se, ao invés de enrolar o lenço, ele deixasse aquele lenço dobrado ao lado do prato, estaria dizendo que voltaria depois, e o Servo não poderia diante disto, nem tocar na mesa.

Conclui-se, que se o lenço estivesse enrolado, significava: EU TERMINEI! E se o lenço estivesse dobrado estaria significando: EU VOLTAREI! Isto foi o que nós pudemos apurar das informações que nos foram enviadas, com outros detalhes. Nós não temos a intenção de discutir o mérito das tradições, mas, queremos tirar algo que julgamos ser útil para nosso crescimento.

A apologia ao lenço, que nos foi enviada, fica Em João 20: 3-9. "Então, Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao sepulcro. E, abaixando-se, viu no chão os lençóis, todavia não entrou. Chegou pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis (e que o lenço que tinha estado sobre a sua cabeça não estava com os lençóis, mas enrolado, num lugar à parte.) Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu. Porque ainda não sabiam a Escritura, que diz que era necessário que ressuscitasse dos mortos". Entre parêntesis, destacamos o verso sete, que relata o detalhe do lenço dobrado ou enrolado.

Receando fazer uma interpretação equivocada deste verso sete, contamos com a ajuda de uns colaboradores e fomos em busca do texto original no grego. Achamos o seguinte: O verbo enrolar tem sua base nos termo grego entulissó. Este verbo que achamos na passagem de João 20:7, é o mesmo que encontramos em outras duas passagens distintas e estão em Mateus 27:59 e Lucas 23:53. Estas duas, trazem o termo enetulixen, ambas se referindo àquele ato em que José de Arimatéia envolve, ou enrola Jesus num lençol, após a sua crucificação. Este foi o mesmo lençol com que o Senhor foi levado ao sepulcro para ser sepultado.

No texto de João 20: 7, entetuligmenon porém, é o termo grego usado, que tem sua base também no mesmo verbo que os outros dois textos já citados, cuja base é também entulissó. Mas, destacamos que o verbo usado aqui, vem acrescido do termo grego keimenon que reforça o sentido de que o lenço estava enrolado, em um outro lugar diferente dos lençóis. keimenon tem sua base no verbo keimai que é entendido por, colocado em algum lugar. Para não aumentar muito esta matéria, não julgamos ser de importância citar o tempo do verbo, pois a nossa análise vai se deter apenas na essência que a mensagem traz.

Ressaltamos que em nenhuma outra passagem do Novo Testamento este verbo foi usado desta forma. Portanto, a Versão Revista e Corrigida de João Ferreira de Almeida, é mais fiel ao texto e esclarece:  ...Mas enrolado, num lugar à parte. Este é o final do verso sete.

A afirmação que o Amo faz quando se levanta da mesa, assim que termina sua ceia deixando o lenço enrolado é realmente: Eu terminei! Mas, como nosso tema será mesmo a toalha cingida, vamos ver o que ela tem para servir de lição para nós. Antes, porém, queremos dar a definição do termo grego no original para o verbo cingir. O termo grego diezôsen significa, cingiu-se. O termo grego diezôsmenos, significa, estava cingido. Esses dois termos gregos tem sua base no termo grego diazonnumi, que é traduzido pelo verbo cingir. Cremos que o melhor sentido de cingir, será definido como envolver para nossa melhor aplicação. O tempo do verbo também aqui não será interessante para nós, pois não é do nosso desejo fazer nenhum teologismo, basta-nos a simplicidade da Palavra de Deus. Na parte II deste post, veremos o que a toalha cingida tem para mostrar...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Trocadilho...bem-mineiro

Fui a Minas semana passada,
E convidado, fui num churrasco.
Rolou papo de política,
Pois o momento é de eleição.

Papo vai, papo vem,
Belisca aqui, belisca ali,
É tira gosto que não acaba.
Uns vão nos comes,
Outros com os bebes.

Depois de tanta prosa,
Resolveram fazer pesquisa
Prá saber do resultado,
Da eleição do governador.
- Quem será que vai ganhar ?
Era esta a pergunta!
E cada qual com seu palpite...

Mas quando fui perguntado,
Não me fiz de rogado,
Fui logo então dizendo:
- Estou... com uma dor de barriga,
Acho que meu estômago embrulhou.

Alguns que ali estavam,
Como não me conheciam,
Indagaram bem assim:
- Será... ele-um-Costa ?
- Sim eu sou, respondi,
É este meu sobrenome!
Depois ainda disseram:
- Você não vai se manifestar ?
A pergunta você não respondeu.

Então fui logo falando:
- É que minha barriga dói tanto,
Com problema estomacal
E só posso dizer isto,
Que estou... é-nesta-azia.

- Ei, alguém aí tem um sonrisal ?!

Autores:
Pedro Paulo e José Maria, ambos Costa. "De sobrenome".

Aos meus amigos e irmãos.
Independente de qualquer posicionamento ideológico, político ou religioso, sugiro a todos o vídeo abaixo, reflitam e, utilizando o bom senso e o livre arbítrio que Deus no dá, tomem sua própria decisão a respeito do assunto.

Posicionamento do Pr. Paschoal Piragine Jr sobre as eleições 2010.

domingo, 5 de setembro de 2010

Dá de ti

Dá de ti! Dá de ti quanto puderes:
O talento, a energia, o coração...
Dá de ti para os homens e as mulheres

Como às arvores dão e as fontes dão...
Não somente o sapato que não queres
Ou a roupa que não usas no verão.

Darás sem refletir, sem ser notado,
De modo que ninguém diga: "obrigado"
Não te deva dinheiro ou gratidão.
E com espanto, notarás um dia,
Que viveste fazendo economia,
De talento, energia e coração.

- Giuseppe Charone -


Esta reflexão é para quem descobrir, que recebeu mais do que deu!
Nosso agradecimento a quem nos enviou esta linda mensagem.