sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A toalha cingida ( Parte II )

João capítulo 13: 1-6 "Ora, antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam que estavam no mundo, amou-os até o fim. Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus, sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus, levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de Simão Pedro; e este lhe disse: Senhor, tu me lavas os pés a mim?"

João começa sua narrativa fazendo algumas observações deste acontecimento que para nós vale a pena destacar. Primeiro, disse que Jesus já sabia da chegada de sua morte e que Jesus amou os seus, e amou-os até o fim. Falou que este fato se deu durante a ceia. Falou depois da traição e do traidor. Narrou ainda que Jesus sabia que o Pai confiara tudo às suas mãos. Que Ele vinha do Pai e, Ele voltaria para o Pai. Depois narrou a cena que deixou todos ali surpresos, em que Jesus cingindo-se com uma toalha começou a lavar os pés dos discípulos, os seus servos. E no final, João destaca o espanto e indignação de Pedro.

Este post tem como o anterior, a mesma ligação nas relações entre Amo e Servo, mas creio, que se nossa parte fosse entender o que João percebeu ao dizer que Jesus amou os seus, amou-os sem fim seria o bastante. Esta é a observação que João faz do amor que Jesus demonstra quando se ajoelha diante os seus discípulos. Jesus se curva diante do amor pelos seus e, quem não se admira do gesto de amor que Pedro recusa também compreender. Como pode alguém não se render diante de quem se ajoelha! Mas Pedro indaga, e se recusa crer num amor capaz de ir tão longe, pois Jesus amou-os e, conforme o texto, "...amou-os até o fim".

O Amo se ajoelha, pega a toalha com que estava cingido e começa a fazer com as suas mãos o serviço. Deixou o lenço enrolado, quem sabe, sobre a mesa como que dizendo: Eu terminei! E começa a se envolver na missão de servir. Jesus agora se envolve de amor e não foi com a toalha apenas, foi com seu amor que Ele envolve os pés dos seus servos e fez isto, logo durante a ceia. Antes da ceia é que se lava como era a tradição, mas Ele veio para quebrar as tradições. Levanta-se, e o que a religião tem de mais arraigado, de mais a-pe-gado, o Senhor começava remover. Tira dos pés o que ficou agarrado do passado, ficou para trás o pó, a poeira que a tradição quer impor a todo custo, um preço que ninguém pode pagar, pois:  Só o amor resgata, e assim, de joelhos... O Amo agora pega uma toalha e não há um meio de escapar daquelas mãos que envolve a todos com o seu amor. O amor que deixa as pe-gadas, na toalha cingida com o seu amor...

Ninguém teve a coragem de se defender daquela atitude tão inesperada de Jesus, senão Pedro, que moveu-se quem sabe de compaixão ao ver o seu Mestre naquela posição. Uma atitude de submissão onde, quem se curva é o Amo diante do seu Servo. Depois Jesus disse: "Eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também." Verso 15. Estava estabelecido agora a doutrina do amor e a toalha que estava cingindo a sua cintura foi apenas um pretexto, para começar a falar da sua intenção de ensinar dando o exemplo. N'Ele estava a missão de realizar aquele serviço que começava ali para se concretizar lá no Calvário, onde os cravos rasgariam o propósito do Pai em suas mãos. No mesmo capítulo, verso 34 disse ainda Jesus: "Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim com eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros". Depois no verso 35, Jesus disse que as características dos seus Servos seriam estas: "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros".

Jesus veio cumprir sua missão que foi realizado com suas mãos. Quebrou todos os dogmas que uma tradição poderia impor. O Senhor deixou em nós suas marcas, não como a dos cravos que penetraram suas mãos, mas aquelas que trazem o selo de que o amor é o único mandamento possível, para ser praticado. E na sua volta, deseja encontrar essas marcas que são as únicas características daquele que ama o seu irmão. Porque quem ama, se dobra diante do irmão e estende suas mãos em favor de suas necessidades. Porque foi assim que Deus estendeu as suas para nós. Que adianta cumprir a tradição em detrimento da misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo e quem não deseja o julgamento pratica o amor, oferecendo esta misericórdia por quem espera dela. A misericórdia enche as mãos de quem espera amor e quem deseja amar deve cumprir o mandamento que é de Deus.

O amor de Deus envolve e se cinge de Graça, pela causa do irmão, que necessita ser amado, acolhido e cingido com a misericórdia e a bondade de Jesus. Ele usou das coisas simples da tradição para falar de amor. A toalha foi só um subterfúgio seu, não é como o misticismo que a religião insiste em criar para se esconder, com o único despropósito de servir. Em I João 4:20 lemos: "Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê". O lenço enrolado ou a toalha cingida não é uma mística simbologia que nos faça lembrar o que Jesus fez por nós. Para nós o suficiente é compreender o que vimos na sua Palavra, que Pedro e o outro discípulo não entenderam naquela hora quando entraram no sepulcro. A mensagem que Deus deixou, só poderia ser compreendido no Calvário, quando o seu maior amor se manifestou na morte do Seu Unigénito. A vontade do Pai foi que Jesus pudesse dizer com a sua ressurreição, está terminado!

Neste segundo post, o convite ao serviço foi a mensagem deixada para nós, como uma lição de amor ao irmão. E pensamos com isto, que a respeito dessa imagem reflectida então na nossa lembrança, seria que certamente:  A toalha cingida não era só um dis-farce para falar do amor, pois é mesmo no rosto do irmão que se encontra a outra face do amor. 

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